26 agosto 2008

EUA - Economia americana enfrenta "um dos maiores desafios de que há memória"

EUA - Economia americana enfrenta "um dos maiores desafios de que há memória"



A tempestade que se abateu há um ano sobre o sistema financeiro, e que persiste, criou "um dos maiores desafios de que há memória" para a economia, reconheceu Ben Bernanke, presidente da Reserva Federal dos EUA (Fed) no final da semana passada no discurso de abertura do Simpósio anual de Jackson Hole, que todos os anos reúne banqueiros centrais e os mais ilustres economistas de todo o mundo.

Regressaram as vozes, como a do antigo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional Kenneth Rogoff, a alertar que mais instituições financeiras podem estar à beira da ruptura, além da Fannie Mae, Freddie Mac e Bear Stearns. O desemprego aumenta. O preço das casas nos EUA prossegue a forte correcção. A construção está mergulhada numa das piores crises de sempre.

E a inflação mantém a escalada. Segundo Bernanke, é este "cocktail" de condições extraordinárias que impõe o desafio, ampliado, sobretudo, pela incerteza. Segundo o responsável pela condução da política monetária dos EUA, a travagem da economia mundial deverá prolongar a actual correcção da energia e, como consequência "moderar o nível de inflação" mais para o final deste ano e em 2009, o que acaba por adiar a necessidade de subida de juros, que colocaria o país sob mais pressão.


Susana Domingos

Fonte: Jornal de Negócios


Visão da economia americana é melancólica em convenção do Fed


JACKSON HOLE (Reuters) - Um imenso urso pardo guarda as portas do retiro anual do Federal Reserve no resort de montanha Teton, servindo de lembrança para os bancos centrais da batalha para aliviar a crise do crédito.
"Este distúrbio não irá embora rápido e irá exigir esforços sérios para que seja superado", disse à Reuters John Lipsky, autoridade do Fundo Monetário Internacional.
"Há um ano, havia um senso real de incerteza e confusão. As pessoas estavam perplexas com os distúrbios que apareceram de repente. Eu diria que o humor neste ano é de mais claridade, digamos que é um pouco mais melancólico", disse Lipsky.

O simpósio anual, sediado pelo Federal Reserve de Kansas City, reúne autoridades dos mais poderosos bancos centrais, incluindo o chairman do Fed, Ben Bernanke, e o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet.

Autoridades do Fed dizem que o impacto na confiança feito pelo mercado imobiliário norte-americano demorará um longo período para ser absorvido. Bernanke admitiu que não há solução rápida.
"A tempestade financeira que virou um verdadeiro temporal algumas semanas antes de nosso encontro aqui em Jackson Hole ainda não diminuiu, e seus efeitos na economia estão aparecendo", disse Bernanke em conferência na sexta-feira.

Lipsky disse que a economia dos Estados Unidos pode se contrair levemente na segunda metade do ano. Embora a definição técnica de recessão seja dois trimestres seguidos de queda do PIB, ele avisou que haverá um período claro de lento crescimento, com previsões de expansão do FMI de 1,3 por cento neste ano e de 0,8 por cento em 2009.

Outros na conferência não tiveram dúvidas de que a economia dos Estados Unidos está se direcionando para um golpe dolorido.
"É onde estamos hoje, no meio de uma crise financeira, com a economia escorregando para uma recessão", disse o economista de Harvard Martin Feldstein, até pouco tempo diretor do Departamento nacional de Pesquisa Econômica dos EUA.


Fonte: Agência Reuters

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