30 dezembro 2006

MENSAGEM DE ANO NOVO




Aprendemos que, por pior que seja um problema ou situação, sempre existe uma saída.
Aprendemos que é bobagem fugir das dificuldades. Mais cedo ou mais tarde, será preciso tirar as pedras do caminho para conseguir avançar.
Aprendemos que perdemos tempo nos preocupando com fatos que muitas vezes só existem na nossa mente.
Aprendemos que é necessário um dia de chuva para darmos valor ao Sol, mas se ficarmos expostos muito tempo, o Sol queima.
Aprendemos que heróis não são aqueles que realizam obras notáveis, mas os que fizeram o que foi necessário e assumiram as conseqüências dos seus atos.
Aprendemos que, não importa em quantos pedaços nosso coração está partido, o mundo não pára para que nós o consertemos.
Aprendemos que, ao invés de ficar esperando alguém nos trazer flores, é melhor plantar um jardim.
Aprendemos que amar não significa transferir aos outros a responsabilidade de nos fazer felizes. Cabe a nós a tarefa de apostar nos nossos talentos e realizar os nossos sonhos.
Aprendemos que o que faz diferença não é o que temos na vida, mas QUEM nós temos. E que boa família são os amigos que escolhemos.
Aprendemos que as pessoas mais queridas podem às vezes nos ferir. E talvez não nos amem tanto quanto nós gostaríamos, o que não significa que não amem muito, talvez seja o máximo que conseguem. Isso é o mais importante.
Aprendemos que toda mudança inicia um ciclo de construção, se você não esquecer de deixar a porta aberta.
Aprendemos que o tempo é precioso e não volta atrás. Por isso, não vale a pena resgatar o passado. O que vale a pena é construir o futuro.
O nosso futuro ainda está por vir.
Então aprendemos que devemos descruzar os braços e vencer o medo de partir em busca dos nossos sonhos.

Autor: Desconhecido


Desejo à todos os leitores desse blog, um 2007 completo de realizações.
E que em 2007 continuemos juntos para defendermos o nosso Presidente.

Vera

As liquidações dos "formiguinhas"


Elio Gaspari


Começa hoje a temporada de liquidações em quase todas as grandes revendedoras de materiais de construção. Se o PSDB tivesse juízo, mandaria seus sábios visitar os grandes galpões dessas empresas. Entenderia por que perdeu a eleição e por que perderá as próximas. Um bom pedaço dos clientes dessas liquidações vem do andar de baixo.

Gente que compra uma caixa d’água de 500 litros e um novo piso para a cozinha esperando gastar R$ 200 em dez prestações, sem juros. Chama-se a esse consumidor de "formiguinha".

Abastece-se no crédito consignado e, nesse mercado, um aumento do salário mínimo de R$ 30 mensais dá para pagar o novo piso e ainda sobram uns R$ 10 para cobrir o aumento das tarifas tucano-pefelês dos ônibus do Rio e de São Paulo.

A repórter Cibele Gandolpho revelou que quatro grandes entrepostos planejam oferecer descontos de até 70%.

Com sorte, juntando-se o aumento de dois salários mínimos e mercadoria barata (talvez de uma ponta de estoque), consegue-se um novo banheiro.

Esse pedaço do Brasil é olhado com desconfiança pelo andar de cima. Quando Lula baixou os impostos sobre os materiais de construção, viu-se na providência um estímulo à favelização.

Se o problema habitacional brasileiro pudesse ser resolvido pela elevação do preço do saco de cimento, as coisas seriam muito mais fáceis. Pior: o medo descende do pavor oitocentista dos escravos livres, desorganizando os bulevares e embebedando-se pelas ruas.

Uma pesquisa patrocinada pelo sindicato da indústria, com números de 2002, ensina que as famílias com renda de até três salários mínimos consomem apenas 8% da produção nacional de cimento.

Um saco consumido numa casa situada nessa faixa de renda é parte de uma obra que muda a vida da família. A conjunção do salário mínimo com o acesso ao crédito e o interesse do comércio em vender para as faixas de menor renda estão provocando mudanças na maneira de viver (e de votar) do brasileiro.

Assim como há no andar de baixo muita gente que precisa tomar banho de loja, há no de cima quem precise de banho de entreposto. O PSDB tem uma certa incapacidade neurológica para absorver avanços sociais produzidos pelo PT.

Um bom exemplo dessa demofobia está na incapacidade dos tucanos de reconhecer a revolução ocorrida nos transportes públicos de São Paulo durante a gestão de Marta Suplicy. Outro é a confusão do "puxadinho" com a favelização.

São atitudes irracionais, pois enquanto houver sufrágio universal, a política de satanização do andar de baixo produzirá apenas demagogia e triunfos eleitorais de demagogos.

É nesse sentido que faria bem ao cardinalato tucano passar uma tarde num entreposto de materiais de construção.

Descobrirão o que pensam e como agem os trabalhadores que planejam ampliar sua casas com algumas centenas de reais, a boa vontade dos vizinhos e a ajuda dos parentes.

Vivem naquele pedaço do Brasil onde os ônibus atrasam, são inseguros e maltratam os passageiros, mas ninguém quer ouvir falar disso. Em 2008, eles vão votar de novo.

29 dezembro 2006

Estas sinistras festas de Natal


Gabriel García Marquez


Ninguém mais se lembra de Deus no Natal. Há tanto barulho de cornetas e de fogos de artifício, tantas grinaldas de fogos coloridos, tantos inocentes perus degolados e tantas angústias de dinheiro para se ficar bem acima dos recursos reais de que dispomos que a gente se pergunta se sobra algum tempo para alguém se dar conta de que uma bagunça dessas é para celebrar o aniversário de um menino que nasceu há dois mil anos em uma manjedoura miserável, a pouca distância de onde havia nascido, uns mil anos antes, o rei Davi. Cerca de 954 milhões de cristãos – quase 1 bilhão deles, portanto – acreditam que esse menino era Deus encarnado, mas muitos o celebram como se na verdade não acreditassem nisso. Celebram, além disso, muitos milhões que nunca acreditaram, mas que gostam de festas e muitos outros que estariam dispostos a virar o mundo de ponta cabeça para que ninguém continuasse acreditando. Seria interessante averiguar quantos deles acreditam também no fundo de sua alma que o Natal de agora é uma festa abominável e não se atrevem a dizê-lo por um preconceito que já não é religioso, mas social.

O mais grave de tudo é o desastre cultural que estas festas de Natal pervertidas estão causando na América Latina. Antes, quando tínhamos apenas costumes herdados da Espanha, os presépios domésticos eram prodígios de imaginação familiar. O menino Jesus era maior que o boi, as casinhas nas colinas eram maiores que a Virgem e ninguém se fixava em anacronismos: a paisagem de Belém era complementada com um trenzinho de arame, com um pato de pelúcia maior que um leão que nadava no espelho da sala ou com um guarda de trânsito que dirigia um rebanho de cordeiros em uma esquina de Jerusalém. Por cima de tudo, se colocava uma estrela de papel dourado com uma lâmpada no centro e um raio de seda amarela que deveria indicar aos Reis Magos o caminho da salvação. O resultado era na realidade feio, mas se parecia conosco e claro que era melhor que tantos quadros primitivos mal copiados do alfandegário Rousseau.



A mistificação começou com o costume de que os brinquedos não fossem trazidos pelos Reis Magos – como acontece na Espanha, com toda razão –, mas pelo menino Jesus. As crianças dormíamos mais cedo para que os brinquedos nos chegassem logo e éramos felizes ouvindo as mentiras poéticas dos adultos. No entanto, eu não tinha mais do que cinco anos quando alguém na minha casa decidiu que já era hora de me revelar a verdade. Foi uma desilusão não apenas porque eu acreditava de verdade que era o menino Jesus que trazia os brinquedos, mas também porque teria gostado de continuar acreditando. Além disso, por uma pura lógica de adulto, eu pensei então que os outros mistérios católicos eram inventados pelos pais para entreter aos filhos e fiquei no limbo. Naquele dia – como diziam os professores jesuítas na escola primária –, eu perdi a inocência, pois descobri que as crianças tampouco eram trazidas pelas cegonhas desde Paris, que é algo que eu ainda gostaria de continuar acreditando para pensar mais no amor e menos na pílula.

Tudo isso mudou nos últimos trinta anos, mediante uma operação comercial de proporções mundiais que é, ao mesmo tempo, uma devastadora agressão cultural. O menino Jesus foi destronado pela Santa Claus dos gringos e dos ingleses, que é o mesmo Papai Noel dos franceses e aos que conhecemos de mais. Chegou-nos com o trenó levado por um alce e o saco carregado de brinquedos sob uma fantástica tempestade de neve. Na verdade, este usurpador com nariz de cervejeiro é simplesmente o bom São Nicolau, um santo de quem eu gosto muito e porque é do meu avô o coronel, mas que não tem nada a ver com o Natal e menos ainda com a véspera de Natal tropical da América Latina.

Segundo a lenda nórdica, São Nicolau reconstruiu e reviveu a vários estudantes que haviam sido esquartejados por um urso na neve e por isso era proclamado o patrono das crianças. Mas sua festa é celebrada em 6 de dezembro e não no dia 25. A lenda se tornou institucional nas províncias germânicas do Norte no final do século XVIII, junto à árvore dos brinquedos e a pouco mais de cem anos chegou à Grã-bretanha e à França. Em seguida, chegou aos EUA e estes mandaram a lenda para a América Latina, com toda uma cultura de contrabando: a neve artificial, as velas coloridas, o peru recheado e estes quinze dias de consumismo frenético a que muito poucos nos atrevemos a escapar. No entanto, talvez o mais sinistro destes Natais de consumo seja a estética miserável que trouxeram com elas: esses cartões postais indigentes, essas cordinhas de luzes coloridas, esses sinos de vidro, essas coroas de flores penduradas nas portas, essas músicas de idiotas que são traduções mal feitas do inglês e tantas outras gloriosas asneiras para as quais nem sequer valia a pena ter sido inventada a eletricidade.

Tudo isso em torno da festa mais espantosa do ano. Uma noite infernal em que as crianças não podem dormir com a casa cheia de bêbados que erram de porta buscando onde desaguar ou perseguindo a esposa de outro que acidentalmente teve a sorte de ficar dormido na sala. Mentira: não é uma noite de paz e amor, mas o contrário. É a ocasião solene das pessoas de quem não gostamos. A oportunidade providencial de sair finalmente dos compromissos adiados porque indesejáveis: o convite ao pobre cego que ninguém convida, à prima Isabel que ficou viúva há quinze anos, à avó paralítica que ninguém se atreve a exibir. É a alegria por decreto, o carinho por piedade, o momento de dar presente porque nos dão presentes e de chorar em público sem dar explicações. É a hora feliz de que os convidados bebam tudo o que sobrou do Natal anterior: o creme de menta, o licor de chocolate, o vinho passado.

Não é raro, como aconteceu freqüentemente, que a festa acabe a tiros. Nem tampouco é raro que as crianças – vendo tantas coisas atrozes – terminem acreditando de verdade que o menino Jesus não nasceu em Belém, mas nos Estados Unidos.



*Publicado originalmente pelo jornal espanhol 'El Pais', em 24 de dezembro de 1980



Tradução: Emir Sader

18 dezembro 2006

Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito interessante: o Blog do Noblat vai-se separar do atrasismo militante do Estadão. MUITO BOM!


