Sabotagem biológica
Cientista da UnB contesta Veja e nega que tenha dado entrevista
A série de matérias da revista Veja sobre sabotagem biológica no sul da Bahia agora sofre maior contestação não apenas de políticos acusados, sem provas, de ter disseminado a vassoura-de-bruxa na região. Duas renomadas biólogas mostram que foram usadas pela revista de circulação nacional. A primeira a contestar a versão da reportagem foi a fitopatologista Karina Gramacho e, agora, Maricília Arruda, da Universidade de Brasília (UnB). As duas viram o repórter Policarpo Júnior publicar declarações que elas afirmam nunca ter dado. “Já encaminhei uma carta à revista Veja, esclarecendo que não dei entrevista nem declarações ao repórter”, disse Maricília.
A sabotagem jornalística da publicação foi revelada em e-mails que circularam entre membros da comunidade científica nacional que trabalham com pesquisas envolvendo o genoma da Crinipellis perniciosa (fungo que atacou e dizimou cacaueiros no sul da Bahia e na Amazônia). Nele, Maricília dá detalhes de como foi o contato de Policarpo com ela, por telefone. Diz Maricília: “O Policarpo Júnior (autor da matéria) me ligou dizendo ter conhecimento de que minha tese de doutorado era sobre o Crinipellis e fez um monte de perguntas”.
Ela se mostrou indignada com a postura da revista e revelou que “me foram atribuídas declarações incorretas, por exemplo, de que eu teria dito que isolados agressivos poderiam ter "matado" todos os demais. Reiterando, não dei quaisquer declarações à revista”, comunica Maricília. O objetivo da revista era contestar uma declaração do pesquisador e Phd Gonçalo Pereira, da Unicamp, de que a versão de Timóteo era “inconsistente e mentirosa”, pois da forma como narrada o sul da Bahia não poderia contar com apenas duas variedades de fungos da vassoura-de-bruxa. A pesquisadora confirma ter achado a versão precipitada, e contesta a reportagem.
Indignada com a postura da publicação, a pesquisadora da Universidade de Brasília entrou em contato com a redação em São Paulo e revelou a postura do repórter. O jornalista que atendeu a Maricília considerou como “muito grave a denúncia contra o repórter” e “disse que iria apurar”. Ela informa ainda que, além de alterar suas declarações, a revista se negou a publicar uma carta enviada “contestando a matéria”. Diz ela, diretamente a Gonçalo Pereira: “Eu tinha a expectativa de que seria publicada na edição do final de semana passado (edição de 05/07). Como você deve ter conhecimento, isso não ocorreu”
Fitopatologista também contesta
A conduta considerada “incorreta” da revista Veja também fez outra vítima do que se está chamando de “sabotagem jornalística”. A bióloga Karina Gramacho revelou na semana passada que em nenhum momento questionou a pesquisa de Gonçalo nem disse que “pode não ter sido tão abrangente”. A reportagem ligou para a bióloga altas horas da noite (22, 23 horas) para entrevistá-la, no dia 21 de junho.
“Falei que não gostaria de emitir nenhuma opinião por telefone, porque estava viajando, e porque os estudos que eu estava conduzindo ainda estavam em andamento e por não terem sido ainda publicados não gostaria de falar a respeito de populações do fungo”, afirma Karina. “Assim, não teci comentários a respeito de nenhum estudo em questão”.
Entenda o caso
Na primeira matéria com a denúncia do administrador Luiz Franco Timóteo, Veja contava a versão do denunciante sobre como a vassoura chegou ao sul da Bahia. Registrada em cartório, a denúncia de Timóteo acusava petistas como Everaldo Anunciação, Geraldo Simões e Josias Gomes de ter introduzido a vassoura, juntamente com o próprio autor da acusação. Para isso, teriam usado galhos infectados pela doença e colhidos em quatro cidades de Rondônia, onde a vassoura é endêmica. Aqui, os galhos foram amarrados aos pés de cacau, segundo a versão de Timóteo.
Logo após a entrevista, o pesquisador Gonçalo Pereira contestou a matéria e disse que, daquela forma, seria impossível a doença ter chegado ao sul da Bahia e reproduzido apenas duas espécies de fungos. Gonçalo coordena uma equipe de pesquisa da Unicamp responsável em decifrar o genoma do fungo da vassoura-de-bruxa. É uma das maiores autoridades no assunto e o que disse à Agência Estado e alguns dos maiores jornais do Brasil derrubava a versão de Veja sobre a vassoura no sul da Bahia. Semanas depois, a revista trouxe uma matéria falando da abertura das investigações pela Polícia Federal e Ministério Público Federal.
