02 junho 2008

Entrevistas de Lula em Roma


Presidente Lula e líderes mundiais discutirão em Roma a fome que assola o planeta


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se encontra em Roma onde, junto com os líderes de 193 países, participará nas discussões sobre a grave crise mundial provocada pela alta dos preços dos alimentos e do petróleo.

A reunião de cúpula extraordinária convocada pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) será realizada depois de vários meses de revoltas por causa da fome sentida em países como Haiti, Filipinas, Indonésia, México e Egito.

Além de Lula, estarão presentes os chefes de Estado Cristina Kirchner (Argentina), Nicolas Sarkozy (França), Hosni Mubarak (Egito) e Mahmud Ahmadinejad (Irã), assim como os chefes de Governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e do Japão, Yasuo Fukuda.

Também foram convidados os chefes do Banco Mundial, Robert Zoellick, do FMI, Dominique Strauss-Khan, ONGs como o Movimiento dos Sem-terra (MST), do Brasil, que defenderão alternativas de desenvolvimento sustentável e questionarão o modelo econômico que domina o mundo.

A FAO tentará rebater as críticas contra sua gestão, como as feitas recentemente pelo presidente do Senegal, Abdulaye Wade, que a considera uma organização ineficaz, e também tentará reconquistar sua posição de líder com a busca de soluções para a alta dos preços.

O diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, que também é senegalês, minimizou o ataque de Wade alegando que se trata de uma polêmica motivada por razões políticas internas.

Mas as críticas do dirigente africano à instituição não são as únicas.

Há doze anos, em novembro de 1996, foi realizada também em Roma a primeira reunião de cúpula mundial sobre a alimentação, durante a qual a comunidade internacional se comprometeu a reduzir, até 2015, à metade o número de pessoas que passam fome no mundo, algo em torno de 800 milhões, um objetivo que, segundo os especialistas, não será alcançado.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deverá propor em seu discurso inaugural um plano de ação imediato para aliviar a situação humanitária.

Segundo um informe da FAO divulgado na semana passada, 22 países, em sua maioria africanos, são particularmente vulneráveis ao aumento dos preços dos alimentos e combustíveis.

Os países assinalados pela FAO são Eritréia, Níger, as Ilhas Comores, Botsuana, Haiti, Libéria, Burundi, Tadjiquistão, Serra Leoa, Zimbábueabwe, Etiópia, Zâmbia, República Centro-africana, Moçambique, Tanzânia, Guiné-Bissau, Madagascar, Malawi, Camboja, Coréia do Norte, Ruanda e Quênia.

Para vários países europeus ou em desenvolvimento (como Cuba e Venezuela), parte da responsabilidade se deve ao boom dos combustíveis alternativos (como o etanol ou biodiesel), uma versão rebatida pelo Brasil, principal produtor dessas energias junto com os Estados Unidos.

Lula voltou a defender o etanol da cana-de-açúcar como biocombustível, afirmando que não provoca escassez de alimentos nem inflação para os pobres, e criticou as "especulações" do mercado petroleiro.
"Se as pessoas quiserem respeitar seriamente o Protocolo de Kyoto, os biocombustíveis derivados da cana representam uma solução", afirmou, condenando ao mesmo tempo os provenientes do milho e do trigo.

Fonte: AFP

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Lula quer mostrar a céticos que etanol não compete com alimento


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, no domingo, que vai procurar persuadir os líderes mundiais que vão se reunir em Roma, esta semana, de que o etanol não é o culpado pela inflação mundial dos alimentos.

O Brasil é o maior exportador mundial de etanol e pioneiro na produção de biocombustíveis à base de cana de açúcar, o que o torna alvo de críticos que alegam que o etanol é responsável pelos aumentos nos preços mundiais das commodities.

O presidente Lula disse que a cúpula da ONU sobre segurança alimentar, que começa na terça-feira, dará à maior economia da América Latina uma oportunidade de moldar o debate sobre biocombustíveis, e que espera conquistar a adesão de alguns céticos.
"Esse encontro que a FAO (a Organização das Nações Unidas para os Alimentos e a Agricultura) está promovendo será uma grande oportunidade para o Brasil", disse Lula a jornalistas em Roma antes do início do evento.
"Estou convencido de que estamos no início de um debate. Cabe ao Brasil, centro de excelência na produção de etanol, provar que é plenamente possível compatibilizar a produção de etanol com a produção de alimentos."


O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que montou sua própria força-tarefa para encontrar respostas para a crise da segurança alimentar, deve reunir-se reservadamente com Lula em Roma na segunda-feira, antes da cúpula que terá lugar entre 3 e 5 de junho.

Tomarão parte na cúpula os líderes da França, Espanha, Japão, Argentina e alguns países africanos. Também está prevista a presença do iraniano Mahmoud Ahmadinejad, em sua primeira viagem à Europa ocidental como presidente.


