20 agosto 2008

Polícia Civil não investiga em SP, dizem sindicatos

Polícia Civil não investiga em SP, dizem sindicatos




As entidades ligadas aos investigadores, agentes, escrivães e delegados da Polícia Civil de São Paulo reconhecem que a greve marcada para a próxima quarta-feira é a única maneira de abrir as feridas e expor à população o sucateamento da categoria. O grupo afirma que na maioria das cidades paulistas os policiais estão desviando a função e deixaram muitas vezes de investigar os crimes.

O presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo (Sipesp), João Batista Rebouças, enfatiza as escoltas de presos que desviaram a função dos investigadores. "Nós viramos 'babá de preso' e pelo jeito foi criada uma polícia carcerária e ninguém nos avisou." Para Rebouças, o governo mascara as ocorrências, por isso deixa de divulgar o índice de crimes esclarecidos.

Ele sugere a Secretaria de Segurança Pública (SSP) que divulgue o quadro de crimes esclarecidos no Estado. "Os resultados são muito ruins e isso pega mal." Rebouças explica que somente algumas unidades policiais, entre elas, os grupos especializados da capital, possuem equipamentos e tempo para investigar os crimes que geram repercussão. O caso da menina Isabela, por exemplo, mereceu atenção de centenas de policiais e peritos. "É tudo propaganda", diz o sindicalista.

Rebouças fala que o sonho da categoria é tornar-se como a Polícia Federal (PF), que, depois de greves e manifestações, conseguiu melhorias salariais, reestruturação da carreira e equipamentos modernos de investigação. "A polícia está desmotivada porque o governo não investe e, hoje, se não é a prefeitura, algumas cidades do interior não teriam sequer uma sede."

Já o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), Sergio Marcos Roque, também destaca a falta de infra-estrutura. "Não queremos só salário e sim a reestruturação da polícia porque falta gente e quem está trabalhando sofre os desvios de função com a escolta de presos", diz o delegado reconhecendo uma situação de crise.

10/08/2008
Cláudio Dias Direto de Araraquara

Fonte: Terra

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