31 julho 2008

Para análise 2

31/03/2008
PHAMORIM, PT E A FUSÃO DA "OI" COM A "BRASIL TELECOM"


Fui "desafiado" (arreégua) por alguns leitores a "provar" que Paulo Henrique Amorim nem sempre foi tão contrário à fusão das duas teles em epígrafe.
Considerando que o iG não tem mais os arquivos de PHA; Considerando que o próprio PHA não os pôs em seu blog nem fez backup; e Considerando que não tive muito tempo...
Fui obrigado a recorrer ao Google e tudo deu certo, rapaziada! Vamoquevamo! A história se divide em dois atos:

Primeiro Ato - Indefinição x Defesa do Governo Lula
PHA, em princípio, não foi contra a fusão. AO contrário, FOI CONTRA QUEM ERA CONTRA (isso não é uma forma de ser a favor?). O motivo era simples: segundo notícias preliminares (e depois comprovadamente equivocadas), Daniel Dantas se daria mal com a fusão.
Nessa época, e apenas nessa época, PHA não foi contra. Nem os petistas. E aí não tem a ver com Dantas, mas com a medida legal que Lula precisaria emitir em favor da fusão.
Vejamos trechos do que PHA escreveu no dia 11/01/2008 (todos os grifos - dessa e de outras transcrições - são nossos):

"...O noticiário frenético do PIG sobre as negociações entre a Brasil Telecom e a Oi são um indício disso (1). Dantas distribui ao PIG os mesmos argumentos que usa na Justiça de Nova York para ganhar a causa contra o CITI – ele, Dantas, é vítima de uma “grande conspiração”. A manchete da Folha desta quinta-feira, uma manchete garrafal, de lado a lado na primeira página, acima da dobra, como se os Aliados acabassem de desembarcar na Normandia, é uma das provas, físicas, dessa coincidência de interesses. Um dos autores da reportagem, Guilherme Barros, poderia, por exemplo, deixar claro aos leitores da Folha que, segundo regras elementares de lisura, tem (ou teve até recentemente) conflito de interesse quando trata de Dantas. (2) (...) Embora a reportagem da Folha publique a versão da operação que mais interessa a Dantas: clique aqui para ler “Fundos terão participação “relevante” na “BrOi”). (3) A campanha dos “colunistas” da Veja, a última flor do Fascio, é ainda mais grave. (4) O excelente jornalista Luis Nassif, meu colega aqui do iG, tem escrito com todas as letras que a Veja e seu manda-chuva, o ex-jornalista Eurípides Alcântara, escrevem sob inspiração de Dantas. (5) (...) O Conversa Afiada reproduz abaixo um trecho da cobertura sempre excelente do Teletime News (6) sobre essa coincidência de interesses do PIG com Dantas (7), e a importância que isso tem na Justiça americana. É um trabalho liderado pelo sempre competente Samuel Possebon (...)."

Comentos:
1 - O noticiário era CONTRA a fusão. PHA atribuía a Daniel Dantas o tom negativo das matérias e, como visto, se posicionava "contra quem era contra";
2 - PHA não usa essas mesmas regras. Ele nunca alegou "conflito de interesses" por ter seu website hospedado por Demarco, adversário de Dantas, ou mesmo por se declarar amigo do referido empresário (os defensores de PHA, curiosamente, aludem a essa "amizade" como justificativa de sua boa-fé ou ausência de má-fé... é mole?);
3 - A versão "que interessa a Dantas" é a versão CONTRÁRIA à fusão; e a nota a que PHA se refere está reproduzida mais abaixo, neste mesmo texto, sendo devidamente comentada;
4 - PHA considera "grave" a "campanha" dos colunistas da Veja. Que "campanha" era essa? Ora, eles eram CONTRA a fusão. E qualquer leitor deste blog sabe que não sou nem um pouco entusiasta de Reinaldo Azevedo, mas não sou desonesto a ponto de fingir que ele não era contra desde o início, porque era, sim. Quem mudou foi PHA;
5 - Transcrevo mais adiante trechos do texto de Nassif, citado por PHA e, de novo, PHA sustenta que os colunistas da Veja, ao condenar a fusão, agiam sob orientação de Dantas;
6 - Depois de trechos do texto de Nassif, transcrevo excertos da matéria do Teletime, citada por PHA;
7 - Pena enésima vez, PHA associa a imprensa a Daniel Dantas. O que fez a imprensa (sobretudo nos exemplos citados pelo colunista) para receber esse ataque? Foi CONTRA a fusão. Segundo PHA, portanto, Dantas SERIA CONTRÁRIO À FUSÃO.
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O Texto de Nassif
Abaixo, o artigo de Luís Nassif citado por PHA na coluna comentada acima:

