31 agosto 2006


Para PT, ataques não pegam


Na terça-feira à noite, quando o programa eleitoral de Geraldo Alckmin (PSDB) foi transmitido pela TV, a coordenação de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mobilizou dez grupos de eleitores para uma grande pesquisa qualitativa. Sem saber para quem estavam trabalhando, os eleitores assistiram ao programa e deram suas opiniões. Por trás de janelas espelhadas, os marqueteiros de Lula acompanharam cada reação. Terminaram as entrevistas satisfeitos. “Não pegou”, resume um dos principais consultores do presidente. O mesmo resultado apareceu no tracking, uma pesquisa quantitativa de curto prazo, feita por telefone.

O comando da campanha de Lula esperava há dias pelo começo dos ataques. Acompanhava atento as discussões entre políticos do PFL e do PSDB sobre o tom que Alckmin deveria adotar na campanha. No final da manhã de terça-feira, quando foi divulgada a mais recente pesquisa do instituto Sensus, na qual Lula abre 32 pontos percentuais de vantagem sobre o tucano, os marqueteiros de Lula se reuniram e concluíram que o ataque viria no programa da noite. Por isso, arriscaram uma previsão e abriram o programa com a citação de que Lula é o candidato que não agride os adversários.

No programa de terça, Alckmin manteve o mesmo tom ao apresentar sua biografia e falar de propostas e programas do governo. A ofensiva veio na voz do apresentador do programa. Ele relembrou os escândalos do governo Lula, do caso Waldomiro Diniz ao esquema dos deputados sanguessugas. Foi o petardo mais direto da campanha tucana contra Lula, usando corrupção como tema central.

A avaliação da campanha de Lula é de que o assunto causará pouco dano. “Falou-se tanto em corrupção nos últimos meses que quem não vai votar em Lula por causa das denúncias já decidiu o voto”, diz um assessor do presidente. A idéia de Lula é não responder aos ataques, a não ser que eles provoquem mudanças nos índices das pesquisas. As pesquisas qualitativas mostraram que o eleitor tinha pouca informação sobre projetos do governo.

As pesquisas internas da campanha apresentam um cenário mais parecido com o da Sensus que com o da pesquisa do Datafolha, divulgada também na terça-feira, que mostrou Lula com 50% e Alckmin com 27%. Para os petistas, o candidato tucano estagnou em um patamar em torno de 20% a 22% das intenções de voto. Heloísa Helena, do PSol, também teria atingido seu teto, um pouco abaixo de 10%.

Os conselheiros de Lula avaliam que o PSDB cometeu dois outros erros políticos esta semana. O primeiro foi o discurso do senador Tasso Jereissati (CE) contra o Bolsa Família. O segundo foi colocar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na linha de frente dos ataques a Lula. Enfrentar FHC era tudo o que o PT desejava. As pesquisas, sempre elas, mostram que o ex-presidente é o tucano com imagem mais desgastada, resultado da superexposição ao longo de oito anos de governo.

Fonte: Correio Braziliense

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