28 abril 2008

Para diretor do FMI, o mundo acredita mais no Brasil que os brasileiros


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da Agência Brasil, em Brasília


O diretor executivo do FMI (Fundo Monetário Internacional), o economista Paulo Nogueira Batista, disse nesta quinta-feira que o Brasil é um país de sorte e o mundo acredita mais no país que os próprios brasileiros.
Em declaração no seminário Perspectivas para o Brasil no Cenário Internacional, promovido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Batista prevê que os países emergentes vão ocupar o lugar das nações mais importantes do mundo nos próximos anos
Nesse cenário, segundo ele, o Brasil deve se destacar, em razão do enfraquecimento das principais economias, como a americana.
De acordo com Batista, o governo Bush trouxe "sorte" para o Brasil. Isso porque, avalia o economista, o presidente americano "geriu mal a política econômica e a política externa do seu país".
O economista diz que o Brasil "é um país de sorte, pois tem muito mais credibilidade no exterior que na cabeça dos próprios brasileiros".
Ele atesta que constatou isso ao assumir o cargo no FMI e afirma que o mundo vê melhor o Brasil que os próprios brasileiros. "O peso natural do nosso país vem crescendo há muito tempo, independentemente da competência ou não dos nossos representantes."

Emergentes

Segundo o diretor do FMI, o Brasil tem tudo para ser um grande pólo da América do Sul no cenário mundial. Ressalva, porém, que o país ainda é subdesenvolvido, o que persistirá por algum tempo.
E lembra que países emergentes, como a China e a Índia, vêm desempenhando um papel estabilizador na economia mundial e, por isso, "também podemos ter vez".
O conceito de outros governos em relação ao Brasil, afirma Batista, é dado pelo conteúdo estrutural do país, e não em razão de um governo em particular.
"A queda no peso das grandes potências, como a antiga União Soviética e a Europa Ocidental, deu lugar a emergentes como a China e a Índia, e o Brasil poderá ter espaço também nessa corrida no mercado internacional."

26 abril 2008

No meio do caminho há uma divergência


Está em tempo de a oposição retificar procedimentos. É crescente a divergência entre a percepção da maioria da opinião pública sobre o governo e as manifestações da oposição institucionalizada. O que o governo ganha em prestígio talvez não compense as perdas em participação democrática. A insistência oposicionista em se conduzir ao modo de grupo anarquista, contrário a tudo que seja governamental e, se possível, impedir que o governo governe, transforma o parlamento em obstáculo antes que coadjuvante do desempenho do país.


Bastam para atrapalhar o governo os custos de transação que está obrigado a incorrer para conseguir o apoio de sua própria base. Cada projeto requer, preliminarmente, atender às necessidades paroquiais de ponderável número de parlamentares. O que deixa de ser anotado, porém, é que essa dificuldade resulta da amputação sofrida pelo Legislativo. Cobrar a inserção de favores nas propostas do governo é a fórmula que resta aos parlamentares para mostrar serviço às suas fontes eleitorais. Fosse o processo legislativo brasileiro menos controlado pelo Executivo e um sem-número dos itens dos custos de transação passariam a investimento do Legislativo. O governo, qualquer governo, não consegue o melhor de todos os mundos: substituir-se, de graça, ao parlamento.


Mas este é um dos problemas que os governos criam para si mesmos. Outra coisa são os entraves construídos pela oposição. Há uma estratégia para quando o governo em exercício não está fazendo nada, obrigatoriamente distinta de quando se deseja que o governo faça mais. Há seis anos a oposição insiste na tese de que o governo só promove ilegalidades e corrupção e as surras eleitorais que vem sofrendo têm sido insuficientes para convencê-la de que seu diagnóstico é falho. Sucedem-se as denúncias que desaparecem por irrelevantes ou, na maioria, são dadas por improcedentes. As poucas que prosperam não alcançam a envergadura pretendida pelos denunciantes. Como desagravo, os oposicionistas substituem a denúncia por outra, se possível maior. Estratégia midiática para aumentar circulação ou audiência, não convém a parlamentares converterem-se em oposição sensacionalista. Nem sempre dá, e não está dando, retorno. Escândalos não podem ser a única mercadoria fabricada diariamente pelo Parlamento.