"Guerra empresarial - As informações e denúncias que serviram de base para as notas dos blogs da Veja sobre a possível fusão Oi-BrT são da lavra de Daniel Dantas (1) (...) A defesa de Dantas tem sido em cima da tese de que ele está sendo vitima de uma conspiração política do governo, visando beneficiar a Telemar (2). O Teletime de hoje traz informações sobre esse processo (3). Na ação em NY, o Opportunity alega que: "A conduta dos executivos dos fundos de pensão tinha como objetivo remover o Banco Opportunity em suporte ao objetivo de facções do governo, que esperavam usurpar o controle da joint venture para que pudessem satisfazer objetivos políticos e acordos. Em particular, o controle da Brasil Telecom permitiria aos gestores dos fundos de pensão tomar iniciativas em benefício de objetivos políticos e financiadores privilegiados e aliados de certos membros do governo, como a Telemar. Um dos acionistas controladores da Telemar é o principal doador do PT (4)..."

1 - Blogs da Veja eram CONTRA a fusão; segundo Nassif - e apoiado por PHA -, Dantas era também CONTRA tal processo, tanto que teria plantado as notas;
2 - Argumenta-se até os motivos pelos quais Daniel Dantas seria contra a fusão;
3 - O referido texto segue abaixo;
4 - Guardem essa informação: quando houve o anúncio da fusão, os alegados defensores de Daniel Dantas a repudiavam tendo em base suposto prejuízo que ele sofreria e usavam como argumento o fato do principal doador do PT ser diretamente beneficiado com o negócio (peço para guardarem isso, pois mais adiante trarei um exemplo de como a blogosfera petista se comportou na época do anúncio da fusão).
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Agora, trechos da matéria do "Teletime News", do dia 10/01/2008, também citada por PHA:

"Fusão pode reforçar discurso de Dantas contra o governo - Em setembro de 2007, conforme registrou este noticiário, o grupo de Daniel Dantas disse à Justiça de Nova York, sem apresentar nenhuma prova, que foi afastado do controle das empresas de telecomunicações por conta de uma perseguição política do PT e porque haveria uma agenda oculta envolvendo os interesses da construtora Andrade Gutierrez e a Telemar para uma eventual fusão com a Brasil Telecom (1) (...) Pois se a operação de fusão da Brasil Telecom com a Oi, na forma com que está sendo discutida, vier a acontecer, Dantas certamente dirá que estava certo. (2) (...) Este noticiário lembra, contudo, que foi ele, Dantas, quem primeiro falou em uma fusão entre Telemar e Brasil Telecom, em uma entrevista ao Jornal Valor, em 2001. Na época, ele era controlador da BrT. Dantas também tentou entrar no controle da Telemar adquirindo a participação da Inepar, ato considerado irregular pela Anatel, que determinou a perda dos poderes de controle destas ações adquiridas pelo Opportunity em 1999. (3)"

1 - Segundo o Teletime, em texto que PHA recomendou em sua coluna, Daniel Dantas era CONTRA a fusão por se ver prejudicado - e, como a Folha também publicou manchete contra o procedimento, PHA acusa o periódico de ser "pró-Dantas", em especial o autor da reportagem;
2 - O Teletime tem tanta segurança na idéia de que a fusão traria prejuízo para Dantas que chega ao ponto de antecipar o argumento que ele poderia dizer quando o negócio se concretizasse (coisa que, por acaso, não ocorreu);
3 - Um dos argumentos usado para constranger Daniel Dantas e o fato dele ser contra a fusão é que ele próprio, quando detinha controle das empresas, queria realizar a operação. A idéia é aquela de que ele antes era a favor, agora é contra, então aí tem... Nunca vi um caso tão engraçado de feitiço que virou contra o feiticeiro (mas para PHA, claro);
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A seguir, trechos da matéria de capa da Folha, que foi atacada por PHA (assinante lê na íntegra):

