22 agosto 2006

Lembo: pergunte ao outro


O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, devolve-nos uma chamada da semana passada e se desculpa:

- Sou um perseguido, vivo num fogo cruzado...

Contra os criminosos, a luta continua, mas com o governo federal parece que finalmente houve um entendimento, não? Ele concorda, entusiasmado:

- A cooperação agora está dez. A gestão integrada vai produzir grandes resultados. Vamos monitorar as contas bancárias dos criminosos, vamos desestruturar o esquema.

Na quinta-feira haverá um ato da maior importância, diz o governador. Ele e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, vão assinar o termo de cooperação entre estado, Coaf e DRCI para monitorar a movimentação financeira e a lavagem de dinheiro da facção.

- Isso trará resultados surpreendentes! - diz ele.

Se a cooperação vai tão bem, por que não começou antes?

- Ah, tem que perguntar ao Geraldo. O acordo para a gestão integrada foi assinado em 2003, mas a implantação não aconteceu. Agora, comigo, está acontecendo. Eu faço o que é bom para a sociedade. Se é bom, não tenho preconceito.

Hoje irá a Minas dar um abraço no governador Aécio Neves, que o confortou na pior das horas. Acha que Aécio está certo: toda hegemonia é ruim para o Brasil, seja de São Paulo ou de qualquer outro estado.

- Agora dizem que temos hegemonia até na insegurança, mas o problema é geral. O crime está forte e bem organizado na Região Norte, por exemplo, mas todos fingem que não sabem. Uma das artes da elite branca é só enxergar o problema quando ele explode.

O Globo
Tereza Cruvinel

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