27 junho 2008

Sem teto vira funcionário do Banco do Brasil

Sem teto vira funcionário do Banco do Brasil


O título acima deveria estar nas manchetes de todos os jornais do Brasil. Aliás, pelas condições que cercam o personagem, deveria ser manchete em qualquer jornal do mundo.

Explicamos: chamar o personagem de sem-teto é não só dizer que ele dorme nas ruas, nas calçadas, todas as noites. E que passa o dia também por ali, tendo o céu por cobertura e limite. No caso de quem falamos, é dizer também que ele não tem sequer uma escova de dentes. Que come hoje, se hoje significa de segunda a sexta-feira, e ainda assim, se esse hoje significa a hora da merenda escolar. Que vive, maneira de dizer, pois ele anda, defeca e fala, que "vive" com renda de 60 reais POR MÊS, ou, fortuna das fortunas, 150 reais, se estivermos naquele período em que todos somos solidários, cristãos e sensíveis, nos dezembros de cada ano. Que dorme nas ruas não bem por, digamos, opção existencial, política ou filosófica. E que disso temos certeza, porque em noite de chuva e frio, na última quarta-feira, com as pernas encolhidas, perguntou: "Você acha que eu não queria estar numa cama agora?".

No entanto, com esse currículo resumido, que o levaria para o crime, digo, até, se o comparamos aos exemplos da elite bem nutrida, que daria a seus crimes pequenos e miseráveis a mais absoluta legitimidade, no entanto, acreditem. Esse personagem acaba de passar no último concurso do Banco do Brasil. Para ser mais preciso, na seleção externa 2007/002, com o número de inscrição 10.279.392, entre 19 mil candidatos, ele obteve a 136ª. classificação. Mas como isso é possível? Como é que jovens de classe média tentam passar nesse difícil concurso, não conseguem, e um... um sei lá, vai e passa? Esse cara existe mesmo?

O leitor já notou que até aqui não mencionei o nome do personagem. Simples a razão. Ele é um dos invisíveis do Brasil. Ele é uma daquelas ... pessoas? que dormem ao relento, à margem, semelhante em seu invisível aos trabalhadores braçais de uniforme, de quem não sabemos nem queremos saber o nome. Nós, que somos pessoas, como em uma nova casta retiramos a humanidade de quem não está em nossa classe. Nós, que comemos, habitamos, vestimos, estudamos, nós, os cidadãos – e ninguém mais será cidadão do que nós – somos o mundo. Os outros, quando aparecem, vêm apenas como uma ameaça, de assalto, como ratos. Pois bem. Não fosse a sensibilidade, o faro do repórter Fred Figueiroa, do Diário de Pernambuco, esse personagem continuaria fora de nossa vista. Ou como ele próprio declara, o personagem: "Estou aqui nessa esquina todas as noites. Ninguém vem aqui falar comigo. Você veio para me entrevistar. Mas você já tinha sequer me visto aqui?". Isso está na reportagem, transcrita no blog do repórter, http://fredfigueiroa2.blogspot.com/

Então chegamos ao fim, com a informação que deveria estar lá no título, desse personagem que tem 27 anos, que reside em casa nenhuma, com uma história digna de Andersen. O seu nome e a sua pessoa atendem pelo nome de Ubirajara Gomes da Silva. Ou pelo perfil que criou no Orkut, quando entra na Internet gratuita: Maior Abandonado. Com a cara do vagabundo Carlitos.

Por: Urariano Mota

26 junho 2008

E Ministro fala demais de novo.....


Não sei nem para que Cacciola precisa de advogados, é melhor se consultar de graça via notícias.
Ministro ensina o caminho para recorrer da prisão.
Só faltou ele falar que eles vão aprovar.

Gilmar Mendes: Cacciola poderá recorrer ao STF

Por Laryssa Borges

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, afirmou hoje que o ex-banqueiro Salvatore Cacciola poderá recorrer ao STF com o objetivo de evitar sua prisão assim que desembarcar no Brasil. Preso desde 15 de setembro no principado de Mônaco, Cacciola foi condenado pela Justiça brasileira a 13 anos de prisão por gestão fraudulenta. A Corte Européia já negou o último recurso a que ele tinha direito contra um pedido de extradição feito pelo Brasil.

O ex-dono do banco Marka deverá ser extraditado assim que houver uma confirmação por parte do príncipe Albert, de Mônaco. "Tenho a impressão que só se pediu a extradição porque o Judiciário tem a perspectiva de dar seqüência a esse processo-crime existente. Mas sempre há a possibilidade de se entrar com habeas-corpus", disse Gilmar Mendes, após participar de almoço em homenagem aos jogadores campeões da Copa do Mundo de 1958. De acordo com o ministro, independentemente do julgamento de um eventual habeas-corpus, "o devido processo legal será aplicado integralmente no caso".

Em julho de 2000, o então vice-presidente do Supremo, Marco Aurélio Mello, concedeu habeas-corpus a Salvatore Cacciola, afirmando que além de não haver provas suficientes para a prisão do ex-banqueiro, qualquer acusado teria "direito de fuga", podendo "deixar o distrito de culpa, arcando com as conseqüências próprias". Assim que conseguiu o habeas de Mello naquele ano, Cacciola fugiu para a Itália.

Fonte: Terra
Ministro fala demais....

Esta eu quero ver....
A oposição contestando.
Contesta oposição....contesta....
Ou seja se eles contestarem correm o risco de ficarem sem muitos votos.


Para TSE, reajuste do Bolsa Família pode ser contestado

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, adiantou hoje que o reajuste no valor pago a beneficiários do programa Bolsa Família, em ano eleitoral, pode ser contestado na Corte. "Essa é uma questão sensível. Temos um encontro marcado com este fio de navalha", afirmou. "Eu prefiro aguardar uma possível representação ao TSE para me pronunciar. Não vou me antecipar." Hoje, o ministro Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, confirmou o reajuste de 7% nos benefícios do Bolsa Família.

Pela lei 9.504, de 1997, que estabelece normas para as eleições, o governo não pode distribuir benefícios em ano eleitoral, exceto nos casos de calamidade pública ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior. Foi com base nessa lei que o ex-presidente do TSE ministro Marco Aurélio Mello afirmou, no início do ano, ser inconstitucional a medida provisória editada pelo governo no final do ano passado para aumentar o número de beneficiários do Bolsa Família.

"Não pode haver novidade no ano das eleições. O governo federal tem que ficar com as barbas de molho", disse o ministro. "Tudo é muito sintomático. Por que às vésperas de eleições? Qual o objetivo? Não somos ingênuos de pensar que há apenas a preocupação no âmbito social", afirmou à época. Porém, a MP não foi questionada pela oposição. Por isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) não analisou o assunto.

Fonte: Agência Estado
E agora TRE-RJ, e agora Globo?????


A notícia abaixo demonstra mais uma vez que o tráfico nos Morros do Rio de Janeiro não importa. O que importa é o Crivella não ganhar.
Mas será que eles conseguiram o que queriam???
Crivella com isso se torna candidato mais forte, afinal a guerra era contra ele.
E por falar nisso, eu sou a favor do exército nos Morros durante as obras, afinal eles são sim preparados para isso, e não gosto quando generalizamos toda uma entidade por alguns elementos. Pois se isso continuar, em quem iremos confiar?


Morro da Providência - RJ
Sai o Exército, entra o tráfico

Bandidos circulam armados e escrevem nomes de facções em casas reformadas na Providência

Um dia após o Exército deixar o Morro da Providência, no Centro (RJ), depois de a Justiça Eleitoral do Rio ter embargado as obras do projeto Cimento Social, traficantes voltaram nesta quarta-feira a marcar seu território.


Em algumas casas recém-reformadas pelo projeto, apareceram inscrições com as iniciais de uma facção criminosa - as letras foram escritas com pedaços de tijolo.


Policiais militares do Grupamento de Policiamento de Áreas Especiais (Gpae) faziam o patrulhamento na favela, enquanto carros das Rondas Ostensivas Nazareth Cerqueira (Ronac) circulavam no entorno do morro.

No interior da Providência, traficantes andavam armados pelas vielas, à vista dos moradores.

Apesar de ter se retirado anteontem, o Exército poderá estar de volta ao morro na próxima terça-feira, quando deve acontecer a reconstituição do crime pelo qual estão presos 11 militares: eles são acusados de, no último dia 14, ter detido e entregados três jovens da Providência a traficantes do Morro da Mineira, no Catumbi, que assassinaram os rapazes. A reconstituição deve seguir para as proximidades da Mineira.

Dentro do inquérito aberto pela Polícia Civil, militares acusados do crime, que estão presos no Batalhão de Polícia do Exército (PE), na Tijuca, reconheceram por fotografias pelo menos quatro traficantes da Mineira que teriam participado do assassinato dos jovens.

Fonte: O Globo

24 junho 2008

O intelectual




FHC falando sobre Bill Clinton:

“Bill Clinton é uma personalidade fascinante, impressionante. Além de ter boas idéias e de ser carismático, você não pode parar de olhar para aquele homem de dois metros de altura, umas patas inacreditavelmente grandes, um nariz de batata, avermelhado e mãos de gigante. Está na história da política americana”.

