14 junho 2008

Violência da Brigada Militar do RS


Vejam nossa fragilidade em mobilização. Chega a ser vergonhosa!

  • Cadê os sindicatos paulistas? Cadê as organizações comunitárias dos morros cariocas? Cadê os estudantes de Brasília?
  • Cadê o povo brasileiro?
  • Porquê o partido do governo só corre atrás de tapar buraco, em hora de votação no Congresso?
  • Quando vamos aprender que os interesses dos especuladores internacionais só não fizeram em Cuba, o que fizeram em todos os demais países do continente, porque ali se mobilizou a multidão de cubanos?


Quem acredita que tenha sido as barbas do Fidel que assustaram os norte-americanos, nunca aprendeu com as evidências da história.

Perón só chegou e se manteve no poder por causa da gente do interior da Argentina. Esses governantes que, mesmo vindos do interior, se contentam com a simpatia da classe média portenha, nunca perceberão que a classe média de qualquer lugar do mundo só serve para fazer panelaço, quando manipulados através de suas individualidades. Só assim entregam a passividade de seus alumínios e teflon.

De resto querem é comida na mesa e gasolina no tanque. É assim entre os americanos, os argentinos, e aqui.

Se nesses anos houvessem oferecido apoio do governo ao trabalhador dos interiores argentinos, hoje não estariam sitiados pelos ruralistas.

Se orientássemos e mobilizássemos a multidão brasileira por um melhor serviço de saúde e fiscalização de sonegação e desvios financeiros, nem precisaríamos
de batalhas congressuais.

Uma palhaça qualquer aventa a acusação que lhe der na cabeça, e a mídia tem um prato cheio para especular por meses.

O governo tucano do Rio Grande do Sul reedita toda a selvageria da ditadura, e não temos como pôr o resto do Brasil na rua, exigindo por uma intervenção no estado.

Chega a ser ironia o poeta do "A praça é do povo", ser um brasileiro.


  • Queremos o quê? Que o governo federal faça essa intervenção sem nenhum respaldo, acendendo os brios do 3º Exército, prontamente apoiado por toda a mídia?
  • Quem dará respaldo ao governo para o que tem de ser feito num momento desses? Os ruralistas? A mídia? A classe média sulista?
  • Que adiantaria a Bolívia ter um Evo Morales, se a multidão boliviana não estivesse pronta a apoiá-lo?
  • Que adiantaria a Venezuela ter um Chávez, se não fosse aquela multidão que desmontou o golpe que lhe deram?


De que adianta tanta intelectualidade, informatização e panelas, se assistimos o povo gaúcho ser massacrado pela ditadura das elites, apenas reclamando por São Lula não tomar uma atitude.

Lula é governo, é presidente. Não tem que tomar iniciativa nenhuma nessa hora. Nessa hora ele só pode tomar iniciativa se nós nos adiantarmos e exigirmos essa iniciativa, calando a boca da mídia, dos exércitos e das elites que ainda governam esse país sobre pressão, como a pressão dessa corrupta do Rio Grande do Sul e a da perua da mala de documentos vazios.

O governo Lula tem se virado como pode, refém das pressões das elites econômicas deste país, e até hoje não nos mobilizamos para resgatá-lo. Agora é o povo gaúcho que está refém da tirania de uma corrupta, e sequer sabemos nos mobilizar para resgatar nossa própria gente.

Desculpem companheiros, mas acho que conversamos demais. Os intelectuais se reúnem demais para discutir o evidente. Reclamamos demais da mídia e ela pouco se importa porque enquanto estivermos discutindo se a mídia é livre ou não é livre, ela terá toda a liberdade de mentir o quanto bem entender. Essa história de que pela internet nós a ameaçamos, é só uma chupeta. Ou como se diz lá no norte: engano de criança.

Internet seria muito boa se funcionasse aqui, como funcionaram os celulares da periferia caraquenha no contra-golpe que restituiu Chávez.

Seria muito boa se eu ao invés de estar lhes escrevendo isto, telefonasse para as organizações comunitárias da minha cidade, e depois trocasse com vocês o número de pessoas e o horário que em cada cidade se faria uma multidão de brasileiros para resgatar o povo gaúcho da ditadura.

Mas, decididamente, mesmo tendo um governo democrático, ainda não construímos um povo democrático. Somos desgraçada e covardemente individualistas, garganteiros, pavoneadores de intelectualices.

E usamos a internet apenas para assistir a perpetuidade da ditadura. Oh! Como nos indignamos com a truculência sobre os gaúchos! Nos indignamos tanto que não percebemos que amanhã poderá ser sobre os paulistas, depois sobre os cariocas, os mineiros... E assim por diante.

Diziam que cada povo tem o governo que merece. Ainda não fizemos porque merecer o governo que agora temos e, o que é pior, nem fazemos por merecer o povo que temos.

Se fizéssemos, escreveríamos agora mesmo a cada deputado pedindo uma manifestação em plenário de defesa do povo gaúcho. Se fizéssemos, organizaríamos grupos, ainda que pequenos, que intercedessem em cada sessão de Assembléia Estadual, para manifestar apoio ao povo gaúcho.

Se conseguíssemos fazer ao menos isto, até poderíamos vir a conseguir manifestações que interrompesse o trânsito na Av. Paulista, que se concentrasse na Candelária, que parasse a Boa Vista de Recife, que ocupasse o gramado do Congresso Nacional.

Aí sim, poderíamos pedir aos nossos companheiros gaúchos que resistam, dando-lhes a certeza de que dessa vez derrubaremos a ditadura.

Mas nem com o governo federal do nosso lado, somos capazes de nos mobilizar. E a ditadura aí está! E os que sangram, mais uma vez sangram sozinhos.

Por Raul Longo

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