22 julho 2008

AM: mesmo sem chegar, luz garante popularidade de Lula

AM: mesmo sem chegar, luz garante popularidade de Lula


O programa do governo federal Luz Para Todos, que há cerca de dois anos levou energia elétrica para as comunidades ribeirinhas dos rios Solimões, Negro e Amazonas, garante popularidade ao presidente Lula, mesmo entre os que ainda aguardam o benefício. É o caso de dois pequenos comerciantes de Janauarilândia, próxima a Manaus, que garantem votar no petista "quantas vezes ele se candidatar".

"Dou muito valor, foi o único homem que olhou pelo nosso Amazonas", diz Raul Machado, 78 anos, dono de um shopping de artesanato flutuante no rio Negro. Na falta do fornecimento, queima mais de dois galões de óleo diesel por dia para manter o gerador rodando e seu comércio ativo. Ansioso pela chegada da energia, providenciou ele mesmo os postes. "Prometeram para setembro, quero ver cumprirem", diz.

A energia elétrica não foi o único benefício do governo federal petista que os "caboclos", como os próprios ribeirinhos se chamam, valorizam. De acordo com Machado, o Bolsa Família fez o transporte das crianças em idade escolar deixar de ser braçal para virar motorizado. "Antes as crianças iam pra escola de remo, hoje é só barco com motor", garante Machado.

O mérito das realizações e a popularidade do presidente são reconhecidos inclusive por quem deveria criticá-lo, como seus adversários políticos. O comandante de embarcação, sargento Glauciomar Ramos, filiado ao partido Democratas, chegou concorrer a vereador quando a agremiação ainda se chamava PFL. É obrigado a reconhecer que "descendo o Amazonas ou subindo o Solimões e o Negro, é só Lula", diz.

Cercado de filhos, o descendente de índios Luiz Coelho cobra R$ 10 por cada grupo de turistas que tenha interesse em tirar fotos próximo ou abraçado a sucuris, bichos-preguiça, jacarés (com a boca amarrada por arame) e pirarucus de mais de 10 kg. "Era muito bom ganhar luz, todo dia tenho que comprar gelo pronto", afirma.

Sobre Lula, mesmo sem fornecimento de energia, tem opinião generosa: "fez tudo por nós, é nosso rei". O indígena diz negociar artesanato diretamente com chineses. Aceita dólares, libras, pesos, euros, ienes, iuanes, não escolhe moeda. Só não emite recibo. "Já viu caboclo dar nota?"

Por Hermano Freitas
Direto de Manaus

Fonte: Terra

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