Fonte: Crônicas de Nova York


Sentido correto da Frase do Ano


Na entrevista concedida por FHC vulgo Farol de Alexandria (título dado por Paulo Henrique Amorim) ao Jornal Valor Econômico, a frase que ficará como a maior mentira do ano.

FHC ao declarar que, se as eleições presidenciais fossem hoje, a bandeira do PSDB seria "nós fizemos melhor e com menos corrupção".

No sentido correto da minha leitura. Nos fizemos melhor, escondemos, desviamos e não fomos pegos. Pois o que de melhor eles fizeram nos 8 anos de governo, foi roubar sem serem descobertos. Fora isso, me mostre os números e a população satisfeita.
Será que a vitória de Lula em 2002, não deixou claro isso a eles???
Se tivessem feito o melhor mesmo, hoje teríamos o segundo mandado do Serra...uhhhhhhh.
E se a população estivesse insatisfeita, teriamos agora Alckmin no poder....arghhhhhhhhhh.

Mas não tem jeito. A prepotência ali em achar que ele é o Deus vestido de homem não permite lhe ver como realmente o é. Rejeição Nacional.


A ótica da verdade e uma campanha de vida

A ÓTICA DA VERDADE E UMA CAMPANHA DE VIDA


Já antes da lanterna do Diógenes se procurava a verdade nos recônditos mais sombrios. E apesar de todo o esforço da filosofia universal (geográfica e cronológica) nunca se a encontrou. Bastava um entusiasta grito de “- Eureka! Achei!”, para logo vir outro demonstrando não passar de mero tropeço.

Mesmo a religião, com todos seus absolutismos, vive dando trambolhões nas arestas de verdades que espalhou pelo chão da história. Querem ver? Leiam esta frase do Tomás de Aquino que, em parceira com o Agostinho, assina a autoria dos preceitos da mais poderosa delas: a católica: “A grande interrogação sobre a alma não se decide apressadamente com juízos não discutidos e opiniões imprudentes; de acordo com a lei, o aborto não é considerado um homicídio, porque ainda não se pode dizer que exista uma alma viva em um corpo que carece de sensação uma vez que ainda não se formou a carne e não está dotada de sentidos”.

Ou seja: fosse Tomás de Aquino um inquisidor, e o Ratzinger nestas alturas já estava frito.

Mas deixando a metafísica de lado, vamos ao mais material, ao factível e concreto. Pois também aí a verdade sempre escapa! Na física, por exemplo, tudo não foi tão aristotelicamente sacramentado (com aval clerical inclusive)? Apareceu um Galileu e deu um giro de 360°! De lá até Newton, despencaram-se muitas verdades abaixo, atraídas pelas irresistíveis forças inversas das massas.

Irresistíveis? Também um engano dos que acharam que com a gravidade newtoniana a verdade se manteria ali dependuradinha, eternidade afora. Tomaram-na na cabeça quando um descabelado com cara de maluco rabiscou displicente: E=mc2. Mais uma vez se foi a verdade para o espaço! E pra fechar a discussão, Einstein ainda arrematou: Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe provando o contrário.

O pretensioso protagonista de um meu romance ainda complementa o gênio, afirmando que só o Nada é absoluto.

Mas o que é o Nada? Quando muitos imaginavam que a verdade do Nada estaria livre de especulações, lá vem um tal de Freud significar o que sempre pareceu não ser Nada.

A partir de então pelo menos poderíamos discutir e compreender tranquilamente nossos nadas. Uma ova! Não passou muito tempo para que Jungs, Reiches, e outros tantos, arrumassem divergentes significados para esses nadas a quem nunca se deu importância. Ou seja, meu personagem não está com a verdade, pois nem o Nada escapa da impossibilidade de uma verdade única, absoluta.

Em que pese o alto conceito tido por todos esses pensadores e cientistas citados, aprendi mais foi com um caboclo, amigo de velhos tempos, quando sem a menor pretensão me ensinou que mentira é tudo aquilo em que não se quer acreditar. Achando-me muito esperto, como o discípulo que quer constranger a sabedoria do mestre, perguntei pelo o que, então, seria a verdade. O caboclo olhou-me espantado pela minha estupidez: “- Ará! Verdade é aquilo que uncê quer acreditar, uai!”

Lógico! Que mais poderia ser!

Ainda esta semana lembrei-me da vergonha que passei por minha estupidez, naquele momento ribeirinho de há tantos anos atrás. Foi através de uma resposta ao meu comentário sobre a conclusão da jornalista(!!!!???) Lucia Hipólito, de que a seleção brasileira de futebol vai mal por causa do Presidente Lula e da Ministra Dilma Roussef.

Dei ao comentário o título de Brazilian Pitecantropos Médium e pode ser encontrado aqui, mas o interessante mesmo foi a resposta da correspondente:


Raul!

Pelo que percebo você definitivamente está em campanha. Posso dizer para você cuidado... Quando a gente crê demais em alguma coisa, nada do que os outros dizem nos parece verdade. Afinal você já decidiu qual a sua verdade.

Foi a busca e a definição da verdade absoluta que terminou com muita coisa há muito tempo atrás.... ou não foi?

Deveria ter lhe escrito apenas que se para a seleção brasileira ir bem, o país precisa ir tão mal quanto na gestão tucana, prefiro não termos de pagar as vitórias futebolísticas como campeões mundiais de dívidas externas, concentrações de renda, analfabetismo, desemprego, fome, estagnação, corrupção, abandono social, degradação de infra-estrutura básica, etc. Mas lembrando os ensinamentos do amigo caboclo, concluí que perderia meu tempo indo por esse atalho, e enveredei na besteira de tentar incentivá-la a avaliar sobre a improbabilidade de um colega britânico da Hipólito acusar a Rainha ou o Primeiro Ministro do país que inventou as regras do esporte por, há tanto tempo, não erguerem a taça do campeonato mundial de futebol.

Certamente troquei 6 por meia dúzia, pois conforme constatado por meu mestre caboclo qualquer relativização que eu proponha, será verdade absoluta se a empatia da correspondente assim o quiser. E não haverá Sócrates nem Platão que desvie o rumo desta rinocerontesca realidade.

No entanto, há nas considerações da missivista (que não lembro se conheço pessoalmente) uma afirmação sobre minha pessoa que estou plena e firmemente de acordo. Para que não me aconteça aqui, pela internet, o mesmo que ocorre com o PAC -- pois esta mesma correspondente que protesta contra o atual governo pelas péssimas condições das estradas brasileiras (sem se recordar que este governo ainda não completou 6 anos e que de uma rodovia se espera vida útil de no mínimo 10), certamente é uma das que acusam o PAC de eleitoreiro -- decidi-me divulgar alguns trechos de minha resposta, antes que mais alguém queira definir minha utilização da internet como meio de comunicação sobre o que penso, pelo fato de eu estar em campanha.

Além de manter o anonimato de minha correspondente pessoal, por questões óbvias, aprimorei os parágrafos reproduzidos, complementando com ponderações que naquele momento me faltaram.


Então, lá vai (com cacófato e tudo):

Que bom que você percebeu que estou em campanha. Pois estou em campanha há tantas décadas, que nem me lembro se alguma vez não estive em campanha.

Talvez minha primeira campanha tenha sido contra o patriarcalismo, o machismo, a dominação da mulher pelo homem. Era uma campanha doméstica.

Lá por volta de meus 14 anos, talvez um pouco antes, comecei a perceber algumas distorções entre grupos de pessoas que desperdiçavam privilégios não merecidos, e maiorias de pessoas marginalizadas por motivos fúteis: cor da pele, falta de condições financeiras, origens regionais ou sociais, e outros preconceitos. Entrei então, naquela época, em intensa campanha social. Em tudo o que escrevi, sempre que me manifestei, estive engajado nesta campanha por estes anos todos de minha vida.

Mais ou menos naquele período de meu início como campanhista, deu-se o golpe militar e a prepotência tornou-se a etiqueta de identificação de certa parcela da população brasileira, exercendo covarde arrogância sobre a grande maioria. Acirrei-me em minha campanha.

Daí sobreveio o AI - 5, a censura, o atentado a liberdade de expressão, aos direitos civis. E então, não teve mais jeito, mantive-me na campanha contra tudo e todos que representavam o totalitarismo, a intolerância.

Quando anunciaram o acordo MEC/USAID, eu era estudante secundarista e participei firme na campanha contra a degradação da educação brasileira. Apanhei muito por causa disso e, infelizmente, o acordo aconteceu jogando nosso país para um dos mais baixos níveis educacionais do mundo.

Como cada vez mais se agravava os desníveis sociais e a miserabilização do trabalhador brasileiro, aprofundei-me em minha campanha. Por essa razão tive de me exilar. Sem condições de fazê-lo no exterior, fui para Salvador, onde continuei sobrevivendo como publicitário, mas sempre fazendo minha campanha humanista e voluntária, tanto na literatura quanto no jornalismo.

E tive de continuar fugindo. Da Bahia para Recife, de lá para Fortaleza. E assim fui conhecendo a verdade de nossa gente, de nosso povo brasileiro, pelo qual estou em permanente campanha.

