Serra em visita a Bauru e a greve da Policia Civil
Policiais civis fazem protesto durante visita no Centro
Mesmo pegando muita gente de surpresa, a notícia da visita de José Serra a Bauru na tarde de ontem se espalhou rapidamente. Ao saber da chegada do governador, policiais civis da cidade organizaram uma mobilização barulhenta no Calçadão da Batista de Carvalho. Ao final da manifestação, quando Serra já tinha deixado o Centro de Bauru, uma nuvem, aparentemente de gás pimenta, atingiu um grupo de pessoas que estavam pelo local. Uma garota atingida teve uma reação alérgica e permaneceu internada em observação no Pronto-Socorro Central (PSC) até o final da noite.
O governador José Serra chegou na Praça Rui Babosa às 16h15, onde um trio elétrico o aguardava. Neste momento, cerca de trinta policiais civis já esperavam Serra. Empunhando faixas, além de apitos e buzinas, eles cercaram a comitiva do governador e o acompanharam pela primeira quadra do Calçadão.
Os policiais tentaram marcar uma conversa com Serra, para discutir a greve da categoria que já dura 45 dias em Bauru, mas a iniciativa foi negada, de acordo com Márcio Cunha, delegado regional do Sindicato dos Investigadores da Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp).
Durante a visita do governador ao Calçadão e a manifestação dos grevistas, as opiniões da população eram divididas.
Assim que terminou de cruzar a primeira quadra do Calçadão, na rua Rio Branco, um carro já esperava o governador. Informações dão conta que após a volta pelo Centro de Bauru, Serra teria deixado a cidade.
Alguns policiais se dirigiram ao Bauru Shopping, já que o boato era de que o governador se dirigia para lá. O restante permaneceu no Calçadão, no cruzamento com a rua Gustavo Maciel. Do outro lado da rua, partidários de Caio Coube continuavam a agitar bandeiras do partido e a gritar o nome do candidato.
Gás
Em dado momento, alguém não identificado disparou gás, aparentemente de pimenta, entre as pessoas que estavam pela praça, entre elas, carreligionários e cabos eleitorais tucanos. Considerado arma não letal, no Brasil o spray de pimenta é um produto controlado, sendo considerado arma química de uso restrito e só pode ser utilizado pelas polícias Civil e Militar.
Muita gente sentiu o efeito do gás imediatamente, inclusive esta repórter. Ao menos três mulheres caíram ao chão pelo efeito do gás. “A gente não tem nada a ver com a greve deles. Jogaram esse negócio contra um monte de mulher”, criticou uma das garotas que carregavam bandeiras do candidato.
Ana Cláudia Travassos, coordenadora da equipe de farol do PSDB, foi atingida nos olhos. “Senti o spray em mim. Em seguida, vi três meninas caindo no chão”, contou, após ser medicada.
Ana Cristina Oliveira da Silva conta que assim que percebeu a nuvem de gás, tentou se afastar. Mas logo teve que socorreu a sua filha Meriza da Silva Alcides, 18 anos, que é alérgica e teve uma forte reação ao gás. “Paramos um carro na rua para levá-la ao Pronto-Socorro. Ela já estava com o corpo bastante mole, quando chegamos. Foi aplicada uma injeção anti-alérgica e também foi feita a lavagem dos seus olhos”, conta. A garota saiu da unidade de saúde por volta das 20h.
O militante tucano Veríssimo Barbeiro e o vereador eleito pelo PSDB Fernando Mantovani também foram atingidos. A Polícia Militar chegou no local momentos depois, quando a movimentação na praça já se dispersava.
Posição
Os policiais civis negaram ser responsáveis pela nuvem de gás de pimenta que surgiu ao final dos protestos. Para Márcio Cunha, do Sipesp, a mobilização dos policiais foi pacífica. “Não ofendemos ninguém, em nenhum momento hostilizamos o governador”, afirma.
Sobre o gás, Cunha afirmou que irá averiguar os fatos. “Se alguém, de forma irresponsável fez isso, o sindicato vai apurar, mandar para a Corregedoria”, afirma. “E em paralelo, o próprio sindicato moverá uma ação cível contra essa pessoa”, garante.
Fonte: Jornal da Cidade
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