Caso Alstom, 3 matérias hoje na Imprensa Tucana????
Milagre
Milagre
Serristas barram investigação sobre Alstom
Aliados do governo tucano na Assembléia rejeitam todos os requerimentos para convocar ex-diretores da Eletropaulo
Ex-presidente de conselho da estatal, convocado em 2007, nega em depoimento que tivesse ingerência sobre os contratos da empresa
A base aliada do governo José Serra (PSDB) na Assembléia Legislativa de São Paulo frustrou ontem nova tentativa da oposição de usar a CPI da Eletropaulo para investigar suspeitas de corrupção em contratos assinados entre a empresa e a Alstom, antes da privatização da companhia, em 1998.
Em maioria na CPI, os governistas rejeitaram todos os requerimentos apresentados pela oposição, que pretendia convocar para depor ex-diretores da Eletropaulo e obter cópias de contratos e relação de pagamentos feitos pelo Estado à Alstom e suas subsidiárias.
A CPI foi criada para apurar a privatização da Eletropaulo. Porém, com os indícios de corrupção levantados por promotores suíços, a oposição tentou levar o caso para a comissão.
Com o fim próximo da comissão, cujo prazo de esgota no dia 30, a oposição praticamente desistiu de investigar a Alstom via CPI. Na semana passada, aliados já haviam obstruído a investigação, o que contrariou uma orientação pública de Serra, de que todas as suspeitas deveriam ser apuradas.
Ontem, a CPI ouviu David Zylbersztajn, secretário de Energia do Estado e presidente do conselho de administração da Eletropaulo durante o período em que foram negociados contratos com a Alstom colocados sob suspeita por investigadores suíços.
Zylbersztajn só foi depor, na condição de testemunha, porque havia sido convocado ainda no ano passado, antes das suspeitas envolvendo a Alstom. Na CPI, ele negou que tivesse algum poder de decisão sobre contratos e só se irritou no final, durante entrevista.
O ex-secretário, hoje dono de uma empresa prestadora de serviços na área energética, encerrou a entrevista ao ser questionado se conhecia o empresário Romeu Pinto Júnior, apontado como o dono da "offshore" MCA Uruguay, que teria recebido recursos da Alstom para pagar propinas a políticos.
A sessão, porém, ficou boa parte do tempo restrita a um bate-boca entre o presidente da CPI, José Mentor (PT), e o relator, João Caramez (PSDB), sobre a prerrogativa da comissão de entrar no caso Alstom, já que foi criada com outra finalidade.
"Há uma blindagem para evitar que se atinja o governo de São Paulo, o Serra e principalmente o [ex-governador Geraldo] Alckmin", disse Enio Tatto (PT), irritado com a rejeição dos requerimentos.
Em resposta, o tucano Caramez afirmou: "Não adianta querer justificar o injustificável. Todos [os requerimentos] fogem do objeto da CPI".
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO E MARIO CESAR CARVALHO
Fonte: Folha de São Paulo
'Nunca fiz intermediação de negócios', afirma Ramos
Entrevista - José Ramos Pinto: empresário; O empresário José Amaro Pinto Ramos assume que trabalhou para a Alstom, mas diz que parou há oito anos
Eduardo Reina
O empresário José Amaro Pinto Ramos admite que trabalhou para a Alstom no Brasil, na elaboração de projetos para captação de crédito externo, mas nega a existência de propina. Em entrevista por e-mail, ele assumiu que organizou jantar nos EUA em que estiveram presentes FHC e o ex-diretor mundial da Alstom Jacques Cizain.
Como foi o seu trabalho para a Alstom no Brasil?
É preciso esclarecer que nunca fiz intermediação de negócios. Minha empresa, a Epcint, trabalhou para diversas empresas brasileiras, européias, japonesas, americanas e soviéticas. A Epcint foi contratada no início dos anos 90 pelo consórcio Mafersa/Villares, para estruturar um complexo crédito externo, que viabilizaria a produção nacional de trens para a Linha 2 do Metrô de São Paulo. Posteriormente, a Mafersa foi arrendada pela Alstom. Nesse período trabalhamos com a Alstom e vários de seus concorrentes. Com a evolução positiva do crédito brasileiro, esse tipo de operação deixou de ser interessante. Há oito anos não temos atividades nesta área, nem com a Alstom especificamente.