Do nordeste fui para o centro-oeste. No final da década de 70 fui para o Rio de Janeiro, ainda em campanha, mas através de uma linguagem nova para mim: a cinematografia. Claro que não tive qualquer sucesso, pois se a ditadura já não admitia minhas outras expressões de campanha, muito menos as admitiria multiplicando-se pelas telas. Até porque a obra que me debutaria nessa linguagem, satirizava o exército brasileiro, então patrono do regime vigente, contra o qual se voltava minha campanha.

Voltei para o Mato Grosso onde entrei em campanha indigenista, o que me custou o emprego. Bom emprego: bem remunerado, status de autoridade, secretárias e assessores, motoristas, passagem de avião e estadia para qualquer parte do país. Mas eu estava em campanha! Já que o governo decidira não mais financiar minha campanha contra ele, não pude continuá-la com a mesma eficiência, mas ainda assim me mantive em campanha. Até porque nessas alturas a ditadura já se evidenciava tão nociva ao país quanto sempre demonstrei em minhas campanhas.

Por então já se decompor, dessa vez a ditadura não me perseguiu além da mera demissão do emprego.

A coisa aqui no Brasil ficou meio morna, estilo chove não molha, aquela coisa de indefinição própria de transferência de regime. Aproveitando um prêmio literário que me levou ao Chile, por lá entrei em campanha contra o Pinochet. Coisa pouca, mas deu num livro de poesia: A Cabeça de Pinochet. Do Chile atravessei para a Argentina e de lá para o Uruguai. Os amigos diziam que eu estava maluco. Não estava maluco! Eu só estava em campanha.

Depois quis descansar e fui morar no litoral norte do estado de São Paulo, mas aí comecei a me preocupar também com a ecologia do planeta, além de que os outros problemas que motivavam minhas tantas campanhas continuavam inalterados e nada mudara com o fim da ditadura. Então, embora não mais quisesse, tive de continuar em campanha contra o meu pai e os machistas em geral, contra as elites, a fome, os poderosos todos que afetavam inclusive a saúde do meu mais recente cavalo de batalha: o meio ambiente.

Daí veio o governo Lula, e como ele atende a praticamente todas, ou quase todas, as reivindicações de minhas campanhas, cogitei a possibilidade de me depor da condição de eterno campanhista para me dedicar as artes de galanteria: escrever sobre as belezas das moças, as sutilidades da natureza, os prazeres do viver, as graças sempre contidas em elementos concretos ou abstratos, reais ou ficciosos. Mas sobrevieram os facciosos, como Lúcia Hipólito, ameaçando as conquistas de minhas campanhas.

Evidente que não pretendo arrogar às minhas campanhas a responsabilidade pela ascensão de 40 milhões de brasileiros da situação de miserabilidade, nem o fato de atingirmos hoje o recorde histórico de 30 milhões de empregos em carteira assinada. Muito menos nossa independência econômica externa, a reformulação de nossa infra-estrutura em cada estado, nossa respeitabilidade internacional e o resgate da dignidade de tantos grupos humanos outrora marginalizados por diversidades regionais, culturais ou étnicas. Claro que minhas campanhas muito pouco influíram nisso tudo, mas de qualquer forma, por menor que tenha sido a participação, não posso deixar de reconhecer que fui um dos tantos que ao longo desses anos se mantiveram diariamente em campanha para que atingíssemos a realidade que hoje vivemos.

Já que estes resultados estão sendo ameaçados por aqueles responsáveis pela situação do passado, contra a qual passei a vida fazendo campanha, seria uma absurda estupidez de minha parte abandonar a campanha de defesa do que acredito e se comprova por toda a imprensa internacional. Exceto a brasileira, mas como a brasileira sempre defendeu o que ataquei em minhas campanhas, não tenho motivo algum para acreditar que essa imprensa tenha algum compromisso com qualquer verdade. Nunca tive!

No entanto, ao longo dessas 4 décadas provou-se que tudo aquilo que prevíramos -- desde lá no início, quando nos engajamos (eu e meus companheiros que são muitos no Brasil e no mundo) em nossa campanha contra o sistema político vigente -- resultou mesmo na degradação humana que tanto alertamos: um dos mais baixos índices educacionais do mundo, um dos maiores índices de violência urbana, dependência econômica, o país internacionalmente apontado como nação dos mais escandalosos desníveis econômicos da história, prática de escravidão humana, um dos maiores contingentes de famintos do planeta, dos que registravam mais agudos casos de subnutrição coletiva, etc., etc., etc.

Essas verdades não são minhas. Não fui eu que as decidi. Essa verdade estava nas páginas dos principais órgãos da imprensa internacional e qualquer um pode consultá-las, provavelmente também pela internet.

Agora, ninguém se mantém muito tempo em campanha, apenas pelas verdades da imprensa. Muito menos pelas alusões e mentiras rasteiras dos interesses imediatos de uma imprensa tendenciosa. Impossível! Para tornar sua vida útil à maioria de seus semelhantes e a sobrevivência de seu planeta, independentemente do grupo étnico ou social de que provenha, é necessário se conhecer muitas verdades.

As verdades de acadêmicos, cientistas, pesquisadores e filósofos de todas as escolas. É preciso conhecer a verdade de todos os que exigiram de seus conhecimentos e sentimentos uma doação à espécie humana, incluindo os artistas, pensadores, escritores, artistas plásticos, cineastas, inclusive jornalistas, mas os de verdade, que exercem a profissão isentos de outro interesses que não sejam os relativos as suas funções.

Verdades que em todos os tempos e lugares, de oriente a ocidente, em todos os séculos, superaram interesses imediatos por privilégios individuais ou de grupos específicos e insensíveis as necessidades e carências da maioria dos seres humanos.

É preciso conhecer a história dessa humanidade, e daqueles que por ela se dedicaram. E conhecendo estas tantas verdades, se percebe quantas e quantas vezes elas se divergem entre si. E quantas vezes têm de ser revistas, repensadas, reavaliadas de acordo com o momento e o espaço onde se desenvolve, onde se aplica.

Para viver nessa campanha em que me meti desde criança, tive de, sobretudo, aprender a verdade de minha gente. Muita gente, e muitas verdades.

E agora, reescrevendo esta mensagem, me ocorre que só há uma verdade tristemente absoluta: a da ignorância do indivíduo sobre sua própria condição humana. Não há maior absolutismo do que o da crença do indivíduo que considera a importância de seus privilégios superior às carências e necessidades de seus semelhantes. Nada é tão absoluto quanto a mentira do indivíduo que se mente como superior aos demais de sua espécie.

Sinceramente, até lamento concluir que a única verdade absoluta a ser apontada com isenção de tendências, nessa conversa, é a da condição intelectual e da ausência de percepção de Dona Lucia Hipólito. Pois fosse qual fosse o governo, mesmo que o da ditadura ou tucano, conferir o desempenho sofrível de uma equipe de futebol ou de seu técnico a qualquer governo, é muito mais sofrível desempenho de bom senso mínimo necessário para um profissional de comunicação. Situação lastimável e vergonhosa tanto para a classe profissional, quanto para os consumidores de informações jornalísticas. Isso jamais havia visto ocorrer entre colegas de outros países, e reafirma minha crença de que, mesmo não sendo absolutas, as tantas verdades em que acredito são incomparáveis às mentiras da imprensa nacional. Portanto, minha campanha segue!

Raul Longo

23 junho 2008

Boletim H S Liberal

Boletim H S Liberal


Uma bomba que ninguém quis escutar


O Observatório da Imprensa, de 28/09/2004, publicou matéria de seu editor-responsável, Alberto Dines, sob o título acima, que pode contribuir para a atual discussão da modalidade de tributo sobre movimentação financeira. Segundo Dines, não mereceu chamada na primeira página, mas a matéria do repórter Josias de Souza na Folha de S.Paulo de 19/9 é uma peça clássica de jornalismo investigativo. Uma "bomba" de alto teor: "Novo Presidente da FIESP é um ‘sem-indústria’".

Mudando o Brasil, pra sempre

Não é recomendável ter a mesma confiança do presidente Lula suficiente para tornar Delfim Netto seu conselheiro informal, embora concorde que ele tem uma mente lúcida a serviço do debate, conforme o classifica a Carta Capital da última semana. Na revista, Delfim considera ridículo se imaginar que FHC tenha produzido alguma política econômica. Esclarece que havia uma política econômica implícita no programa do real produzida por profissionais de alta qualidade, anda no governo Itamar.

A curiosa ética do Demo (ex-PFL)

Um processo ético-disciplinar no mínimo curioso é movido pela alta cúpula nacional do Demo (ex-PFL) contra um dos seus pares, o vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Feijó. O ato “anti-ético” do político gaúcho é ter revelado uma conversa gravada em que o chefe de gabinete da governadora tucana Yeda Crusius lhe expôs a caixa-preta da relação promíscua entre os caixas de campanha dos políticos aliados com as empresas estatais da governadora.

Confira todas as matérias na íntegra no Boletim H S Liberal, vale a pena.

20 junho 2008

Jornal traz principais ações e políticas do governo Lula. Peça o seu!




