02 dezembro 2008

O QUE NÃO SE DIZ SOBRE A CRISE FINANCEIRA

O QUE NÃO SE DIZ SOBRE A CRISE FINANCEIRA

Por Graccho Maciel


As crises não surgem por acaso, nenhuma delas. Todas trazem na origem alguma intenção gananciosa de tirar proveito além do que é justo.
A “crise” atual tem sua origem na criação do Banco Central americano, o FED, e seu monopólio de imprimir moeda – ou emitir como gostam de dizer. Até o uso da palavra emitir em lugar de imprimir fornece a pista do
golpe.
Imprimir papel moeda sem lastro, é o mesmo que passar tinta num pedaço de papel especial. O custo de fazer isso não passa de 10 centavos por impressão, o que significa que uma nota “vendida” – posta em circulaçãopelo valor de face por 100 dólares - custa ao FED para imprimir cerca de 10 centavos, gerando um lucro fabuloso conforme abaixo:

99,90 por uma nota de 100 dólares

49,90 por uma nota de 50 dólares

19,90 por uma nota de 20 dólares, e assim por diante.

Sabendo-se que cada nota é impressa aos milhares, pode-se fazer a conta do fantástico lucro que tem o Banco Central.

Nos países em que o Banco Central é do Governo, este lucro fica para o Banco e para o Ministério da Fazenda ou seu equivalente. E nunca se prestou conta dele. Deve-se pensar nisso muito seriamente.

Nos países onde o Banco Central é privado, como nos Estados Unidos – o FED – e outros países, o lucro fica para os donos do Banco.

No caso do FED, ele foi criado em 1781 como Banco da América do Norte, e depois de passar por vários nomes e funções a cada vez que havia um pânico bancário, foi transformado em banco central com a função de combater os pânicos bancários ocorridos em 1873, 1893, e 1907, satisfazendo uma forte demanda para criação de um sistema bancário centralizado seguindo a influência de Alexander Hamilton que propunha“um governo central forte com um banco central supervisionado por uma elite rica”, indo contra a opinião de Thomas Jefferson que sabia, pela história européia, que um banco central se tornaria rapidamente o
controlador da nação sobre passando seu governo. Jefferson apontava a experiência britânica dizendo que “dinheiro não podia ser criado por mágica a partir do nada”. Mas não foi ouvido.

A criação do FED é digna de histórias de mistério. Um de seus criadores, J. P. Morgan, retornou ao Estados Unidos em 1907 e espalhou a notícia que um pequeno banco Knickerbocker de Nova York era insolvente. A
corrida ao banco por seus depositantes criou um pânico que se espalhou por outros e gerou a crise de 1907. O estudo dos pânicos de 1873, 1983 e 1907 indica que eles foram operados por banqueiros internacionais em seu próprio proveito.

O FED não escapa a essas manipulações. Sua criação foi decidida numa viagem secreta à ilha Jekill, como escreveu Frank Vanderlip, um dos participantes, referindo-se a uma viagem ”secreta” na noite de 1910 de
sete homens que reuniam talvez 30% de toda riqueza do Mundo. Os empregados da ilha foram dispensados e substituídos por outros, para manter o segredo, como conta o escritor Ralph Epperson, na biografia de
J. P. Morgan.

Os sete participantes eram o próprio Vanderlip, representante da firma de Khun, Loeb & Company, e seu sócio Paul Moritz Warburg, também representante dos Rothschild europeus; de William Rockefeller e Jacob
Schiff, milionários do petróleo; do secretário do Tesouro, Abraham Piatt Andrew; de Henry P. Davidson, sócio da J.P. Morgan Company; o presidente do primeiro banco de Nova York (dominado por Morgan), Charles D. Norton; Benjamin Strong, braço direito de Morgan; e o senador republicano Nelson W. Aldrich, associado a J.P. Mporgan e sogro de John D. Rockfeller Jr. Esse grupo permaneceu na ilha por uma semana e preparou a reforma bancária que gerou depois o FED.

O presidente da Universidade de Princeton, Woodrow Wilson, apresentou uma solução ao pânico financeiro: “O problema podia ser evitado se nomeássemos um comitê de seis ou sete homens de espírito público, como J.P. Morgan, para cuidar dos negócios do nosso país”. Assim o povo americano foi condicionado a aceitar a solução oferecida por aqueles que
causaram todos aqueles eventos. Havia só um problema: Wilson estava perdendo nas pesquisas de voto. Os banqueiros então convenceram Theodore Roosevelt a concorrer por outro partido, tirando votos do provável
ganhador, o republicano Taft. E assim Wilson ganhou a eleição, por poucos votos. Mas, logo que eleito, assinou-o (os aparlamentares já estavam de férias). (Eustace Mullis, biografo dos fundadores do FED)

Apesar do nome, o FED não pertence ao governo norte-americano. Ele é dominado por outros bancos como o Chase Manhatan (com 32,35% das ações), o Citibank (com 20,51%), os quais detêm o controle majoritário, conforme relatório de 1997 do pesquisador Eric Samuelson.

Com a instalação do Banco Central, ou FED, ele passou a ter o monopólio da impressão de moeda, ganhando fortunas a cada emissão, que vai para os bancos dos seus donos.

Em 2002, o volume estimado de dólares postos em circulação pelo FED era quase quatro vezes o valor do produto norte-americano. Grande parte estava no estrangeiro, forçada pelos banqueiros que também têm bancos em outros países. Com o tempo, os dólares foram voltando, e os bancos na América ficaram com excesso de papel-moeda. Conseguiram então forçar o governo a abolir um decreto, criado em 1933, que impedia os bancos de operar com transações imobiliárias, já como consequência do grande pânico de 1929. A partir daí, em 1999, os bancos passaram a emprestar com um mínimo de garantias gerando as dívidas imobiliárias que não foram pagas.

O resto já se conhece. Os bancos anunciaram a inadimplência e suas falências. O governo prontamente entregou a eles de novo todo o dinheiro que eles “perderam”. Assim eles ganham duas vezes, quando o dinheiro é
impresso e posto em circulação e quando o governo faz a doação... e ainda retêm a posse das residências financiadas, cujos compradores são despejados.

Sem dinheiro, não há mais crédito. Sem crédito, as empresas encolhem e demitem. Sem comércio. os países emergentes voltam para seu lugar de pedintes, subordinados ao capital internacional.

E esta é a “crise”...

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