"Oi acerta preço de compra da Brasil Telecom - Ainda é preciso mudar legislação do setor para permitir que negócio seja fechado; valor da compra seria de R$ 4,8 bilhões. Governo já anunciou que apóia o negócio; Oi diz apenas que tem interesse em comprar empresas, e CVM pede explicações (...) Para a concretização da compra ou fusão entre duas das maiores empresas de telefonia do país, ainda é preciso mudar a legislação do setor. O governo apóia o negócio. (...) Os grandes mentores do projeto e principais negociadores foram os empresários Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez, e Carlos Jereissati, do grupo La Fonte. (...) Andrade teve como avalistas da operação o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Andrade é um dos empresários mais próximos de Lula. Os dois se conhecem desde a época em que Lula perdeu a eleição para Fernando Collor de Mello (1989), quando Andrade lhe deu apoio. A compra da BrT pela Oi ou a fusão entre elas depende de decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alterando o decreto 2.534/98, que aprovou o Plano Geral de Outorgas. Ele determina que, se uma concessionária adquirir outra, terá que abrir mão de sua concessão original no prazo de seis meses. (...) O governo federal já deu seguidos sinais de que apóia o negócio..."

Qual seria o "dedo" de Dantas nessa reportagem? A matéria fala contra o Governo (que mudaria a legislação para permitir um negócio no qual lucraria um grande amigo de Lula e doador do PT), e pelo que se depreende do texto - e pelo que se sabia até então... - Daniel Dantas estava fora da jogada.
Em suma: a FSP apontou algumas irregularidades e/ou falhas num negócio que, em princípio, aparentemente prejudicaria Daniel Dantas. Talvez isso tenha feito com que PHA imputasse à reportagem o "dedo" do banqueiro.
E, também talvez por isso, PHA não se manifestou contra a fusão; ao contrário, publicou textos "contra quem era contra" (repito: é uma forma de ser "a favor").
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PHA, no dia seguinte, 12/01, voltaria à carga. A seguir, trechos de sua coluna, com comentários meus logo depois:

"Neste momento, na sede do BNDES no Rio, se discute o “xis” do desenho para criar uma empresa nacional que reúna a Brasil Telecom (que controla o iG) e a Oi, ex-Telemar. O “xis” é o acordo de acionistas que vai definir quem decide sobre: orçamento, investimentos e aquisições. A nova empresa – “BrOi” – não será estatal. (...) os fundos de pensão (...) manterão posição "relevante" nessa nova empresa. (...) A maioria das ações da nova empresa ficará com os grupos LaFonte e Jereissati – dois grupos privados nacionais. (...) Segundo a fonte do Conversa Afiada, a imprensa brasileira – especialmente a manchete da Folha, na primeira página reflete o lado de alguns sócios da Oi (quem será ?) – e “está por fora”. Além disso, segundo a avaliação do próprio Conversa Afiada, a cobertura do PIG – que começou (notem bem) na IstoÉ (!?) e na Veja (!?), pode refletir também a aflição de Daniel Dantas. Com esse modelo, Dantas vai levar para casa – da BrT e da Oi – muito menos do que poderia levar em desenhos que tinham sua própria assinatura e, como sempre, mereciam a generosa cobertura do PIG. Primeiro, Dantas está pendurado num processo nos Estados Unidos: se perder, vai ter que devolver, por baixo, ao Citi, US$ 300 milhões. E com esse desenho da “BrOi”, Dantas vai receber apenas o percentual irrisório de ações que tem na Solpart – que venderia à Oi. A Solpart é a holding que controla a Brasil Telecom. As outras ações que Dantas comprou da BrT no mercado secundário, por meio de um processo de “garimpagem” investigado pela CVM, essas, possivelmente, “micarão”. Dantas gostaria de vender tudo num bolo só – e não vai conseguir. Por isso o PIG revela certo nervosismo e dá destaque – como já deu no passado – a um desenho que contemplaria os interesses pessoais de Dantas..."

