06 novembro 2006

Hoje, o Sr. Clóvis Rossi converteu-se, ele mesmo, num tirano


Nada como o jornal de ontem (metaforicamente), de um tempo em que o jornalismo da Folha de São Paulo e o Sr. Clóvis Rossi viviam felizes, mãos nas mãos com o tucanato-uspeano-pefelista, então já derrotado pelo presidente Lula em eleições democráticas, mas antes de o presidente Lula ter começado a governar.

Acabava-se o ano de 2002, faltava uma semana para a festa da primeira posse do presidente Lula. Era o tempo em que todo o tucanato-uspeano-pefelista ainda elaborava o luto, mas ainda cria que voltaria rapidamente ao poder.

Para a sempre incompetente e insuficiente ‘sociologia’ tucano-uspeano-pefelista, a democracia no Brasil apenas tivera “um soluço”. Depois, a sempre incompetente e insuficiente ‘sociologia’ tucano-uspeano-pefelista apostaria todas as suas (poucas) fichas, na teoria do “vamos fazê-los sangrar até as eleições... e então os derrotaremos”. Nada disso funcionou, como sabemos hoje, em 2006.

Mas, em 2002, tão autistamente tranqüilos estavam eles, que todo o tucanato-uspeano-pefelista dava-se o luxo de patrocinar algum jornalismo democrático, por pouco democrático que fosse aquela democracia de frases óbvias.

Mas, pelo menos, alguma democracia havia, então, ainda, no colunismo do Sr. Clóvis Rossi.

Dia 24/12/2002, Clóvis Rossi escrevia, na Folha Online:

“No sábado, o jornal venezuelano "El Nacional" publicou charge em que o presidente Hugo Chávez é retratado como "Baby Doc", o nefando ditador haitiano da dinastia Duvalier. É parte de uma campanha para torcer os fatos e mostrar o presidente como um tirano. O que, por sua vez, justificaria sua remoção. Chávez pode ser tudo o que se quiser, mas não é um tirano” (CLOVIS ROSSI: “O seqüestro da democracia", Folha Online, 24/12/2002, na internet, em aqui).

O mundo continuou a rodar, o Brasil começou a democratizar-se, o jornalismo da Folha de S.Paulo começou a degradar-se; deu um passo importantíssimo rumo à degradação quando aceitou como verdade, sem nada investigar, a chantagem do ex-Jefferson.

E La Loprete deixou-se pautar completamente pelo MAIOR aloprado de todos os tempos e latitudes e longitudes, mas espertalhão, dos que conhecem o jornalismo brasileiro e soube usá-lo a seu favor. É verdade que o GA (Grande Aloprado) perdeu praticamente tudo, de lá pra cá; mas, sim, naquele momento, ele serviu-se da Folha de S.Paulo e da Loprete e, sim, safou-se da cadeia.

Cuesta abajo, com a degradação da Folha de S.Paulo, andou a degradação do colunismo do Sr. Clóvis Rossi.

A Folha de S.Paulo, primeiro, embarcou na canoa furada da ‘ética sem política’ – e embarcou nessa canoa, verdade seja dita, mais bestamente do que o mais besta dos petistas ‘sem política’.

Depois, a Folha de S.Paulo, parece, fez a escolha editorial de, sim, se afundar de vez, canoa & ética democrática & tudo, quando aceitou alugar-se à campanha eleitoral INCONTABILIZÁVEL, INFISCALIZÁVEL e ILEGAL do candidato da tucanaria-uspeana-pefelista. A mesma tucanaria, então, já havia sido derrotada, até, por um Alckmin Opus Dei qualquer-aí, dentro de casa. Mas a Folha de S.Paulo embarcou naquela candidatura, pensando talvez, com a Opus Dei, em salvar os anéis paulistas, já que os seus dedos federais estavam cortados.

Um updating democrático-estratégico

Para ter-se uma idéia de o quanto se degradou o jornalismo da Folha de S.Paulo e o colunismo do Sr. Clóvis Rossi, nesses últimos 4 anos, em que todo o jornalismo da Folha de S.Paulo e do Sr. Clóvis Rossi foram alugados à tucanaria-uspeano-pefelista, basta dar um updating – uma ‘atualizada’ – nos nomes, conservando-se o texto daquela mesma coluna de 2002, de modo a que ela fique com a cara que a coluna de 2002 teria hoje, em 2006, se o jornalismo da Folha de S.Paulo não tivesse morrido e se o Sr. Clóvis Rossi não tivesse pirado.

Para esse updating, basta trocar-se um topônimo, sem nada alterar no hard core do argumento. Com isso, obteremos a mesma coluna publicada no Brasil-2002, atualizada para o Brasil-2006.

Updated aquela coluna, dever-se-ia esperar que, em 2006, o Sr. Clóvis Rossi escrevesse o seguinte parágrafo:

“A liberdade de imprensa é tão absoluta no Brasil[1], que beira a libertinagem. Que tirano aguentaria cinco minutos de críticas ferozes e xingamentos nos meios de comunicação?”[2]

Hoje, dia 4/11/2006, contudo, o Sr. Clóvis Rossi desatinou e escreveu que o Brasil-2006 vive “um Carandiru aéreo”.

Hoje, o Sr. Clóvis Rossi não protestou contra a escandalosa e vergonhosa condenação política do Prof. Emir Sader, assim como a Rede Globo não noticiou, no dia, o maior acidente aéreo da história da aviação no Brasil, 'substituída' a notícia, por pilhas cenográficas de dinheiros cenográficos.

Hoje, o Sr. Clóvis Rossi não falou da liberdade de imprensa que há no Brasil, no governo do presidente Lula, e que permite, até, que um Clóvis Rossi misture 300 cadáveres, em coluna jornalística, para servir aos interesses dos assassinos CONHECIDOS de, pelo menos, 111 desses 300 cadáveres, muitos deles ainda reinantes no governo tucano de São Paulo.

Hoje, o Sr. Clóvis Rossi converteu-se, ele mesmo, num tirano. O que dá e sobra, em boa democracia, pra justificar sua remoção.


NOTAS

[1] No original, “na Venezuela de Chavez”, coluna citada.

[2] Coluna citada, ipsis verbis.

[texto produzido pelo Coletivo de Propaganda Política de Democratização "Lula é muitos!", Brasil-2006]

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