Muito interessante (ou, no mínimo, pode ser que seja interessante [risos])

Informação que parece ter sido cuidadosamente 'escondida' no Blog do Noblat, incluída sem qualquer destaque no postado "Quem ganhou o cd duplo", aqui, entre informações sobre um concurso cuja resposta (FACIL!) foi "Elza Fritzgerald" e notícia sobre Tom Jobim (que, se vivo fosse, faria 80 anos em janeiro), informa hoje, 16/12/2006, às 11h18, que:

"Em janeiro, este blog estará em novo endereço: www.oglobo.com.br/noblat.
Mas quem quiser poderá acessá-lo por meio de qualquer um dos dois outros endereços já existentes: www.blogdonoblat.com.br e www.noblat.com.br"

TUDO é interessante, nessa informação que o Noblat, hoje, mais esconde do que divulga, mas afinal de contas, sim, divulga. Por exemplo:

(1) Noblat parece já ter percebido que a associação com o Estadão (jornal e Agência de Notícias) deu-lhe prejuízo em relação ao que o blog era, antes, quando era completamente desvinculado de qquer dessas agências militantes pró atrasamento do Brasil que são, em 2006, TODOS os jornalões paulistas e suas agências de notícias.

(2) O divórcio entre um blog MUITO importante e influente na blogosfera política, e o jornal/agência de notícias tido como o mais influente na mesma blogosfera política parece ser a prova que faltava de que, no Brasil, os jornalões PARTIDARIZADOS, atucanados e pefelados que temos já começam a atrapalhar a vida até dos próprios jornalistas, sobretudo dos que mais inteligentemente tenham investido na blogosfera.

Noblat foi o primeiro dos bons jornalistas brasileiros que investiu na blogosfera. Noblat investiu na blogosfera, ele e Deus, sem nenhum jornalão, quando nenhum jornalão-empresa andava por aí obrigando seus empregados a repetir, em blog, as mesmas asnices que eles escrevam, iguaizinhas, nas tais 'colunas' jornalísticas de jornalão brasileiro que, hoje, são a vergonha do jornalismo universal.

O 'antigo' Blog do Noblat era SEN-SA-CIO-NAL, antes de ele associar-se ao Estadão.

Várias vezes passei horas, lá, discutindo ativa, bela e democraticamente com outros blogonautas, sempre, então, gente ZILHÕES de vezes mais interessante, mais bem alfabetizada, mais politicamente consistente e MUITO mais bem informada do que as tristes legiões de adolescentes tucanos analfabetos, pirados e fascistas que, hoje, ocupam o Blog do Noblat/Estadão.

Pode-se supor que todos os blogonautas interessantes tenham sido censurados pelo Estadão, como eu fui (e continuo) e muitos outros foram, e sabemos, todos, que fomos, sim, censurados pelo Estadão.

Claro que, aqui, não se pressupõe que, ao divorciar-se do Estadão, o Noblat esteja reivindicando pra ele mesmo o direito de ele poder fazer, na blogosfera, MELHOR jornalismo do que o DES-jornalismo que fazem todos os jornalões brasileiros, mas é possível que sim. Afinal, é preciso reconhecer que o Noblat é, sim, e sempre foi, UM BAITA JORNALISTA.

Portanto, é PERFEITAMENTE POSSÍVEL supor que o divórcio entre o Blog do Noblat e o Estadão signifique, sim, também, que o Noblat descobriu que ele NÃO PRECISA de nenhuma associação a nenhum jornalão paulista tucano-pefelista.

Quem, diabos, no mundo, precisa re-publicar, na blogosfera, as caduquices patéticas, atrofiadas e fascistas, de uma Dora Kramer?!

Hoje, por exemplo, D. Kramer escreveu:

"Os congressistas invertem o princípio de que foram eleitos para servir e não para se servir da delegação popular."

Isso é frase de propaganda fascista à moda Stalin! [Risos muitos) Ou, então, é caduquice à moda da D. Danuza, que agora se aliou, tb em D. Dora Kramer, ao fascismo paulista à moda Estadão-tucano-pefelista (e eterno udenista).

Nenhum congressista foi eleito para servir nem para servir-se de coisa alguma. Os congressistas foram eleitos para REPRESENTAR, cada um, o respectivo grupo de interesses que eleja cada congressista.

Que diabo de "delegação popular" D. Dora Kramer imagina que tenha recebido, por exemplo, a bancada do agrobusiness-UDR?! Ou a bancada da saúde privatizada? Ou a bancada dos colegiões privados, contra a escola pública, que fala, sempre, em toooooooooooooooooooodos os jornalões paulistas (e pela CBN!) pela boca da Lucia Hippólito?! [risos muitos].

D. Dora Kramer preocupada com "delegação popular" é, sim, é de morrer de rir! D. Dora Kramer é a cara do atrasismo udenista do Estadão.

O máximo de delegação popular que jamais se viu no Brasil foi a RE-eleição do presidente Lula... e não passa um dia sem que essa patética D. Dora Kramer espinafre essa delegação popular (legítima) e elogie a 'delegação popular' (que só existe lá na cabeça dela) e que teria eleito a UDR [risos muitos, muitos].

Por que, diabos, um blog que tenha de disputar às veras, na blogosfera -- onde a multidão é belamente livre pra denunciar TOOOOOOOOOOOOOOOOOOOODAS as patacoadas fascistas das Dora Kramers -- teria de expor-se ao ridiculo de RE-publicar asneiras desse quilate?! Só pra expor-se, pela republicação, ao ridículo mais completo?! Só pra virar motivo de piada em tooooooooooooooooooooooooooooooooooda a blogosfera democrática?!

Faz muito bem, portanto, o Noblat, com separar-se do Estadão. E o quanto antes se separar, melhor para o Noblat, para o jornalismo universal, para a blogosfera democrática e para a democracia brasileira. VIVA O NOBLAT! Bom jornalismo implica boa disputa democrática. Bom jornalismo não é requentamento de fascistismos à moda Estadão e/ou D. Dora Kramer.

Agora, o negócio é com o Noblat. Se ele estiver só trocando de fascismo 'jornalístico' (o do Estadão pelo de O Globo), aí, azar o do Noblat.

Quero dizer: se a troca implicar apenas trocar as asnices de D. Dora Kramer pelas asnices do Merval... Bom... Aí, sinto muito, azar o do Noblat, MESMO. QUANTO A ISSO, sim, será preciso esperar mais um pouco. Mas, de qquer modo, sinceramente, acho difícil que algum fascismo de Merval possa ser pior do que os fascismos de D. Kramer, Gaudêncios Torquatos, Nêumanes e coisa-e-tal.
______________________________________________________

A blogosfera, no Brasil, está passando por mudanças MUITO interessantes. Estão acontecendo coisas.

(1) No campo democrático, grupos de blogonautas MUITO militantes vão-se aos poucos organizando em tribos e grupos e começam a construir seus próprios discursos políticos de democratização, e começam a intervir na discussão social no Brasil.

Assim, jogando e aprendendo a jogar, ZILHÕES de brasileiros, aos poucos, começam a empoderar-se para RESPONDER, na lata, ao conversê fascistizante dos Clóvis Rossi, das Dora Kramer, das Danuza Leão, das Eliane Cantanhede, dos editoriais pirados de Estadão, FSP, revista NÃO-Veja etc. e dos marketeiros da tucanaria-pefelista, em eterno intercourse político-conjugal, esses, na p. 2 da FSP (por exemplo).

(2) O prefeito Cesar Maia, que MUITO ACERTADAMENTE já havia acabado com o Blog e inventara o ex-blog (idéia ótima!), outra vez já mete os pés pelas mãos e tenta fazer da blogosfera um horrendo "Gabinete das Trevas", que ele tenta chamar de 'Shadow Cabinet', como o inglês.

Erra, nisso, brabamente, o prefeito Cesar Maia. NADA, na blogosfera, pode ser pensado ou conduzido como 'Cabinet': a blogosfera é território sem muros, da multidão. Do 'Shadow Cabinet' inglês, portanto, só restaram, para o PFL-tucanaria, na exposição/explosão da blogosfera, mesmo, as trevas.

(3) E o Noblat, outra vez, parece ser (talvez) o único jornalista brasileiro competente para 'adivinhar' o futuro dos blogs de jornalistas políticos, no Brasil que se vai redemocratizando sob o governo do presidente Lula.

Muito certo, sim, o Noblat, com separar-se do atrasismo do Estadão; com livrar-se do patético dever de repetir, todos os dias, os fascismos das Lucias Hippólito, dos Heráclitos Fortes, da tucanaria-pefelista mais tosca, torpe, burra e chata. O jornalismo democrático universal agradece. O resto é luta, como sempre foi.

Estamos aí. A luta, de fato, está só começando.

LULA É MUITOS! Viva o Brasil!

15 dezembro 2006

Primeiro movimento do Gabinete das Trevas ('Shadow Cabinet') do Prefeito Cesar Maia: começa mal e fraco [Fw: 15/12/2006]


Amigos,
(C/C para o Prefeito Cesar Maia)

Vejam aí [leia abaixo] como vai operar o tal de Gabinete das Trevas ('Shadow Cabinet'), do Prefeito Cesar Maia.

Exatamente como já previmos cá na blogosfera democrática, qdo. o prefeito Cesar Maia anunciou a formação do seu Gabinete das Trevas ('Shadow Cabinet'):

-- ex-blog perderá o seu traço mais interessante, de blog que tentava intervir ativamente no debate político e promover, afinal, o próprio debate (o que nem a mídia de jornalão faz no Brasil, é importante que alguém faça, e o ex-blog fazia).

Que o ex-blog seja de direita não faz, nisso, diferença alguma. A a direita brasileira existe, tem discurso e é claro que ela tem de estar presente na discussão social, com discurso mais consistente do que o que é oferecido à sociedade pelo nosso suuuuuuuuuuuuuuuuuper patético discurso dito 'jornalístico', dos Estadão, Folha, O Globo, Jornal Nacional, William Waack, Alexandre Garcia, revista NÃO-Veja etc.

Mas o Gabinete das Trevas ('Shadow Cabinet'), pelo visto, não reunirá a melhor direita brasileira.

A julgar-se pelo que aí vem, o Gabinete das Trevas ('Shadow Cabinet') dará voz, apenas, à direita MAIS ATRASISTA, a dos porões das Forças Armadas, a das senhoras de Santana, a dos generais de pijama, a dos pirados & piradões, dos ex-comandos obsessivos e obcecados, já sem tropas, sem poder e sem qquer controle histórico, decente, moral ou democrático; daqueles pirados que, já afastados dos comandos e dos contatos sociais humanos, humanizantes e humanizatórios, vivem hoje suas tristes velhices iradas, entregues às suas pirações privadas, pessoais e doentias e ao ócio sem nobreza do bingo dos Clubes Militares, da Marinha, da Aeronáutica.

As Forças Armadas, no Brasil, são ZILHÕES de vezes melhores do que essa gente (anônima?! [risos muitos!]) que o ex-blog parece interessado em ouvir (a julgar-se pelo que abaixo se lê hoje).

Ninguém está 'desintegrando' nada: o governo Lula está, sim, construindo espaços políticos de interlocução democrática e civilizada, nos quais as Forças Armadas, afinal, têm prestígio, voz e vez democráticos. Isso agrada MUITO às Forças Armadas democráticas, no século 21. (Por mais que desagrade aos maridos velhos das velhíssimas senhoras de Santana, de vergonhosa memória [e anônimos!].)

Os exemplos do texto abaixo (todos dos anos 70 e do período pré-constituinte [risos muitos]) mostram que o relógio do Gabinete das Trevas ('Shadow Cabinet') está suuuuuuuuuuuuuuuuuuuper atrasado.

-- Se o que abaixo se lê é amostra do Gabinete das Trevas ('Shadow Cabinet') do Prefeito Cesar Maia, o ex-blog só perderá (e perderá muito), se deixar-se converter em espaço alugado ao atrasismo mais militante.

