O discurso que o mundo ouviu
No auge da crise alimentar, Lula defendeu mais uma vez o etanol de cana e sua posição pode ser encampada pelo G-8
GUSTAVO GANTOIS
RICARDO STUCKERT
A CRISE ALIMENTAR QUE assusta os líderes globais fez surgir uma nova expressão. Agricultores que produzem etanol à base de grãos, como o milho, vêm sendo chamados de cereal killers, como se estivessem causando fome e matando milhares pessoas nos países em desenvolvimento. É uma ofensiva pesada, que não diferencia o etanol brasileiro, produzido a partir da cana, dos demais. Mas, na terça-feira 3, o presidente Lula teve um palco privilegiado para expor sua posição. Ele subiu ao púlpito da Conferência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentos, a FAO, disposto a rebater de vez as críticas. "Vejo com indignação que muitos dos dedos apontados contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e de carvão", disse o presidente. A posição ganhou respaldo na voz de organismos internacionais. "Devemos abrir mercados para combustíveis à base de açúcar, que não competem diretamente com a comida", disse Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial. Jacques Diouf, diretor-geral da FAO, foi ainda mais direto. "De todos os biocombustíveis líquidos, só o etanol brasileiro tem sido constantemente competitivo nos últimos anos, sem a necessidade de subsídios contínuos."
Sinalização maior veio do primeiroministro japonês Yasuo Fukuda. Ainda preparando a reunião do G-8, que será realizada na cidade de Hokkaido, em julho, ele revelou que emitirá uma nota de repúdio aos biocombustíveis feitos com grãos. O Japão é parceiro da Petrobras em projetos de etanol, inclusive importando o combustível brasileiro - ainda que em pequeno volume. "Vamos esperar que isso aconteça", disse o embaixador do Brasil no Japão, André Amado. A nota será um ataque à política americana, que começa a dar sinais de desgaste dentro da própria indústria. No mesmo dia da conferência da FAO, a GM anunciou que vai encerrar a produção de pickups, peruas e jipes em quatro fábricas americanas. Além disso, GM, Ford e Volvo anunciaram que vão importar veículos flexfuel. Alguém duvida que o etanol brasileiro tem futuro?
Fonte: Terra/IstoéDinheiro
Fonte: Terra/IstoéDinheiro
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