25 julho 2006

Bastidores da imprensa 2

Reproduzo, abaixo, novo e-mail que recebi do jornalista Germano Leite, editor de País e Mundo do jornal "Agora", da cidade de Rio Grande, interior do Rio Grande do Sul. Antes, porém, relembro que, no último sábado, publiquei e-mail anterior dele (vide nota de 22/07, abaixo) em que relatou que seu jornal mantinha dois contratos com a Folha de São Paulo que permitiam ao veículo gaúcho reproduzir o conteúdo do veículo paulista, e que o "Agora" estaria para romper esses contratos por julgar que o "conteúdo editorial" da Folha vem se tornando "inadequado". Na nova mensagem, o jornalista comunica que seu veículo rompeu efetivamente um dos contratos e mostra por que rompeu.


"Prezado Eduardo,

Sobre aquele assunto sobre o qual escrevi ao Marcelo Beraba, envio hoje mais duas matérias da Folha (versão 1 e versão 2, "oficializada") que demonstram como funciona a manipulação de notícias em um jornal. A primeira, no início da tarde, tem um título bem mais em consonância com o conteúdo. Já na segunda versão (a que vai para a edição), a impressão que passa é que o senador ("petista", claro, no melhor sentido pejorativo, pois jamais se veria "pefelista" ou "tucano" com essa pecha) está diretamente envolvido ("é acusado", diz a chamada) no caso das ambulâncias.

A propósito, enviei hoje pedido de rescisão de um dos dois contratos que o Agora tem com a Agência Folha, em função de "inadequação quanto ao conteúdo editorial", conforme salientamos.

Um abraço,
Germano.


Folha de São Paulo

Ambulâncias-Investigação:
13:38 - 24/07/2006

PROIBIDA A REPRODUÇÃO EM INTERNET-ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Por Andreza Matais

Vice da comissão diz que Sibá pode ser processado
BRASÍLIA, DF, 24 de julho (Folhapress)

O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse hoje que o senador Sibá Machado (PT-AC) poderá responder por quebra de decoro se ficar comprovado que ele levou um assessor para um reunião secreta da comissão.
Sibá teria "infiltrado" um assessor da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) na reunião da CPI que colheu o depoimento de Darci Vedoin, proprietário da Planam, principal empresa da quadrilha dos sanguessugas.
A petista é uma das parlamentares apontadas pela família Vedoin como tendo envolvimento no esquema de vendas superfaturadas de ambulâncias a prefeituras. Ela nega a acusação.
Para o vice-presidente da CPI, mais do que ser punido com o afastamento da comissão, Sibá poderá enfrentar um processo por quebra de decoro parlamentar.
"Se é verdade isso e se é verdade que ele [Sibá] foi o responsável, é uma falta e tem que ser punida regimentalmente, é uma quebra de decoro", disse Jungmann. A punição nesse caso é a cassação do mandato. "Essa questão transcende a CPI", reiterou.

Ambulâncias-Investigação - (Atualizada)
20:15 - 24/07/2006


Senador petista é acusado de facilitar irregularidades na CPI
SÃO PAULO, SP, 24 de julho (Folhapress)

O senador Sibá Machado (PT-AC) corre o risco de ser representado no Conselho de Ética por quebra de decoro. Ele é acusado de permitir que um assessor da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) acompanhasse o depoimento à CPI dos Sanguessugas do empresário Darci Vedoin - apontado como líder da quadrilha que fraudava compras de ambulâncias com verbas do Orçamento.
O vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), levantou hoje a hipótese de processar Sibá por quebra de decoro, mas defende que o caso seja mais bem esclarecido. "Se é verdade que ele [Sibá] foi o responsável, é claro que é uma falta e tem que ser punida de acordo com o regimento" disse ele.
A informação de que um assessor da senadora petista assistiu ao depoimento, que ocorreu em 11 de julho, só foi revelada hoje pela "Folha de S.Paulo".
A participação do assessor foi observada pelos integrantes da CPI perto do fim do depoimento de Vedoin. O empresário revelou que Serys também havia apresentado emendas para compra de ambulâncias.
Integrantes da CPI suspeitam que Serys e Sibá já sabiam que Darci citaria o nome dela durante o depoimento, por isso fizeram com que um assessor dela acompanhasse a reunião.
No depoimento que concedeu à Justiça Federal do Mato Grosso, Luiz Antonio Vedoin, filho de Darci e também apontado pela PF como líder da quadrilha, disse que pagou R$ 35 mil a uma pessoa identificada como Paulo Roberto, que seria genro da senadora. Serys nega participação no esquema.
Outro lado
Procurado pela reportagem em seu gabinete, Sibá Machado não foi encontrado ontem para comentar a acusação.
A reportagem também entrou em contato com a assessoria de imprensa dele no Acre, onde passou o dia.
A reportagem apurou que Sibá irá argumentar que o depoimento de Darci Vedoin não ocorreu em "reunião secreta", mas sim em "reunião reservada", que permite a participação de assessores de parlamentares."



Escrito por Eduardo Guimarães às 23h28

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