O progresso do país seria mais corretamente avaliado, e possivelmente estimulado, se o noticiário sobre o que vai pelo Brasil e pelo mundo fosse menos adversativo. É praticamente impossível ler uma notícia alvissareira sem os inevitáveis "mas", com os quais se desqualifica o sucesso. O noticiário adversativo é o alimento cotidiano do complexo de vira-lata do povo brasileiro. No extremo oposto do fascistóide "ame-o ou deixe-o" agora fica bem na foto a prática do niilismo ideológico: o paraíso está no desterro. É difícil exercer uma oposição construtiva quando a oposição oficial se esforça por comprometer políticas positivas.


O Brasil está ingressando em jogo internacional de maior complexidade e não pode se entregar ao luxo de ter uma política interna doidivanas ou caprichosa. Países de relevância reduzida costumam ser, às vezes, pouco responsáveis nas suas definições internas e externas. Não provocam, com isso, nenhum problema internacional, nem mesmo pagam pelas saliências. A comunidade internacional cedo ou tarde termina por ajudá-los a sair do atoleiro em que se meteram, exceto quando se envolvem em guerras genocidas. Nestes casos, a comunidade internacional é cruel e deixa que se matem aos milhares. O Brasil já foi um país de escassa relevância. Não é mais. Listado como um dos BRICs, isto é, aqueles previstos como grandes nações do século XXI, o país começa a pagar o preço de relativa notoriedade. Seus movimentos internos e externos têm repercussão e respostas cuidadosamente calculadas. Ao contrário do noticiário adversativo e do diagnóstico oposicionista, o país já é levado a sério.


Os leitores terão sido informados de que, na escala dos BRICs, por exemplo, marcharíamos na rabeira. O quadro oferece dados para melhor apreciação do problema. Desde logo se perceberá que o recente e extraordinário crescimento das economias chinesa e indiana partiu de baixíssimo patamar de acumulação material e que, em vários aspectos, ainda se encontram atrasadas. Nem por isso, é claro, o desempenho indiano ou chinês é negligenciável, mas convêm ter presente os parâmetros do jogo em que o Brasil está entrando. O cacife nacional é bom e, politicamente, não há o que invejar nos demais BRICs. Exceto por alguns setores de ponta particularmente bem desenvolvidos naqueles países, nada há a invejar economicamente também. O mercado interno chinês é descomunal, do mesmo modo que o indiano, mas esse é um valor comparativo chinês e indiano que vale para qualquer outro país, não apenas para o Brasil. Exclusivo desses países, em relação ao Brasil, é o arsenal atômico que possuem. E aí entra a desmedida relevância da Coréia do Norte, por exemplo, ou do Paquistão, países inconspícuos por qualquer outro critério que se adote.


No médio e longo prazo, interessam ao país políticas que acompanhem o desempenho da Federação Russa, da Índia e da China, e não vale comparar as contas nacionais brasileiras com as do Uruguai, por exemplo. E se trata apenas, neste juízo, de comparação de escala. Pela mesma razão, a resposta do governo não deve ficar restrita a desafiar a oposição sensacionalista, pois ela não oferece crítica estratégica. A oposição sensacionalista e o noticiário adversativo perderam o bonde e não é previsível quando voltarão aos trilhos. Mas cumpre ao governo diminuir o agressivo tom do sucesso e passar a expor como pretende aprimorar sua posição no confronto com os demais "BRICs". A parada aqui dentro tem sido fácil, dada a desorientação dos adversários. Não vale. Vá o governo desafiar alguém do seu tamanho.

Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político, membro da Academia Brasileira de Ciências, é um dos mais renomados e respeitados acadêmicos do País.

Fonte: Valor Econômico - 18/04/08

19 abril 2008

Entrevista de Lula censurada pela mídia



Entrevista concedida a um grupo de jornalistas, reunidos pela revista The Economist*, em Brasília.


O Brasil é o único país do mundo no qual o Presidente da República dá uma entrevista, faz um discurso e a imprensa não publica. NADA!


Discurso e resposta a indagações de jornalistas que o presidente Lula formulou em – 12 de março – a um grupo que a revista Economist reuniu, em Brasília.


O presidente falou...


“Esses dias eu recebi aqui o ex-presidente de Portugal, Mário Soares. Ele veio aqui, como jornalista, fazer uma entrevista para a TV Pública de Portugal. Ao se sentar, no meu gabinete, ele falou assim para mim: 'Presidente, eu não estou entendendo. Eu leio a imprensa estrangeira e vejo que o Brasil está muito bem, eu converso com empresários estrangeiros e vejo que a economia brasileira está muito bem. Mas quando eu leio a imprensa brasileira eu penso que o Brasil acabou, parece que acabou o Brasil'.


