22 agosto 2006

O catedrático reprovado


Em seus dois mandatos na Presidência da República, o tucano Fernando Henrique, de raízes acadêmicas, fez estragos no conjunto das universidades federais. Eram os tempos em que o FMI ditava os rumos da economia brasileira, tendo delegado ao governo do PSDB a tarefa de desmontar o Estado, de fatiar e entregar a troco de nada, para o setor privado, o patrimônio do povo brasileiro. (A Nação espoliada gostaria que se investigasse o paradeiro do punhado de dólares arrecadados com a queima das estatais).

Impossibilitado de exproprias as instituições federais de ensino superior – talvez por seu valor incalculável e por se constituírem não em bens do Estado, mas da sociedade – o Prof. Fernando Henrique colocou-as “de castigo”: oito anos a pão e água, com orçamento congelado e proibidas de realizar concursos para preencher vagas nos quadros docente e técnico-administrativo. O propósito explícito era aniquilar a Universidade, espezinhá-la, provocar seu sucateamento, de modo a abrir caminho para as instituições privadas no amplo e florescente mercado da educação superior.

Com a queda do tucanato, subiu a rampa um presidente de origem popular alvo do preconceito da burguesia por não exibir, em seu currículo, um diploma universitário. Lula substituiu a empáfia de seu redecessor pela sensibilidade e começou a olhar para o Campus. Voltaram (aos poucos) os concursos públicos, os recursos financeiros reapareceram.

Entre 2002 e 2005, o orçamento somado de custeio e investimento subiu 41%. A Universidade Federal do Ceará, por exemplo, saiu de um déficit de R$ 9,7 milhões, há três anos, para o superávit em 2006. Lula também criou 10 novas universidades, igualando feito histórico de Juscelino Kubitschek. Esconjurou o apagão da inteligência. Quem diria! O período de trevas na universidade pública brasileira foi patrocinado por um Presidente catedrático...

Ítalo Gurgel é jornalista e articulador do jornal O Povo.

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