Já está disponível para consulta, impressão, aquisição e distribuição o jornal Mais Brasil para Mais Brasileiros, publicação de 44 páginas editada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).

O jornal traz um balanço completo das principais ações e políticas públicas do governo Lula, com dados atualizados até maio deste ano e divididos em sete tópicos: Agenda Social, Agenda Econômica, Infra-Estrutura, Meio Ambiente, Modernização do Estado, Política Externa e Democracia.

Para obter exemplares da publicação, os interessados devem fazer o pedido diretamente à Secom, pelo e-mail secom@planalto.gov.br ou pelo fax (61) 3226.7026.

As versões eletrônica e em formato PDF do jornal estão na página www.maisbrasil.gov.br, no site da Presidência (www.presidencia.gov.br).

Também nesta página, os internautas encontram as peças nacionais e regionais da campanha Mais Brasil, atualmente veiculadas nas emissoras de TV, nas rádios e em veículos impressos.

As peças regionais abordam temas como educação, saneamento, urbanização, transportes, agricultura e programas sociais, evidenciando as parcerias entre o Governo Federal, os Estados, os municípios e a iniciativa privada.

Já o jornal, em todas as versões, destaca os seguintes temas:

Agenda Social – Educação, Inclusão Digital, Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, Educação Profissional, ProJovem, Oportunidade, Luz Para Todos, Cidadania, Saúde da Família, Mais Saúde, Políticas Afirmativas, Quilombolas, Cultura, Esporte e Pronasci.

Agenda Econômica – Conjuntura, Indústria, Crédito, Trabalho e Agricultura.

Infra-Estrutura – PAC Logístico, Transportes, PAC Energia, Combustíveis, São Francisco, PAC Social e Urbano, Habitação e Turismo.

Meio Ambiente – Combate ao Desmatamento.

Modernização do Estado – Eficiência e Desoneração.

Política Externa – Comércio e Diplomacia.

Democracia – Pacto Federativo e Participação
Le Monde Diplomatique: O Império contra-ataca


Clique na magem para ampliar


A abundância de recursos naturais, como as formidáveis reservas de petróleo na América Latina e a quantidade de água potável, aliada à guinada à esquerda dos governos dos países da região, fez com que os Estados Unidos, preocupados em manter sua hegemonia global, reativassem sua IV Frota. É sobre este assunto que se dedica a matéria de capa da edição de junho do Le Monde Diplomatique Brasil. O texto assinado pelo sociólogo e diretor da publicação, Sílvio Caccia Bava, fala da presença política e militar dos Estados Unidos na América Latina, um fenômeno que não é recente. Ainda sobre este ponto, o jornalista Dario Pignotti trata da busca do governo brasileiro por alternativas próprias e independentes diante da hegemônica política externa da terra do Tio Sam.

A economista Tânia Bacellar fala das mudanças enfrentadas pelo Brasil no que diz respeito à ocupação do espaço geográfico, desigualdades sociais e assimetria regional; Danilo Miranda, sociólogo e diretor do Sesc publica carta destinada ao pensador francês Edgar Morin sobre a ameaça de privatização do Sesc. A jornalista Maíra Kubik Mano apresenta os desafios enfrentados pelos assentamentos do MST em se manterem diante da falta de infra-estrutura e da precarização da reforma agrária.

A edição de junho do Le Monde traz ainda muito mais reflexão e debate: Dossiê DNA; a assimilação do preconceito na França; a intensificação do cultivo da maconha por grandes latifúndios agroexportadores no nordeste do Brasil; a situação da mulher na União Européia.

Temos que acompanhar de perto.
Para lembrarmos da Alstom

Para imaginar que este trem poderia estar correndo pelos trilhos de São Paulo, mas devido a alguns milhares de reais desviados, teremos que esperar mais algum tempo.....
Mas enquanto isso.... o PSDB vai bem obrigado, graças a sua total blindagem pela mídia do nosso Brasil.


19 junho 2008

"Lula e os intelectuais"


Por Emir Sader


Não vou apelar a um histórico das relações, encontradas e desencontradas, de Lula com os intelectuais, mas apenas relatar um pouco do que foi a reunião de ontem, de que Lula estava ali e com que tipo de preocupações ele encontrou aos intelectuais.

A reunião se deu depois de uma breve viagem que Lula havia realizado com alguns intelectuais a Araraquara para uma homenagem a Gilda de Mello e Souza, esposa de Antonio Candido, falecida recentemente. Paulo Vanucchi foi o responsável de organizá-la, com a assessoria da Presidência da República, para definir o caráter da reunião e seus participantes. Lula definiu os participantes da parte do governo – Dilma Rousseff, Fernando Haddad, Luis Dulci, Marco Aurélio Garcia e o próprio Vanuchi.

Houve convites a cerca de 40 intelectuais, a maioria de São Paulo, mas também do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. Entre os presentes, Antonio Candido, Luis Fernando Veríssimo, Leonardo Boff, Moacir Scliar, Fernando Morais, Luis Gonzaga Belluzzo, Candido Mendes, Dalmo Dallari, Maria Vitória Benevides, Aluisio Teixeira, Marco Antonio Barbosa, Paul Singer, Luis Eduardo Wanderley, Ladislau Dowbor,Walnice Galvão, Margarida Genevois, Adauto Novaes, Leonardo Avritzer, Lucio Kovarick, Gabriel Cohn, entre outros.

Prevista para durar cerca de duas horas, a reunião se prolongou por três horas e meia, ficando acertado que em todas as viagens de Lula aos estados, haverá reuniões com grupos de intelectuais, a próxima sendo prevista para o Rio de Janeiro, seguida de outras em Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Recife.

Este texto reproduz algumas das intervenções da reunião, não é um relato nem completo, nem textual, pretende apenas reproduzir em parte o clima e os temas debatidos.

Lula havia consultado se preferíamos começar por intervenções nossas ou se ele deveria fazer uma exposição inicial, decidimos por esta alternativa e 14 de nós nos propusemos a fazer intervenções para que Lula e sua equipe respondessem.

Significativamente, Lula começou dizendo que essa reunião deveria ter sido organizada pelo PT, mas estava organizando sua equipe, desde o governo, diretamente. Apresentou as pessoas que ele tinha trazido com ele, mencionou que era uma “apresentação” de Dilma aos intelectuais. Mencionou também que uma de suas grandes preocupações é a continuidade de governos do PT, antes de escolher o inicio de sua exposição pela política internacional.

Recordou que, bem no começo do seu governo, em 2003, de retorno de viagem a Davos, comentou com Celso Amorim que era preciso mudar a geografia econômica do Brasil. E seguiu um impressionante relato da reinserção internacional do país, tomando a América do Sul como eixo fundamental, mas incorporando a América Central, as relações com o México, o papel – subestimado pela mídia – do G-20, hoje interlocutor fundamental em qualquer negociação internacional.

Reiterou a importância dos passos ainda que iniciais da Unasul, recordou a primeira eleição direta para o Parlamento do Mercosul em 2010.

Menções pessoais, não sem mostras de orgulho, foram feitas às relações do Brasil com a Venezuela e Hugo Chávez – parceiro fundamental do Brasil, com quem se reúne a cada três meses e têm troca frutífera e sincera de pontos de vista, cada vez mais convergentes – e à Bolívia, pelas dificuldades por que passou e nas quais ele assumiu a responsabilidade – apesar dos problemas que ele mencionou da forma de atuação da Petrobrás.

Da mesma forma chamou de “extraordinário acontecimento a eleição do companheiro Fernando Lugo à presidência do Paraguai” – tema a que retornaria a partir de pergunta que lhe fez Fernando Morais posteriormente. Elogiou a Rafael Correa, com quem se relaciona, além de presidente, como companheiro, tal a proximidade, a identificação que têm entre si. Mostrou preocupação com a situação da Argentina, mencionou que trata de manter boas relações com a Colômbia, anunciando visita a Uribe no dia 20 deste mês, com delegação de empresários brasileiros. Disse que tenta puxar o México mais para perto do Mercosul e que na América Central tem dificuldades pela dependência da região em relação aos EUA, mas que já visitou a todos os países da área, faltando apenas a Costa Rica.

Lula dedicou um bom tempo para falar das privilegiadas relações com a África. Recorda que um bordão usual nas suas viagens é ouvir que “pela primeira vez um presidente do Brasil viaja a este país”. Já são 19 países na África, onde se estenderam muito nossas relações, não sem encontrar competitividades na ambiciosa política chinesa no continente. Citou como a Petrobrás e uma empresa de outro país perderam a concorrência para a China na exploração de petróleo em Angola – onde já há mais chineses andando nas ruas do que brasileiros – pela oferta, impossível de ser coberta pelas concorrentes -, feita por eles, que além dessas ofertas, se comprometem às vezes a construir edifícios de governo e chegam com uma batalhão de chineses para as obras, o que significa que não chegam a criar empregos locais. Mas recorda que na única votação que disse que fez no seu governo, a China foi escolhido como parceiro essencial, em detrimento do Japão, reitera que com os chineses as negociações são duras, caminham mais lentamente, mas finalmente avançam bem.