Ele foi conversar com algumas pessoas de oposição. Ele falou: 'Presidente, eu não acredito. O que as pessoas disseram para mim não é a realidade'. Até porque Portugal tem muitos investimentos no Brasil e ele conversa com os empresários portugueses. Quando chegou em Portugal ele escreveu um artigo muito importante, numa entrevista, vendo o que estava acontecendo no Brasil."


Sobre favelas e o Complexo do Alemão:


"Eu queria lembrar aos senhores que em 1970 São Paulo tinha apenas duas favelas. São Paulo tinha a Favela do Vergueiro, perto do aeroporto de Congonhas, na rua Vergueiro, que não existe mais. E tinha a favela da Vila Prudente, que ainda existe hoje, não em forma de favela como era na década de 70, bem menor do que era, mas já um pouco urbanizada. Hoje, São Paulo tem mais de dois milhões de brasileiros que moram em favelas.


Eu fui, na sexta-feira e no sábado passado, ao Rio de Janeiro. Fui à Rocinha, fui ao Complexo do Alemão e fui a Manguinhos. E fiquei surpreso porque onde hoje é o Complexo do Alemão, um lugar que vocês, habitualmente, vêem na imprensa como um lugar violento, de muita troca de tiros e de muita quadrilha guerreando entre si, na década de 50 era uma fazenda e, na década de 80 foi a grande ocupação, que virou a favela que é hoje. Depois, eu fiquei sabendo que a Rocinha também era uma fazenda e que a partir da década de 80 se transformou naquele complexo de pessoas morando em péssimas condições, como é hoje. Eu estou falando isso para dizer para vocês que se as coisas tivessem sido feitas corretamente por sucessivos governos, se cada um tivesse feito um pouco, certamente nós não teríamos nem dois milhões de paulistas morando em favelas e muito menos teríamos complexos como Manguinhos, como Rocinha ou como o Complexo do Alemão, com gente morando em péssimas condições, possibilitando e facilitando o surgimento do crime organizado, do narcotráfico e de tanta violência.


E por que eu comecei falando do Complexo do Alemão? É porque parte da pobreza do nosso País se concentra muito fortemente a partir da década de 80. Possivelmente, alguns empresários de outros Estados – o Gerdau está aqui no Rio Grande do Sul, quase tudo o que aconteceu de favelas foi exatamente a partir da década de 80 e veio se avolumando. E por que veio se avolumando? Porque é importante atentar que o Brasil passou praticamente 26 anos, quase uma geração e meia, com a economia crescendo aquém daquilo que era necessário crescer."


26 anos de estagnação econômica:

"Quando eu vejo na televisão uma cena da polícia prendendo um jovem... Normalmente, os ladrões, no Brasil, são jovens de 15 a 24 anos, a 30 anos. Ou seja, são todos eles, Gerdau, oriundos de 26 anos de atrofiamento da economia brasileira.


Eu, por exemplo, sou de uma categoria econômica que, na década de 80, tinha praticamente 2 milhões de trabalhadores no Brasil, e caiu mais de 1 milhão. Quem é da construção civil aqui, eu estou vendo muitos aqui, sabe que a construção civil brasileira, nos últimos 20 anos, só dispensou trabalhadores e contratou muito pouco, porque não havia nem investimentos na construção civil leve, e muito menos na construção civil pesada. A última grande obra de infra-estrutura de peso no Brasil foi Itaipu, em 1974. Certamente, hoje nós não faríamos Itaipu, porque a legislação ambiental e nem os ambientalistas permitiriam que nós fizéssemos do jeito que ela foi feita. Hoje ninguém permitiria que Sete Quedas tivesse desaparecido, que era uma das coisas mais extraordinárias do mundo e está hoje alagada pelo lago de Itaipu.


Pois bem, se durante 26 anos nós não crescemos, e nós geramos esse padrão de pobreza, que transforma o Brasil num dos países mais desiguais do mundo, era preciso que nós, então, tomássemos uma atitude de estancar isso e começar um novo processo."


As mudanças na educação:


"Nós tiramos 20 milhões de pessoas da extrema pobreza e vamos tirar mais. Os indicadores sociais, tanto os medidos pelos institutos brasileiros, como os medidos pelos institutos internacionais, que vão das instituições da ONU... Nós melhoramos gradativamente a posição social do Brasil. É um momento em que crescem os investimentos empresariais, cresce a entrada de dólar no Brasil, cresce a geração de empregos, cresce a renda das pessoas e ao mesmo tempo, cresce a inclusão social em nosso País. Agora, o que está faltando fazer? Educação, eu sei que vocês estão curiosos para discutir a educação. É uma pena que o meu ministro da Educação não tenha sido convidado para participar do seminário, já que é um tema extremamente importante e interessante. Mas, certamente, vocês receberão as informações, amanhã, do que está sendo feito na educação.


