Por Valter Pomar
A maioria dos chamados "colunistas políticos" da imprensa faz ataques diários ao PT e ao governo Lula. Alguns fazem, também, campanha aberta para Alckmin. Até aí, faz parte, como diria o filósofo. Mas como até o momento Lula segue liderando as pesquisas, alguns destes colunistas começam a exibir sinais de desespero.
Um exemplo disto está na coluna deste 15 de agosto, da jornalista Dora Kramer, intitulada "Agora vai. Ou racha". Nesta coluna, Kramer comenta os objetivos de cada candidatura presidencial neste período da campanha, em que tem início o horário eleitoral gratuito.
Segundo Kramer, "Lula fica com a tarefa de sustentar a dianteira. Não é fácil. Não se pode comparar a situação dele com a de Fernando Henrique em 1998. A despeito do então presidente já sofrer à época resistências na classe média e ainda contar com apoio nas classes C, D e E por causa do plano de estabilização, FH não tinha de enfrentar questionamentos éticos na proporção dos que atingem a figura de Lula".
Realmente, não se pode comparar Lula com FHC. Afinal, enquanto o primeiro sofre uma enorme oposição dos principais meios de comunicação, o segundo foi beneficiario de uma "blindagem" que evitou a repercussão de casos escabrosos como as privatizações, o caso Sivam e a compra de votos para garantir a reeleição.
Assim, se FHC não teve de enfrentar "questionamentos éticos na proporção dos que atingem a figura de Lula", é porque a "proporção" dos questionamentos é uma variável das decisões tomadas pelos donos dos grandes meios de comunicação e por jornalistas influentes como Dora Kramer. Basta dizer que a mesma emissora de televisão que decidiu, em 1998, não promover debates entre presidenciáveis, em 2006 decidiu sair na frente.
Falando dos debates, Kramer diz que FHC "não foi a debates porque podia escolher não ir e, assim, evitar ser alvo dos ataques dos adversários, notadamente Lula e Ciro Gomes. Tinha mais a perder, mas poderia também ganhar. Lula é diferente, não tem escolha".
Não é chique?! FHC não foi a debates porque "podia escolher". Gente fina é assim: "escolhe". Já Lula, bom, como ele não é gente fina, "não tem escolha".
Segundo Kramer, se FHC fosse, "poderia ganhar". Mas se Lula for, "a perda é certa e inevitável". E por quais motivos mesmo? Vejamos o que diz Kramer: "Primeiro, pelo fato de os assuntos, como mostrou a entrevista do Jornal Nacional,da agenda de questionamentos ao presidente serem todos altamente constrangedores. A corrupção dominaria o debate, com Lula na berlinda".
Mas quem é que define esta "agenda de questionamentos constrangedores ao presidente"? Por coincidência, gente como Alckmin e Dora Kramer. A quem não interessa comparar governos, a quem não interessa debater programas, a quem não interessa nem ao menos discutir segurança e corrupção a sério. O negócio é "constranger" o PT e o governo.
Mas Dora Kramer não pára por aí. Segundo ela, há um segundo motivo pelo qual Lula perderia o debate, se fosse. Vou repetir as palavras de Kramer: "é que Lula, por uma questão de treino, formação político-profissional, personalidade e carência cultural e educacional, não é bom no contraditório. Ele se enerva e se perde ao ser confrontado com questões difíceis, que exigem maior elaboração de raciocínio e até lógica para não cair em contradição".
Não é incrível?! Lula, segundo Kramer, não tem treino, formação política, formação profissional, personalidade, cultura, educação, nervos, elaboração de raciocínio e "até lógica" suficientes para debater.
Para Kramer, Lula não seria nem ao menos autoritário. Na verdade, segundo Kramer, "as acusações de vocação ao autoritarismo são a simplificação de uma realidade subjacente mais complexa". Trocando em miúdos, segundo Kramer, Lula não tem estatura para ser presidente da República. Talvez e olhe lá, para ser torneiro mecânico.
Depois reclamam quando a gente fala que esse pessoal tem preconceito de classe. O preconceito deles é tão grande que já virou cegueira e autismo. Mas nesta loucura, há também cálculo. Nos próximos 45 dias, para tentar vencer, eles vão lançar mão de todo o arsenal contra nós. O título do artigo de Kramer é elucidativo: "Agora vai. Ou racha".