O comércio bilateral do Brasil com a África subiu até agora de 3 a 17 bilhões, tendendo a se elevar muito mais. Mencionou os acordos de pesquisa da Embrapa com vários países africanos para apoiar-lhes em resolver seus problemas de tecnologia agrícola.

Com a União Européia Lula reiterou que as negociações estão complicadas para o acordo de Doha, pela resistência dos europeus em retirar ou diminuir os subsídios agrícolas.

O segundo ponto escolhido por Lula foram as políticas sociais do governo, não para expô-las, mas para enfatizar que foram feitas mais de 50 conferências setoriais, precedidas cada uma por 27 conferências estaduais, ele considera que nunca um governo – diz mesmo, no mundo – havia tido uma relação tão próxima e de intercâmbio com os movimentos sociais. Cita como foi ele o intermediário, recentemente, para que, pela primeira vez, o movimento sindical sul-africano se reunisse com o atual presidente daquele país. Lula confessa as dificuldades de relação com o MST, embora enfatize como seu governo já liberou 2 ou 3 vezes recursos para a economia familiar do que todo o tempo do governo FHC e que a orientação do governo é mais a de financiamento para a agricultura familiar do que de desapropriações.

Fez um elogio privilegiado à política de “territórios de cidadania”, em que foram mapeados mais de 300 municípios entre os mais pobres do país, para concentrar políticas de 19 ministérios – no estilo das políticas sociais no território, como preconizava Milton Santos. Lula considera essa a política mais perfeita que já foi elaborada no plano social.

Passou a exposição sucinta sobre o PAC, como o maior investimento em infra-estrutura que o Brasil já fez – ao que mais tarde Dilma acrescentará também seu caráter de política social, de extensão dos direitos básicos de cidadania, pelo acesso universal à eletricidade, ao saneamento básico, entre outros. Sua presença em mais de 5.000 municípios dá idéia da abrangência e da pretensão do governo com essa iniciativa.

Fez o elogio da atuação da Petrobrás, falou de como isso, entre outros efeitos benéficos, possibilitou a recuperação da indústria naval, que estava desfeita no final do governo anterior. Sobre as novas descobertas, disse que 40% pertencem à União, que será criado um Fundo com esses recursos para a educação e a saúde. Que não haverá mais leilões, que se está elaborando uma nova lei de licitações para o petróleo.

Sobre os biocombustiveis, afirmou que se precisa tanto dos agronegócios quanto da agricultura familiar, que seria possível combinar harmonicamente a convivência dos dois, reconhecendo que grande parte da produção de alimentos para o mercado interno vem da agricultura familiar, que além disso é responsável por grande parte do emprego no campo. Mas diz que considera que “não há anjos e demônios” nesse plano.

Reiterou que o Brasil está vendendo soja para a Venezuela e para Cuba. Que não é possível tirar terras da produção de alimentos para produzir combustíveis, que o Brasil não faz isso, tem terras suficientes para poder dar conta dos dois. Reafirmou que considera a crise agrícola atual uma crise boa, porque expressa que se está comendo mais, que especialmente os pobres estão comendo mais, seja na China, na África ou no Brasil.

Sobre a TV Pública, considera que ela tem ainda cerca de um ano para engrenar, que destinou 350 milhões para o projeto, quantia similar à que dispõe a TV Bandeirantes, que foi constituído um Conselho competente, representativo, pluralista, para dirigi-la.

Lula confessa que guarda rancor de Dom Carpio, que considera que nenhum dos argumentos dele tem sustentação, que está disposto a discutir publicamente cada um dos argumentos. Que o governo desapropriou uma faixa de dois quilômetros, justamente para evitar que houvesse benefícios privados. Que pensou em chamar a greve de fome a milhões – dos 12 milhões que afirma que serão beneficiados pela transposição do São Francisco, mas depois resolveu não fazer isso. Que quer sim encontrar-se com Leticia Sabatella e discutir o tema em profundidade.

Deu de passagem uma estocadinha nos céticos, citou a Miriam Leitão, que disse que a Bovespa nunca chegaria a aos 20 mil pontos e agora ela está chegando aos 70 mil. Aproveitou para recordar que 2005 foi o seu pior ano, que agora a relação com a mídia está menos nervosa, que ele não lê mais jornais, o que seja importante lhe comunicam, que não lhe faz falta. Que a corrupção aparece, porque não está sendo varrida para debaixo do tapete, que grande parte dos casos vinham de governos anteriores, mas hoje 90% dos casos apurados são feitos pela Procuradoria Geral da República. Que apesar dos erros reais cometidos pelo PT, o pior foram as insinuações, porque as acusações podem ser rebatidas, mas as insinuações sugerem, sem ter que provar nada.

Maria Vitória Benevides, ao iniciar as perguntas, quis ressaltar entrevista recente ao Jornal do Brasil (que está na página do JB, em imagens), em que pergunta sobre sua identidade, Lula afirmou que “é sempre torneiro mecânico e de esquerda”.

Perguntado, Lula abordou a reforma política, que gostaria que o PT tomasse firmemente essa bandeira, que ele mesmo gostaria de reunir a todos os ex-presidentes, vitimas de problemas do sistema político, para tentar promover uma reforma política, mas ele vê isso como muito difícil. Disse que estaria feliz de ver o fim definitivo do dinheiro nas campanhas, que deveriam ter apenas financiamento público. Que ficaria feliz com o fim dos suplentes de senadores, assim como o mandato de 7 anos para os senadores.

Sobre o Paraguai, disse que a questão é delicada, que o Tratado de Itaipu não pode ser alterado, mas que não faria nada que pudesse enfraquecer a Fernando Lugo como presidente, deixando entender que encontrará formas de obter os recursos que o novo presidente paraguaio reivindica, de outra maneira.

Revelou sua felicidade de que o BNDES passou a financiar pequenos e médios proprietários, inclusive a cooperativas de catadores de papel, que ele levou para encontrá-lo no Palácio da Alvorada.

Orgulhoso, manifestou que é o primeiro governo que convoca um Congresso dos GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis), a que ele compareceu, em Brasília, em junho, na abertura. Anunciou que logo sairão iniciativas que promoverão as rádios comunitárias, assim como medidas de avanço na delimitação de terras indígenas, de proteção dos trabalhadores – em particular os jovens – na cana de açúcar e Dilma anunciou a política de abertura dos arquivos da ditadura, tocando assim em temas espinhosos de conflito com a intelectualidade.

Dilma, Fernando Haddad e Luis Dulci também fizeram intervenções, esclarecendo aspectos de temas vinculados aos setores de responsabilidade no governo. Dilma resumiu como os ataques feitos a ela são inócuos, sem consistência, confirmando o que se sabe –ela é hoje a vítima privilegiada das campanhas da oposição e de sua mídia, porque aparece como a candidata de Lula à sua sucessão. Haddad argumentou que os avanços no plano universitário – entre a criação de novas universidades, de mais vagas para contratações, de dobrar as vagas nas universidades públicas, o Prouni que terá quase um milhão de ingressados no fim do governo, entre outros - deveriam encontrar nos estudantes e nos professores os seus maiores defensores.

Quando retomou um dos temas de maior divergência com grande parte dos intelectuais, Lula revelou que, do seu ponto de vista, fez o ajuste fiscal mais duro que se poderia fazer, mas que não se arrepende alegando que essa política conservadora, restritiva, teria sido condição da decolagem posterior do seu governo.

O Lula que os intelectuais encontraram é um Lula muito seguro de si, confiante na realização do seu governo, dominando plenamente os temas que aborda – inclusive no manejo familiar com todas as cifras. A reunião – pela quantidade e qualidade de participantes, mas também pelas intervenções – que foi superado o trauma da ruptura de parte da intelectualidade com o PT e com Lula. Demonstrou-se que, no marco das diferenças existentes, o diálogo é plenamente possível e uma interlocução permanente entre os dois será muito benéfica para ambos.

Lula parece convencido disso agora, ao mesmo tempo que os intelectuais percebem que tem que dar conta de um governo que, sem ruptura com o modelo herdado, conseguiu retomar um ciclo expansivo da economia e promover políticas sociais de distribuição de renda como nunca o país tinha vivido.

O desafio de fazer a teoria do que o governo faz, com sua crítica e propostas de superação dos problemas, assim como de defender as conquistas e buscar sua extensão e aprofundamento. Os espaços começam a ser criados para que o governo tenha nos intelectuais a aliados críticos, mobilizados, e os intelectuais tenham no governo um interlocutor político, que por sua vez constantemente os interpela sobre suas responsabilidades como intelectuais com o Brasil, com a América Latina e com o Sul do mundo.

Fonte: Carta Maior
A Veja e meu pai



Recebi o texto abaixo, através de email, e dizem que está "bombando" entre estudantes universitários, atribuído a um aluno da Universidade Federal de Pernambuco. Não foi confirmado a autoria, mas mesmo assim achei interessante para analise.