Eu vou dar dois exemplos para vocês: primeiro, nós criamos o Fundeb. No governo passado aconteceu uma coisa importante. Foi constituída a possibilidade da universalização do ensino fundamental. Nós chegamos a 97% das crianças nas escolas. Só que as pessoas não perceberam que quando você universaliza o ensino fundamental, você precisa saber que aquela criança, quando termina o ensino fundamental, tem que fazer outro curso. E não se pensou no ensino médio. Nós criamos o Fundeb para atender às necessidades das escolas de ensino médio para nove estados do Nordeste, que são as mais pobres, um Fundo que vai gastar, do governo federal, ou melhor, que vai investir mais 10 bilhões de reais no ensino fundamental. Segunda coisa: aumentamos de 8 para 9 anos a quantidade de anos de escolaridade no ensino fundamental. A terceira coisa: nós resolvemos recuperar a escola técnica profissional de que, no Brasil, nós tanto carecemos. Vou dar um dado para vocês. A primeira escola técnica brasileira foi fundada em 1909 pelo presidente Nilo Peçanha, na cidade de Campos de Goitacazes. Em 1909 foi construída a primeira escola técnica brasileira, na cidade de Campos. De 1909 até 2003 foram construídas no Brasil 140 escolas técnicas. Até 2010, nós teremos funcionando no Brasil, mais 214 escolas técnicas brasileiras. Em oito anos, nós estamos fazendo quase o dobro do que foi feito em 93 anos.


A mesma coisa no ensino universitário. O Brasil, ao longo de toda a sua história, construiu 54 universidades federais. Nós vamos terminar o mandato construindo, em oito anos, dez novas universidades federais e 48 novas extensões universitárias, levando cursos universitários para o interior do País. A partir do mês que vem, no final de abril ou no começo de maio, eu dedicarei uma semana para inaugurar escolas neste País. Tinha sido aprovada uma lei, em 1998, que tirava do governo federal a responsabilidade de fazer investimentos em escolas técnicas e deixava por conta do mercado. O mercado não deu resposta e o Estado teve que voltar a assumir a responsabilidade de cuidar daquilo que o Brasil precisava.


Mais importante ainda, nós tínhamos um problema sério de colocar jovens pobres na universidade. Vocês sabem que aqui no Brasil – não sei como é na Inglaterra e nos Estados Unidos – o pobre estuda na escola pública, no ensino fundamental, e o rico estuda em escola paga. Isso, no ensino fundamental. Quando chega na universidade, o rico vai para a escola pública e o pobre vai para a universidade privada. Como o pobre não pode pagar a mensalidade, ele fica fora. O que nós fizemos? Nós criamos um programa chamado ProUni, fizemos uma isenção de imposto para as universidades privadas e transformamos o equivalente do imposto em bolsas de estudo. Pasmem! Em três anos já colocamos 360 mil jovens na universidade, jovens pobres da periferia e da escola pública. De que eu era acusado? Qual era a acusação que me faziam? "O presidente Lula está nivelando o ensino por baixo, está rebaixando o nível do ensino no Brasil, na medida em que criou o ProUni." Como eu sou católico e tenho sorte, três anos depois foi feita a primeira avaliação dos cursos universitários brasileiros. Em 14 áreas, incluindo Medicina e Engenharia, os melhores alunos avaliados foram, exatamente, os que iam nivelar por baixo a educação no Brasil: foram os alunos do ProUni, da periferia deste País.


Agora estamos fazendo uma outra pequena revolução na educação. Estamos criando outro programa chamado Reuni. O que é o Reuni? Nós estamos passando uma verba a mais para as universidades federais brasileiras e, em contrapartida, as universidades brasileiras, as federais, vão aumentar, de uma média de 12 alunos por professor, para uma média de 18 alunos por professor. Sabem o que significa isso? Mais 400 mil jovens brasileiros na universidade até 2010."


