23 novembro 2006

Que Dom Aldo me perdoe, mas...

Bolsa Família vicia os pobres, diz CNBB
Romoaldo de Souza


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defendeu nesta sexta-feira a revisão do principal programa social do governo Lula, o Bolsa Família. "Há avanços, mas constatamos que o programa vicia. No meu trabalho, vejo pessoas que não querem trabalhar ou mulheres engravidando para receber auxílio-gravidez. Não é por aí, é preciso capacitação para o trabalho", falou Dom Aldo Pagotto, presidente da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da CNBB.

Que Dom Aldo Pagotto, presidente da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da CNBB me perdoe, mas não foi esta a igreja católica que conheci.

A igreja que conheci fazia a opção pelos pobres e miseráveis, de várias maneiras. Na cidade em que nasci, praticamente tudo que se refere à benefícios sociais foram conseguidos através do trabalho da igreja com a comunidade.

O começo foi com um jardim de infância onde fui alfabetizado por freiras italianas missionárias, onde Paolo foi como aprendi a escrever o meu nome. O ginasial era exclusivo a quem pudesse mandar o filho estudar fora, até que se construiu o curso ginasial, vindo depois o curso normal. Finalmente a construção de um hospital.

Todas as construções tiveram o mutirão como base principal, tijolo por tijolo, laje por laje.

Esta foi a igreja católica que conheci, o espiritual era fortalecido pela maneira de se conseguir o material, com base na fé e na união dos participantes. Ela nos ensinava a não ficar de braços cruzados esperando que os benefícios surgissem por milagres, ou nos fosse dado por políticos, era uma igreja que atuava junto ao povo. Daí a sua fortaleza. Era uma igreja de fé, mas principalmente de participação na transformação social.

Hoje, leio sua crítica com base na afirmação ” No meu trabalho, vejo pessoas que não querem trabalhar ou mulheres engravidando para receber auxílio-gravidez. Não é por aí, é preciso capacitação para o trabalho”. Acho Dom Aldo, que é muito pouco para uma crítica, será que no seu trabalho, também não vê pessoas que se beneficiam de outras maneiras? O que a nossa igreja tem feito de concreto e palpável para mudar este cenário, alem de críticas?

Digo a nossa igreja, pois ainda sou católico, embora afastado, certamente pelos novos rumos adotados.

Desculpe-me a petulância, Dom Aldo, será que não seria interessante repensarmos o papel da participação de nossa igreja junto à sociedade? Trocarmos o contemplativo pelo participativo?

Faço esta sugestão, mas francamente não sei se este espaço é recuperável, já que hoje é ocupado pelas ONGs de fachada,que tiveram um pouco mais de visão.


Paulo Nolasco de Andrade

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