Por Xico Sá
O mistério ainda envolve o assassinato qual a toalha branca e felpuda cobria o cadáver no momento em que foi encontrado. A autoria do crime ainda não foi descoberta, mas a morte do coronel do Carandiru, Ubiratan Guimarães, 63 anos, deputado estadual do PTB, já deixou mais do que clara a forma escandalosa como a Assembléia Legislativa do maior, mais rico e supostamente mais moderno Estado do país funciona. Depois daquele crime, bem explícito na ampliação da foto, como num blow-up, vemos outro crime, mas agora a sangria é no seu bolso, caríssimo contribuinte paulista, que acha que essas coisas só acontecem no Nordeste e no faroeste dos ex-territórios como Rondônia, aqui citado como exemplo por causa da operação que prendeu por lá meio-mundo.
Além de abrigar a namorada Carla Cepollina como funcionária-fantasma, com salário de R$ 5 mil, meia dúzia de servidores do gabinete, pelo menos, estava a serviço do comitê eleitoral do coronel, que tentava ser reeleito. Tarefa que, com o pânico da violência em SP, parecia muito fácil. O discurso de Ubiratan era de uma nota só, com a bala única que o tirou a vida: morte aos bandidos! Levando-se em conta o dinheiro público, parece ter sido escutado por alguém ainda desconhecido.
Carla, namorada agora posta como suspeita pelos assessores do coronel, com quem disputavam a hegemonia da campanha política, não é fantasma solitária na Assembléia. Essas práticas são comuns na Casa, onde as CPI´s -69 pedidos foram sepultados como cadáveres enigmáticos- são proibidas e acusações de "mensalões" e "mensalinhos" não são novidades desde que o repórter Frederico Vasconcelos, da "Folha", revelou, em março desse ano, a existência de um esquema no qual verbas publicitárias de estatais do governo Geraldo Alckmin se transformavam, milagrosamente, em fortuna dos parlamentares do PSDB, PFL e demais aliados.
Um dos deputados do pefelê, Afanasio Jazadji, vice-líder do pefelê, afirmou que recebeu do próprio ex-governador, agora candidato do PSDB à presidência, uma proposta de repasse de recursos para que deixasse de infernizar a vida do Geraldo. Jazadji tem o mesmo discurso de "morte aos bandidos", mas ao contrário de Ubiratan, sempre atacou a turma do Alckmin por ter deixado vingar o PCC na vida dos paulistanos.
Os assessores do ex mandatário do Palácio dos Bandeirantes informaram que tudo não passava de uma mentira do parlamentar pefelista. Pelo amor de Deus, opus Dei, amém, esse cara está mentindo.
E fica o dito pelo não dito. Aqui em São Paulo nada é apurado nos últimos 12 anos de gestões tucanas. Nós nos acostumamos a enxergar a corrupção apenas no Congresso, em Brasília, onde acontece mesmo e a praga fez morada, e como!, óbvio do óbvio, bem sabemos.
O mal é acharmos que a saúva faz estrago apenas nas roças dos fins de mundo, como classificamos tudo aquilo que não seja o terraço paulistano. Não podemos é continuar achando que, assim como as demais mazelas, corrupção é coisa de "baiano" e "paraíba". Assim como no filme de Antonioni, "Blow-up", quem fotografa o cadáver do coronel do Carandiru, acaba vendo, além dos possíveis beijos finais de quem pratica delitos passionais, crimes e mais crimes.
Fonte: IG
Além de abrigar a namorada Carla Cepollina como funcionária-fantasma, com salário de R$ 5 mil, meia dúzia de servidores do gabinete, pelo menos, estava a serviço do comitê eleitoral do coronel, que tentava ser reeleito. Tarefa que, com o pânico da violência em SP, parecia muito fácil. O discurso de Ubiratan era de uma nota só, com a bala única que o tirou a vida: morte aos bandidos! Levando-se em conta o dinheiro público, parece ter sido escutado por alguém ainda desconhecido.
Carla, namorada agora posta como suspeita pelos assessores do coronel, com quem disputavam a hegemonia da campanha política, não é fantasma solitária na Assembléia. Essas práticas são comuns na Casa, onde as CPI´s -69 pedidos foram sepultados como cadáveres enigmáticos- são proibidas e acusações de "mensalões" e "mensalinhos" não são novidades desde que o repórter Frederico Vasconcelos, da "Folha", revelou, em março desse ano, a existência de um esquema no qual verbas publicitárias de estatais do governo Geraldo Alckmin se transformavam, milagrosamente, em fortuna dos parlamentares do PSDB, PFL e demais aliados.
Um dos deputados do pefelê, Afanasio Jazadji, vice-líder do pefelê, afirmou que recebeu do próprio ex-governador, agora candidato do PSDB à presidência, uma proposta de repasse de recursos para que deixasse de infernizar a vida do Geraldo. Jazadji tem o mesmo discurso de "morte aos bandidos", mas ao contrário de Ubiratan, sempre atacou a turma do Alckmin por ter deixado vingar o PCC na vida dos paulistanos.
Os assessores do ex mandatário do Palácio dos Bandeirantes informaram que tudo não passava de uma mentira do parlamentar pefelista. Pelo amor de Deus, opus Dei, amém, esse cara está mentindo.
E fica o dito pelo não dito. Aqui em São Paulo nada é apurado nos últimos 12 anos de gestões tucanas. Nós nos acostumamos a enxergar a corrupção apenas no Congresso, em Brasília, onde acontece mesmo e a praga fez morada, e como!, óbvio do óbvio, bem sabemos.
O mal é acharmos que a saúva faz estrago apenas nas roças dos fins de mundo, como classificamos tudo aquilo que não seja o terraço paulistano. Não podemos é continuar achando que, assim como as demais mazelas, corrupção é coisa de "baiano" e "paraíba". Assim como no filme de Antonioni, "Blow-up", quem fotografa o cadáver do coronel do Carandiru, acaba vendo, além dos possíveis beijos finais de quem pratica delitos passionais, crimes e mais crimes.
Fonte: IG
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