O preconceito contra o Bolsa Família:


"Uma pessoa de um meio de comunicação importante no Brasil, ficou indignada porque uma mulher do Bolsa Família comprou uma geladeira. Obviamente que ela não comprou com o dinheiro do Bolsa Família, mas o dinheiro do Bolsa Família pode ter ajudado a pagar a prestação. Isso porque não fizemos o nosso programa de renovação de geladeira que vamos fazer, se Deus quiser. A imprensa foi lá e entrevistou essa moça. Ela falou: 'não só eu comprei a geladeira, como estou de sandália nova porque eu pude comprar, eu compro sandália para os meus filhos'. Antes do Bolsa Família, tinha mulher que comprava um lápis e partia ao meio para dar para dois filhos ou para dar para dois netos. Hoje, ela se dá o prazer de comprar uma caixa de lápis para cada um. Isso não é investimento? Isso não é distribuição de renda? Isso não é investimento sadio? Então, no Brasil nós ainda temos que mudar determinados conceitos que foram criados ao longo do tempo."


Sobre a inclusão digital:


"Vamos levar para 55 mil escolas públicas urbanas, neste País, internet banda larga. Eu penso que será uma pequena revolução na educação, neste País. Em todas as escolas técnicas já temos laboratórios de informática. Criamos um programa chamado Computador para Todos, que eu acho que vocês conhecem, que diziam que era difícil, não ia dar cento. Hoje, o Brasil está vendendo computador como jamais imaginava-se vender em sua história. E vender para as camadas mais pobres, porque nós estamos trabalhando com uma coisa que todo mundo deveria compreender: não é apenas olhar o preço final do produto, é saber se a quantidade de prestações que a pessoa vai pagar cabe dentro do seu salário."


Sobre a explosão da indústria automobilística:


"Por que a indústria automobilística brasileira está explodindo? Eu convivo com a indústria automobilística brasileira desde 1969, fui dirigente sindical desde 1975, presidente do sindicato. Sempre vi a indústria automobilística em crise, fechando em vermelho, não vende, (inaudível) do governo... Qual é o milagre? Dois milagres fundamentais: primeiro, aumentar a renda das pessoas; segundo: aumentar a quantidade de prestações que a pessoa tem que pagar pelo carro, porque se vendia carro para pagar em 24 meses ou em 30 meses, tinha sempre o mesmo segmento da sociedade que podia comprar. Eu tenho na minha cabeça que o povo quer três coisas: casa, casar com uma mulher bonita, e a mulher quer casar com um homem bonito e ter um carro. Carro ainda é uma paixão, hoje repartida com o computador.


O que fez a indústria automobilística? Aumentou a quantidade de prestações, saiu de 36 ou de 24 para 72, para 82, e já chegara para 99. E o que aconteceu? Aconteceu que a indústria automobilística corre o risco de, já no próximo ano, atingir a totalidade da sua capacidade produtiva. Hoje, as pessoas estão esperando 6 meses para comprar um caminhão, se for um caminhão pesado, espera até 9 meses. As pessoas estão na fila para comprar carro. Até ontem, a empresa ia quebrar: 'eu vou embora do Brasil, porque não está dando para vender'." Hoje, vemos exatamente o contrário, novas automobilísticas querendo vir para o Brasil.


Governar para os Ricos é mais fácil:


"Se eu quiser governar o Brasil para 35 milhões, eu não terei problemas, porque o Brasil tem espaço para 35 ou 40 milhões de brasileiros viverem em padrão de classe média alta européia. Se eu quiser governar só para esses, eu não preciso, realmente, fazer investimento do Estado. Agora, se eu quiser e o Brasil desejar incluir os milhões que estão deserdados, aí, realmente, nós vamos ter que gastar. Eu vou dar um exemplo. Seria importante vocês deixarem dois ou três jornalistas aqui, para andar um pouco pelo Brasil. Quando criei o programa chamado Luz para Todos, eu tinha uma informação do IBGE, de que no Brasil tinham 10 milhões de pessoas que não tinham energia elétrica. Criamos o programa Luz para Todos. Esse programa já utilizou 460 mil quilômetros de cabos – imaginem quantas vezes a gente poderia ter enrolado a Terra – já colocamos mais de 3 milhões e 600 mil postes, já colocamos mais de 500 mil transformadores e já gastamos mais de 8 bilhões de reais. Oitenta por cento financiado pelo governo federal e 20% pelos estados. Alguns estados não podem pagar e o nosso governo pagou também.