Como foi o jantar em Washington oferecido para FHC?
Após assistirmos à posse do presidente Bill Clinton, em janeiro de 1993, combinamos - naquele momento, sem pré-agendar - um jantar do qual participaram nosso amigo comum Sérgio Motta, o então ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique, o então diretor de Operações do BID, Paulo Renato, eu e nossas esposas. Ao nosso lado na cerimônia estava Jacques Cizain, meu conhecido, que foi convidado a se juntar a nós, num grupo que chegou a 14 ou 15 pessoas. Vale lembrar que Cizain conhecera Fernando Henrique em palestra no Medef, equivalente à Confederação Nacional da Indústria na França.
Como conheceu FHC?
Conheci o ex-presidente no tempo em que ele era professor da USP. Não o vi nem falei com ele em nenhum momento durante seus dois mandatos presidenciais.
O senhor foi investigado pelo FBI por ter intermediado empréstimo para um ex-secretário de Bill Clinton, Ron Brown?
Desconheço qualquer investigação do FBI sobre mim. Ron Brown era meu amigo. Eu o conheci fora do contexto de suas funções públicas, quando era um influente advogado nos EUA.
Fonte: O Estado de São Paulo
Lobista ligado a tucanos é alvo de promotor no caso Alstom
Conhecido de empreiteiros, Ramos tratava Sérgio Motta de ‘amigo fraterno’
Eduardo Reina
O Ministério Público abriu nova frente na investigação sobre a suposta propina paga pela Alstom, multinacional francesa do ramo de energia e transporte, a integrantes do governo paulista e do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Trata-se do empresário José Amaro Pinto Ramos, por causa de sua grande proximidade com políticos do PSDB e seu trabalho de lobby a favor de empresas do setor energético e de transporte sobre trilhos, principalmente para estatais em todo o País. São os contratos da Alstom nessas áreas que estão sob análise de autoridades brasileiros e suíças.
Ramos é dono da EPCint Estudos Projetos e Consultoria Internacional, com filiais em São Paulo, Nova York e Paris. É conhecido pelos maiores empreiteiros brasileiros e tem grande trânsito entre políticos tucanos. Era ligado a Sérgio Motta, o ministro das Comunicações de Fernando Henrique Cardoso. Ele chamava Motta de “amigo fraterno”.
Em 1993, na posse de Bill Clinton na Presidência dos Estados Unidos, Ramos apresentou Motta ao então assessor James Carville, responsável pela campanha vitoriosa do Partido Democrata. Houve tanta sintonia entre eles que depois Carville acabou participando de reuniões da campanha presidencial de Fernando Henrique.
Após a posse, o empresário ofereceu jantar para Fernando Henrique e integrantes do PSDB - na época, o ex-presidente era chanceler. O evento reuniu a cúpula tucana e também Jack Cizain, então diretor-geral da Gec Alsthom, renomeada Alstom. No jantar, o hoje deputado Paulo Renato Souza entoou tangos em dueto com a mulher. A atriz Ruth Escobar chegou a cantar fados.
Três anos depois, em 4 de junho de 1996, Cizain participou da compra da Light, no Rio de Janeiro. No contrato, ele aparece como representante da francesa Electricité de France (EDF), uma das empresas que formam o consórcio comprador da distribuidora fluminense. O atual presidente da Light é José Luiz Alquéres, ex-presidente da Alstom no Brasil.
O próprio Ramos contou que conheceu Motta, presidente da Eletropaulo na gestão de Franco Montoro, quando trabalharam juntos, de 1969 a 1971, na elaboração de planos de desenvolvimento para municípios.
O lobista já foi réu em ação com o ex-presidente do Metrô na gestão de Orestes Quércia, Antonio Sérgio Fernandes. Foram acusados de formação de quadrilha e falsidade ideológica e tiveram pedido de prisão decretado. Acabaram absolvidos.
O nome de Ramos também consta de investigação do FBI - a polícia federal dos EUA - sobre propina recebida por Ron Brown, então secretário de Comércio de Bill Clinton, em 1995. De acordo com a revista U.S. News & World Report, Ramos intermediou empréstimo de US$ 108 mil para Brown.
