02 dezembro 2013

Oposição em maus lençóis.


Por: Diogo Costa

Ontem houve mais um passo no rumo das definições para o pleito de 2014. Eliminada a possibilidade de prévias entre as pré candidaturas de Luciana Genro e de Randolfe Rodrigues, o PSOL decidiu por aclamação que o candidato do partido em 2014 será o atual senador do Amapá. 

Ou seja, na disputa interna desta agremiação as tendências mais à esquerda foram derrotadas e agora já se tem mais um ator consolidado para o ano que vem.

As perspectivas atuais continuam amplamente favoráveis para a Presidenta Dilma Rousseff. Vejamos. Em todo o ano de 2013 a oposição ao governo federal tratou de tentar construir o maior número de candidaturas possíveis para 2014, como tática para forçar de qualquer modo um hipotético segundo turno. Ao que parece, essa tática não foi bem sucedida. 

No fim do prazo para as filiações e trocas de partidos com vistas à 2014 (05 de outubro) o que surgiu de fato foram apenas duas candidaturas oposicionistas com densidade eleitoral. Estas duas candidaturas são a tradicional, de Aécio Neves, e a 'nova', de Eduardo Campos, saída diretamente da costela do campo de sustentação do governo federal.

Lembrem-se que a certa altura dos acontecimentos chegou-se a ventilar a possibilidade de 05 consideráveis candidaturas do campo oposicionista. Eram elas a de José Serra pelo PPS, de Aécio Neves pelo PSDB, de Eduardo Campos pelo PSB, de Marina Silva pela Rede, de Joaquim Barbosa por algum outro partido e mais as candidaturas nanicas. 

Este cenário com 05 candidaturas oposicionistas levaria a disputa para o segundo turno, sem dúvidas algumas. E teria potencial para causar grandes dores de cabeça em Dilma, em Lula e no Partido dos Trabalhadores. Nada disso ocorreu e isto pode ser considerado como uma vitória política de Dilma Rousseff.

A candidatura claudicante de Aécio Neves padece de um mal de origem, pois foi lançada por Fernando Henrique Cardoso em dezembro de 2012. Qualquer candidato que se pretenda viável hoje no Brasil deve se manter a léguas de distância de FHC e do seu "legado". 

Ocorre que Aécio Neves faz questão de avalizar o período fernandino e de se colocar como o representante oficial de um período do qual o povo brasileiro quer absoluta distância. Ir para uma disputa abraçado a FHC é quase um suicídio político.

Eduardo Campos passou todo o ano de 2013 tentando se viabilizar eleitoralmente e trabalhando para ampliar o arco de alianças políticas para uma eventual candidatura. Se viabilizou como candidato, mas eleitoralmente está estagnado e no campo de alianças não agregou absolutamente ninguém ao seu projeto personalista de poder. Aliás, agregou apenas a Rede, que nem partido político ainda é.

Campos aparece na disputa do ano que vem como uma típica candidatura com viés marcadamente estadual, com dificuldades para sair das fronteiras de Pernambuco. Esse fenômeno não é novo. Aconteceu com Brizola no primeiro turno de 1989 (vitórias apenas no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul), com Ciro Gomes em 1998 e no primeiro turno de 2002 (vitórias apenas no Ceará) e com Anthony Garotinho também no primeiro turno de 2002 (vitória apenas no Rio de Janeiro).

O governador pernambucano superestimou a vinda de Marina Silva para o campo dos "socialistas", talvez desconhecendo o fato de que vice não trás voto algum, no máximo serve para afiançar alianças políticas. E nem para isso a vinda de Marina Silva está servindo... 

Dependendo do cenário, o PSB pode sofrer um grande revés em suas candidaturas estaduais e terminar a eleição menor do que quando entrou, além de firmar-se no imaginário popular como uma espécie de PSDB do B (já são aliados históricos - o PSB e o PSDB - em vários estados).

Randolfe Rodrigues terá o desafio de levantar a candidatura do PSOL e fazer com que o partido saia do vexatório e patético papel que fez em 2010, quando o povo brasileiro conferiu irrisórios e ridículos 0,87% dos votos para a candidatura do ex democrata cristão Plínio de Arruda Sampaio.

Resta no tabuleiro das candidaturas a resolução da última possibilidade ainda em aberto, que seria a eventual candidatura presidencial de Joaquim Barbosa. Os magistrados tem prazo até o dia 05 de abril de 2014 para se filiarem n'algum partido e disputarem o pleito vindouro. A candidatura de Barbosa representaria um duplo problema para a oposição.

O primeiro problema seria o de expor ainda mais nítida e cristalinamente o fato de que a AP 470 foi um julgamento eminentemente político e persecutório contra o PT. O segundo seria o fato de que a candidatura de Barbosa tiraria poucos votos da chapa encabeçada por Dilma Rousseff, mas operaria um estrago considerável nas candidaturas de Aécio Neves, de Eduardo Campos e do nano esquerdismo.

Notem que a análise conjuntural sequer tangenciou a questão das alianças político-partidárias, dos tempos de rádio e TV, da aprovação de Dilma e de seu governo, do pleno emprego, da inflação controlada, dos aumentos reais no salário mínimo e nos dissídios da classe trabalhadora, da distribuição de renda, da diminuição das desigualdades sociais e regionais, da afirmação do Brasil enquanto ator político no cenário internacional, etc.

Tudo isso confirma o favoritismo da candidatura do Partido dos Trabalhadores. E sempre é bom lembrar que Luiz Inácio Lula da Silva ainda está se aquecendo no vestiário, sequer entrou em campo.

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