19 agosto 2006









Senador Antero Paes e a Planam









O empresário Luiz Antônio Vedoin, sócio da Planam e chefe da máfia dos sanguessugas, acusou o senador Antero Paes de Barros (PSDB) de exigir R$ 40 mil de propina em troca da proposição de R$ 400 mil em emendas de bancada para o esquema de fraudes.

A afirmação consta de uma entrevista concedida pelo empresário à revista Veja, publicada nesta semana. Segundo Vedoin, o acerto ocorreu na época em que Antero ocupava a liderança da bancada.

“No caso de Mato Grosso, além das emendas individuais, havia as emendas de bancada. Foi aí que entraram outros parlamentares, como o senador Antero (Paes de Barros, PSDB-MT)”, disse ele, em um trecho.

Coube a Darcy Vedoin, pai de Luiz Antônio e também sócio da Planam, fechar o acordo com o senador. O objetivo era assegurar a totalidade – ou a maior fatia possível – dos quase R$ 3,8 milhões que a bancada de Mato Grosso poderia propor. “Antero apresentou 400.000 reais e tínhamos de dar 40.000 reais de comissão”, disse Luiz Antônio.

Como parte do acerto, continuou o empresário, Antero pediu que o dinheiro fosse repassado diretamente ao deputado Lino Rossi (PL), seu companheiro de partido à época. ”Todos ali tinham consciência do que estava sendo feito”, apontou. O senador negou as acusações (ver matéria).

As informações veiculadas por Veja geraram, ainda ontem, repercussão junto à CPI que apura o esquema. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) anunciou, segundo matéria publicada às 13h20 em O Globo Online, que a Comissão investigará o suposto envolvimento do senador mato-grossense com a máfia das ambulâncias.

NEGÓCIO - Apontado como “O Corruptor” pela revista, Luiz Antônio disse que a intenção inicial do grupo não era montar um esquema de corrupção, mas realmente montar e vender ambulâncias para as prefeituras.

“Foi nessa ocasião que meu pai conheceu o deputado Lino Rossi (PP-MT). Eles trocaram de malas sem querer no avião e, quando o deputado passou na Planam para destrocá-las, começamos a conversar sobre o nosso trabalho com as prefeituras. O deputado disse que também tinha interesse, para ampliar sua base eleitoral”, relatou.

Por intermédio de Rossi, a família Vedoin ganhou notoriedade nos bastidores do Congresso. Entre maio de 2000 e o início de 2001, oito deputados já “trabalhavam” para o esquema. “Os deputados iam ao seu gabinete. Às vezes, também à casa dele, em festas e churrascos. Eram sempre grupos de dois ou três (...) a maioria em primeiro mandato”.

Segundo o empresário, muitos dos parlamentares com os quais mantinha contato já tinham conhecimento da forma de operação das emendas. “Alguns já diziam: "Eu quero um porcentual da emenda que for indicada, te levo aos prefeitos para você armar as licitações e fazer a venda". Era negócio, um toma-lá-dá-cá. Não tinha amizade, não tinha conversa. Em geral, eles recebiam 10% do valor da emenda apresentada”.

O filão explorado pela Planam não era novidade em Brasília, diz o empresário. O modelo, afirmou, já existia antes da empresa começar a operar, o que lhe dava certa segurança para ampliar ainda mais o número de parlamentares cooptados.

“Imaginávamos que o que a nossa empresa fazia era pequeno diante de tanta coisa que acontece em Brasília. Eu não pensei que ia ser tão problemático”, disse ele, pragmático ao analisar a conduta de seus “parceiros”. Sobre a decisão de relatar os pormenores do esquema à Justiça, Luiz Antônio disse ter sido uma tentativa de livrar Darcy Vedoin da prisão. “Só pensava em tirar o meu pai da prisão. Quando passei nove dias depondo, lembrei de coisas que eu até tinha esquecido”.

Fonte: Diário de Cuiaba

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