Em cinqüenta e poucos anos de vida tive hoje uma experiência inesquecível. Mesmo sendo pela televisão, algo que me prendeu por algumas horas, nada mais que o funeral de um ditador.
Augusto Pinochet seu nome, nacionalidade chilena, mais precisamente de Val Paraíso.
Negado que foi pela presidente em exercício, as homenagens pleiteadas por seus seguidores de Chefe de Estado, o que realmente ele não foi, por ter se colocado no posto por um golpe militar, a muito contragosto satisfizeram-se com as homenagens de chefe militar, o que lhes permitiu a bandeira a meio mastro somente nas instalações militares. Restringindo também assim o luto oficial.
O estado democrático do Chile num gesto que demonstrou não ser partidário da hipocrisia, não reconheceu o luto oficial pela morte do homem que impôs sua presença na chefia do estado pela força, traindo a confiança que lhe depositara o presidente em exercício, Salvador Allende, ou seja, como ditador.
Parado em frente a TV observei a pompa do funeral onde não se dispensou a presença de um grande coral, com a aquiescência da igreja católica uma missa celebrada pela possivelmente mais alta autoridade que dava o tom de sua importância. Um cerimonial impecável nos discursos de homenagem e nos aplausos.
A quem estavam homenageando?
O homenageado era simplesmente o responsável pelo desaparecimento de aproximadamente três mil pessoas, pelo encarceramento e tortura de aproximadamente trinta mil cidadãos e pelo exílio de outros milhares, e ultimamente estava sendo alvo de investigação por corrupção, pela manutenção de contas em bancos estrangeiros, já tendo sido comprovado o uso de passaportes falsos, para ele e familiares, o que configura a formação não de uma família, mas de uma quadrilha.
Em que mundo afinal estamos vivendo? Em que valores estavam baseadas aquelas homenagens? E não foram poucos os que participavam e se solidarizavam.
As justificativas para tal são encontradas numa possível melhoria da economia e a libertação do país do comunismo, mesmo que fosse verdade, as atrocidades praticadas como meios, as justificariam?
O que mais se torna preocupante é a transmissão desses valores a toda uma geração de militares em formação onde estará toda a base da segurança nacional do Chile. Um péssimo exemplo para a elite das forças armadas chilenas.
Pensei numa analogia ao ‘Funeral de um lavrador’ de Chico Buarque, mas o homenageado para me frustrar pediu que fosse cremado numa prévia de sua última morada, se houver justiça divina.
Paulo Nolasco de Andrade.
Augusto Pinochet seu nome, nacionalidade chilena, mais precisamente de Val Paraíso.
Negado que foi pela presidente em exercício, as homenagens pleiteadas por seus seguidores de Chefe de Estado, o que realmente ele não foi, por ter se colocado no posto por um golpe militar, a muito contragosto satisfizeram-se com as homenagens de chefe militar, o que lhes permitiu a bandeira a meio mastro somente nas instalações militares. Restringindo também assim o luto oficial.
O estado democrático do Chile num gesto que demonstrou não ser partidário da hipocrisia, não reconheceu o luto oficial pela morte do homem que impôs sua presença na chefia do estado pela força, traindo a confiança que lhe depositara o presidente em exercício, Salvador Allende, ou seja, como ditador.
Parado em frente a TV observei a pompa do funeral onde não se dispensou a presença de um grande coral, com a aquiescência da igreja católica uma missa celebrada pela possivelmente mais alta autoridade que dava o tom de sua importância. Um cerimonial impecável nos discursos de homenagem e nos aplausos.
A quem estavam homenageando?
O homenageado era simplesmente o responsável pelo desaparecimento de aproximadamente três mil pessoas, pelo encarceramento e tortura de aproximadamente trinta mil cidadãos e pelo exílio de outros milhares, e ultimamente estava sendo alvo de investigação por corrupção, pela manutenção de contas em bancos estrangeiros, já tendo sido comprovado o uso de passaportes falsos, para ele e familiares, o que configura a formação não de uma família, mas de uma quadrilha.
Em que mundo afinal estamos vivendo? Em que valores estavam baseadas aquelas homenagens? E não foram poucos os que participavam e se solidarizavam.
As justificativas para tal são encontradas numa possível melhoria da economia e a libertação do país do comunismo, mesmo que fosse verdade, as atrocidades praticadas como meios, as justificariam?
O que mais se torna preocupante é a transmissão desses valores a toda uma geração de militares em formação onde estará toda a base da segurança nacional do Chile. Um péssimo exemplo para a elite das forças armadas chilenas.
Pensei numa analogia ao ‘Funeral de um lavrador’ de Chico Buarque, mas o homenageado para me frustrar pediu que fosse cremado numa prévia de sua última morada, se houver justiça divina.
Paulo Nolasco de Andrade.
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