Alguém, analisando apenas com uma visão estritamente econômica, poderia dizer: 'mas isso não é possível, tem que cobrar'. Se cobrar não tem energia, porque as pessoas não têm como pagar. Agora que nós já fizemos, e quase 8 milhões de pessoas já receberam, nós descobrimos que os dados do IBGE estavam errados. Apareceram mais 1 milhão e 564 mil pessoas sem luz, e vamos ter que levar, até 2010, para todo mundo. Custa para o Estado? Custa. Alguém que estivesse discutindo do ponto de vista econômico poderia dizer: 'custa para o Estado, é verdade presidente Lula, custa para o Estado'. E eu poderia perguntar: quanto custa para o Estado deixar essa pessoa vivendo no século XVIII quando nós poderíamos trazê-la para o século XIX com um cabo, um poste e um bico de luz? É preciso ter a sensação do que significa chegar a uma casa, encontrar uma família no escuro – uma lata de coca-cola com pavio, a lata cheia de querosene – e as crianças lendo em torno da lata, a fumaceira cobrindo a casa. Aí, você monta o Programa, chama a mulher e aperta uma tomada. Quando a luz acende dentro da casa dela, é como se você a tivesse transportado do século XVIII para o século XXI, e não há dinheiro que pague. Como custam R$ 4,5 bilhões, que estamos investindo para tentar trazer de volta para a cidadania 4 milhões e 100 mil jovens, de 15 a 24 anos. Ou nós colocamos esse dinheiro, dando uma ajuda para eles e formando-os profissionalmente, ou o narcotráfico e o crime organizado vão oferecer a eles o que o Estado não oferece. Essa guerra eu não quero perder. Eu quero ganhar.


Por isso, quando a gente discutir os gastos do Estado, nós temos que olhar comparando a quê? Alguns países estão prontos há pelo menos 60, 70, 80 anos. Nós precisamos ficar prontos e só ficaremos prontos quando a totalidade dos brasileiros estiver participando desse processo de desenvolvimento do País. Caso contrário, não valeu a pena a gente governar o País se o resultado, no final do mandato, for a gente continuar com a mesma quantidade de gente na classe média, com a mesma quantidade de ricos e com a mesma quantidade de pobres. Eu quero aumentar o número de ricos, quero aumentar o número de gente na classe média e quero acabar com a pobreza neste País. Por isso, para nós é uma questão de honra não abrirmos mão de fazer as políticas sociais que estamos fazendo agora. E vou fazer mais."


CPMF: derrota não paralisa o Governo:


"Vocês sabem que a oposição derrotou o imposto que nós tínhamos sobre transações financeiras. E não derrotou porque era contra o imposto, não, derrotou porque acharam que era demais garantir ao governo do Lula ter 120 bilhões de reais até 2010, e era preciso diminuir. Nós lamentamos. Chorar não choramos, mas lamentamos. Nós tínhamos aprovado um Programa de Saúde que era uma revolução na Saúde, e eu vou implementá-lo. O dinheiro vai aparecer, e podem ficar tranqüilos que eu não vou aumentar tributo e o dinheiro vai aparecer. Podem ficar certos de que nós vamos gastar melhor o que temos que gastar e economizar onde não é essencial, para a gente gastar onde é essencial. Eu tenho um sonho, que é levar médico, levar dentista, levar oftalmologista e levar otorrino dentro das escolas para fazer exame nas crianças, dentro da escola. Eu tinha isso na década de 60. Está certo que nós tínhamos pouca gente na escola, mas na década de 60 o Estado brasileiro oferecia dentista para cuidar dos dentes das crianças. Se vocês andarem pelo Nordeste brasileiro, apesar de tudo que nós já fizemos com o Brasil Sorridente, nós ainda temos muitas meninas e meninos de 18 ou 19 anos sem dentes. Quem vai cuidar disso? A iniciativa privada só vai cuidar disso se essa pessoa tiver renda para pagar. Se ela não tiver, é o Estado que tem que fazer. Na hora em que o Estado cumprir com as suas obrigações, podem ficar certos de que as próprias pessoas vão tratar de exigir que o Estado seja cada vez menos intrometido nas coisas que não precisa se intrometer. Mas sem o Estado não haverá inclusão social neste País, sem o Estado a gente não consegue recuperar um século de descaso com parte da população mais pobre deste País. E é por isso que nós estamos vivendo este momento.