A maior parte da rejeição aos biocombustíveis se refere à produção norte-americana de etanol à base de milho, que vem desviando grandes quantidades desse alimento básico para a produção de combustível.

INVASÃO
Críticos dizem que no Brasil a produção de etanol está levando agricultores e pecuaristas a invadir áreas maiores da floresta amazônica. Lula rejeitou essas alegações e disse que países da Europa e outras regiões não têm o direito de fazer sugestões quanto à política com relação à Amazônia.
"Nenhum país no mundo tem a autoridade moral e política de falar conosco sobre conservação ambiental e etanol", disse ele, acrescentando que a União Européia conserva apenas 0,3 por cento de sua mata original.
"A Amazônia é nossa e vamos cuidar dela de maneira responsável."


Lula é defensor de longa data do etanol à base de cana, dizendo que o combustível pode ajudar a combater o aquecimento global e permitir que países pobres contrabalancem a alta dos preços do petróleo, que ele atribuiu à especulação do mercado.

Ele disse que o Brasil é a prova de que os países não precisam escolher entre alimentos ou combustíveis. Com o etanol feito de cana de açúcar, o Brasil vem elevando sua produção de biocombustíveis ao mesmo tempo em que aumenta sua produção agrícola.
"Nós brasileiros estamos convencidos de que o mundo pode resistir, mas que terá que assumir a responsabilidade por usar outros combustíveis", disse Lula.


Henrietta Fore, administradora da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), falou favoravelmente sobre o programa brasileiro de etanol antes da cúpula da ONU.
"Temos tido relações muito produtivas com o Brasil com relação aos biocombustíveis", disse ela a jornalistas no domingo. "O Brasil tem um programa muito eficaz de combustível à base de cana de açúcar que poderá ser de enorme utilidade para o Caribe."

(Reportagem adicional de Robin Pomeroy, em Roma)
Por:
Phil Stewart

Fonte: Reuters

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EM ROMA, LULA CONDENA A ESPECULAÇÃO DO MERCADO PETROLEIRO


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou hoje a forte "especulação" que caracteriza o mercado petroleiro internacional, e defendeu com firmeza o programa de seu país no setor dos biocombustíveis.


O presidente Lula fez a afirmação durante uma coletiva de imprensa na embaixada brasileira em Roma, em visita ao país para a Conferência da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) sobre Segurança Alimentar, Mudanças Climáticas e Bioenergia, que será realizada de 3 a 5 de junho.


Atualmente, "o preço do petróleo, no momento da extração, não chega a US$ 35 por barril", disse Lula ao destacar a exorbitante cotação internacional do ouro negro.


O presidente destacou que, contrariamente ao forte interesse mundial que existe em relação ao tema dos biocombustíveis, "o debate sobre o alto preço do petróleo é como se não existisse".

"Estive há pouco na cúpula União Européia-América Latina, e de fato não houve nenhuma discussão sobre este ponto nem sobre a crise dos empréstimos hipotecários a riscos (subprime)", disse Lula sobre o preço do petróleo.

"É fundamental encontrar um preço de petróleo que seja compatível com a necessidade dos países pobres do mundo", insistiu o presidente.

Lula afirmou, ainda, que não está preocupado com as discussões de terça-feira e quarta-feira na FAO.


Durante a coletiva, o presidente também aproveitou para falar sobre as condições dos brasileiros em países europeus. "Cada vez que algum brasileiro é perseguido, é preciso lembrar como, no passado, o Brasil recebeu os imigrantes europeus, ou seja, de coração", disse.

Lula comentou o "problema dos imigrantes nos países da União Européia, incluindo a Itália". "Queremos ser tratados do mesmo modo, não queremos nada a mais", enfatizou.


Ao falar sobre as relações entre Brasil e Itália, Lula disse que "todos conhecem o êxito da Fiat e de outras empresas italianas no Brasil".

A presença dessas empresas contribui "para reforçar a relação entre os dois países", afirmou enfatizando a importância da experiência italiana das pequenas e médias empresas.

Lula é um dos chefes de Estado que falará na Assembléia da FAO, e seu discurso gera grande expectativa, principalmente, pelo tema dos biocombustíveis, que segundo recentes informes influi em um terço no aumento do preço dos alimentos.


Durante a estada em Roma, o presidente se hospeda na embaixada brasileira.


Amanhã, Lula participará de uma reunião do grupo de amigos de "Apoio ao Haiti", integrado também por Argentina, Bahamas, Belize, Canadá, Chile, Estados Unidos, Guatemala, México, República Dominicana e Venezuela. Alemanha, Espanha, França e Noruega são observadores permanentes do grupo.


Segundo o ministro da Secretaria de Comunicação Social do Brasil, Franklin Martins, Lula falará sobre o etanol, sobre como deter a mudança climática e diminuir o aquecimento global, e dar andamento às metas do Protocolo de Kyoto.

Fonte: ANSA



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