Fonte: O Estado de São Paulo
Aliados do governo tucano na Assembléia rejeitam todos os requerimentos para convocar ex-diretores da Eletropaulo
Ex-presidente de conselho da estatal, convocado em 2007, nega em depoimento que tivesse ingerência sobre os contratos da empresa
A base aliada do governo José Serra (PSDB) na Assembléia Legislativa de São Paulo frustrou ontem nova tentativa da oposição de usar a CPI da Eletropaulo para investigar suspeitas de corrupção em contratos assinados entre a empresa e a Alstom, antes da privatização da companhia, em 1998.
Em maioria na CPI, os governistas rejeitaram todos os requerimentos apresentados pela oposição, que pretendia convocar para depor ex-diretores da Eletropaulo e obter cópias de contratos e relação de pagamentos feitos pelo Estado à Alstom e suas subsidiárias.
A CPI foi criada para apurar a privatização da Eletropaulo. Porém, com os indícios de corrupção levantados por promotores suíços, a oposição tentou levar o caso para a comissão.
Com o fim próximo da comissão, cujo prazo de esgota no dia 30, a oposição praticamente desistiu de investigar a Alstom via CPI. Na semana passada, aliados já haviam obstruído a investigação, o que contrariou uma orientação pública de Serra, de que todas as suspeitas deveriam ser apuradas.
Ontem, a CPI ouviu David Zylbersztajn, secretário de Energia do Estado e presidente do conselho de administração da Eletropaulo durante o período em que foram negociados contratos com a Alstom colocados sob suspeita por investigadores suíços.
Zylbersztajn só foi depor, na condição de testemunha, porque havia sido convocado ainda no ano passado, antes das suspeitas envolvendo a Alstom. Na CPI, ele negou que tivesse algum poder de decisão sobre contratos e só se irritou no final, durante entrevista.
O ex-secretário, hoje dono de uma empresa prestadora de serviços na área energética, encerrou a entrevista ao ser questionado se conhecia o empresário Romeu Pinto Júnior, apontado como o dono da "offshore" MCA Uruguay, que teria recebido recursos da Alstom para pagar propinas a políticos.
A sessão, porém, ficou boa parte do tempo restrita a um bate-boca entre o presidente da CPI, José Mentor (PT), e o relator, João Caramez (PSDB), sobre a prerrogativa da comissão de entrar no caso Alstom, já que foi criada com outra finalidade.
"Há uma blindagem para evitar que se atinja o governo de São Paulo, o Serra e principalmente o [ex-governador Geraldo] Alckmin", disse Enio Tatto (PT), irritado com a rejeição dos requerimentos.
Em resposta, o tucano Caramez afirmou: "Não adianta querer justificar o injustificável. Todos [os requerimentos] fogem do objeto da CPI".
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO E MARIO CESAR CARVALHO
Fonte: Folha de São Paulo
'Nunca fiz intermediação de negócios', afirma Ramos
Entrevista - José Ramos Pinto: empresário; O empresário José Amaro Pinto Ramos assume que trabalhou para a Alstom, mas diz que parou há oito anos
Eduardo Reina
O empresário José Amaro Pinto Ramos admite que trabalhou para a Alstom no Brasil, na elaboração de projetos para captação de crédito externo, mas nega a existência de propina. Em entrevista por e-mail, ele assumiu que organizou jantar nos EUA em que estiveram presentes FHC e o ex-diretor mundial da Alstom Jacques Cizain.
Como foi o seu trabalho para a Alstom no Brasil?
É preciso esclarecer que nunca fiz intermediação de negócios. Minha empresa, a Epcint, trabalhou para diversas empresas brasileiras, européias, japonesas, americanas e soviéticas. A Epcint foi contratada no início dos anos 90 pelo consórcio Mafersa/Villares, para estruturar um complexo crédito externo, que viabilizaria a produção nacional de trens para a Linha 2 do Metrô de São Paulo. Posteriormente, a Mafersa foi arrendada pela Alstom. Nesse período trabalhamos com a Alstom e vários de seus concorrentes. Com a evolução positiva do crédito brasileiro, esse tipo de operação deixou de ser interessante. Há oito anos não temos atividades nesta área, nem com a Alstom especificamente.