Quero dizer para vocês que vamos crescer mais em 2008, que vamos fazer mais políticas sociais em 2008, que queremos exportar mais em 2008, que queremos importar mais em 2008, que queremos consolidar o Brasil como a principal potência dos combustíveis renováveis, e queremos inserir o Brasil, cada vez mais forte e sólido, neste mundo globalizado. Sabemos que temos que trabalhar muito e sabemos que a única chance que nós temos de chegar lá é nos colocarmos diante do mundo com a seriedade que nós queremos das pessoas."


Reforma tributária:


"Vivo um momento muito importante para o meu País. Eu espero, quando deixar o governo, não voltar a ser tão oposição mais, porque eu espero eleger o meu sucessor e espero que este País tenha seqüência. Nós precisamos de, no mínimo, 10 ou 15 anos de crescimento sustentável para que a gente possa recuperar todo o tempo que nós perdemos. É assim que nós vamos governar o Brasil, é assim que nós vamos aprovar a reforma tributária. Podem escrever nas suas matérias, nós vamos aprovar a reforma tributária este ano. A oposição passou oito anos falando em reforma tributária e agora está lá o projeto, é só votar. Podem fazer uma emenda aqui, outra emenda ali, mas vão votar. Uma reforma tributária justa, que diminua a quantidade de impostos que temos neste País, que facilite a vida de quem quer investir, que facilite a vida de quem construir um negócio, que facilite a vida do povo, que reduza a quantidade de tributos e, ao mesmo tempo, que a gente acabe com a guerra fiscal fratricida neste País. Eu acho que nós vamos aprovar, não sei por que eu estou otimista. Espero contar, sobretudo, com o apoio de vocês, empresários brasileiros, conversando com quem vocês conhecem, para a gente aprovar isso."



* A revista The Economist (Inglesa) é uma revista internacional na esfera editorial, com mais de 180 anos de tradição. Todas as semanas apresenta análises do mundo político, empresarial, econômico e financeiro. Aborda também notícias sobre a Grã-Bretanha, América, Europa, acontecimentos internacionais, ciência e tecnologia, literatura e artes. Como suplemento, apresenta cada mês uma perspectiva geral sobre um determinado país, mercado ou indústria.

16 abril 2008

Lista de Furnas


Aparece o 1º recibo do caixa 2 de Furnas

Nilton Monteiro entrega ao MPE recibo contendo nomes de políticos que teriam recebido propina do caixa 2 de Furnas

Monteiro indignado com a roubalheira

O consultor de empresas Nilton Monteiro entregou ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPE) recibo original onde consta a relação de políticos que teriam recebido propina do caixa 2 arrecadado pelo ex-dirigente de Furnas, Dimas Fabiano Toledo, em 2002.

Neste recibo, o deputado José Tasso de Andrade informa que o ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, Francisco Luiz Sibut Gomide, lhe repassou a quantia de R$ 2.275.000,00, enviada pelo então diretor de Furnas, Dimas Fabiano Toledo, para beneficiar diversos políticos, a maioria do Espírito Santo.

Os recursos são provenientes de empresas que prestam serviços para a estatal.

Na relação dos beneficiados também aparece o nome do atual governador de São Paulo, José Serra (PSDB). À época, ele era candidato à Presidência da República.

Segundo Monteiro, o promotor Geraldo Ferreira, responsável pela investigação em Minas do uso de recursos ilícitos em Furnas para campanhas eleitorais, considerou o recibo fundamental para aprofundar as investigações do inquérito sobre a famosa Lista de Furnas.

“O promotor disse que o recibo é uma prova consistente e robusta da corrupção e irregularidades praticadas em Furnas pelo seu ex-dirigente Dimas Toledo”, destacou o consultor de empresas, acrescentando que dentro dos próximos dias vai entregar o documento à Polícia Federal.

Monteiro lembrou que Toledo foi o autor da Lista de Furnas, documento contendo uma relação de parlamentares que teriam recebido propina do caixa 2 de Furnas.

Ao apresentar a lista, Monteiro foi chamado de falsário e que o documento seria montado, conforme relatado em meia dúzia de “pareceres” feitos por peritos contratados pelo PSDB.

No entanto, perícia realizada pela Polícia Federal, com profundidade técnica e científica, demonstrou a veracidade da Lista de Furnas.

O resultado do laudo foi contundente e preciso: “A assinatura do documento realmente era de Dimas Fabiano Toledo e não tinha sido montado”.

O laudo nº 1097/2006 – INC de Exame Documentoscópico da Polícia Federal foi concluído em 7 de junho de 2006.

A lista traz o nome de 156 políticos – a maioria (82) do PSDB e do PFL -, que teriam recebido repasses da ordem de R$ 40 milhões nas eleições de 2002.