Se o que abaixo se lê é amostra do Gabinete das Trevas ('Shadow Cabinet'), o prefeito Cesar Maia estará, apenas, alugando o seu prestígio político (e o importante espaço do ex-blog) para dar voz, diretamente, a quanto brucutu atrasista apareça por aí e que, de tão brucutu-atrasado, já não encontre espaço, sequer, na mídia mais super-brucutu-atrasada.

Desnecessário lembrar que algum dito "importante Brigadeiro da Aeronáutica, que poderia ser um de nossos ministros: ou de Defesa ou da Aeronáutica", mas esconde-se no anonimato... tanto pode ser importante quanto pode ser TOTALMENTE SEM IMPORTÂNCIA ALGUMA (e, provavelmente, é apenas 'case' exemplar de brigadeiro do tipo cagado... que fala-fala-fala, mas não assina em baixo).

ATENÇÃO, para uma importante questão de método: a internet NÃO COMBINA com o 'tom' dos pronunciamentos de caserna. Pronunciamentos oficiais soam ridículos, na Internet. ISSO, sim, é questão interessante, pra estudarmos, a partir do que distribua, pela internet, o Gabinete das Trevas ('Shadow Cabinet') do PFL.

[assina] Gabinete das Luzes
Caia Fittipaldi
__________________________________________________________________

Ex-Blog do Cesar Maia 15/12/2006
------------------------------------------------------------------------------------------
(...) UM PRIMEIRO EXERCÍCIO DE SHADOW CABINET

Recebido -e copidescado por este Ex-Blog-de importante Brigadeiro da Aeronáutica, que poderia ser um de nossos ministros: ou de Defesa ou da Aeronáutica.

AS CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS DO APAGÃO AÉREO!

01. Um dos inquestionáveis atributos do ministro Valdir Pires é a incompetência. Nem o fato de ter sido procurador da república com Jango, gera memória. Como empresário foi dono de uma pedreira no Rio, cujo principal produto era a poluição ambiental. Sua passagem pelo governo da Bahia foi lastimável. E pior: saiu fugindo do desastre, e se candidatou a vice de Ulysses em 1989. Como controlador geral da republica, enquanto passavam sob seus olhos os vampiros,mensaleiros e sanguessugas, ele se dedicou a perseguir prefeitos de municípios do interior, em geral de estados -e partidos- de desafetos do governo federal.

02. Mas seu passo maior, que consagra sua -digamos- errática carreira foi a nomeação para ministro da defesa. Em muito pouco tempo conseguiu dois feitos impensáveis: desmoralizar o ministério da defesa e atingir -pela primeira vez na história-a credibilidade técnica do ministério da aeronáutica.

03. A criação do ministério da defesa ocorreu depois de vencidas enormes resistências. Para se ter uma idéia disso, basta lembrar que esta foi a razão de fundo para que o projeto de constituição proposto pela Comissão Arinos, não pudesse servir de documento base para a Constituinte de 1987-1988. A gestão civil ,alegavam muitos militares, teria duas conseqüências. Uma o desprestigio dos chefes militares. A outra, as restrições que viriam ao desenvolvimento técnico-científico nas forças armadas. Lembre-se que à Marinha o país deve a fundação da pesquisa em informática e energia nuclear. Ao Exército deve a substituição de importações de material bélico, a defesa ambiental como fator estratégico, o projeto Rondon de integração, a revolução na educação física,( o que inclui o futebol com a equipe dos capitães de 1970). São apenas exemplos.

04. E finalmente a Aeronáutica cujo maior exemplo de eficácia tecnológica é a Embraer, que saiu de suas linhas de pesquisa e produção. Durante muitos anos ITA foi sinônimo -quase único- de estudo e pesquisa na área de tecnologia e meta de tantos estudantes destacados e pós-graduados.

05. É exatamente a credibilidade da Aeronáutica como vetor de respeitabilidade técnica, que o ministro Valdir Pires está desintegrando. O governo soube fazer obras civis nos aeroportos. Afinal, no mínimo, ficam mais bonitos. Permitem que o presidente Lula -chefe do lerdo ministro - inaugure cada reforma, com um comício e muitos aplausos. Os aeroportos criaram áreas de publicidade de todos os tipos e se transformaram em veiculo da propaganda oficial. Bilhões foram gastos com obras civis e provavelmente tiveram o retorno eleitoral generoso na forma de recursos.

06. Mas os investimentos em expansão, atualização e desenvolvimento tecnológico no fundamental setor de controle de vôos, nada, absolutamente nada foi feito. Fundamental pela gestão do fator tempo. Fundamental pela segurança de todos -passageiros e tripulações. Fundamental por razões de segurança interna e externa,( das fronteiras aéreas, sempre invadidas). Nada! Nada foi feito! Entende-se: não dá para fazer comício, nem beijar criancinha.

07. O que estarreceu nas primeiras entrevistas do lerdo ministro, foi não saber de nada, nada, nada. Nem o que estava havendo, nem quanto se tinha -ou não-investido. Sempre com seu sorriso quase idiota, e sua palavra suave como um creme de pele, para aparentar calma.

08. O pior sobrou para os representantes da Aeronáutica, não treinados na arte de simular pela TV. E não tardaram a exonerar um ou outro oficial levando à TV e à percepção popular a idéia que a responsabilidade de tudo foi da Aeronáutica.

09. Conseqüências das trapalhadas do lerdo ministro: 1) o questionamento da necessidade do ministério da defesa; 2) um golpe na credibilidade da Aeronáutica. E lá de cima -do aerolula- e do alto de seus cabelos brancos-right, Lula se dirige aos passageiros como na velha piada do suicida que saltou do vigésimo andar , passando pelo décimo: -Até aqui,..tudo bem!

(...)
O des-jornalismo de lambança, de D. Eliane Cantanhede (sobre EC, FSP, 14/12/2006)


Vá pro tanque, D. Eliane, façavôr.

Os tempos de Lula, no Brasil, são complexos demais pro seu DES-jornalismo de lambança

__________________________________________

Anteontem, 13/12/2006, fez 38 anos que foi assinado o Ato Institucional n. 5 (13/12/1968), que ‘legalizou’ o assassinato da democracia brasileira, iniciado em 1964. O AI 5 foi dito ‘esgotado’, e veio a dita ‘Anistia’ à moda Tancredo. Há alguns meses, dia 28/8/2006, fez 28 anos a Lei n. 6.683, chamada “Lei da Anistia”.[1] Entre o AI 5 e a Anistia passaram-se 10 anos dificílimos.

Erra brabamente quem disser que a direita venceu aquela guerra, assim como erra brabamente quem disser que a oposição àquela direita perdeu aquela guerra.

Mas parece que se pode dizer, sim, que alguma direita (ainda não perfeitamente identificada nem para ela mesma) derrotou, sim, de fato, todo o Brasil, quando, no início dos anos 80, construiu-se aquela tal de ‘redemocratização’ de araque, cria daquela ‘anistia’ de araque. Os anos anteriores haviam sido anos de guerra, não de convescote. Mas a ‘redemocratização’, essa, foi puro convescote.

De fato, foi tão difícil sobreviver àquela guerra quanto foi (e ainda é) difícil sobreviver àquele convescote. Mas, sim, o Brasil sobreviveu.

O melhor de tudo: sobrevivemos satisfatoriamente democráticos e assim vivemos hoje, continuando a nos redemocratizar, nós a nós mesmos, contra tooooooooooooooooooooooooda a mídia de jornalão, sob o governo do presidente Lula.

A opinião pública no Brasil – eterno país sem-jornalismo e sem-universidade democráticos –, conheceu de todas essas missas muito menos que a metade. E, assim como conhecemos dessas missas muito menos que a metade, continuamos ainda meio que desentendidos de nós mesmos, ainda, em pleno século 21.

E, em pleno século 21, também continuamos perfeitamente sem jornalismo e sem universidade democráticos.

A sobrevivência da democracia, no Brasil, é um fenômeno ainda não explicado. E é claro que nenhum brasileiro sério está à espera de que alguma ‘sociologia’ uspeano-pefelista consiga explicá-la. Eu, pessoalmente, já não cultivo sequer a ilusão de que a ‘sociologia’ uspeana sequer QUEIRA explicar alguma coisa que interesse mais ao Brasil do que à UDN-PSDB-PFL (e sempre uspeana).

Mas, em matéria de democracia, o que importa à democracia é tê-la, muito mais do que explicá-la ou entendê-la. E a tucanaria-uspeana-pefelista, bem francamente, que se dane!

O caso é que, sem nenhuma sociologia que sequer QUEIRA (ou tente) explicar alguma coisa, o lambancismo que tudo confunde, hoje travestido de ‘jornalismo’ no Brasil, já está convertido em meio de vida para todos quantos, entendam ou não entendam de alguma democracia brasileira, só querem, mesmo, é acabá coa raça dela.

D. Eliane Cantanhede, se quiser, pode reinvindicar para ela mesma a coroa de “Rainha do Lambancismo Vendido aos Consumidores-Leitores de Jornais (eleitores!) como se Fosse Jornalismo”, no Brasil do presidente Lula. Sim, sim, eu sei: a disputa será dura.

Mas, sim, me parece que D. Eliane Cantanhede, na Folha de S.Paulo, é sempre mais dedicadamente lambancista do que D. Dora Kramer, D. Lucia Hippólito. (Mêo! Ia-me esquecendo da Miriam Leitão! Que lambancista!)

O caso é que, de algum modo que não entendemos ainda, ainda há sobreviventes dos golpistas de 64, assim como há sobreviventes da ‘resistência’ daqueles anos, e todos estão ativos na política brasileira. Todos esses são grupos complexos.

Os golpistas de 64 sobreviventes sabem com alguma certeza o que eles não querem (eles não querem ‘comunismo’, por exemplo, seja lá o que for o ‘comunismo’, pra eles, ou o ‘esquerdismo’), mas são totalmente incompetentes para ver claramente o que eles querem e como chegar lá.

Sorte, portanto, dos eternos resistentes democráticos, pq nossos inimigos só sabem, deles mesmos, apenas, algumas vagas idéias-gerais, muito primitivas, tipo “farinha pouca, meu pirão primeiro”, “pobre é burro”, “preto é ladrão”, “Daslu é lindo”, “FHC é sociólogo”, “D. Eliane Cantanhede é jornalista” etc.

Nada disso é simples como parece. E, o pior pra eles e o melhor pra nós: nada disso funciona hoje, como funcionava antes.

“Farinha pouca, meu pirão primeiro” é muito mais fácil de dizer, do que de fazer. No que dependa de mim, por exemplo, é claro que hoje o negócio é o MEU pirão primeiro, não o deles, e eu vou a luta, e ninguém tasca. Todos já viram que há pobres inteligentíssimos (por exemplo, os que aprendam a rir dos ricos e riam muito, na cara deles, e os que se elejam presidente da República, no Brasil, na Venezuela, na Bolívia, ou em qquer lugar do planeta). “Preto é ladrão” é coisa que ofende, mas, afinal, já não protege nenhum branco rico; hoje, os brancos ricos já temem, igualmente, e muito, tanto os pretos ladrões quanto muuuuuuuuuuuuuuuuuitos brancos ladrões. “Daslu é lindo” já é frase que nenhum Alckmin atreve-se a dizer em voz alta, de medo de, só por dizer, ser preso por crime de sonegação de impostos e ladroagem generalizada e ter de pagar aquela baita multa. E “FHC é sociólogo”, afinal, já virou piada-total, ou já está identificado como pura ‘verdade de igrejinha’, daquelas de que até deus duvida, a começar por D. Ruth.

