04 setembro 2006

Caciques da oposição reprovados


Líderes da oposição amargam desempenho pífio nas eleições estaduais e correm risco de perder poder político

Os senadores Jereissati, Bornhausen e Antônio Carlos se revezaram nos ataques agressivos contra o governo Lula no congresso. estratégia deu errado e, Agora, os três sofrem para atrair eleitores

Os caciques da oposição caminham para um duro revés nestas eleições. De acordo com as últimas pesquisas, os opositores que disputam cargos majoritários passam sérias dificuldades nos estados. Muitos deles contavam com a visibilidade obtida diariamente nos meios de comunicação, devido aos ataques desferidos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para deslanchar nas pesquisas. O que ocorreu foi o contrário. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), por exemplo, acompanha com surpresa pesquisas que lhe dão em média 3% nas preferências dos eleitores. O governador Eduardo Braga (PMDB), candidato a reeleição, obtém em torno de 47%, seguido por Amazonino Mendes (PFL), com 36%.

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), que no auge da crise política afirmou que o país ficaria livre da raça petista pelos próximos 30 anos, não conseguiu viabilizar sua candidatura em Santa Catarina e desistiu de disputar um novo mandato no Senado. Bornhausen recebeu pesquisas que apontavam a fragilidade de sua candidatura. Decidiu, então, dizer que ao final do mandato deixaria a vida pública.

Outro senador que encontra dificuldades é Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Com mais de quatro anos de mandato, ACM apostou seu prestígio na eleição de Rodolpho Tourinho (PFL) para o Senado.

Afastado do governador Paulo Souto (PFL), que alçou vôo próprio e é favorito para reeleger-se no primeiro turno, ACM teve como única opção apostar suas fichas em Tourinho. O resultado foi pífio. ACM, que nos anos 80 e 90, dizia ser capaz de eleger um poste, já não tem o mesmo poder. Tourinho tem em torno de 4% das intenções de voto. Em algumas pesquisas, ficou atrás do cantor e humorista Juca Chaves, que concorre ao Senado pelo PSDC. João Durval (PDT) aparece empatado com o ex-prefeito de Salvador Antonio Imbassahy (PSDB) nas principais pesquisas. ACM, que estava brigado com Imbassahy, já ensaia uma aproximação como antigo aliado.

Assim como ACM, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), não conseguiu comandar o processo eleitoral em seu estado. Sem conseguir emplacar candidato próprio ao governo do Ceará, teve que engolir a candidatura do governador Lúcio Alcântara (PSDB), com quem rompeu. Restou a Jereissati pegar carona na candidatura de Cid Gomes (PSB), irmão do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes.

Maldição
O ocaso dos caciques da oposição é visto com satisfação no governo. Segundo um ministro próximo ao presidente, “é bom ver o pessoal da oposição penando nas urnas. Eles atacaram o presidente Lula, mas não têm voto, não têm apoio popular”. A perspectiva de vitória de Lula no primeiro turno e a crescente avaliação positiva do governo geraram nos corredores do Palácio do Planalto o comentário maldoso de que até praga rogada pelo presidente está pegando nos adversários.

Lula, que passou os últimos dois anos apanhando das lideranças oposicionistas, devido aos escândalos do mensalão, dos vampiros e dos sanguessugas, agora, a um mês da eleição, faz questão de dizer a assessores próximos que desfruta o péssimo desempenho eleitoral de seus principais algozes. Em um comício em Osasco, no mês passado, Lula lembrou o episódio em que o senador Arthur Virgílio ameaçou bater nele. “Não respondi e não retruquei mesmo aqueles que ousaram dizer que iam me bater. Sabia que o povo iria dar a resposta”, afirmou.

A maldição do presidente sobrou até para os opositores mais novos, como o tucano Eduardo Paes. Parlamentar atuante na CPI dos Correios, Paes aparece nas pesquisas com cerca de 2% das intenções de voto para o governo do Rio. Se a eleição fosse hoje, Sérgio Cabral venceria no primeiro turno com mais de 50% dos votos válidos. O candidato do PRB, senador Marcelo Crivella, tem 17%. A deputada federal Denise Frossard (PPS), tem em torno de 12%.

Outro tucano que azucrinou a vida do governo no Congresso, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), tem em média 13% das intenções de voto em seu estado e corre o risco de perder a disputa já no primeiro turno para o governador Blairo Maggi (PPS). Até agora, nas disputas estaduais, o único opositor que escapou da maldição de Lula foi José Serra, com grandes chances de liquidar as eleições no primeiro turno em São Paulo.

A gente vai se ver livre desta raça por, pelo menos, 30 anos

Frase dita pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, em agosto de 2005, em referência ao governo do PT, usada pelos pelos petistas para chamar o dirigente pefelista de nazista

Sandro Lima
Correio Braziliense

Nenhum comentário: