12 setembro 2006


Para requentar o que a mídia parece que esqueceu


O senador ACM foi entrevistado pela Folha de São Paulo, em 13 de março de 2002, e disse que FHC fez Caixa 2 em 1994. O banqueiro confirmou tudo em outubro de 2005. Recordar é viver.

Leia a seguir trechos da entrevista do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), concedida por telefone à Folha, em que ele diz que "testemunhou" doações do então banqueiro José Eduardo Vieira a um suposto caixa 2 da campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso, em 1994.

Folha - Houve caixa 2 na campanha presidencial de Fernando Henrique?

ACM - Em 94, participei de uma reunião em que o Eduardo Vieira (o então banqueiro José Eduardo Andrade Vieira) disponibilizou R$ 5 milhões para a campanha do Fernando Henrique. E ainda indicou a pessoa que ia tomar conta dos recursos, um aposentado do banco Bamerindus em São Paulo. Eu digo a você, pela memória de meu filho (Luís Eduardo Magalhães, morto em 98), que é verdade. Eu estava na reunião.

Folha - O ex-secretário-geral diz que nunca participou de uma reunião em que estivessem o senhor e o Andrade Vieira.

ACM - O Eduardo Jorge está negando, mas também estava. E tinha lá mais cinco ou seis pessoas. Era um de cada partido. É só perguntar ao Andrade Vieira se é verdade ou se é mentira o que eu estou dizendo.

Folha - Isso aconteceu antes do início oficial da campanha?

ACM - Antes. Estava se pensando em como Fernando Henrique ia andar de avião, por exemplo, e o Andrade Vieira ofereceu o avião do Bamerindus.

Folha - O dinheiro doado pelo Andrade Vieira foi contabilizado?

ACM - Foi tudo extra-oficial.

Folha - Os recursos ficavam no banco, ou foram entregues em dinheiro?

ACM - Ele tinha o Bamerindus, ia soltando quando quisesse.

Folha - O senhor acha que essa questão de caixa 2 deveria ser discutida com mais transparência?

ACM - Eu acho, porque na realidade ele existe, né?

Folha - O senhor acredita que esse dinheiro encontrado na empresa da Roseana era mesmo para a campanha?

ACM - Eu não tenho a menor dúvida. Não posso garantir, mas sempre acreditei.

Folha - O senhor acha que as outras pré-campanhas também estão com dinheiro de caixa 2?

ACM -Eu não tenho a menor dúvida. E o Serra está gastando esse dinheiro como? É do partido? Engraçado, o dinheiro da Roseana não é do partido e o do Serra é?

Folha - O senhor já participou de outras campanhas que tiveram caixa 2?

ACM - Eu não vou falar disso com você, não.

Campanha de FHC teve caixa 2, diz banqueiro (20/10/2005)

O ex-diretor e proprietário do Bamerindus, José Eduardo Andrade Vieira, depôs ontem na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, em uma subcomissão criada para investigar liquidações de instituições financeiras ocorridas a partir de 1996. De acordo com a senadora Ana Júlia (PT-PA), ao final do seu depoimento, Vieira afirmou que houve esquema de caixa dois para financiar as campanhas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998.

"Perguntei a ele se a empresa de papel do Bamerindus, a Inpacel, era a principal doadora da campanha do FHC e ele disse que ‘oficialmente’, sim. Em seguida, falou que não tinha como provar, mas que as campanhas do ex-presidente tinham sido pagas com caixa dois", contou a senadora Ana Júlia. Diante da afirmação, o presidente da subcomissão, senador Aelton Freitas (PL-MG), decidiu enviar o depoimento do ex-proprietário do Bamerindus às Comissões Parlamentares de Inquérito dos Correios e da Compra de Votos.

José Eduardo Andrade Vieira acusa o Banco Central de favorecer instituições financeiras internacionais e facilitar a liquidação de bancos nacionais. Ele é autor de 14 ações judiciais contra o Banco Central, que somam um total de R$ 15 bilhões reivindicados a título de indenização.

"Nunca poderei deixar de afirmar que a administração pública à época foi a responsável pelo debacle do segundo maior banco privado do país", diz Vieira, em documento entregue aos senadores. "As autoridades monetárias da época (cito Gustavo Loyola) deixaram de investir R$ 400 milhões em 1996 para manter o Bamerindus em operação líquida e saudável e, em contra partida, criaram um emaranhado de operações ilegais, gastando mais de R$ 7 bilhões para dar vazão à solução optada de entregar o nosso banco ao HSBC". As informações são da Agência Brasil.

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