Os que viveram aqueles duros anos, do AI 5 à ‘anistia’, seja num seja no outro campo, e que, então, estavam em luta de vida ou morte, distribuem-se hoje, em 2006, em 4 grupos:

(i) os que lembram, querem lembrar e insistem em fazer lembrar aqueles anos; e, de outro lado, em campo ainda diametralmente oposto, em 2006,

(ii) os que insistem em tentar obrigar os outros esquecer, ou, no mínimo, a fingir, uns prôs outros, que todos (eles) já esqueceram. Curiosamente, todos eles vivem conversando uns com os outros, pra demonstrar, precisamente, que NÃO ESQUECERAM. E a Folha de S.Paulo vive de perguntar ao Jarbas Passarinho o que ele diz que esqueceu, mas tá na cara que ele não esqueceu, pq, se esqueceu... pra que entrevistar o cara?! [risos, risos]. Além desses, sempre há, é claro, também,

(iii) os perfeitos imbecis de sempre, que, lembrando ou esquecendo, sempre pensam que sabem tudo, porque, esses, afinal, sempre há, feito os Jabores e os Mainardis e as D. Danuza Leão e as Lucia Hippólito e o Jô e D. Eliane, e D. Dora Kramer e o Clóvis Rossi e tal & tal.

Esses três grupos, hoje, ainda convivem, no Brasil – porque são generacionalmente contemporâneos.

Estão vivos e ativos na sociedade brasileira, ainda, em 2006, tanto o General Meira Mattos (92 anos) – que está incluído no grupo (i), acima – quanto o deputado Babá, dito ‘trotskista’ (de algum trotskismo que ele, diz ele, teria aprendido da senadora HH, a qual, diz ela, tê-lo-ia aprendido na Bíblia, durante um curso de enfermagem).

Nesses dois extremos, em que habitam personagens já completamente inviáveis para o mundo histórico real, o negócio está sossegadíssimo: o General Meira Mattos ainda sonha com prender-matar-e-arrebentar o deputado Babá, o qual sonha também com prender-matar-e-arrebentar o general Meira Mattos.

O general Meira Mattos ainda lembra de tudo, mas já ninguém lembra do general Meira Mattos. E o Babá não sabe, sequer, se há alguma coisa de que ele deveria lembrar, mas ele sesqueceu.

Não há, portanto, nenhum risco, em matéria de esquecer ou de lembrar seja lá o que for. Nem há perigo algum de o general conseguir jeito de acabá coa raça do Babá ou de o Babá conseguir jeito de acabá coa raça do general.

A boa e bela democracia brasileira, sob o governo do presidente Lula, os mantêm bem afastados um do outro – em perfeita segurança, portanto, seja a deles seja a nossa.

No meio do campo, a tranqüilidade também reina. Os comunistas, é claro, não querem que os seus heróis sejam esquecidos. E, mesmo que esses heróis sejam os mesmíssimos que o general prendeu, matou e arrebentou em 64-68, todos os comunistas deram jeito de lembrar os seus heróis, em 2006, apesar da específica ordem que o general deu, no sentido de que todos esquecessem tuuuuuuuuuuuudo.

De interessante, que, em 2006, cada grupo de heróis comunistas encontrou seus legítimos lembradores. Cada grupo lembrou quem quis e o que quis – e, em vez de uma solenidade emocionante, tivemos duas.

Prova disso foram as duas solenidades que lembraram, mês passado, os 37 anos do assassinato, pela ditadura, de Carlos Marighella, fundador da ANL[2] (, emboscado e assassinado dia 4/11/1969, na Al. Casa Branca, em São Paulo)[3]; e, ontem, as solenidades que lembraram os 30 anos da Chacina da Lapa, em que Pedro Pomar e Ângelo Arroyo, militantes comunistas, foram também emboscados e assassinados pela ditadura (17/12/1976)[4]. Três heróis da democracia brasileira, democraticamente festejados, em 2006, aí, nas barbas do general.

O PT vive lá os seus problemas, sim, mas nenhum problema do PT é grave. E, afinal, os problemas do PT são do PT, e cabe ao PT resolvê-los.

Não fosse o lambancismo da D. Eliane Cantanhede, qualquer criança de escola já teria entendido, pelo menos, essa evidência simples: os problemas do PT NADA TÊM A VER COM OS PROBLEMAS do governo Lula nem – e muito menos – têm a ver com os problemas do Brasil. É o PT que tem de crescer para acompanhar a democracia brasileira – e todos devemos trabalhar para que o PT cresça e acerte-se.

Não fosse lambancista obsessiva, D. Eliane Cantanhede estaria trabalhando, como jornalista, para ajudar o PT a crescer e democratizar-se. Não. D. Eliane Cantanhede DECIDIU que ela, sozinha, vai ser juíza e carrasco do PT e, isso, mediante o mais empenhado lambancismo, inventando, ela, para o PT, a maior quantidade possível de rolos insanáveis.

Tivéssemos jornalismo e jornalistas, no Brasil, todos poderíamos estar festejando a evidência de que o Brasil vai bem, dentre outros motivos, porque estamos conseguindo sobreviver lindamente até à falta TOTAL de jornalismo democrático.

Essas questões históricas de fundo, esse negócio todo de o que lembrar e o que esquecer, ou de quem ‘pode’ lembrar e quem ‘deve’ esquecer o quê, em cada caso, são sempre complexíssimas, sobretudo se discutidas no calor da hora.

Mas não há dúvidas de que temos MUUUUUUUUUUUUUUUUUUITO a festejar, em boa democracia, se se vê que (i) um Jarbas Passarinho manda esquecer tudo; (ii) a Folha de S.Paulo publica a ‘ordem’... e ninguém liga pro que diga nenhum Jarbas Passarinho; e cada comunista faz lá a solenidade que queira fazer e lembra o que queira lembrar; e, entre a ordem de ‘esqueça’ e a solenidade do ‘eu lembro’... ainda reelegemos o presidente Lula.

Tudo isso aí acima me vem à cabeça, hoje, ao ver a TOTAL LAMBANÇA que D. Eliane Cantanhede tentou armar, na ‘coluna’ de hoje[5].

Não sei de onde D. Eliane pode ter tirado a idéia de que ela (lambancista militante) seria autoridade para saber o que é esquerda ou direita, sobretudo abaixo do Equador, em nação pós-colonial, em pleno século 21, em tempos de crise do capitalismo senil.

Quanto a nós, os sobreviventes democráticos de 1964 e 1968...

Acho que, enquanto não acharmos meio para dar uma saneada geral no lambancismo que o DES-jornalismo brasileiro e a DES-sociologia tucano-uspeana e pefelista implantaram na opinião pública ao longo dos últimos 40 anos, não saberemos discutir, com alguma consistência, o que, exatamente, o presidente Lula disse, quando ele disse que não é de esquerda.

Se ele pensava na esquerda à Babá, o presidente faz muito bem em não ser de esquerda, e eu tb não sou de esquerda-à-Babá e deusnoslivre desses esquerdismos doença-infantil. Se ele pensava na esquerda academizada que há no Brasil... que deusnoslivre também dessa esquerda academizada. Se ele pensava na esquerda petista... Bom, essa, o presidente deve conhecer melhor do que eu. Se ele não quer saber dessa esquerda.. eu tendo, aí, mais a concordar do que discordar do presidente Lula.

CONTUDO, Lula defende com unhas e dentes o deputado Aldo Rebelo e, esse sim, é de esquerda, da boa e velha cepa da esquerda leninista que nunca fugiu dos riscos do poder, no poder, para construir o poder dos pobres.

Aliás, o nosso presidente da Câmara dos Deputados, deputado comunista, orgulho do Brasil, lá estava, ontem, presente, perfilado e emocionado, na solenidade que marcou os 30 anos da Chacina da Lapa, em que Pedro Pomar e Ângelo Arroyo, militantes comunistas, foram emboscados e assassinados pela ditadura.

Os nossos mortos – os mortos da esquerda brasileira – dependem dos vivos, pra continuarem vivos. Talvez dependam, também, de um metalúrgico. Isso, afinal, só a história dirá. Essa luta está só começando.

É possível que, hoje, a atitude mais libertária seja, apenas, qualquer humilde movimento, brotado do coração difuso da multidão, e que vise, apenas a livrar o Brasil do lambancismo dito 'jornalístico' e publicado nos jornalões. Sabe-se lá. Tudo é luta.

Viva o Brasil! LULA É MUITOS.


NOTAS

[1] Ler, na íntegra, aqui

[2] "A Ação Libertadora Nacional (ALN) surgiu como uma dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), liderada por Carlos Marighella, que defendia a luta armada contra a ditadura militar. Marighella foi expulso do partido e o comitê estadual em São Paulo rompeu com o PCB formando, em 1967, o Agrupamento Comunista de São Paulo (AC-SP). A dissidência cresceu em vários Estados, constituindo a ALN." (Dos filhos deste solo. N. Miranda e C. Tibúrcio. São Paulo, Fundação Perseu Abramo e Boitempo, 1999, p. 26.)

[3] Os que nada saibam sobre isso, aprenderão bastante aqui

[4] Os que nada saibam sobre isso, podem informar-se no Portal Vermelho, do PCdoB.

[5] ELIANE CANTANHÊDE, “Evolução da espécie humana”, Folha de S.Paulo, 14/12/2006, p. 2 e na internet aqui para assinantes ou reproduzido abaixo.

Caia Fittipaldi

-------------------------------------------------------------

Eliane Cantanhede - Evolução da espécie humana
Folha de S. Paulo
14/12/2006

Em resposta a uma pergunta que lhe fiz em Caracas, em agosto de 2003, Lula disse assim: "Em toda minha vida, nunca gostei de ser rotulado de esquerda. E, na primeira vez que me perguntaram se eu era comunista, respondi: "Sou torneiro mecânico"".
Agora, depois de confundir "evolução da espécie humana" com envelhecimento natural das pessoas, saiu-se com essa: "Se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas. Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também tem problemas".
Soa engraçadinho, para uns, negação do PT, para outros, ou traição à esquerda, para terceiros. No fundo, porém, trata-se do mais puro oportunismo. Lula foi vendido com o rótulo de esquerda, sim, quando isso convinha na disputa pelo poder e seu marketing era ser contra "tudo o que está aí". Hoje, presidente, ele não precisa mais de rótulos e de maquiagem, e o PT nem é mais de esquerda, nem descambou para a direita, nem se equilibra no centro.
Apenas tenta se entender. A frase foi só mais um lance pragmático de um político aplaudido como "intuitivo". Lula jogou o PT fora para se agarrar ao PMDB e aos mensaleiros, distribuiu o Bolsa Família para criar a sensação de distribuir renda, permitiu que os bancos tivessem o maior lucro da história enquanto o crescimento só bateu o do Haiti.
Agora, para completar, finge que a esquerda não é com ele, tenta atrair os partidos, namora Delfim Netto e procura "grandes quadros" para compor o segundo mandato.
Do PT sobram poucos, como Tarso Genro, cotado para tudo o que aparece, Justiça, Defesa, área política. Será que Lula gosta tanto assim do petista Tarso? Quem conhece ri e explica: "Não, é o contrário. Lula está é louco para se livrar do Tarso no Planalto". Dá para dizer: do Tarso, do PT e do restinho de esquerda que ainda estiver sobrando por lá.


14 dezembro 2006

Sem comentários



Quinta, 14 de dezembro de 2006, 14h14 Atualizada às 16h55

Parlamentares aprovam aumento de quase 100% nos próprios salários
Maria Clara Cabral
Direto de Brasília



Após reunião de líderes ficou decidido que o salário dos parlamentares aumentará de R$ 12,8 mil para R$ 24,6 mil. O valor é o mesmo do teto de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Além desse valor mensal, os parlamentares também recebem auxílio passagem aérea, que varia de R$ 8 mil a R$ 14 mil por mês, uma cota postal telefônica de R$ 4,265 mil, auxílio moradia de R$ 3 mil, verba de gabinete de R$ 50 mil e verba indenizatória de R$ 15 mil.

Cada parlamentar receberá o valor de R$ 24,5 mil 15 vezes ao ano, já que, além do 13º, eles recebem outras duas vezes, uma no início e outra no final do ano.

O gasto extra anual, com o aumento dos parlamentares será de pelo menos R$ 1,66 bilhão aos cofres públicos -já que Estados e municípios seguem o aumento federal. Desse valor, R$ 90 milhões seriam do Congresso, R$ 120 milhões das Assembléias, e R$ 1,447 bilhão das Câmaras.

De sua parte, a Câmara dos Deputados garante que não haverá aumento de gastos. Segundo a mesa-diertora da Casa, em 2006 já foram feitos cortes nas despesas do Congresso.

De acordo com o senador Tião Viana (PT-AC), a decisão foi tomada pelas mesas diretoras do Senado e da Câmara e pelo colégio de líderes. Com isso, a decisão não precisa ser submetida à votação em plenário.

Redação Terra


E precisa?


Paulo Nolasco de Andrade
Um exemplo para a TV brasileira



Um fato me chamou a atenção durante a transmissão do funeral do ditador Pinochet.

A transmissão era feita via CNN em espanhol que por sua vez recorria por algum tempo à imagens da TV Nacional do Chile.

Era evidente que o destaque da CNN era da homenagem ao ditador, mesmo que no mesmo momento se desenrolasse uma manifestação em homenagem a Salvador Allende, anti-Pinochet.

Durante um período em que a CNN recorreu às imagens da TV chilena a edição de imagens dividia a tela mostrando simultaneamente as duas manifestações, numa demonstração de que o enfoque era o mesmo, o que me chamou mais a atenção, foi uma chamada do âncora para dar tempos iguais nas entrevistas dos dois lados já que tratava-se de correntes oponentes, a CNN evidentemente preferiu retomar sua imagem do velório do assassino e corrupto.

Não posso afirmar que isto seja uma constante na TV chilena, mas pode ser tomado como um bom exemplo para a TV brasileira.



Paulo Nolasco de Andrade.
Em outros casos de fraude em bancos os banqueiros se saíram “de fininho” e estão llesos, perdoados e... livres !


Será que o ex-banqueiro Cid Ferreira vai mesmo cumprir pena vendo o sol quadrado ou será como o juiz Nicolau dos Santos Neves – o famoso “Lalau” -- que cumpre pena domiciliar gozando as regalias das apropriações indébitas ? Dizem que , no Brasil, só vai para cadeia aqueles designados por “Três Pés*: pobre, preto e puta . Assim vai ser difícil que ao fim do processo judicial o ex-banqueiro esteja ainda como condenado a tão severa pena de prisão de 21 anos. E, quem sabe, no fim, poderá até recuperar o “patrimônio” supostamente adquirido mediante gestão fraudulenta do seu banco que deixou no rastro um prejuízo de R$ 3 bilhões para os incautos que nele acreditavam.

Mas até que considero algum avanço o fato de “engravatados” como “Lalau” e Cid Ferreira serem condenados a algum tempo de prisão. Em casos anteriores de gestão fraudulenta de banco não houve condenação como neste caso. Cadê o proprietário do Banco Econômico e os proprietários do Banco Nacional que sabidamente exerceram gestão temerária e fraudulenta em instituição do sistema financeiro e se saíram “ de fininho”, ilesos e livres ? Nunca é demais relembrar que um filho de FHC foi genro de um dos diretores do Banco Nacional.

Didymo Borges
O funeral de um ditador



Em cinqüenta e poucos anos de vida tive hoje uma experiência inesquecível. Mesmo sendo pela televisão, algo que me prendeu por algumas horas, nada mais que o funeral de um ditador.

Augusto Pinochet seu nome, nacionalidade chilena, mais precisamente de Val Paraíso.

Negado que foi pela presidente em exercício, as homenagens pleiteadas por seus seguidores de Chefe de Estado, o que realmente ele não foi, por ter se colocado no posto por um golpe militar, a muito contragosto satisfizeram-se com as homenagens de chefe militar, o que lhes permitiu a bandeira a meio mastro somente nas instalações militares. Restringindo também assim o luto oficial.

O estado democrático do Chile num gesto que demonstrou não ser partidário da hipocrisia, não reconheceu o luto oficial pela morte do homem que impôs sua presença na chefia do estado pela força, traindo a confiança que lhe depositara o presidente em exercício, Salvador Allende, ou seja, como ditador.

Parado em frente a TV observei a pompa do funeral onde não se dispensou a presença de um grande coral, com a aquiescência da igreja católica uma missa celebrada pela possivelmente mais alta autoridade que dava o tom de sua importância. Um cerimonial impecável nos discursos de homenagem e nos aplausos.

A quem estavam homenageando?

O homenageado era simplesmente o responsável pelo desaparecimento de aproximadamente três mil pessoas, pelo encarceramento e tortura de aproximadamente trinta mil cidadãos e pelo exílio de outros milhares, e ultimamente estava sendo alvo de investigação por corrupção, pela manutenção de contas em bancos estrangeiros, já tendo sido comprovado o uso de passaportes falsos, para ele e familiares, o que configura a formação não de uma família, mas de uma quadrilha.

Em que mundo afinal estamos vivendo? Em que valores estavam baseadas aquelas homenagens? E não foram poucos os que participavam e se solidarizavam.

As justificativas para tal são encontradas numa possível melhoria da economia e a libertação do país do comunismo, mesmo que fosse verdade, as atrocidades praticadas como meios, as justificariam?

O que mais se torna preocupante é a transmissão desses valores a toda uma geração de militares em formação onde estará toda a base da segurança nacional do Chile. Um péssimo exemplo para a elite das forças armadas chilenas.

Pensei numa analogia ao ‘Funeral de um lavrador’ de Chico Buarque, mas o homenageado para me frustrar pediu que fosse cremado numa prévia de sua última morada, se houver justiça divina.



Paulo Nolasco de Andrade.
GLOBO QUER LEVAR O BRASIL À IDADE DA PEDRA


Paulo Henrique Amorim disse nesta quarta-feira, dia 13, em um debate sobre democratização da mídia, na Câmara dos Deputados, em Brasília, que a Globo quer voltar o Brasil para a idade da pedra ao fechar o país para outras mídias que não seja a televisão.

Ele participou de um debate sobre democratização da mídia na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara (clique aqui).

Estiveram na mesma mesa o diretor de jornalismo do SBT, Luiz Gonzaga Mineiro, e o diretor da Secretaria de Comunicação Social da Câmara, William França. O debate foi organizado pelo deputado Fernando Ferro (PT-SP) e mediado pelo deputado Vic Pires Franco (PFL-PA), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.

“Eu acho que devemos tomar muito cuidado com a legislação que está aí nessa Casa, de autoria do deputado Nelson Marquezelli, no Senado do senador Maguito Vilela, que tem a propriedade de devolver o Brasil à idade da pedra”, disse Paulo Henrique.

Segundo Paulo Henrique, a proposta utiliza a Lei de Newton naquilo que interessa à Rede Globo: que é aquilo que se refere ao cotejo de televisão contra televisão, mas fecha o Brasil para as outras mídias.

“É uma tentativa que eu considero razoavelmente inútil porque eu quero ver como é que a Rede Globo, o senador Maguito Vilela e o deputado Nelson Marquezelli vão impedir a “postação” de vídeos no YouTube daqui para frente”, disse Paulo Henrique Amorim.


Veja a íntegra da palestra de Paulo Henrique Amorim na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, dia 13:


Muito boa tarde. É uma grande honra estar aqui. Agradecer o convite do deputado Fernando Ferro. Dizer que tenho nesta oportunidade a grande honra e o grande prazer de reencontrar colegas de trabalho como o Mineiro com quem pude trabalhar. É com muita alegria e muito orgulho na Rede Record. Acabei de assistir aqui a exposição do meu colega na TV Globo, Evandro Guimarães e já que falo de jornalistas, eu estou gravando esta minha participação pra colocar no site Conversa Afiada e vou transformar isso num texto.

E eu quero dedicar esse trabalho que realizei para vir aqui fazer nessa Comissão ao jornalista Mino Carta, a quem quero homenagear formalmente neste momento como aquele que, na minha opinião, simboliza o melhor do jornalismo brasileiro.

Eu quero começar a falar aqui e dizer que, na minha opinião, todos os jornais foram e são contra o Presidente Lula. Só faltam ter opinião na sessão de horóscopo. Todas as revistas, com exceção da Carta Capita, são contra o Presidente Lula. Todas as rádios, com exceção das rádios comunitárias, são contra o Presidente Lula. E uma rede de TV, líder de audiência, a Rede Globo de Televisão, que mistura informação com opinião, contra a lei, portanto, levou as eleições para o segundo turno ao mostrar a foto do dinheiro que seria usado para comprar o dossiê e o lugar vazio de Lula no debate, conforme disse Marcos Coimbra, do Vox Pópuli, à revista Carta Capital.

Os jornais e a Globo, desde o dia 02 de janeiro de 2003 cobriram a queda de Lula e trabalharam para derrubar Lula. E vão continuar a trabalhar para derrubar o Presidente Lula.

Isso, na minha opinião, não é privilégio do Presidente Lula. A imprensa escrita brasileira, tal como sobreviveu até hoje, ela ajudou a derrubar e a matar o Presidente Vargas, ela tentou depor o Presidente Juscelino Kubitschek. Eu entrevistei o Presidente Juscelino Kubitschek fora do governo. Como se sabe, minissérie não faz história e o Presidente Juscelino Kubitschek me contou que entre os 20 ou 15 motivos que o levaram a trazer a capital para Brasília, um deles é que ele não agüentava chegar à área reservada ao Palácio do Catete e ouvir a Rádio Globo entregar os microfones por uma hora a Carlos Lacerda pedindo o impeachment dele.

Isso é o que aconteceu com o Governo Jago. Acabo de cruzar no corredor com um homem íntegro, chamado Waldir Pires, que trabalhou no Governo Jango e sabe disso melhor do que eu. Isso aconteceu no Governo Jango e aconteceu com o governador Brizola no Rio de Janeiro.

A mídia, especialmente a Globo, trabalharam contra Jango e contra Brizola. Portanto, elas têm uma inclinação anti-trabalhista que é histórica e uma tradição de intervir no processo político.

A imprensa escrita no Brasil é a indústria perdedora. Os jornais de 96 para cá perderam 10% da circulação, ou seja a razão média de 1% por ano. Sendo que, segundo o depoimento do professor Venício Lima, nesse livro – o professor Venício Lima é da Universidade de Brasília, publicou esse livro pela fundação Perseu Abramo (“Mídia: Crise Política e Poder no Brasil”. A circulação dos jornais brasileiros caiu 18% entre 2001 e 2003. Ou seja, é uma queda profunda e recente.



A circulação das revistas brasileiras caiu de 8,8% para 8,6% nos últimos dez anos. É uma queda mais lenta, porém é uma queda.

Produzir jornal no Brasil é hoje um negócio tão promissor quanto:

. Abrir uma fábrica em São Bernardo para produzir o carro DKW Vemag
. Produzir chapéu Côco em Londres

. Ou ter uma usina siderúrgica em Pittsburgh

Na França, os jornais sofreram a concorrência da internet e dos tablóides gratuitos que são distribuídos nas bocas do metrô. Aqui no Brasil, os jornais se valem do fato de que não temos esse fenômeno dos jornais do metrô ainda massificados como na Europa e há no momento um boom imobiliário, especialmente no Rio e especialmente em São Paulo. E esse boom imobiliário é o anabolizante que dá fôlego aos jornais neste momento. Mas quem consultar imóveis na internet verá que é melhor consultar imóveis na internet do que em jornal.

O que sobra aos jornais, como disse o professor Wanderley Guilherme dos Santos, é o poder de gerar crises e é uma situação paradoxal porque no Brasil os jornais em crise têm uma força que, segundo o professor Wanderley Guilherme dos Santos, não têm em nenhuma outra democracia no mundo. Ou seja, essa capacidade não é necessariamente de formar opinião, mas de criar crises políticas. Isso acontece, inclusive, porque a tendência é que os jornais não venham a ficar mais pluralistas ou menos conservadores por causa da sua decadência econômica. Eles têm que ser fiéis à sua clientela.

E estudos recentes feitos da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostram que à medida que a circulação dos grandes jornais cai, diminui a heterogeneidade da opinião, diminui a diversidade da opinião, porque é a tentativa de os jornais manterem sua clientela que existe naquele momento.



Lamentavelmente, lamentavelmente, sobretudo por influência das Organizações Globo, não foi possível criar no Brasil um Conselho de Comunicação Social como existem na França e Inglaterra. E eu estou propondo aqui instituições que são de democracias estabelecidas e maduras.

É o Ofcom – Office of Communication – na Inglaterra, subordinado ao Parlamento que tem como função distribuir canais e zelar pela pluralidade, pela pluralidade, no meio audiovisual.

E o Conseil Supérieur de L’audiovisuel, na França, que tem como obrigação zelar pela pluralidade da opinião. Inclusive está nos estatutos, na missão do CSA na França: zelar pela pluralidade sindical que tem que ser respeitada nos meios audiovisuais franceses.

Lamentavelmente esse conselho aqui no Brasil se tornou um conselho consultivo, um instituto de pesquisas da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional.

Essa crise nos jornais trouxe uma vantagem, porém. Eu não conheço nenhum país em que os portais da internet tenham a relevância que têm no Brasil. O brasileiro é um grande consumidor de internet. Ele é o maior consumidor de internet do mundo. O brasileiro gasta em média 20 horas e 30 minutos por mês diante da internet. O Brasil tem 37 milhões de internautas.

O problema, porém, é que esses portais dependem, em grande parte, dos noticiários que vêm de agências de notícias. E as principais agências de notícias que condicionam o noticiário dos portais são a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo. Portanto, o poder dos jornais escritos se reproduz e se amplia e se multiplica quando ele vai para a internet.

A vantagem é que existe hoje no Brasil uma indústria nova na internet, que é a indústria do Blog. E ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, em que, vindo do Rádio, os Blogs na internet se tornaram elementos da mídia conservadora, aqui no Brasil foi possível criar espaços dentro da internet e em Blogs independentes como uma mídia não conservadora, onde modestamente me incluo.

É bom lembrar que o principal Blog político dos Estados Unidos, que hoje é referência para a classe política americana, é um Blog liberal. É o Daily Koss, que tem uma importância tão grande que fez com que o Partido Democrata nos Estados Unidos consultasse o Daily Koss sobre como fazer sua comunicação na internet e hoje o Partido Democrata nos Estados Unidos usa a internet com uma força muito importante para levantar recursos para campanha e para difusão de idéias.

Felizmente no Brasil o brasileiro gosta da internet. O brasileiro se torna um grande consumidor de banda larga com a ampliação da oferta e a queda dos preços e se torna, isso é importante, um grande consumidor de computador.

A venda de computador no Brasil cresce à base de 25% ao ano, é o dobro do crescimento mundial. O que mais cresce no Brasil é o PC, o computador pessoal. E o que mais cresce no mercado de PC é o consumidor da classe C. O “Computador Para Todos”, que é o computador do Governo Federal, que custa R$ 1,4 mil, vendeu 380 mil unidades nos primeiros nove meses de 2006.

Com tudo isso, o que eu quero dizer é que a discussão sobre a democratização da mídia, que considero central, considero central na questão brasileira, concordo com todos aqueles que acham que a mídia deveria discutir a mídia. A sociedade tem que discutir a mídia. Então, diante de tudo isso, como diria o ensaísta Roberto Schwarz, nós estamos fazendo uma discussão com as idéias fora do lugar.

Na minha opinião, nós temos que levar em conta que com a massificação iminente do computador no Brasil e com o celular que teve no Brasil uma penetração importante. Nós temos hoje no Brasil cerca de cem milhões de aparelhos celulares no Brasil.

E, como disse um estudo da ITU, uma organização para telecomunicações da ONU, o celular será cada vez mais parecido com o computador do que com o telefone. O celular será um instrumento de divulgação de informação como é o computador.

E eu quero me lembrar aqui, quero me lembrar, o depoimento do Caio Túlio Costa, que é o presidente do iG, onde trabalho. Caio Túlio participou comigo de um recente seminário na Casper Líbero, no curso de pós graduação da escola de jornalismo. E o Caio lembrou que, em 2004, na eleição da Espanha, o governo de Aznar divulgou a informação de que o atentado teria sido obra do ETA e que os socialistas de Zapatero não tinham estrutura para combater o ETA e portanto ele deveria ser reeleito. Uma pequena emissora de rádio do interior da Espanha desmentiu a informação dizendo que quem fez o atentado foi um grupo da Al Qaeda. Essa informação foi multiplicada através dos torpedos, dos SMS’s dos celulares na Espanha e o senhor Zapatero ganhou a eleição.

Eu não quero dizer com isso que o SMS será a nova mídia, mas quero dizer que essa é uma das novas mídias. Mas quero dizer também para os Céticos e aqueles que defendem as Leis de Newton, como o meu brilhante e querido ex-colega de Rede Globo Evandro Guimarães, que defende a Lei de Newton para quando se trata do combate entre televisão e televisão, mas não defende a Lei de Newton quando se trata das outras mídias.

Quero dizer o seguinte: o YouTube – e todos aqui nessa sala que não tem cabelos brancos sabem o que é o YouTube – o YouTube decidiu a eleição para o Senado nos Estados Unidos. A eleição para o Senado nos Estados Unidos resultou em 51 para os Democratas e 49 para os Republicanos porque os Republicanos perderam uma eleição garantida na Virginia.

A Virginia tinha um candidato chamado John Allan, que era senador, apontado como sucessor do George Bush pelos Republicanos. Ele percebeu ao longo da campanha que tinha um negro, um “escurinho”, acompanhando os comícios dele com uma câmera. No quarto ou quinto comício ele se virou para o “escurinho” e disse: “you macaca”. O “escurinho” filmou, botou no YouTube e o senhor John Allan perdeu a eleição. O “escurinho” era um americano, nascido nos Estados Unidos, filho de indiano, com PhD em física no MIT e que tirou férias para cobrir a eleição do John Allan para o outro candidato.

Esse vídeo foi postado no YouTube, tinha 38 segundos e decidiu a eleição no Senado Americano. Nós estamos falando de novas mídias, com poder político brutal e é sobre isso que eu vou me referir agora.

Eu acho que devemos tomar muito cuidado com a legislação que está aí nessa Casa, de autoria do deputado Nelson Marquezelli, no Senado do senador Maguito Vilela, que tem a propriedade de devolver o Brasil à idade da pedra. Que é utilizando a Lei de Newton naquilo que interessa à Rede Globo e ao meu queridíssimo amigo Evandro Guimarães. Que é aquilo que se refere ao cotejo de televisão contra televisão, mas fecha o Brasil para as outras mídias.

É uma tentativa que eu considero razoavelmente inútil porque eu quero ver como é que a Rede Globo, o senador Maguito Vilela e o deputado Nelson Marquezelli vão impedir a “postação” de vídeos no YouTube daqui para frente.

Isso é muito sério e eu quero lembrar a todos aqui um episódio recente da história americana. O fato de que o presidente Franklin Roosevelt quando foi eleito pela primeira vez tinha toda a mídia impressa contra ele. Toda!

Como Lula hoje. Como Vargas, que só tinha Samuel Wayner a favor dele. Como Jango. Como Brizola. Toda a mídia impressa era contra ele.

E o Franklin Roosevelt fez um acordo com as rádios que era a nova tecnologia da época. Ele deixou a mídia impressa pra lá. Fez um acordo com as rádios, passou a fazer aquelas conversas ao pé da lareira, os firesides chats e conseguiu enfrentar a oposição integral, maciça da mídia escrita através da comunicação que ele passou a ter através das rádios.

Eu acho que esse governo, e não só este governo que tem minoria absoluta em todos os meios de comunicação, mas todos os movimentos minoritários, todos os movimentos que são contra. Todos os “Minos Cartas” da vida têm que trabalhar com essas mídias alternativas. Eu tenho muito orgulho, porque o Mino Carta hoje que é um profissional que fundou Veja, fundou Jornal da Tarde, Fundou a Quatro Rodas, Fundou a IstoÉ, fundou a revista Senhor, na sua segunda fase, o Mino Carta hoje tem o Blog que é o Blog mais lido do iG que tem um milhão de assistências por dia.

Isso eu acho que é uma revolução importante. Eu acho que nós devemos lutar como jornalistas preocupados com a democracia, com a proliferação dos meios de comunicação, com a democratização dos meios de comunicação, com a facilidade de acesso aos meios de comunicação.

Eu tenho a impressão de que eu me preparo. Como todos sabem, todos ouviram falar, conhecem a história do movimento da Revolução Industrial na Inglaterra, se lembram daquele movimento luddista daqueles operários que jogavam as máquinas novas no Rio Tâmisa para evitar a dispensa de trabalhadores e a modernização da indústria têxtil inglesa.

Eu me preparo para cobrir a primeira cerimônia luddista do século XXI. E essa cerimônia já começa a ser estruturada e organizada. Nessa cerimônia João Roberto Marinho, Roberto Civita, Otávio Frias Filho e Ruy Mesquita vão se reunir no salão nobre da Fiesp sob o busto do conde Matarazzo para promover uma fogueira e queimar o computador de 100 dólares do Nicholas Negroponte, o computador que o Brasil será o primeiro a lançar no mundo.



Muito obrigado!
ABEL PEREIRA LEVA A SERRA E FHC


Paulo Henrique Amorim


Máximas e Mínimas 35


. A CPI dos sanguessugas chegou a um resultado exemplar.



. Indiciou o empresário Abel Pereira, suspeito de ser intermediário na venda de ambulâncias superfaturadas ao Ministério da Saúde, no Governo de FHC.



. Os ministros de FHC foram José Serra e Barjas Negri.



. Barjas Negri era homem de confiança de José Serra e por isso se tornou ministro, quando José Serra foi ser candidato a Presidente.



. Os Vedoin assinavam os documentos para comprar as ambulâncias lado a lado da assinatura de Barjas Negri. No mesmo documento. O ministro, sentado ao lado dos fraudadores.



. Negri não foi indiciado.



. Nem poderia ser, tal o controle dos tucanos sobre a CPI, ainda que presidida por um petista.



. O pedido de indiciamento de Pereira, porém, permite que o Ministério Publico e a Policia Federal aprofundem a investigação.



. É bom lembrar duas coisas.



. Quem começou a apurar a roubalheira foi a Policia Federal – e não os deputados Gabeira ou Jungman. Nem o famoso Procurador Avelar.



. Segundo, a maioria das ambulâncias superfaturadas foi comprada na gestão Fernando Henrique, o inclui o período em que José Serra era Ministro da Saúde.



. Duas perguntas: e sobre o conteúdo do dossiê? A CPI não teve nenhuma curiosidade? O que diziam os Vedoin no tal dossiê? E aquela fita, em que Serra aparece com a fina flor dos sanguessugas?



