“A comoção deixa o olhar opaco. Os sentimentos de solidariedade à família e o ódio aos delinqüentes são previsíveis e naturais. A cada minuto nasce uma criança que não terá família, amor, comida, saúde, educação, dignidade e tudo o mais que pode nos tornar efetivamente humanos. Este pequeno ser chega ao mundo e já é lançado para fora do ‘carro’. Seu corpo será arrastado ao longo dos anos pelas ruelas tortuosas das periferias. Quem sabe, em 2020 (ou um pouco depois), com seus 13 ou 14 anos, não estará pronto para retribuir o ‘carinho’ que recebeu de cidadãos tão nobres como nós, que frequentemente estamos mais preocupados em nos proteger ou nos vingar, do que construir uma solução verdadeira para o grande desafio do século XXI: viver juntos (apesar das diferenças) e distribuir as riquezas com equidade (apesar da avareza).”
Leonardo Araújo, jornalista e psicanalista
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