21 agosto 2006


Serra sabia?


Foi uma verdadeira maracutaia a privatização do sistema de telecomunicações no Brasil.
Uma verdadeira sucessão de denúncias e escândalos. Foi uma negociata num jogo de cartas marcadas, inclusive com o nome de FHC citado em inúmeras gravações divulgadas pela imprensa. Vários “grampos” a que a imprensa teve acesso comprovaram o envolvimento de lobistas com autoridades do governo tucano. As fitas mostraram que informações privilegiadas eram repassadas aos “queridinhos” de FHC.

O mais grave foi o preço que as empresas estrangeiras e nacionais pagaram pelo sistema Telebrás, cerca de R$ 22 Bilhões. O detalhe é que nos 2 anos e meio anteriores à “venda”, o governo tinha investido na infra-estrutura do setor de telecomunicações mais de R$ 21 Bilhões. Pior ainda, o BNDES, nas mãos do tucanato, ainda financiou metade dos R$ 8 Bilhões dados como entrada neste meganegócio, em detrimento dos interesses do povo brasileiro. Uma verdadeira rapinagem cometida contra o Brasil e que o governo tucano impediu que fosse investigada.

A privatização do sistema Telebrás – assim como a da Vale do Rio Doce – foi marcada pela suspeita.

Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de FHC e do senador José Serra e ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil, é acusado de pedir propina de R$ 15 Milhões para obter apoio dos fundos de pensão ao consórcio do empresário Benjamim Steinbruch, que levou a CVRD, e de ter cobrado R$ 90 Milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar.
Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do BNDES, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do banco Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende. Se isso não bastasse, em maio de 2002, o jornal Folha de S. Paulo, publicou uma matéria que informava que Ricardo Sérgio, na condição de diretor do Banco do Brasil, favoreceu negócios de um parente de Serra – o empresário Gregorio Marin Preciado, espanhol naturalizado brasileiro, casado com uma prima do atual prefeito de São Paulo, José Serra.

Em 1993, duas empresas de Gregorio Marin Preciado, - a Gremafer e a Aceto – contraíram empréstimos no Banco do Brasil, num total de 2,5 Milhões de dólares, tiveram problemas para pagar a e dívida foi crescendo em bases geométricas, em função das taxas de juros aplicadas ao empréstimo. Em 1995, quando Ricardo Sérgio já era do BB, o parente de José Serra conseguiu um desconto de 16 Milhões de reais na dívida, referente ao crescimento em juros. E arrancou outro empréstimo, no valor de 2,8 Milhões de dólares. Em 1998, outro desconto, dessa vez de 57 Milhões de reais. A reportagem informa que documentos internos do Banco do Brasil tratavam as negociações como “heterodoxas” e “atípicas”, embora as operações tenham sido aprovadas por toda a diretoria do banco.
Logo no início das negociações com Gregorio Marin, a direção do banco do Brasil começou a listar seus bens para arrasta-lo, como garantia de pagamento da dívida. Um deles era um terreno no bairo do Morumbi, em São Paulo, no qual Gregorio Marin tinha metade e José Serra era dono da outra metade. Antes que o arresto fosse feito, o terreno foi vendido. A parte de Serra correspondeu a uns 70 000 reais. O negócio foi declarado à Receita Federal.
Ricardo Sérgio e Gregorio Marin refutam a insinuação de que agiram como amigos e dizem que mal se conhecem. “Ele já me deu uma ou duas caixas de charutos” afirma Ricardo Sérgio, negando que tenha tentando beneficia-lo de algum modo.

A relação entre ambos, no entanto, já se cruzou em outros negócios, especialmente na época da privatização do setor elétrico. Em 1996, quando era diretor do Banco do Brasil e manda-chuva na Previ, Ricardo Sérgio montou, com Gregorio Marin Preciado (parente de Serra) o consórcio Guaraniana S/A.

Pelas mãos de Ricardo Sérgio, entraram no consórcio a Previ, o Banco do Brasil e fundos administrativos pela instituição. Junto com eles estavam os espanhóis da Iberdrola, empresa gigante no setor energético, representada oficialmente por Gregorio Marin. Reunidos na Guaraniana, BB, Previ e Iberdrola foram às compras – e chegaram a participar de investimentos em 10 empresas nas áreas de energia e telecomunicações. Destacaram-se na área de energia. Em apenas três anos, entre 1997 e 2000, o consórcio montado por Ricardo Sérgio e Gregorio Marin arrematou três estatais de energia elétricaa baiana Coelba, a pernambucana Celpe e a potiguar Cosern. Só essas três empresas respondem por um negócio de 4 Bilhões de reais. Ao que parece, a relação do ex-tesoureiro dos tucanos com o parente de José Serra não ficou apenas na troca de caixas de charutos.
Além de vender o patrimônio público a preço de banana, o governo FHC, por meio do BNDES, destinou cerca de 10 Bilhões de reais para socorrer empresas que assumiram o controle de estatais privatizadas. Quem mais levou dinheiro do banco público que deveria financiar o desenvolvimento econômico e social do Brasil foram as teles e as empresas de distribuição, geração e transmissão de energia. Em uma das diversas operações, o BNDES injetou 686,8 Milhões de reais na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa.

Diario da politica

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