Por Roberto Efrem Filho*


Hoje, dia 10 de junho do ano de 2008, foi o dia em que meu pai cancelou a renovação da Revista Veja. É bem verdade que há fatos históricos um tanto quanto mais importantes e você deve estar se perguntando "o que cargas d'água eu tenho a ver com isso?". Não é nenhuma tomada de Constantinopla, queda da Bastilha ou vitória da Baia dos Porcos. É um ato de pequenas dimensões objetivas, realizado no espaço particular de uma família de classe média brasileira, sem relevantes conseqüências materiais para as finanças da Editora Abril, sem repercussões no latifúndio midiático nacional. A função deste texto, portanto, é a de provar que meu pai é um herói.

A Revista VEJA se diz assim: "indispensável ao país que queremos ser". Começa e termina com propagandas cujo público alvo é a classe média e, nela, claro, meu pai. Banco Bradesco, Hyundai, H. Stern. Pajero, Banco Real, Mizuno. Peugeot, Aracruz, Nokia. Por certo, a classe média – inclusive meu pai – dificilmente terá acesso à grande parte dos bens expostos na vitrine de papel. Não importa. Mais do que o produto, a VEJA vende o anseio por seu consumo. Melhor: credita em seu público-alvo, a despeito de quaisquer probabilidades, a idéia de que ele, um dia, chegará lá.
Logo no comecinho, na terceira e quarta folhas, estão as páginas amarelas da Revista. Nelas, acham-se as entrevistas com personalidades tidas como renomadas e com muito a dizer ao país. Esta semana a VEJA apresenta as opiniões de Patrick Michaels (?), climatologista norte-americano que afirma a inexistência de motivos para temores com o aquecimento global. Na semana passada, deu-se voz ao "jovem herói" Yon Goicoechea (?), um "líder" estudantil venezuelano oposicionista de Chávez e defensor da tese de que a ideologia deve ser afastada para que a liberdade seja conquistada contra o regime "ditatorial" chavista.

Não. Não é que a VEJA não conheça o aumento dos níveis dos mares, dos números de casos de câncer de pele, do desmatamento da Amazônia, da escassez da água e dos recursos naturais como um todo e de suas conseqüências na produção mundial de alimentos. Sim, ela conhece. Não. Não é que ela não saiba que um estudante não representa sozinho o posicionamento democrático de uma nação e que um governo legitimamente eleito não pode ser chamado de totalitário. Sim, ela sabe. Do mesmo modo que conhece e sabe da existência de diferentes opiniões (ideológicas, como tudo) sobre ambos os assuntos e não as manifesta. Acontece que isso ela também vende: o silêncio sobre o que não é lucrativo pronunciar.

Do meio pro final da Revista estão os casos de corrupção. Esta é a parte do "que vergonha, meu filho, quando isso vai parar?" dito pelo meu pai, com decepção na voz. A VEJA desenvolve um movimento interessante de despolitização nesse debate. Ela veste o figurino do combatente primeiro da corrupção, aquele sujeito que desvendará as artimanhas, denunciará os ladrões e revelará "a" verdade, única, inabalável. Com isso, a VEJA confere centralidade à corrupção no debate político, transformando a política em caso de polícia e escondendo o fato de que o seu próprio exercício policialesco é inerentemente político.

No fim, "todo político é ladrão" – menos os do PSDB, claro, todos "intelectuais" -, "política não presta", o que presta mesmo é a Revista VEJA. A Revista é ainda permeada por textos de cronistas e colunistas. Estão, entre seus autores, Cláudio de Moura Castro, Lia Luft e Roberto Pompeu de Toledo. Todos dignos do título de "cidadão de bem", conscientes e responsáveis. Evidentemente, todos de posicionamentos um tanto moralistas e um tanto conservadores. Difere-se deles Diogo Mainardi. Este, conhecido por chamar o Presidente da República de "minha anta" e por sua irreverência desrespeitosa e direitista, escancara a alma da VEJA. Mas não se engane. Não é Mainardi o perigo. São os outros.

Foram eles que meu pai um dia leu com respeito e é aquela auto-imagem que a VEJA quer – como tudo – vender. Sem dúvida a Revista VEJA é ainda mais que isso. Suas estratégias de persuasão vão muito além dos limites deste breve texto. Afinal, é ela a revista mais lida no país, parte significativa de um império da concentração do poder de informar. Seja nas suas "frases da semana", nas quais há de costume as fotografias de uma mulher bonita dizendo bobagem e de um homem-autoridade falando coisa inteligente e importante, seja no fetiche da citação "eu li na VEJA", faz-se ela um dos mais eficazes instrumentos de convencimento a favor da classe dominante.

Meu pai, por sua vez, é um trabalhador. Casado com Fátima, minha mãe, e pai também de Rafael, criou seus filhos com princípios que ele preserva como inalienáveis. Já votou no PT. Já votou no PSDB e mesmo no PFL ("porque foi o jeito, meu filho!"). Opõe-se a qualquer tipo de ditadura (conceito no qual incluía até pouco tempo o governo de Chávez: coisas da VEJA). Já se disse socialista, na juventude. É praticante da doutrina espírita desde menino. Discorda de mim em milhares de coisas. Concorda noutras. É um bom e sonhador homem com quem eu quero sempre parecer.

Hoje, ele cancelou a renovação da Revista VEJA, aquilo que para ele já foi seu meio de conhecimento do mundo, depois de chamar de "idiota" a entrevista daquele herói das páginas amarelas sobre o qual falei acima. Antes, havia criticado fortemente um artigo de Reinaldo Azevedo publicado na Revista, em que Azevedo falava atrocidades sobre Paulo Freire: "meu filho, veja que besteira esse homem está dizendo sobre Paulo Freire". Hoje, ele operou uma mudança nesta realidade tão acostumada à perpetuação do estabelecido. Hoje, para o mundo, como em todos os dias da minha vida para mim, meu pai é um herói.

*Roberto Efrem Filho é mestrando em direito pela UFPE e filho de "Roberto Efrem", a quem dedica este artigo

18 junho 2008

A Pequena Grande Admiradora do nosso Presidente
Apresentando: Leticia




Enviado por: Ivan Monte
Caso Alstom, 3 matérias hoje na Imprensa Tucana????
Milagre



Serristas barram investigação sobre Alstom


Aliados do governo tucano na Assembléia rejeitam todos os requerimentos para convocar ex-diretores da Eletropaulo

Ex-presidente de conselho da estatal, convocado em 2007, nega em depoimento que tivesse ingerência sobre os contratos da empresa


A base aliada do governo José Serra (PSDB) na Assembléia Legislativa de São Paulo frustrou ontem nova tentativa da oposição de usar a CPI da Eletropaulo para investigar suspeitas de corrupção em contratos assinados entre a empresa e a Alstom, antes da privatização da companhia, em 1998.

Em maioria na CPI, os governistas rejeitaram todos os requerimentos apresentados pela oposição, que pretendia convocar para depor ex-diretores da Eletropaulo e obter cópias de contratos e relação de pagamentos feitos pelo Estado à Alstom e suas subsidiárias.

A CPI foi criada para apurar a privatização da Eletropaulo. Porém, com os indícios de corrupção levantados por promotores suíços, a oposição tentou levar o caso para a comissão.

Com o fim próximo da comissão, cujo prazo de esgota no dia 30, a oposição praticamente desistiu de investigar a Alstom via CPI. Na semana passada, aliados já haviam obstruído a investigação, o que contrariou uma orientação pública de Serra, de que todas as suspeitas deveriam ser apuradas.

Ontem, a CPI ouviu David Zylbersztajn, secretário de Energia do Estado e presidente do conselho de administração da Eletropaulo durante o período em que foram negociados contratos com a Alstom colocados sob suspeita por investigadores suíços.

Zylbersztajn só foi depor, na condição de testemunha, porque havia sido convocado ainda no ano passado, antes das suspeitas envolvendo a Alstom. Na CPI, ele negou que tivesse algum poder de decisão sobre contratos e só se irritou no final, durante entrevista.

O ex-secretário, hoje dono de uma empresa prestadora de serviços na área energética, encerrou a entrevista ao ser questionado se conhecia o empresário Romeu Pinto Júnior, apontado como o dono da "offshore" MCA Uruguay, que teria recebido recursos da Alstom para pagar propinas a políticos.

A sessão, porém, ficou boa parte do tempo restrita a um bate-boca entre o presidente da CPI, José Mentor (PT), e o relator, João Caramez (PSDB), sobre a prerrogativa da comissão de entrar no caso Alstom, já que foi criada com outra finalidade.

"Há uma blindagem para evitar que se atinja o governo de São Paulo, o Serra e principalmente o [ex-governador Geraldo] Alckmin", disse Enio Tatto (PT), irritado com a rejeição dos requerimentos.
Em resposta, o tucano Caramez afirmou: "Não adianta querer justificar o injustificável. Todos [os requerimentos] fogem do objeto da CPI".

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO E MARIO CESAR CARVALHO

Fonte: Folha de São Paulo


'Nunca fiz intermediação de negócios', afirma Ramos

Entrevista - José Ramos Pinto: empresário; O empresário José Amaro Pinto Ramos assume que trabalhou para a Alstom, mas diz que parou há oito anos

Eduardo Reina

O empresário José Amaro Pinto Ramos admite que trabalhou para a Alstom no Brasil, na elaboração de projetos para captação de crédito externo, mas nega a existência de propina. Em entrevista por e-mail, ele assumiu que organizou jantar nos EUA em que estiveram presentes FHC e o ex-diretor mundial da Alstom Jacques Cizain.

