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Jornal tem lado
O jornal anuncia: tem candidato!
Aconteceu nos Estados Unidos: o New York Post anunciou hoje, em editorial, seu apoio à candidatura do republicano John McCain à presidência dos Estados Unidos.
Há muita coisa da prática política norte-americano da qual divirjo, a começar pelo confuso modelo eleitoral. Porém, é exemplar a maturidade com que, lá, os órgãos de comunicação lidam com suas opções, a partir do instante em que as fazem.
O editorial da edição desta segunda-feira do diário recomenda, de maneira explicita, o voto em McCain, justificando-se no "longo histórico de serviços aos EUA(...) contrasta com o currículo breve de Obama". O jornal considera que as propostas de McCain em segurança nacional, impostos, comércio e energia são as melhores.
No texto, deixa-se claro que a decisão não configura qualquer desrespeito à candidatura do democrata Barack Obama.
Falta muito, ainda, para nossa incipiente democracia levar a um estágio em que um órgão possa assumir posição clara em circunstâncias iguais. Sem que isso comprometa sua linha editorial.
Em muitos casos, diga-se, apesar da clara opção feita entre uma e outra candidatura.
Postado por Guálter George
Comentário Alexandre
Quando os nossos jornais e revistas "indepenentes" vão ter essa coragem?
Comentário Adauto Mello
Lá naquele esquema deles fica fácil um jornal fazer isso, seria como a Globo fazer a opção
entre o PSDB ou o PFL (DEM).
Nossa democracia é muito melhor que aquele esquema americano, um candidato como Lula
jamais vai existir naquele jogo de cartas marcadas lá deles.
Os vídeos e fotos que estão chegando via internet da repressão contra os protestos nas convenções
de democratas e republicanos da bem a medida da farsa.
É uma democracia de araque onde a mídia tem um papel fundamental na construção do americano galinha.
Aquele americano médio que é um perfeito idiota.
Temos que parar com essa mania besta de achar que sempre somos inferiores aos outros, principalmente com relação aos EUA.
Depois da ditadura, só os governos de tucanos e demos reprimiram assim manifestantes, grevistas e movimentos sociais.
Justamente tucanos e demos, que têm como referência o modelo americano. Não é por acaso que FHC vive se gabando de ter velhos e grandes amigos lá...
Comentário Caia Fittipaldi
Concordo totalmente com o Adauto: nossa democracia é muito mais vital que a dos EUA, embora o DES-jornalismo aqui seja ZILHÕES de vezes pior que o DES-jornalismo dos EUA (que tb não presta).
Lá, seja quem for o eleito, Obama ou McCain, será eleito PELA MÍDIA.
Aqui, já elegemos e reelegemos Lula CONTRA todos os jornais.
O DES-jornalismo brasileiro é pior que a peste bubônica.
Quanto a jornal anunciar o próprio lado, que tanto impressionou o Alê, também já aconteceu, no Brasil -- e, de fato, não tem importância alguma.
"Já em 1955, lia-se com todas as letras, n'O Estado de São Paulo:
"Jornal de oposição, isto é, jornal que não se enfeuda nem se enfeudou nunca a grupos, partidos, ou governos - a independência de que legitimamente nos orgulhamos dá-nos força moral para aconselhar a quem nos lê a que perfilhe como sua a causa de moralização, ordem e de respeito encabeçada pela UDN."
Foi publicado em editorial do O ESTADO DE S.PAULO, dia. 28/9/1955. "O nosso conselho". Apud Biroli, Flávia. "Jornalismo, democracia e golpe: a crise de 1955 nas páginas do Correio da Manhã e de O Estado de S.Paulo". Rev. Sociol. Polit. [online]. jun. 2004, n. 22 p.87-99. Na Internet, aqui ). Visitado em 8/12/2004. ESTE EDITORIAL FEZ 53 ANOS, SEMANA PASSADA!
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