20 agosto 2006

Relembrando FHC

Fernando Henrique quer voltar em 2006



SÃO PAULO - Roberto Gusmão, presidente da UNE no fim da década de 40, mentor de gerações de políticos e empresários paulistas, ex-secretário do governo de São Paulo e ex-ministro, amigo de Franco Montoro, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Severo Gomes e velho guru de Fernando Henrique, recebeu o presidente em casa, dias atrás, para jantar com alguns amigos.

A conversa, o tempo todo, foi Brasil, Lula, PT, PSDB, tucanagem. No café, depois um sóbrio vinho, Fernando Henrique confessou seu projeto:
- Vou passar um ano calado, sem dar palpites sobre o governo do Lula, andando por aí, fazendo algumas conferências, indo bastante à Europa e Estados Unidos. Em 2004, começo a voltar. Aí o País já vai estar sabendo o que é o governo do PT e já vai começar a ter saudades de mim. Aos poucos, sem pressa, irei falando e rearticulando o PSDB. Em 2006, disputo e ganho.

Houve um rápido espanto e silêncio na sala. Fernando Henrique terminou:
- A Ruth está muito animada com a idéia.
Essa conversa, com poucas mas responsáveis testemunhas, confirma o que disse, dias atrás, em um almoço, em Brasília, a Luciana Cardoso, filha e secretária de Fernando Henrique, e publiquei aqui:
- Foi bom o Serra perder e o Lula ganhar. Assim, voltaremos em 2006.


O legado de FHC


Ontem, os jornais contavam bazófias e mentiras de FHC em Portugal:

1 - "Tendo exercido duas vezes a Presidência e tendo perspectivas de outra ordem, na própria vida pública internacional, não é conveniente, nem para mim nem para o País, que eu fique pensando ou atuando ou usando de artimanhas para algum dia voltar a ser candidato".

2 - "Não terei mais funções político-partidárias. Não está mais no meu horizonte, depois de ter trabalhado tantos anos com dedicação e entusiasmo e até com prazer nas funções de presidente, voltar às lides eleitorais, mas sim está o meu compromisso, como pessoa, como cidadão, como intelectual, de continuar debatendo os temas nacionais e internacionais".

3 - "Às vezes me perguntam sobre o meu legado. É uma pergunta incômoda, porque legado é de quem já morreu. Sei lá o que a história futura falará do que fizemos"?
Em Brasília, entre ministros e líderes do governo no Congresso, há uma frase que define bem Fernando Henrique:
- O que o ele diz só vale até a porta do gabinete. No máximo, o elevador.


Herança maldita


Quem quiser saber qual é o legado, a herança de Fernando Henrique, basta ler os jornais de ontem:

1 - "Preço da comida tem a maior alta desde 94" ("Folha").

2 - "Lucro de banco dá goleada no de empresa: rentabilidade dos bancos bate em 30% nos primeiros nove meses e a das empresas chega apenas a 1,5%" ("Folha").

3 - "Inflação chega a 2,31% na primeira prévia do IGP-M deste mês. É a maior alta desde 1994" ("O Globo").

4 - "Fernando Henrique encerra governo com inflação recorde" (TRIBUNA DA IMPRENSA).

5 - "Desemprego cresce pelo sexto mês consecutivo" (TRIBUNA).

6 - "Em Quixadá, no Ceará, os sertanejos abriram 47 buracos para a construção de cisternas, mas a verba federal não chegou. A parcela atrasada é de R$ 1,4 milhão para 2.100 cisternas no Nordeste e norte de Minas" ("Folha").
Pior do que em 94

1994 significa antes do Plano Real, antes do governo de Fernando Henrique, que começou em janeiro de 95. Logo, tudo que o Plano Real fez Fernando Henrique desfez nos oito anos de seu governo.

Não é só a inflação, os preços. A dívida pública, que Fernando Henrique encontrou em R$ 61 bilhões, segundo o Banco Central está chegando a R$ 900 bilhões (já, R$ 880 bi). A dívida externa, aquela, lembram-se?, da qual Fernando Henrique e Malan diziam que não se ouviria falar em 30 anos, era de US$ 100 bilhões quando eles chegaram e já passou de US$ 270 bilhões.

Os juros a 21%, o dólar a R$ 3,5, este é o legado, a herança maldita dele. E ainda tem a cara de sebo de dizer que o País vai ter saudades dele e voltará.

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