Como foi o seu trabalho para a Alstom no Brasil?

É preciso esclarecer que nunca fiz intermediação de negócios. Minha empresa, a Epcint, trabalhou para diversas empresas brasileiras, européias, japonesas, americanas e soviéticas. A Epcint foi contratada no início dos anos 90 pelo consórcio Mafersa/Villares, para estruturar um complexo crédito externo, que viabilizaria a produção nacional de trens para a Linha 2 do Metrô de São Paulo. Posteriormente, a Mafersa foi arrendada pela Alstom. Nesse período trabalhamos com a Alstom e vários de seus concorrentes. Com a evolução positiva do crédito brasileiro, esse tipo de operação deixou de ser interessante. Há oito anos não temos atividades nesta área, nem com a Alstom especificamente.

Como foi o jantar em Washington oferecido para FHC?

Após assistirmos à posse do presidente Bill Clinton, em janeiro de 1993, combinamos - naquele momento, sem pré-agendar - um jantar do qual participaram nosso amigo comum Sérgio Motta, o então ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique, o então diretor de Operações do BID, Paulo Renato, eu e nossas esposas. Ao nosso lado na cerimônia estava Jacques Cizain, meu conhecido, que foi convidado a se juntar a nós, num grupo que chegou a 14 ou 15 pessoas. Vale lembrar que Cizain conhecera Fernando Henrique em palestra no Medef, equivalente à Confederação Nacional da Indústria na França.

Como conheceu FHC?

Conheci o ex-presidente no tempo em que ele era professor da USP. Não o vi nem falei com ele em nenhum momento durante seus dois mandatos presidenciais.

O senhor foi investigado pelo FBI por ter intermediado empréstimo para um ex-secretário de Bill Clinton, Ron Brown?

Desconheço qualquer investigação do FBI sobre mim. Ron Brown era meu amigo. Eu o conheci fora do contexto de suas funções públicas, quando era um influente advogado nos EUA.

Fonte: O Estado de São Paulo


Lobista ligado a tucanos é alvo de promotor no caso Alstom

Conhecido de empreiteiros, Ramos tratava Sérgio Motta de ‘amigo fraterno’

Eduardo Reina

O Ministério Público abriu nova frente na investigação sobre a suposta propina paga pela Alstom, multinacional francesa do ramo de energia e transporte, a integrantes do governo paulista e do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Trata-se do empresário José Amaro Pinto Ramos, por causa de sua grande proximidade com políticos do PSDB e seu trabalho de lobby a favor de empresas do setor energético e de transporte sobre trilhos, principalmente para estatais em todo o País. São os contratos da Alstom nessas áreas que estão sob análise de autoridades brasileiros e suíças.

Ramos é dono da EPCint Estudos Projetos e Consultoria Internacional, com filiais em São Paulo, Nova York e Paris. É conhecido pelos maiores empreiteiros brasileiros e tem grande trânsito entre políticos tucanos. Era ligado a Sérgio Motta, o ministro das Comunicações de Fernando Henrique Cardoso. Ele chamava Motta de “amigo fraterno”.

Em 1993, na posse de Bill Clinton na Presidência dos Estados Unidos, Ramos apresentou Motta ao então assessor James Carville, responsável pela campanha vitoriosa do Partido Democrata. Houve tanta sintonia entre eles que depois Carville acabou participando de reuniões da campanha presidencial de Fernando Henrique.

Após a posse, o empresário ofereceu jantar para Fernando Henrique e integrantes do PSDB - na época, o ex-presidente era chanceler. O evento reuniu a cúpula tucana e também Jack Cizain, então diretor-geral da Gec Alsthom, renomeada Alstom. No jantar, o hoje deputado Paulo Renato Souza entoou tangos em dueto com a mulher. A atriz Ruth Escobar chegou a cantar fados.

Três anos depois, em 4 de junho de 1996, Cizain participou da compra da Light, no Rio de Janeiro. No contrato, ele aparece como representante da francesa Electricité de France (EDF), uma das empresas que formam o consórcio comprador da distribuidora fluminense. O atual presidente da Light é José Luiz Alquéres, ex-presidente da Alstom no Brasil.

O próprio Ramos contou que conheceu Motta, presidente da Eletropaulo na gestão de Franco Montoro, quando trabalharam juntos, de 1969 a 1971, na elaboração de planos de desenvolvimento para municípios.

O lobista já foi réu em ação com o ex-presidente do Metrô na gestão de Orestes Quércia, Antonio Sérgio Fernandes. Foram acusados de formação de quadrilha e falsidade ideológica e tiveram pedido de prisão decretado. Acabaram absolvidos.

O nome de Ramos também consta de investigação do FBI - a polícia federal dos EUA - sobre propina recebida por Ron Brown, então secretário de Comércio de Bill Clinton, em 1995. De acordo com a revista U.S. News & World Report, Ramos intermediou empréstimo de US$ 108 mil para Brown.

Fonte: O Estado de São Paulo

Brazilian Pitecantropos Erectus Médium

BRAZILIAN
PITECANTROPOS ERECTUS MÉDIUM


A descoberta da origem do raciocínio da classe média.

A ciência, os analistas e a imprensa de todo mundo vêm se debruçando arduamente em intensas pesquisas em busca da impossibilidade de raciocínio da Classe Média brasileira, impedida de perceber a realidade de seu próprio país que tanto tem entusiasmado economistas, cientistas sociais, estadistas, jornalistas, e ideólogos de todo o mundo.

Atônita, impotente, a humanidade assiste ao estarrecedor espetáculo dessa pequena porção de seres quase humanos minguarem em si mesmos, sem condições de perceber sequer que nunca viveram melhores condições em suas vidas inutilizadas pela estranha doença.

O que mais preocupa os cientistas é que a extinção acelerada dessa espécie, não possibilitará a compreensão da degeneração que acomete nossos ancestrais.

Umbilicus Vorace foi o nome dado por teóricos que aventam estranha e desconhecida doença fetal, sugerindo que na fase de gestação o calor tropical promova uma emigração dos neurônios cerebrais para a fonte alimentar.

Dado que o mal se restringe exclusivamente a uma parcela de indivíduos da Classe Média brasileira, outros pesquisadores afastam a questão térmica e consideram um problema genético inerente a situação econômica desta classe social. Entendem estes autores que o estresse causado pela insatisfação pela própria realidade existencial, promova a multiplicação de um verme que corroa os neurônios estimuladores do raciocínio. É o que se convencionou como efeito MacDonald's: por mais que o indivíduo se empanturre com a famosa Dieta do Palhaço num franchising de qualquer centro urbano brasileiro, a frustração de não poder consumir diariamente um BigMac em Las Vegas, Los Angeles, Chicago ou Nova Iorque, resulta arrasadora depressão psíco/existencial que debilita o organismo a propício ambiente patológico para o desenvolvimento da cadeia de protozoários, popularmente conhecida como lombriga.

Enquanto alguns temem que o mal venha a se inseminar em outras populações e regiões do mundo, dando origem a mais uma epidemia universal; outros consideram que no Brasil se a tenha contraído de cidadãos que compõem o que nos Estados Unidos se classifica como Maioria Silenciosa.

De fato, os sintomas são bastante similares, apenas com a diferença de que lá os profissionais de comunicação sempre reconheceram na Maioria Silenciosa a arrematada expressão da famosa idiotia norte-americana, enquanto no hemisfério-sul o sintoma se agrava exatamente entre os que exercem tais atividades.

Seguindo essa pista, o analista Emerson Luís, considerado um detetive científico, acaba de anunciar ao mundo a origem da incapacidade de raciocínio de certos setores da classe média brasileira.

Emerson baseou suas pesquisas no espécime Lucidus Hipolíto que se assemelha aos mitológicos centauros. A denominação é devida as características muares do espécie encontrado por Emerson que, reconhecendo-lhe alguma capacidade de articulação em estagio de pré-inteligência, otimisticamente conferiu-lhe um hipotético e poético (ainda que inviável) Lucidus. Na verdade trata-se de uma versão da interpretação cabocla da alimária modelo arrastando uma carroça, enquanto corre atrás de uma cenoura pendurada a sua frente.

No caso do retrovírus pesquisado por Emerson, a voracidade do animal se manifesta pelo trato químico da celulose empregada na fabricação do papel-moeda.

A crônica histórica da pesquisa científica sempre apresentou achados surpreendentes por mera casualidade. Dessa vez, através de uma mera notícia radiofônica, conforme transcrito abaixo, o eminente pesquisador conseguiu definir as origens pré-históricas da linha de raciocínio (ou falta de...), que reporta uma parte da classe média de nosso país para eras anteriores ao Homem do Sambaqui, desmentindo o que até então era dado como o mais primitivo dos humanos a terem habitado a América do Sul.