(clique aqui para ver a fita) (clique aqui para ler a reprodução em texto do que se diz na fita)



. E quando um jornalista vai perguntar ao governador eleito de São Paulo, numa entrevista coletiva, qual será o método que ele vai empregar para comprar ambulâncias para o Estado ?
Esquerda e direita, de novo


Jung Mo Sung *

Adital - Na comemoração do aniversário de 30 anos da revista Isto É, em São Paulo, o presidente Lula fez um comentário que provocou polêmicas: "Se você conhece uma pessoa muito idosa que seja de esquerda, é porque ela está com problemas. E se você conhece uma pessoa muito nova que é de direita, ela também esta com problemas. Então, quando a gente está com 60 anos, doutor [Antonio] Ermírio, é a idade do ponto de equilíbrio em que a gente não é nem um nem outro. A gente se transforma no caminho do meio, aquele caminho que precisa ser seguido pela sociedade.". Ele baseou esta conclusão na suposição de que a confluência para o "centro" faz parte da evolução da espécie humana: "quem é mais de direita vai ficando mais de esquerda, quem é mais de esquerda vai ficando social-democrata e as coisas vão fluindo de acordo com a quantidade de cabelos brancos que você vai tendo e de acordo com a responsabilidade que você tem".É claro que muitas pessoas acima de 60 anos que ainda se consideram de esquerda se sentiram incomodadas ou até mesmo ofendidas com a fala do presidente. Eu ainda não tenho 60 anos, mas já tenho cabelos brancos e, por isso, posso me sentir incluído na citação e quero aproveitar essa polêmica para compartilhar algumas reflexões. Não vou discutir aqui se o presidente estava brincando ou falando sério, nem se ele foi infeliz ou não ao tentar expressar uma outra idéia, muito menos se ele foi mal interpretado. Uma figura pública, como ele, sabe que as suas palavras têm impacto e uma "vida própria" depois de pronunciadas.

Eu penso que é importante distinguir duas relações ou dois pares de conceito utilizados pelo presidente. O primeiro é a relação esquerda e direita; o segundo, a juventude/inexperiência e a maturidade/experiência. Como disse um dos que reagiram contra a fala, a maturidade ou os "cabelos brancos" trazem experiência e não necessariamente uma revisão ou uma mudança na opção fundamental que norteiam uma vida ou um grupo político.

O que significa ser de esquerda ou de direita hoje? Após a bancarrota do "bloco socialista", muitos apressados pensaram que a discussão sobre esquerda e direita estivesse sepultada para sempre. Norberto Bobbio foi um dos que clareou o debate mostrando que pertencem à esquerda as pessoas e grupos sociais "cujo empenho político seja movido por um profundo sentimento de insatisfação e de sofrimento perante as iniqüidades das sociedades contemporâneas". Isto é, pessoas e grupos sociais que colocam a luta contra a injustiça social acima da defesa da ordem social. A luta por mais igualdade social não significa necessariamente a luta por uma sociedade onde todos sejam iguais; isto é, onde todas as diferenças sejam negadas. É lutar pelo direito iguais, onde e quando a desigualdade oprime, marginaliza e sacrifica vidas humanas; e lutar pela direito à diferença, onde e quando a homogeneização sufoca.

À direita pertencem pessoas e grupos que consideram natural a desigualdade social e, mais do que isso, benéfica para o progresso. Estes defendem a ordem social acima da justiça social e consideram a luta contra a desigualdade social - que sempre desestabiliza a ordem vigente - algo que vai contra a natureza e o progresso da sociedade.

Neste sentido, é de esperar que tenhamos jovens de direita e de esquerda, assim como velhos de direita e de esquerda. Porque ser de direita ou de esquerda tem a ver com o assumir uma cosmovisão e fazer uma opção fundamental pelos valores que nortearão as suas vidas. Faz parte da democracia a convivência civilizada - dentro dos parâmetros dos direitos humanos - entre pessoas e grupos de opções éticas, políticas e ideológicas diferentes e até conflitantes.

Uma outra coisa é a diferença entre a maturidade e a imaturidade. O que diferencia jovens ou velhos imaturos - pois, cabelos brancos e rugas não são sinônimos de maturidade e sabedoria - de pessoas maduras, experientes e responsáveis é o reconhecimento vivenciado de que a realidade não obedece aos desejos, por melhores e fortes que estes sejam. Aprender pela experiência, não só teoricamente, que não basta "gritar" e "exigir" para impor à sociedade plural e complexa as nossas vontades. A maturidade nos traz sabedoria para percebermos que a "realidade" biológico-humano-social é muito mais complexa do que as nossas teorias simplificadoras. E nos ensina que, além de bons valores, precisamos de competência técnicas para atingir os objetivos e também competências humanas para agregar pessoas, criar consensos entre grupos conflitantes, conviver e dialogar com os que pensam e tem interesses diferentes.

A maturidade espiritual ou sabedoria de vida - que podem vir antes dos cabelos brancos - se revela quando sabemos manter a tensão entre a opção pelos valores humanos fundamentais, como a solidariedade e justiça social, e o reconhecimento das condições objetivas do momento histórico, dos seus limites e possibilidades. Viver esta tensão não significa necessariamente ser ou ir para o "centro".

* Professor de pós-grad. em Ciências da Religião da Univ. Metodista de S. Paulo e autor de Sementes de esperança: a fé em um mundo em crise
"Clóvis Rossi, hoje, deveria ser preso" (Sobre Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo, 13/12/2006)



Sobre: CLÓVIS ROSSI, “Um Nobel (...)”, Folha de S.Paulo, 13/12/2006, p. 2 na edição impressa e aqui para assinantes ou abaixo

__________________________________________
Clóvis Rossi, hoje, deveria ser preso

Se eu-euzinho e o MEU VOTO DEMOCRÁTICO já mandássemos no Brasil, é garantido que, agora, nessinstantinho, CR já estaria no xilindró.

Eu-euzinho o deixaria dormir uma noite, no xilindró. O meu xilindró seria muito diferente das masmorras 'administradas' pela tucanaria uspeana pefelista, mas seria xilindró do bom; seria legal e democrático, bem limpo, boa comida, mas bem trancado.

Se, na manhã seguinte, CR ainda viesse todo cheio de conversês sobre a tal liberdade-de-imprensa-só-pra-ele (e liberdade-zero para o cidadão brasileiro leitor de jornais, consumidor e eleitor), eu faria CR passar OUTRA noite no xilindró.

E assim iríamos, negociando democraticamente, xilindró pra lá, xilindró pra cá, até que CR baixasse sua crista fascista de 'jornalista' fascista e moleque.

Quando isso acontecesse (e, dando-se tempo ao tempo, sob boa democracia, isso sempre acontece), afinal, estaríamos, CR e eu-eleitor-e-consumidor de jornais, afinal, em condições democraticamente negociadas e construídas para podermos conversar democraticamente:

-- de um lado, então, lá estaria um CR-jornalista já democraticamente DES-fascistizado e des-molequizado e de crista bem baixinha;

-- de outro, então, lá estaria eu-euzinho, um eleitor-e-consumidor de jornais brasileiros, já democraticamente empowered para saber avaliar democraticamente o ‘jornalismo’ fascista, de araque e de molecagem, que, hoje, infelizmente, ainda é o único que se encontra à venda, nas bancas de jornal do Brasil.

CR teria aprendido que eu-euzinho, eleitor e consumidor de jornais, NÃO SOU uma perfeita vítima, fraca, muda, sem jornal e sem “Lei de imprensa” democrática que ME proteja, uma completa besta, eu, born to be engambelado for ever.

CR teria aprendido a respeitar o eleitor do presidente Lula, dentre os quais eu-euzinho, com muita honra.

Eu-euzinho, leitor-consumidor e eleitor brasileiro, teria obtido os meios democráticos PARA IMPEDIR que a mídia-empresa partidarizada, antidemocrática, DES-democratizatória e fascista (além de moleque) tenha sempre mais jornal, no Brasil, do que eu; e que ela tenha correspondentemente sempre mais poder (e poder fascistizante e moleque), do que (i) a democracia; do que (ii) o MEU VOTO DEMOCRÁTICO; e (iii) do que os meus direitos de consumidor.

Para que todo o meu sonho de meter CR no xilindró vire realidade, o primeiro passo é o Congresso aprovar algumas leis.
Uma boa idéia!

Uma primeira lei poderia declarar, por exemplo, que, se o jornal for gratuito, a ironia burra será livre.

Nesse caso, contudo, a prática de implantar burrices na opinião pública já não se chamará “jornalismo” e voltará a ser chamada de PROPAGANDA FASCISTA e será regida por outras leis, que visem especificamente a proteger o eleitor contra TODOS os fascismos.

Se D. Eliane Cantanhede, por exemplo, escrever que algum almirante de esquadra, marechal ou brigadeiro declarou que “Ih!”... É xilindró nela: ela não está fazendo jornalismo; ela só está fazendo 'jornalismo'-de-molecagem e propaganda fascista.

Se CR escrever sobre ‘sociologia capilar’, no esforço fascista e fascistizante (e moleque) para ridicularizar o presidente da República... É xilindró no CR: CR não está fazendo jornalismo; CR só está fazendo propaganda fascista (e jornalismo moleque e de molecagem).

O mundo privado...

No plano privado – se escrever só diários íntimos, ou bilhetes-diagnósticos ‘políticos’ dirigidos à senhora mãe dele – CR é e deve ser, sim, perfeitamente livre para fazer quanto ‘jornalismo’ de molecagem ele queira.

No plano privado, o 'jornalismo' fascista, de molecagem fascista, de CR, poderia ser tratado como alguma espécie de sacanagenzinha-do-bem, dessas que, sim, se podem praticar no plano privado e ninguém tem nada com isso. Afinal, nesse caso, o engambelado pelo jornalismo de molecagem de CR será, só, por exemplo, no máximo, a mãe dele. E a mãe é dele... CR que a trate como ele quiser.

Comigo é que não, Sr. Clóvis Rossi! Não, meeeeeeeeeeeeeeeesmo! Engambelamentos fascistas e ‘jornalismo’ de molecagens pro MEU lado?! É núncaras! Já prô xilindró! Cale a boca! Eu sou o eleitor consumidor! ME RESPEITE! (Ou "Já prô xilindró!" e sem muito papo.)

A lei, portanto, declarará que, no plano privado, na intimidade dos discursos privados, qquer um pode, sim, escrever quanta molecagem lhe dê na sua respectiva telha de moleque. No plano privado.

No plano privado – e SÓ no plano privado,– não há dúvida de que CR deve ter, sim, todo o direito de exercer a mais completa liberdade para exercer todo o seu jornalismo de molecagem, o quanto lhe apraza.

... versus o mundo social público comum! É aqui que tudo muda!

MAS que nenhum CR NEM TENTE praticar o seu mesmo ‘jornalismo’ de molecagens (que a lei admitirá para o mundo privado), também no plano do jornalismo que seja VENDIDO aos consumidores e aos eleitores, sobretudo quando ocorrer à cabeça fraca e moleque dos CRs, que eles teriam algum ‘direito’ de espinafrar o MEU VOTO DEMOCRÁTICO.

No jornalismo que seja vendido a cidadãos eleitores e a consumidores adimplentes assinantes de jornal, o jornalismo de molecagem estará (nos meus sonhos) bem expressamente PROIBIDO, por lei TOTALMENTE democrática – que ainda falta escrever e aprovar, eu sei, eu sei, mas... calma!

Estamos andando. Chegaremos lá. Lula é muitos! A ministra Dilma Roussef já está trabalhando. Calma... Muita calma nessa hora! Quem quer saber de afobamentos esquerdistas adolescentes tolos? Calma, calminha.