Seja como for, a prestigiosa colunista já é forte candidata ao troféu que já foi de Ruth Escobar e de Regina Duarte.
Valter Pomar
Secretário de relações internacionais do PT
Um exemplo disto está na coluna deste 15 de agosto, da jornalista Dora Kramer, intitulada "Agora vai. Ou racha". Nesta coluna, Kramer comenta os objetivos de cada candidatura presidencial neste período da campanha, em que tem início o horário eleitoral gratuito.
Segundo Kramer, "Lula fica com a tarefa de sustentar a dianteira. Não é fácil. Não se pode comparar a situação dele com a de Fernando Henrique em 1998. A despeito do então presidente já sofrer à época resistências na classe média e ainda contar com apoio nas classes C, D e E por causa do plano de estabilização, FH não tinha de enfrentar questionamentos éticos na proporção dos que atingem a figura de Lula".
Realmente, não se pode comparar Lula com FHC. Afinal, enquanto o primeiro sofre uma enorme oposição dos principais meios de comunicação, o segundo foi beneficiario de uma "blindagem" que evitou a repercussão de casos escabrosos como as privatizações, o caso Sivam e a compra de votos para garantir a reeleição.
Assim, se FHC não teve de enfrentar "questionamentos éticos na proporção dos que atingem a figura de Lula", é porque a "proporção" dos questionamentos é uma variável das decisões tomadas pelos donos dos grandes meios de comunicação e por jornalistas influentes como Dora Kramer. Basta dizer que a mesma emissora de televisão que decidiu, em 1998, não promover debates entre presidenciáveis, em 2006 decidiu sair na frente.
Falando dos debates, Kramer diz que FHC "não foi a debates porque podia escolher não ir e, assim, evitar ser alvo dos ataques dos adversários, notadamente Lula e Ciro Gomes. Tinha mais a perder, mas poderia também ganhar. Lula é diferente, não tem escolha".
Não é chique?! FHC não foi a debates porque "podia escolher". Gente fina é assim: "escolhe". Já Lula, bom, como ele não é gente fina, "não tem escolha".
Segundo Kramer, se FHC fosse, "poderia ganhar". Mas se Lula for, "a perda é certa e inevitável". E por quais motivos mesmo? Vejamos o que diz Kramer: "Primeiro, pelo fato de os assuntos, como mostrou a entrevista do Jornal Nacional,da agenda de questionamentos ao presidente serem todos altamente constrangedores. A corrupção dominaria o debate, com Lula na berlinda".
Mas quem é que define esta "agenda de questionamentos constrangedores ao presidente"? Por coincidência, gente como Alckmin e Dora Kramer. A quem não interessa comparar governos, a quem não interessa debater programas, a quem não interessa nem ao menos discutir segurança e corrupção a sério. O negócio é "constranger" o PT e o governo.
Mas Dora Kramer não pára por aí. Segundo ela, há um segundo motivo pelo qual Lula perderia o debate, se fosse. Vou repetir as palavras de Kramer: "é que Lula, por uma questão de treino, formação político-profissional, personalidade e carência cultural e educacional, não é bom no contraditório. Ele se enerva e se perde ao ser confrontado com questões difíceis, que exigem maior elaboração de raciocínio e até lógica para não cair em contradição".
Não é incrível?! Lula, segundo Kramer, não tem treino, formação política, formação profissional, personalidade, cultura, educação, nervos, elaboração de raciocínio e "até lógica" suficientes para debater.
Para Kramer, Lula não seria nem ao menos autoritário. Na verdade, segundo Kramer, "as acusações de vocação ao autoritarismo são a simplificação de uma realidade subjacente mais complexa". Trocando em miúdos, segundo Kramer, Lula não tem estatura para ser presidente da República. Talvez e olhe lá, para ser torneiro mecânico.
Depois reclamam quando a gente fala que esse pessoal tem preconceito de classe. O preconceito deles é tão grande que já virou cegueira e autismo. Mas nesta loucura, há também cálculo. Nos próximos 45 dias, para tentar vencer, eles vão lançar mão de todo o arsenal contra nós. O título do artigo de Kramer é elucidativo: "Agora vai. Ou racha".
Seja como for, a prestigiosa colunista já é forte candidata ao troféu que já foi de Ruth Escobar e de Regina Duarte.
Valter Pomar
Secretário de relações internacionais do PT
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