De Luis Fernando Veríssimo:
Agora essa. Descobriram que ovo, afinal, não faz mal. Durante anos, nos aterrorizaram.
Ovos eram bombas de colesterol. Não eram apenas desaconselháveis, eram mortais.
Você podia calcular em dias o tempo de vida perdido cada vez que comia uma gema.
Cardíacos deviam desviar o olhar se um ovo fosse servido num prato vizinho: ver ovo fazia mal.
E agora estão dizendo que foi tudo um engano, o ovo é inofensivo. O ovo é incapaz de matar uma mosca.
A próxima notícia será que bacon lima as artérias.
Sei não, mas me devem algum tipo de indenização. Não se renuncia a pouca coisa quando se renuncia ao ovo frito.
Dizem que a única coisa melhor do que ovo frito é sexo. A comparação é difícil. Não existe nada no sexo comparável a uma gema deixada intacta em cima do arroz depois que a clara foi comida, esperando o momento de prazer supremo quando o garfo romperá, sim, se desmanchará, e o líquido quente e viscoso correrá e se espalhará pelo arroz como as gazelas douradas entre os lírios de Gileade nos cantares de Salomão, sim, e você levará o arroz à boca e o saboreará até o último grão molhado, sim, e depois ainda limpará o prato com pão. Ou existe e eu é que tenho andado na turma errada.
O fato é que quero ser ressarcido de todos os ovos fritos que não comi nestes anos de medo inútil.
E os ovos mexidos, e os ovos quentes, e as omeletes babadas, e os toucinhos do céu, e, meu Deus, os fios de ovos.
Os fios de ovos que não comi para não morrer dariam várias voltas no globo. Quem os trará de volta?
E pensar que cheguei a experimentar ovo artificial, uma pálida paródia de ovo que, esta sim, deve ter me roubado algumas horas de vida a cada garfada infeliz.
Ovo frito na manteiga! O rendado marrom das bordas tostadas da clara, o amarelo provençal da gema…
Eu sei, eu sei. Manteiga ainda não foi liberada. Mas é só uma questão de tempo.
Off - ouvir os clientes é fundamental!
No aeroporto, o pessoal estava na sala de espera aguardando a chamada para embarcar. Nisso aparece o Co-piloto, todo uniformizado, de óculos escuros e de bengala, tateando pelo caminho. A atendente da companhia o encaminha até o avião e assim que volta, explica que, apesar dele ser cego, é o melhor Co-piloto da companhia.
Alguns minutos depois, chega outro funcionário também uniformizado, de óculos escuros, de bengala branca e amparado por duas aeromoças.
A atendente mais uma vez informa que, apesar dele ser cego, é o melhor piloto da empresa e, tanto ele quanto o Co-piloto, fazem a melhor dupla da companhia.
Todos os passageiros embarcam no avião preocupados com os pilotos.
O comandante avisa que o avião vai levantar vôo e começa a correr pela pista, cada vez com mais velocidade.. Todos os passageiros se olham, suando, com muito medo da situação. O avião vai aumentando a velocidade e nada de levantar vôo. A pista está quase acabando e nada do avião sair do chão. Todos começam a ficar cada vez mais preocupados. O avião correndo e a pista acabando. O desespero toma conta de todo mundo.
Começa uma gritaria histérica no avião.
Nesse exato momento o avião decola, ganhando o céu e subindo suavemente.
O piloto vira para o Co-piloto e diz:
- Se algum dia o pessoal não gritar, a gente tá fudido!!!!!!
Moral: OUVIR OS CLIENTES É FUNDAMENTAL!!
Fonte: Recebido por email
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