Para contestar a versão de Timóteo, Gonçalo se baseia em pesquisa feita em lavouras de cacau do sul da Bahia e da Amazônia. Duas das cidades onde foram recolhidas amostras de vassoura para pesquisa do Genoma são localidades citadas pelo denunciante. “A pesquisa mostrou a presença de apenas duas variedades de fungos”, sustentou Gonçalo. Se a versão de Timóteo fosse verdadeira, diz o pesquisador, haveria enorme variedade de fungos no sul da Bahia, repetindo o que acontece na Amazônia. Gonçalo comunicou os resultados da pesquisa a vários órgãos, como a Secretaria Estadual de Agricultura, e os publicou numa revista mundial de pesquisa científica.
A sabotagem jornalística da publicação foi revelada em e-mails que circularam entre membros da comunidade científica nacional que trabalham com pesquisas envolvendo o genoma da Crinipellis perniciosa (fungo que atacou e dizimou cacaueiros no sul da Bahia e na Amazônia). Nele, Maricília dá detalhes de como foi o contato de Policarpo com ela, por telefone. Diz Maricília: “O Policarpo Júnior (autor da matéria) me ligou dizendo ter conhecimento de que minha tese de doutorado era sobre o Crinipellis e fez um monte de perguntas”.
Ela se mostrou indignada com a postura da revista e revelou que “me foram atribuídas declarações incorretas, por exemplo, de que eu teria dito que isolados agressivos poderiam ter "matado" todos os demais. Reiterando, não dei quaisquer declarações à revista”, comunica Maricília. O objetivo da revista era contestar uma declaração do pesquisador e Phd Gonçalo Pereira, da Unicamp, de que a versão de Timóteo era “inconsistente e mentirosa”, pois da forma como narrada o sul da Bahia não poderia contar com apenas duas variedades de fungos da vassoura-de-bruxa. A pesquisadora confirma ter achado a versão precipitada, e contesta a reportagem.
Indignada com a postura da publicação, a pesquisadora da Universidade de Brasília entrou em contato com a redação em São Paulo e revelou a postura do repórter. O jornalista que atendeu a Maricília considerou como “muito grave a denúncia contra o repórter” e “disse que iria apurar”. Ela informa ainda que, além de alterar suas declarações, a revista se negou a publicar uma carta enviada “contestando a matéria”. Diz ela, diretamente a Gonçalo Pereira: “Eu tinha a expectativa de que seria publicada na edição do final de semana passado (edição de 05/07). Como você deve ter conhecimento, isso não ocorreu”
Fitopatologista também contesta
A conduta considerada “incorreta” da revista Veja também fez outra vítima do que se está chamando de “sabotagem jornalística”. A bióloga Karina Gramacho revelou na semana passada que em nenhum momento questionou a pesquisa de Gonçalo nem disse que “pode não ter sido tão abrangente”. A reportagem ligou para a bióloga altas horas da noite (22, 23 horas) para entrevistá-la, no dia 21 de junho.
“Falei que não gostaria de emitir nenhuma opinião por telefone, porque estava viajando, e porque os estudos que eu estava conduzindo ainda estavam em andamento e por não terem sido ainda publicados não gostaria de falar a respeito de populações do fungo”, afirma Karina. “Assim, não teci comentários a respeito de nenhum estudo em questão”.
Entenda o caso
Na primeira matéria com a denúncia do administrador Luiz Franco Timóteo, Veja contava a versão do denunciante sobre como a vassoura chegou ao sul da Bahia. Registrada em cartório, a denúncia de Timóteo acusava petistas como Everaldo Anunciação, Geraldo Simões e Josias Gomes de ter introduzido a vassoura, juntamente com o próprio autor da acusação. Para isso, teriam usado galhos infectados pela doença e colhidos em quatro cidades de Rondônia, onde a vassoura é endêmica. Aqui, os galhos foram amarrados aos pés de cacau, segundo a versão de Timóteo.
Logo após a entrevista, o pesquisador Gonçalo Pereira contestou a matéria e disse que, daquela forma, seria impossível a doença ter chegado ao sul da Bahia e reproduzido apenas duas espécies de fungos. Gonçalo coordena uma equipe de pesquisa da Unicamp responsável em decifrar o genoma do fungo da vassoura-de-bruxa. É uma das maiores autoridades no assunto e o que disse à Agência Estado e alguns dos maiores jornais do Brasil derrubava a versão de Veja sobre a vassoura no sul da Bahia. Semanas depois, a revista trouxe uma matéria falando da abertura das investigações pela Polícia Federal e Ministério Público Federal.
Para contestar a versão de Timóteo, Gonçalo se baseia em pesquisa feita em lavouras de cacau do sul da Bahia e da Amazônia. Duas das cidades onde foram recolhidas amostras de vassoura para pesquisa do Genoma são localidades citadas pelo denunciante. “A pesquisa mostrou a presença de apenas duas variedades de fungos”, sustentou Gonçalo. Se a versão de Timóteo fosse verdadeira, diz o pesquisador, haveria enorme variedade de fungos no sul da Bahia, repetindo o que acontece na Amazônia. Gonçalo comunicou os resultados da pesquisa a vários órgãos, como a Secretaria Estadual de Agricultura, e os publicou numa revista mundial de pesquisa científica.
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