Aí, então, qdo. houver lei democrática, se algum CR escrever ‘jornalismo’ e ‘colunismo’ fascistas, fascistizantes e de molecagem e contra o MEU VOTO DEMOCRÁTICO... é xilindró amplo, geral e irrestritamente democrático, prôs CRs... e acabô-se o conversê. E viva o Brasil.

PRONTO! Tá demonstrado!

QUALQUER ELEITOR DO PRESIDENTE LULA poderia meter o Sr. Clóvis Rossi, hoje, no xilindró, democraticamente, se houvesse lei democrática, no Brasil, que protegesse, hoje, mais a democracia e o MEU VOTO DEMOCRÁTICO, do que o ‘jornalismo’ de molecagem fascista do Sr. Clóvis Rossi.

Só falta a lei, uma boa e bela lei democrática... E CR já estaria no xilindró! Pensem nisso! Não seria lindo?!

Afinal, CR, hoje, assinou uma coluna que é vergonhosamente exemplar do mais vergonhoso ‘jornalismo’ de molecagem, e fascista. CR, esse moleque, hoje, riu do meu voto democrático.

Só falta a lei... e, sim, eu meteria CR, hoje mesmo, no xilindró. E o obrigaria democraticamente a respeitar o meu voto democrático e a respeitar o presidente Lula e a respeitar o jornalismo. E a respeitar o Brasil. Não vai por bem? Que vá na marra.

Pela democratização da midia, já! LULA É MUITOS!



Clóvis Rossi - Um Nobel para Lula
Folha de S. Paulo
13/12/2006



Maravilhosa a contribuição de Luiz Inácio Lula da Silva para a, digamos, sociologia capilar. Ficamos agora sabendo, depois de milênios de evolução da espécie humana, que a posição política de um indivíduo depende da quantidade de cabelos brancos que ele possui. Cria, é verdade, um sério problema de identidade ideológica para os carecas, mas essa é uma questão que Lula certamente resolverá em breve.
A descoberta é digna de Prêmio Nobel. Não sei bem do quê -talvez de Biologia ou "Capelologia".
Bem que a filósofa Marilena Chaui já havia antevisto que, sempre que Lula abre a boca, "tudo se ilumina". Pena que Lula tenha dito também que "não tem outro jeito, se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas".
Como Chaui continua se dizendo socialista, apesar de apoiar o governo Lula, e como socialista é de esquerda, ela só pode estar com problemas, no diagnóstico de seu inefável guru. A menos, é claro, que ela (e ele) ache que socialista é de centro ou de direita. Tudo é possível na academia lulo-petista.
Apesar de ter ficado maravilhado com a descoberta capilar-sociológico-etária do presidente, não posso deixar de desagravar Oscar Niemeyer, o grande arquiteto, que é muito idoso, é muito e assumidamente comunista e ainda por cima declara voto em Lula.
Não consigo ver problemas em Niemeyer, a não ser o fato de que ele continua trabalhando apesar de próximo do centenário. Será que é esse o problema que Lula enxergou e os mortais comuns não vimos?
Espero agora que os petistas que continuam falando em "socialismo" corram para se alinhar à nova teoria do chefe e se tornem todos amigos de infância de Delfim Netto, que, a bem da verdade, está à esquerda do governo Lula. Ter dobradiça na espinha é fogo.

13 dezembro 2006

Outra da Folha de São Paulo


O artigo que segue, aparentemente, deveria ser uma análise do Plano Decenal de Energia que está sendo debatido com o Presidente Lula hoje.

Entretanto, ao invés de analisar a consistência do Plano, nosso "analista" preferiu se juntar aos terroristas do caos elétrico.
A Oposição (entendida um pouco mais amplamente, incluindo-se além dos parlamentares, alguns jornais, revistas, TVs, Blogs, articulistas e todos os que ainda não aceitaram o resultado das eleições e querem um terceiro turno) sistematicamente batem na tecla do risco de novo apagão.

O Governo está debatendo um Plano que deverá garantir estabilidade ao sistema elétrico até 2030, principalmente por meio de ferramentas de monitoramento que visam impedir sobressaltos e novas crises. Essa ação do Governo, se bem sucedida, derrubará a tese do caos.

Então, o fazem que a Folha e seu "analista"? Tentam sustentar a tese do caos pelo tempo que for possível, gerando intranquilidade na população e desgaste ao Governo.

O "analista" sai desenvolvendo um raciocínio que aponta para um déficit de energia da ordem de 17,5% em 2015. Mais adiante, lá pelo meio do raciocínio, ele faz a seguinte consideração: "Esse cenário se materializaria, claro, se o país ficasse totalmente paralisado em termos de obras de geração de energia.". Ora, se o Governo está debatendo um plano de obras, obviamente, o País não ficará totalmente paralizado.

Como, em geral, muita gente só lê as manchetes ou passa os olhos "diagonalmente" pela matéria, fica a impressão de que estamos na iminência de um novo apagão elétrico. Mais do que fazer uma análise séria do Plano, parece que a intenção do "analista" é reforçar a impressão de que estamos próximos do caos.

Delman


Os riscos de um apagão


Elaborado pelo Ministério de Minas e Energia, o Planejamento do Setor Elétrico brasileiro a ser discutido hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostra que, se as obras planejadas não forem implementadas, o país corre o risco de não ter energia elétrica suficiente a partir de 2011.

Pelos cálculos feitos por técnicos do ministério, naquele ano a carga de energia gerada no país seria deficitária em 1,2%. Em números, o país estaria gerando em média 61.851 megawatts, enquanto a demanda por energia no país seria de 62.612 megawatts (ver tabela abaixo).

O quadro iria se agudizando nos anos seguintes. No último analisado pelo ministério, o consumo de energia elétrica projetado para 2015 teria um buraco de 17,5%, equivalente a 13.499 megawatts médios.

Esse cenário se materializaria, claro, se o país ficasse totalmente paralisado em termos de obras de geração de energia. Atualmente, há projetos para evitar esse risco de novo apagão. Como executá-los será um dos temas da reunião de hoje na Granja do Torto entre o presidente Lula e sua equipe.

Entre eles, estão quatro considerados essenciais pelo Ministério de Minas e Energia para atender a demanda futura de energia: as duas usinas hidrelétricas do rio Madeira (RO), a de Belo Monte (PA) e a usina nuclear de Angra 3, todas ainda ou sem licenciamento ambiental ou com problemas na Justiça.

O plano completo para geração de energia hidráulica elaborado pelo ministério prevê investimentos da ordem de R$ 35,8 bilhões até 2016, mas os técnicos consideram as três hidrelétricas acima como prioritárias, além da nuclear, para atender a demanda futura no país.

Pelos cálculos do Planejamento do Setor Elétrico, o consumo de energia elétrica no país aumentaria 31,1% até 2010 e 76,1% até 2015. Esses dados foram obtidos por meio de um levantamento de previsão de investimentos em todas as regiões do país. Pelos parâmetros utilizados, para cada 1% de crescimento do PIB, a procura por energia sobe 1,2%.

Ao apresentar hoje seu plano, o ministro Silas Rondeau vai defender a execução desses projetos por considerá-los uma fonte de energia mais barata e menos poluente. Segundo ele, se as obras dessas usinas hidrelétricas ficarem paralisadas ou não saírem do papel _a construção de uma unidade leva em torno de cinco anos_, há sempre a possibilidade de adotar um plano B para evitar a falta de energia no país a partir de 2011.

Essa alternativa seria construir usinas termelétricas, movidas a óleo combustível ou diesel, num prazo de dezoito meses. O problema é que se trata de uma energia mais cara e mais poluente. Segundo o ministério, aí deve se concentrar a discussão no momento de se definir como acelerar os investimentos no setor elétrico.

Ao apresentar sua proposta, o ministério deseja evitar passar uma imagem de despreocupação com os impactos ambientais, mas entre suas idéias uma pode ser encarada pelo Ministério do Meio Ambiente exatamente como uma política de desenvolvimento a qualquer custo.

Os técnicos de Minas e Energia elaboraram um projeto de lei criando as Reservas Estratégicas dos Potenciais de Energia Hidráulica. Pelo texto inicial, as terras situadas nessas áreas seriam destinadas preferencialmente à exploração de energia elétrica.

Com isso, eles querem tanto acelerar a liberação de licenças ambientais como facilitar a posterior construção de linhas de transmissão para escoar a energia produzida pelas hidrelétricas. Segundo seus estudos, vários projetos de usinas hoje estão ou em áreas de proteção (ambientais ou indígenas) ou cercadas por elas.

No primeiro caso, fica difícil obter as licenças ambientais. No segundo, a usina é construída, mas o custo de implantação de linhas de transmissão fica muito elevado já que elas precisam contornar as áreas de proteção ambiental ou indígena.

Marina Silva (Meio Ambiente), com certeza, verá com ressalvas, no mínimo, a idéia desse projeto. Seus amigos garantem, porém, que ela não é uma xiita como alguns colegas de governo tentam classificá-la. Ela se posiciona mais, alegam, numa linha de desenvolvimento ambiental e economicamente sustentável.

O fato, porém, é que o presidente Lula mostra, hoje, uma inclinação maior para o lado daqueles que desejam acelerar as obras de infra-estrutura. Não passando por cima do meio ambiente, mas exigindo pressa nos estudos ambientais e licenças, como também na definição de políticas compensatórias em alguns casos diante da inevitabilidade de um dano considerável ao meio ambiente a ser provocado por determinados projetos.

Na busca de apoio para seu projeto, o Ministério de Minas e Energia compilou dados indicando que do potencial hidrelétrico inexplorado no país, 43% concentram-se na região Norte. E que a área inundada desse potencial representaria menos de 1% do território nacional.

Quem vai ganhar a disputa. Talvez fiquemos num empate. O resultado deve sair hoje da reunião do presidente Lula com sua equipe.



Gás

Dentro do Planejamento do Setor Elétrico, para se evitar a falta de energia no país, a curto e médio prazos será essencial investir na produção de gás natural até 2008 para as usinas termelétricas. O plano elaborado pelo ministro Silas Rondeau prevê antecipar a produção de gás nas bacias de Santos, Espírito Santo e Rio de Janeiro, além de importar GNL (Gás Natural Liquefeito).

Estão previstos investimentos da ordem de R$ 16,6 bilhões para produção de 24 milhões de metros cúbicos do combustível. Outros R$ 10,5 bilhões seriam aplicados em gasodutos.

Com esses projetos, seria possível atender o aumento de demanda de energia até 2010. Depois seriam necessários os grandes projetos de hidrelétricas, como as já citadas do rio Madeira e a de Belo Monte.



Só depois

Lula não quer falar oficialmente em novo ministério enquanto não anunciar seu plano de governo para o segundo mandato. A reunião dessa terça-feira é sobre infra-estrutura. Tem ainda a de desoneração tributária e ajuste fiscal. Anúncio mesmo na próxima semana. Só depois ele começaria a divulgar nomes confirmados para sua equipe no próximo ano. Esse, por enquanto, é o plano do presidente. Lula, por sinal, ainda não fechou suas consultas. Por exemplo, quer que Tarso Genro faça uma nova reunião com o PP. Sua estratégia é dizer que o partido pode continuar com o Ministério das Cidades. Mas o nome já estaria definido. Fica no cargo Márcio Fortes.


Reprodução
Fonte: Ministério de Minas e Energia


Valdo Cruz

Valdo Cruz, 46, é repórter especial da Folha. Foi diretor-executivo da Sucursal de Brasília durante os dois mandatos de FHC e no primeiro de Lula. Ocupou a secretaria de redação da sucursal e atuou como repórter de economia. Escreve às terças.