Como foi o jantar em Washington oferecido para FHC?
Após assistirmos à posse do presidente Bill Clinton, em janeiro de 1993, combinamos - naquele momento, sem pré-agendar - um jantar do qual participaram nosso amigo comum Sérgio Motta, o então ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique, o então diretor de Operações do BID, Paulo Renato, eu e nossas esposas. Ao nosso lado na cerimônia estava Jacques Cizain, meu conhecido, que foi convidado a se juntar a nós, num grupo que chegou a 14 ou 15 pessoas. Vale lembrar que Cizain conhecera Fernando Henrique em palestra no Medef, equivalente à Confederação Nacional da Indústria na França.
Como conheceu FHC?
Conheci o ex-presidente no tempo em que ele era professor da USP. Não o vi nem falei com ele em nenhum momento durante seus dois mandatos presidenciais.
O senhor foi investigado pelo FBI por ter intermediado empréstimo para um ex-secretário de Bill Clinton, Ron Brown?
Desconheço qualquer investigação do FBI sobre mim. Ron Brown era meu amigo. Eu o conheci fora do contexto de suas funções públicas, quando era um influente advogado nos EUA.
Fonte: O Estado de São Paulo
Lobista ligado a tucanos é alvo de promotor no caso Alstom
Conhecido de empreiteiros, Ramos tratava Sérgio Motta de ‘amigo fraterno’
Eduardo Reina
O Ministério Público abriu nova frente na investigação sobre a suposta propina paga pela Alstom, multinacional francesa do ramo de energia e transporte, a integrantes do governo paulista e do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Trata-se do empresário José Amaro Pinto Ramos, por causa de sua grande proximidade com políticos do PSDB e seu trabalho de lobby a favor de empresas do setor energético e de transporte sobre trilhos, principalmente para estatais em todo o País. São os contratos da Alstom nessas áreas que estão sob análise de autoridades brasileiros e suíças.
Ramos é dono da EPCint Estudos Projetos e Consultoria Internacional, com filiais em São Paulo, Nova York e Paris. É conhecido pelos maiores empreiteiros brasileiros e tem grande trânsito entre políticos tucanos. Era ligado a Sérgio Motta, o ministro das Comunicações de Fernando Henrique Cardoso. Ele chamava Motta de “amigo fraterno”.
Em 1993, na posse de Bill Clinton na Presidência dos Estados Unidos, Ramos apresentou Motta ao então assessor James Carville, responsável pela campanha vitoriosa do Partido Democrata. Houve tanta sintonia entre eles que depois Carville acabou participando de reuniões da campanha presidencial de Fernando Henrique.
Após a posse, o empresário ofereceu jantar para Fernando Henrique e integrantes do PSDB - na época, o ex-presidente era chanceler. O evento reuniu a cúpula tucana e também Jack Cizain, então diretor-geral da Gec Alsthom, renomeada Alstom. No jantar, o hoje deputado Paulo Renato Souza entoou tangos em dueto com a mulher. A atriz Ruth Escobar chegou a cantar fados.
Três anos depois, em 4 de junho de 1996, Cizain participou da compra da Light, no Rio de Janeiro. No contrato, ele aparece como representante da francesa Electricité de France (EDF), uma das empresas que formam o consórcio comprador da distribuidora fluminense. O atual presidente da Light é José Luiz Alquéres, ex-presidente da Alstom no Brasil.
O próprio Ramos contou que conheceu Motta, presidente da Eletropaulo na gestão de Franco Montoro, quando trabalharam juntos, de 1969 a 1971, na elaboração de planos de desenvolvimento para municípios.
O lobista já foi réu em ação com o ex-presidente do Metrô na gestão de Orestes Quércia, Antonio Sérgio Fernandes. Foram acusados de formação de quadrilha e falsidade ideológica e tiveram pedido de prisão decretado. Acabaram absolvidos.
O nome de Ramos também consta de investigação do FBI - a polícia federal dos EUA - sobre propina recebida por Ron Brown, então secretário de Comércio de Bill Clinton, em 1995. De acordo com a revista U.S. News & World Report, Ramos intermediou empréstimo de US$ 108 mil para Brown.
Fonte: O Estado de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário