26 novembro 2005

JORNAIS SUÍÇOS PUBLICAM ARTIGO SOBRE “DENÚNCIA” DE MALUF POR BANCO E GOVERNO

Imaginem se esta noticia foi comentada nos principais jornais.

Três jornais suíços deram destaque à tese do livro “Dinheiro sujo da corrupção”, entre os mais vendidos no Brasil, de que o ex-governador e ex-prefeito Paulo Salim Maluf foi “dedurado” ou entregue pela justiça e bancos suíços à justiça brasileira.

Os jornais se referem também á intenção do jornalista brasileiro Rui Martins de cobrar de Maluf a promessa de que “daria o dinheiro a quem encontrasse suas contas bancárias”. E destacam que a história das contas secretas de Maluf não chegou ao fim – “o dinheiro da corrupção pode ser bloqueado e sequestrado – diz o jornal – mas nada se pode fazer com o dinheiro vindo da evasão fiscal”.

Por isso, Rui Martins propõe que a exceção européia, do desconto anônimo do imposto de renda nos capitais de residentes europeus, seja também estendida aos detentores de contas suíças residentes nos países pobres. Com isso, destacam os jornais “haveria, pelo menos” a restituição de uma parte dos lucros gerados pelas enormes fortunas colocadas na Suíça”.
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Segundo Rui Martins, autor do livro “O Dinheiro sujo da corrupção”, o diretor do Club de la Presse de Genebra, Guy Mettan, já cedeu o local, para que com o jornalista Jean-Noel Cuenod peça o dinheiro “prometido por Maluf”.

“Mas nem eu e nem Cuenod queremos esse dinheiro, diz Martins, vamos doar, na hipótese de Maluf cumprir sua palavra, para quem precise, por exemplo, o movimento MST”.

E esclarece que, dada a notícia da presença de familiares de Maluf, nesta semana, em Genebra, não vale doar o dinheiro já bloqueado, que, na verdade, pertence ao Fisco brasileiro. O que vale é o dinheiro ainda livre em outras contas paralelas, que podem ainda ser movimentadas.

Martins e Cuenod lançarão no Clube de la Presse, o que chamam de Princípio da Exceção, por analogia com a exceção européia, e esperam contar com o apoio de ONGs e de governos de países africanos e sulamericanos.

O artigo do jornalista suíço François Nussbaum, de meia-página no noticiário suíço, foi valorizado com uma grande foto colorida do centro paulistano e um retrato de Maluf.

O título, no alto da página, não deixa dúvidas – Maluf “entregue” por Berne – e o subtítulo se refere ao livro do jornalista brasileiro Rui Martins, que chegou a perder emprego por ter denunciado abertamente as contas bancárias do ex-governador. “Suas fontes suíças eram seguras, mas ele se chocava contra a potência de Maluf”, destacam os jornais l´Express, de Neuchâtel, La Liberté, de Friburgo, e l´Impartial, da região de Bienne e cantão do Jura.

O artigo suíço conta, porém, que não existe mais a potência de Maluf, aguardando atualmente julgamento depois de uma passagem pela prisão por intimidar testemunhas.

Repetindo o que destacava o Tribune de Genève, nos fins de 2002, François Nussbaum lembra a derrota de Maluf nas eleições para governador, embora tivesse, pouco antes, 40% nas prévias, em consequência do noticiário europeu, que manchou a imagem até ali considerada positiva do “rouba mas faz”.

Da entrega de Maluf participaram o Citibank e o Departamento federal suíço de Justiça de Polícia, contam os jornais se referendo ao livro, editado pela Geração Editorial. O Citibank denunciando um movimento estranho de 200 milhões de dólares de Genebra para a Ilha de Jersey; e a justiça suíça enviando uma fax denunciador à Comissão de Atividades Financeiras de Brasília.

O jornalista François Nussbaum vai além do livro, porque se refere ao acúmulo de superfaturações de obras públicas, que teriam chegado a 1,8 bilhão de dólares. A pressa de Maluf para tirar seu dinheiro do Citibank, temendo as novas leis suíças contra lavagem de dinheiro, foi tardia, nessa altura já tinha sido apanhado. O artigo acentúa ter havido também um interesse expresso da Suíça em forçar o Brasil a provocar rapidamente um pedido de colaboração judiciária.

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