21 agosto 2006

Lula contra o Anti-Lula


A disputa eleitoral não é, como se pode pensar, entre o presidente e Alckmin ou Heloísa Helena. Ela vai ser Lula contra o Anti-Lula. Os dois candidatos oposicionistas citados representam aqueles que não gostam do presidente. Tanto assim que, numa simulação de 2º turno, o Datafolha constatou: Lula 54% x 37 % de Alckmin e Lula os mesmos 54% contra 35% de Heloisa. Na margem de erro, 37 e 35 é empate técnico.

Pode-se medir a campanha anti-Lula pelos emails enviados pela Internet. Tenho recebido vários. TODOS CONTRA LULA E NENHUM A FAVOR DE ALCKMIN!
Oposicionistas muitas vezes preferem Lula. Apóiam Geraldo, mas o escondem na propaganda eleitoral. O Estadão noticiou em manchete: “Aliados abandonam Alckmin e campanha tucana entra em crise”. O jornal expõe a crise: “A cúpula da coligação PSDB e PFL avalia que a campanha ainda não deslanchou como deveria. E, como o candidato também não cresceu nas pesquisas, o clima de impaciência contamina setores dos dois partidos. O PSDB tenta minimizar a crise que se arrasta há meses e se agravou agora com o início da propaganda na TV. O PFL, que está ausente também do programa de Alckmin, cobra ataques do candidato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal adversário na disputa”. O senador Antonio Carlos Magalhães, o ACM, é o mais radical. Ele diz: “Ou bate [em Lula] ou tira logo esse programa do ar”. Afirmou ainda: “Quem está atrás nas pesquisas tem que ser mais veemente”. Em suma, esses aliados querem uma campanha Anti-Lula. Essa estratégia poderá dar certo? ACM acha que sim. Entretanto, o senador baiano é o maior crítico de Lula. Ele o chama de LADRÃO, com todas as letras. Por esse motivo, está sendo processado. Mas como está a disputa no Estado dele? Na última pesquisa, realizada no início deste mês, Lula tem 60,1% e Alckmin somente 16%, com uma diferença favorável ao presidente de 44,1%! Lá o anti-lulismo não deu certo. E no resto do Brasil? Segundo Dora Kramer, Geraldo é contra esse tipo de ataque e se queixou: “Na convenção do PSDB, em Minas, citaram cinco vezes o meu nome e cinqüenta o do Lula”.

Na reportagem “Alckmin não é mostrado no horário eleitoral de aliados”, a Folha noticiou: SERRA (PSDB) – Após mostrar foto da propaganda eleitoral, perguntou: “Cadê Alckmin? Na estréia na TV, Serra ignorou a candidatura de Alckmin à Presidência, vaga que perdeu para ele. Não citou seu nome, não mostrou imagens nem o número do colega de partido. Já FHC teve direito a duas fotos antigas exibidas”. Por que esqueceu o candidato e mostrou a foto de Fernando Henrique. A CartaCapital criou uma Seção – A MALDADE DA SEMANA - dizendo em 9/8/2006: “Entre tantos concorrentes o vencedor é: “Hoje o Serra é o mais preparado para governar o Brasil” . Fernando Henrique Cardoso, correligionário de Alckmin”. Hélio Fernandes, na Tribuna da Imprensa, comentou: “Serra ignorou completamente a existência de Alckmin como candidato. O ex-governador de São Paulo passou recibo e disse: “Não vi o programa (no horário de televisão), estava em campanha”. Há! Há! Há!” Eliane Cantanhede, em artigo na Folha, disse: “O início do horário eleitoral gratuito explicitou uma das mais antigas divisões do PSDB. Enquanto Alckmin foi ao ar com Mario Covas, Serra preferiu ir com FHC, numa inversão curiosa. O candidato a presidente usa um ex-governador, e o candidato a governador usa um ex-presidente”. E os dois são criticados pelos aliados porque não estão fazendo campanha anti-Lula! Outro que é também criticado por não ter uma posição anti-Lula é o governador Aécio Neves. Entrevistado pela Folha, em 18 de agosto, declarou: “Eu pessoalmente gosto do Lula. Eu não gosto é do governo dele, mas dele eu gosto”. Deve-se ressaltar que ele foi várias vezes recebido pelo presidente e o recebeu em Minas.

Além de não colocarem a imagem de Geraldo na propaganda, alguns aliados preferem aparecer nela com o presidente. Renato Lo Prete, no Painel da Folha, revela que o Ministério Público Eleitoral de Pernambuco entrou com representação contra o candidato a governador Mendonça Filho (PFL) para que não use imagens de Lula no programa eleitoral, sob a justificativa de que a associação fere a regra de verticalização das alianças. O deputado petista Maurício Rands protestou: “Não basta esconderem o Alckmin. Querem pegar o Lula e o prefeito João Paulo (PT) para eles. Assim não dá”

Na pesquisa do IBOPE, divulgada no dia 18 de agosto, Lula foi o único que subiu: tinha 46 e foi para 47. Geraldo Alckmin e Heloisa Helena mantiveram os mesmos pontos: 21 e 12, respectivamente. O jornalista Luiz Antonio Magalhães comentou: “Esses números vão ajudar bastante os aliados de Geraldo Alckmin que estão ávidos de SANGUE na campanha da televisão” (destaque meu). Pressionado, o candidato tucano não irá imprimir um toque anti-Lula em sua campanha de TV? Acredito que sim. Caso contrário poderá perder votos para Heloisa Helena, que é mais contundente. Vamos esperar.

JASSON DE OLIVEIRA ANDRADE é jornalista em Mogi Guaçu.

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