Os políticos citados faziam parte, à época, da base de sustentação do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

“A Lista de Furnas demonstra a vulnerabilidade de nosso regime democrático, a promiscuidade existente na direção de estatais e a influência de grupos econômicos nas campanhas eleitorais”, ressaltou Monteiro.

Perseguição

O consultor de empresas afirmou que continua sendo perseguido por todos os políticos que foram citados na Lista de Furnas.

“Estes canalhas liderados pelos bandidos Cláudio Mourão, Eduardo Azeredo, Danilo de Castro, Joaquim Engler Filho e o presidente da Samarco, José Tadeu de Moraes, fizeram um dossiê visando me desqualificar perante à sociedade. Eles vão pagar caro por isso. Foi comprovado que toda a documentação contra a minha pessoa era falsa”, declarou.

Monteiro informou que o presidente da Samarco já foi indiciado pela Polícia Federal.

“A Samarco pagou propina a juízes e políticos objetivando me prejudicar. É uma verdadeira quadrilha que tem como mentor o governador de Minas Gerais. Este cidadão colocou a estrutura do Estado para me perseguir. É bom lembrar que a Samarco “bancou” as duas campanhas dele ao governo”, enfatizou.

O consultor de empresas revelou que tem em mãos documentos “gravíssimos” que comprometem a integridade moral do governador mineiro.

“São coisas horrorosas. Devo entregar esta documentação para a Polícia Federal. Não vou revelar agora o seu teor”, afirmou.

Pasárgada

Monteiro elogiou o trabalho da Polícia Federal na Operação Pasárgada, que resultou na prisão de diversos prefeitos mineiros, envolvidos em esquema de liberação irregular de verbas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Ele não quis confirmar, mas Novojornal foi informado por fontes fidedignas que o consultor de empresas municiou a Polícia Federal com informações importantes sobre a atuação dos prefeitos envolvidos no escândalo.

“Esta instituição está realizando um trabalho de grande envergadura. Temos que dar um basta na corrupção neste país. O mais grave é que Minas Gerais está liderando o ranking da roubalheira. Precisamos mudar os nossos representantes. A Assembléia Legislativa de Minas e o Congresso Nacional precisam ser lacrados. Com raras e honrosas exceções, a grande maioria de seus integrantes é ladrão”, protestou.

Monteiro disse que a corrupção exemplificada pelos políticos e pelos administradores da coisa pública contaminou de forma contundente e irreversível os três poderes da República.

“Temos que confiscar o dinheiro deste bando de ladrões. Só assim vai sobrar recursos para investir em saúde e educação para o povo. Na verdade, está faltando um Fidel Castro neste país”, concluiu.




Recibo firmado em função da entrega de R$ 2.275.000,00 por Dimas Fabiano Toledo, suposto autor da Lista de Furnas


Fonte: Novo Jornal

09 abril 2008

“IstoÉ” manipula foto para proteger Serra



Imagem de protesto do MST e do MAB contra a privatização da Cesp trazia a inscrição “Fora Serra”, que sumiu da foto publicada pela revista





A revista IstoÉ desta semana mostra – para poucos – que a campanha eleitoral já começou e de que lado está.

Leia Matéria Completa aqui

Fonte: Brasil de Fato

A nossa imprensa esta chegando a um nível insustentável.

Vera

02 abril 2008

"Bush, meu filho, resolve o teu problema!"




A foto que aí vai, SE FOSSE PUBLICADA no Brasil-2008, responderia, só ela, a UM HECTARE do bobajol dito 'econômico' dos fascinorosos Miriam Leitão e Sardemberg; ou do bobajol dito 'informativo' da D. Eliane Cantanhede, ou do cacarejar dito comunicacional uspeano dos Gaudêncios Torquatos, ou da piração alugada dos Nêumanes Pintos, Dora Kramers, Noblats e outrinhos destes, todos DES-jornalistas dos DES-jornalões ativos no DES-jornalismo que desgraça o Brasil-2008.

O Brasil-2008 está sendo PROGRAMATICAMENTE desinformado pelos DES-jornalões, pela Rede Globo e por zilhões de jornalistas alugados, arrendados, comprados, engavetados ou 'só' totalmente incompetentes. Até quando, Ministro Franklin Martins?!

28 milhões de cidadãos, nos EUA, dependem de "bônus de caridade", para comer.
Esta foto, de ontem, está hoje no The Independent, UK, aqui.


Caia Fittipaldi