21 março 2006

Como fazer uma matéria ser direcionada a desinformação dos eleitores.

Favor lerem matéria da Agencia Estado publicada abaixo, em seguida ler a análise escrita por uma brasileira por dentro dos fatos.

Análise:

Infelizmente, esse é um argumento completamente mal dirigido, que leva pessoas bem-intencionadas como vocês a concordarem com o ponto de vista da FIESP. Primeiro é preciso deixar claro que, em finanças públicas, investimento diz respeito a toda despesa relativa a algo com princípio, meio e fim, tipo um projeto. E custeio diz respeito a despesa continuadas. Por exemplo, não é dito aí na matéria que as despesas de manutenção de uma Universidade ou de uma escola estão incluídas em custeio. Por exemplo, comprar livros para a biblioteca da Universidade é custeio, comprar material médico para um hospital é custeio. O Bolsa-família, por exemplo, é custeio! A viagem do sujeito do MEC que vai a uma comunidade no interior ministrar um treinamento para multiplicadores em algum programa específico é custeio. Quando a reportagem diz que esse dinheiro está sendo gasto, entre outras coisas, com viagens, parece que está todo mundo do governo viajando a passeio. O que a FIESP quer é que o governo só opere nos investimentos, mais especificamente em infra-estrutura, deixando de lado as ações mais ligadas à área social, que quase sempre aparecem como custeio. O Estado mínimo, em resumo. Investimento no que é de interesse direto do capital e o mínimo de regulação possível. O Estado só não precisa ser mínimo nos subsídios e no investimento em infra-estrutura, que são coisas que os empresários vêm como de interesse. É uma visão burra porque de curtíssimo prazo, uma vez que o dinheiro gasto, por exemplo, com educação para a população de baixa renda desonera o capital também (essa é uma crítica que é feita ao Estado pela própria esquerda, veja Claus Offe sobre isso).
Enfim, podemos aprofundar o assunto, mas vale a pena desconfiar sempre de um argumento defendido pela FIESP.
Valéria

Matéria:

Segunda-Feira, 20 de Março de 2006, 07:07
Custeio da máquina supera investimentos
Agência Estado

De Brasília

O Governo Federal gasta com despesas de custeio da máquina pública, como compra de material, pagamento de serviços de terceiros, cafezinhos e viagens, quatro vezes o que investe em rodovias, saneamento e energia elétrica, entre outros, necessários ao crescimento da economia e à melhoria da qualidade de vida da população. Levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com base em dados do Tesouro Nacional, mostra que os gastos de custeio somaram R$ 63,9 bilhões em 2005, ante R$ 15,9 bilhões em investimentos realizados por todos os órgãos do Governo. Essas despesas não incluem gastos com pessoal.
Para Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, esses números indicam a necessidade de maior eficiência no controle das contas públicas e um inevitável corte nas despesas. ‘‘Esses gastos não são obrigatórios, dependem apenas do controle e gestão da Administração Federal’’.
Nos últimos quatro anos, o gasto com custeio teve crescimento real de 20,5%, descontada a inflação do período, medida pela variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só no ano passado, o aumento foi de 5,2% em relação a 2004.
‘‘O Governo precisa agir, porque se o Brasil fosse uma empresa, com a qualidade de sua gestão, já teria quebrado’’.
A Fiesp já apresentou ao ministro da Fazenda, Antônio Palocci, uma proposta de ‘‘choque de gestão’’ que consiste em reduzir a despesa real (descontada a inflaçã o) em 2% ao ano por seis anos e mantê-la constante por mais quatro. Além disso, a entidade sugere limitar o aumento da receita real em 50% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Atingido um superávit operacional, 90% seriam destinados aos investimentos no ano seguinte.
Em 2005, a receita da União registrou crescimento real de 11,5%, quando comparada com a do ano anterior, e as despesas subiram 10,9%. Já o crescimento do PIB foi de apenas 2,3%.
De acordo com Francini, só o aumento da eficiência gera economias e ao mesmo tempo permite a redução da carga tributária. Nesse sentido, o choque de gestão proposto pela Fiesp prevê que a relação da dívida pública com o PIB caia à metade em dez anos, passando de 51,6% para 25,6%, o que permitiria ao Governo alongar o prazo da dívida e reduzir as restrições na sua rolagem em momentos de eventuais crises. A taxa de crescimento do PIB passaria de 2,3% para 7%, em 2015, o que representa uma média anual de 5,7%. Esse salto seria impulsionado pelo aumento dos investimentos públicos e privados.
‘‘A partir do momento em que o Governo deixar de lançar títulos no mercado, os bancos vão ter que ir para a rua oferecer crédito mais barato’’, observa André Rebelo, economista-chefe da Fiesp. ‘‘Além disso, a redução da relação dívida/PIB também possibilita a redução da taxa básica de juros, o que tem impacto positivo no superávit operacional’’. (Agência Estado)

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