"Uma das coisas que talvez o presidente Lula tenha feito mal para o país, porque as pessoas acham que podem, de repente, se candidatar presidência da República sem nunca ter feito nada. Olhe o Dunga, nunca foi técnico nem do time da esquina da rua dele. Agora já virou técnico da seleção brasileira e acha que sabe tudo. Olhe a ministra Dilma [Roussef], nunca administrou nada a não ser a Casa Civil, com esses problemas todos que ela está tendo, já acha que pode ser presidente da República. Dureza, hein?" - sentidos do zurrar do Hipolíto, interpretado pelo paleontologista Emerson Luis. (Leia aqui)


Raul Longo
A Vírgula da Desinformação

A campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira da Imprensa) mereceu uma resposta a altura do nosso grande Raul Longo.


Campanha da ABI

A vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.

Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.


ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação'.


A resposta de Raul Longo

Como publicitário, concordo. A campanha é mesmo bem bolada.
Mas como jornalista, tenho muito a lamentar. Primeiro porque ela é extemporânea. A idéia teria exato sentido nos tempos em que, presidida pelo grande Barbosa Lima Sobrinho, a ABI lutou pela liberdade de imprensa contra a censura imposta tanto pela ditadura Vargas, quanto pela ditadura militar.
Hoje, na informação que nos é passada, ninguém mexe mesmo uma vírgula. E não tem mais sentido a ABI se anunciar como defensora de uma liberdade a que nada nem ninguém ameaça. O atual presidente e dirigentes do órgão, estão cantando o ovo posto por seus antecessores.
Acontece, que liberdade de informação não se faz apenas combatendo à censura. Também se defende a liberdade de informação, combatendo a má versão dos fatos, e a mentira. Tanto quanto a censura, a informação mentirosa também impede a liberdade de imprensa.
Todos os países que preservam a liberdade de imprensa, como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França, possuem um órgão federativo que preserva a atividade jornalística da manipulação de interesses contrários aos que são informados pelos veículos de comunicação. Órgãos que mantêm a ética informativa, coibindo o desrespeito ao público.
Vocês se recordam de ter ouvido falar de quando o cineasta, então radialista, Orson Welles criou enorme pânico na população de Nova Iorque, anunciando uma invasão de marcianos?
Evidentemente, aquilo era uma ficção, ainda que anunciada como notícia factual, mas por ingenuidade da população nova-iorquina ou pelo realismo interpretativo de Welles, o efeito nos cidadãos da então maior cidade do mundo foi assombroso, e o comunicador conseguiu comprovar sua tese de que a imprensa poderia manipular a emoção das massas como bem pretendesse.
Aqui no Brasil, o decantado Roberto Marinho jactou-se de ter repetido o feito de Welles para a equipe da inglesa BBC em um documentário que você pode baixar pela internet: "Além de Cidadão Kane".
Cidadão Kane foi o primeiro e mais importante filme de Orson Welles, onde reproduziu a vida de um magnata da imprensa norte-americana de então.
Pois no documentário, a BBC demonstra como no Brasil o sistema político do regime ditatorial militar, possibilitou à nossa imprensa o desenvolvimento de homens ainda mais poderosos do que Randolph Hearst, o magnata da imprensa norte-americana retratado por Welles.
E é nosso próprio Hearst, que orgulhoso de seu poder além do de Cidadão Kane, declara no documentário aos ingleses, se referindo a Collor de Melo: "Nós o pusemos, nós o tiramos".
Welles não sofreu qualquer sanção do governo norte-americano por ter produzido Citizen Kane (O Mundo a Seus Pés, em Portugal). Pelo contrário, o filme se tornou um clássico do cinema internacional. Mas o Conselho de Jornalismo norte-americano exigiu de Welles uma retratação pública, além de pesada multa pelo transmissão radiofônica de A Guerra dos Mundos, pois anunciara, como notícia, uma inverdade.
Pois aqui no Brasil, apesar de a ditadura e a censura, então, já terem findado uma década antes, Roberto Marinho conseguiu proibir a exibição deste documentário, que nunca foi as salas de circuito comercial. Mas se você digitar o título pelo Google, poderá baixá-lo e assistir pelo seu computador.
Nessa época, o respeitado jornalista e intelectual Barbosa Lima Sobrinho, como presidente da ABI, mais uma vez insistiu pela criação do Conselho Federal de Imprensa brasileiro, lembrando ser a única forma de se coibir o abuso do poder de comunicação em defesa dos interesses de empresários como Roberto Marinho, Frias, Civita, Mesquita e outros.
Além da penalização pela A Guerra dos Mundos, Welles também foi investigado pelo FBI. Quando reclamou dizendo que a liberdade de imprensa estava sendo coibida pelo governo norte-americano, o então diretor do FBI, Edgar Hoover, declarou que em nome da liberdade de imprensa não se pode admitir que ludibriem as pessoas pondo em risco a segurança nacional e o bem estar dos cidadãos do país.
Veja você! Um mero programa de rádio!
A mim, parece exagero. Mas não me parece exagero que Roberto Marinho tenha declarado orgulhoso de seu poder: "Nós o pusemos, nós o tiramos".
Não parece exagero, porque infelizmente foi exatamente o que fizeram, manipulando a informação transmitida à população brasileira. Em um ano eles transformaram o obscuro e desconhecido governador do estado de Alagoas, em heróico caçador de marajás. Nos fizeram votar em um caçador de marajás, como se não fossem eles, os marajás, que o financiassem.
E quando esse produto a que nos condicionaram, não correspondeu com as pretensões de seus patrocinadores, mais uma vez nos manipularam para que o derrubássemos.
A ABI, com Barbosa Lima Sobrinho à frente, muito influiu pelo impeachment de Collor, mas para induzir a juventude a sair às ruas de cara-pintada, a Globo produziu o seriado Anos Dourados, exaltando os movimentos estudantis dos quais participei. Mas lembro muito bem que naqueles nossos anos nada dourados, a Globo informava a opinião pública que éramos subversivos.
Eu, e todos os que então foram às ruas para protestar nos expondo à violência da repressão militar, lembramos muito bem que entre outras palavras de ordem contra a ditadura e seus representantes, gritávamos em coro: "- Fora Globo que o povo não é bobo!". Mas, evidentemente, isso não foi mostrado em Anos Dourados.
Em português, isso se distingue pela palavra hipocrisia.
E é para que exista real liberdade de imprensa, que os países e a imprensa que a preserva, como ABI de Barbosa Lima Sobrinho, apóiam os Conselhos Nacionais de Jornalismo.
Essa ABI que hoje está na mão dos Marinhos, Civitas, Frias e Mesquitas, hipocritamente convenceu a opinião pública brasileira que a criação de um Conselho de Jornalismo significaria a volta da censura. Como, se esse Conselho seria não apenas mais uma arma em defesa da liberdade de imprensa, mas também um órgão de manutenção da responsabilidade de imprensa?
Deve-se saber que para existir liberdade, em qualquer situação, é preciso coexistir a responsabilidade.
Não sei se vocês estão ao par, mas nos países onde realmente existe liberdade de imprensa, não é permitido propriedade de mais de um tipo de veículo de comunicação. Por exemplo: os donos da CBN não podem ter um jornal ou revista impressa. Da mesma forma que o Times ou o Washington Post não têm emissoras de rádio ou TV.
O mesmo ocorre com o Le Monde, ou com a BBC. Ocorre isso exatamente para que seja preservada a liberdade e diversidade de opinião, o que vocês também consideram enriquecedor, não é?
Infelizmente, no Brasil, não usufruímos desse enriquecimento, pois os formadores de opinião no Brasil são apenas algumas oligarquias hegemônicas: Marinhos, Civitas, Mesquitas, Frias. Impossível liberdade onde o que há é um feudo de imprensa.
Hipocritamente chamam de direito de liberdade, o que em qualquer lugar do mundo se entende por condicionamento da opinião pública.
Então, essa campanha da ABI, apesar de bem bolada, não me parece legal não. Me parece sim, é ilegal. Ilegal porque não corresponde a realidade. E não corresponde a realidade porque a atual ABI não respeitou os anseios e recomendações do mais significativo presidente da entidade em seus 100 anos de história, indo contra o Conselho de Jornalismo proposto pelo atual governo.
Além do Collor de Melo, há muitas outras e bem mais recentes demonstrações do quão necessário ainda se faz um órgão desse aqui no Brasil, para coibir que irresponsavelmente se divulgue pelo Estado de São Paulo uma acusação de Denise Abreu, que ela própria desmente em depoimento ao Senado. Para coibir que irresponsavelmente a revista Veja divulgue a existência de um dossiê contra um partido, para depois se constatar que o dossiê foi elaborado através de informações confidenciais roubadas pelo próprio partido que se dizia alvo do suposto dossiê. Para coibir que uma pseudo-jornalista, irresponsavelmente, provoque pânico na população inventando, pela Folha de São Paulo, uma inexistente epidemia. Também promovida pela Globo, a falsa epidemia inventada pela irresponsabilidade da imprensa provocou mais casos de intoxicação, e até de falecimento, por desnecessária ingestão de vacina, do que reais ocorrências da doença.
Então, essa campanha da ABI, e a própria ABI, apesar de ser uma boa idéia publicitária, não tem qualquer respaldo de legalidade, pois liberdade sem responsabilidade não é legal em qualquer lugar do mundo. Nem é liberdade. É crime.