27 novembro 2006


Deputado Danilo de Castro distribui microônibus, vans e usinas de lixo para prefeituras que apóiam seu filho a deputado

É inacreditável que mesmo após os diversos escândalos que ocorreram nos últimos anos no Brasil alguns políticos insistem em manter posturas desassociadas da ética e da probidade.

Durante quase quatro anos persistiram insistentes denúncias de que Rodrigo de Castro, na condição de chefe de gabinete, estaria utilizando-se da estrutura da Secretaria de Planejamento do Estado de Minas Gerais para alavancar sua futura, hoje confirmada candidatura a deputado federal pelo PSDB, em substituição a seu pai Danilo de Castro, inelegível por diversas condenações nos tribunais federais por crimes que vão de gestão temerária à improbidade administrativa quando presidente da Caixa Econômica Federal.

Afilhados do Poder

Onze dias antes do prazo final para celebração de convênios e entrega de bens pelo governo de Minas, devido a Legislação Eleitoral, o governador Aécio Neves promoveu um grande evento nos jardins ao fundo do Palácio da Liberdade. Segundo sua assessoria de imprensa, para autorizar a entrega de 800 microônibus. Aécio afirmou na solenidade que estava atendendo 600 prefeituras mineiras. Os veículos seriam utilizados no transporte escolar. Na solenidade, o governador ainda afirmou: “É o maior volume de investimentos em transporte escolar já feito em toda a história de Minas. Para se ter uma idéia, nós saltamos, em quatro anos, de R$ 5 milhões – acho que esse número deve ser registrado – para R$ 100 milhões. Significa que mais de 800 veículos estão sendo entregues. São mais de 600 municípios atendidos, sempre aqueles mais distantes com a área rural maior e que mais precisam desse recurso”. Veja Nota

“A ação do governador de Minas ia de encontro aos anseios da população mais carente, que é a população rural”, argumentavam prefeitos, deputados presentes na solenidade e os técnicos da Secretaria de Educação. Informavam que a compra tinha sido feita por licitação no pregão eletrônico do estado e nenhuma surpresa acontecera, pois participaram diretamente as fábricas. Contudo, ao contrário do anunciado por Aécio Neves, a licitação adquiriu apenas 79 ônibus.

Sendo no pregão eletrônico 10/2006 lote 1-78 ônibus, lote 2-1 ônibus, o lote 3-era para adquirir 660 vans, porém discretamente foi “revogado”. Veja

Desta forma, foram adquiridos apenas 15% dos veículos anunciados pelo governador. Fato que por si só seria repreensível, principalmente por tratar-se da véspera do período eleitoral onde o eleitor é informado para proceder à escolha de seu candidato.

Porém, a classe política mineira surpreende-se, agora com uma gigantesca fraude praticada com o único e exclusivo objetivo: o de atender uma dezena de candidatos a deputados federais e estaduais conhecidos como “afilhados do poder”.

Há muito a imprensa mineira não noticiava irregularidades nesta proporção no governo de Minas. Alguns jornalistas, inclusive, atribuíam este fato a influência do Palácio da Liberdade sobre a mídia regional. Porém, agora, verifica-se que em Minas as práticas não são diferentes das do resto do país. A distribuição de 79 e não 800 ônibus foram feitos apenas atendendo a critérios políticos eleitorais, sendo os veículos distribuídos em sua maioria aos “afilhados do poder”.

Confirmando as denúncias que circulavam no meio político, durante todo o governo de Aécio Neves, quase 35% dos microônibus e 55% das usinas de lixo distribuídas pelo governo foram entregues às prefeituras governadas por prefeitos que declaradamente apóiam a candidatura a deputado federal de Rodrigo de Castro.

Embora ilegal, esperava-se que as “benesses” do governo fossem divididas igualmente entre os candidatos da coligação.

Também é possível que um deputado no exercício de seu mandato, com prestígio e de forma lícita, consiga levar para sua base eleitoral algumas obras.

Porém, nunca um candidato a deputado federal que, anteriormente, era apenas chefe de gabinete da Secretaria de Planejamento de Minas Gerais conseguiria 15 das 23 usinas de lixo conveniadas entre prefeituras e SEMA (Secretaria do Meio Ambiente), mais de 50%, e 24 microônibus dos 79 entregues, ou seja, mais de 30%. Isto é realmente uma imoralidade.

Evidente que os critérios utilizados foram apenas políticos, comprovando, mais uma vez, as denúncias de que Rodrigo de Castro estaria utilizando-se da máquina do governo do estado e do prestígio de seu pai, ex-secretário de governo Danilo de Castro, para alavancar sua campanha à deputado federal.

Estranha-se que um governo com tantas auditorias não conseguiu em todo este tempo constatar que um de seus membros estava utilizando de forma indevida o aparelho estatal em proveito próprio.

Não se estranha, porém, que todas as auditorias são encaminhadas para o Governador, através da secretaria de governo, que até a pouco era ocupada pelo pai de Rodrigo de Castro, hoje coordenador da campanha à reeleição de Aécio Neves.

O universo eleitoral que envolve os municípios participantes da distribuição de “microônibus e usinas de lixo” chega a quase 10% do total do eleitorado de Minas Gerais.

Fonte: Novo Jornal

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