PHA tinha CERTEZA de que Dantas se daria mal. Tanto que, quando a imprensa noticiava os fatos de uma forma negativa (ou seja, dizendo que precisaria de mãozinha governamental etc), Amorim, sem medo de ser feliz, dizia que tinha aí o dedo de Daniel Dantas.
Essa coluna de PHA pode ser TUDO, menos CONTRA a fusão. Parece um manual, extremamente didático, explicando as conseqüências do negócio, além de tripudiar do iminente fracasso financeiro que se previa para Dantas.
Não aconteceu isso. E aí PHA passou a ser contra - veementemente contra - a fusão. Enquanto Dantas seria o grande prejudicado, PHA não era contra. E esse é o registro, essas são as provas, esses são os fatos.
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A blogosfera petista - e pego aqui o melhor exemplo possível ("melhor" vocês sabem em que valor semântico, né?) -, não era também contra a fusão. Abaixo, trechos de postagem do blog "Os Amigos do Presidente Lula", do dia 13/01/2008:

"A Telemar, a Brasil Telecom e o filho do Presidente Lula - Qualquer coisa que qualquer parente do Presidente Lula faça e possa ser interpretado contra o Presidente será usado pela imprensa demo-tucana (...) É bem possível que os donos da Telemar (inclusive Carlos Jereissati) pensaram na possibilidade de obter favores não republicanos, quando associaram-se ao filho do Presidente, pelo histórico de filhos de presidentes anteriores. Mas no caso do Presidente Lula não se tem notícia de qualquer favorecimento. Agora insinuam que tal fato seria tráfico de influência para aprovação da fusão da Telemar com Brasil Telecom, e certamente o assunto vai render nas páginas e telas da imprensa demo-tucanas. Qualquer análise mais profunda mostra o quanto essas insinuações não tem fundamento. (...) O Presidente Lula é um estadista, ele decidirá a questão da Telemar com a Brasil Telecom com vistas ao que é melhor para o Brasil e para a integração sul-americana. Tanto é errado permitir a fusão por pressão, como é errado deixar de permitir por pressão, se a fusão for boa para o Brasil. (...) É com esse propósito que está sendo estudada a vantagem de criar uma tele gigante nacional. O resto é a velha ladainha da oposição."

Quem diria que a "velha ladainha" passaria a ser também da situação, né? Como a Telemar se beneficiaria com a fusão, os agentes políticos de oposição - claro! - rememoraram o "Caso Lulinha". É do jogo.
Os defensores de Lula, por sua vez, afastaram a hipótese e, no pacote, defenderam a idéia da fusão. O texto está aí e retrata o pensamento "empresarial" dos petistas da época.
Hoje, com a rescisão contratual de PHA, alguns blogueiros se esquecem do passado (e falo aqui coisas havidas há poucos meses!) e atacam as empresas cuja operação principal até ontem defendiam ou quanto a elas se omitiam.
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Segundo Ato - A Fusão é Feia, Boba e Cara de Melão
PHA não era contra a fusão, e num dos textos até tripudia da suposta desvantagem que tal negócio seria para Daniel Dantas, seu inimigo declarado. Mas, depois, um pouco por medo de sair do iG, outro tanto por bronca em razão de tal operação não ser um exato fiasco para DD, ele passou a ser um crítico.
Depois de algum tempo fazendo campanha contra - mas não comprovadamente em função disso -, o iG rescindiu contrato com sua empresa.
A "blogosfera independente", fingindo que nunca houve o "primeiro ato" narrado nesta verdadeira epopéia, pôs PHA como "vítima" da fusão. Houve alguns que diziam ser o polemista "um obstáculo" para a fusão.
Obstáculo? Menos, menos. Beeem menos...
Para toda a blogosfera "independente", portanto, a fusão do BrT com a Oi é feia, boba e tem cara de melão. O motivo? Sei lá. Para PHA o motivo me parece claro: Dantas não se deu tão mal quanto ele previa. Muitos blogueiros acabam indo na onda sem nem saber quem REALMENTE tem interesse na história. Vão de alegres, coitados.
Pergunta
E agora? Vão me pedir para provar que o homem realmente pisou na Lua? Ou vamos conversar de futebol, do clima, de temas amenos?

Fonte: Imprensa Marrom


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