13 novembro 2006

Para D. Danuza Leão [cartinha da Lili, que aqui repasso e distribuo]


D. Danuza,
aí vai o comentário da minha tia, sobre sua "Carta a d. Marisa" ("carta não solicitada e enviada por jornal, o que já é canalha que chegue" -- como me disse a minha tia). A minha tia é um gênio (e uma fera). Ela é muito velha e meio bruxa. Teje avisada.
8-) Lili
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Dia desses, uma tia minha, viajada e espertíssima, acabou de ler a coluna de Danuza em que Danuza metia-se a dar conselhos (que ninguém lhe pedira), a D. Marisa Letícia. Imediatamene, a minha tia jogou a Folha de S.Paulo, inteira, no lixo, ao lado da poltrona. Perguntei-lhe por que o lixo, assim, em rito sumaríssimo. E minha tia franziu as sobrancelhas:

"-- Essa Danuza foi, hoje, ainda mais insuportavelmente provinciana do que ela é normalmente. Essa Danuza NÃO É a Sonia Rykiel! Alguém precisa dizer isso a ela!" (Tá dito, D. Danuza, mesmo que eu nem saiba quem é a tal da Sonia Rykiel, que a minha tia disse que a senhora não é. Nem vem, D. Danuza, que a senhora NÃO É a Sonia Rykiel [seja lá quem for, essa SR]. Minha tia dixit.)

"Só uma mulher muito deselegante, que não saiba dar-se ao respeito" -- continuou a minha tia --, "meter-se-ia a dar conselhos não solicitados à Primeira Dama, sobretudo se ela é MUITO mais velha do que a Primeira Dama.

Essa Danuza é perfeitamente analfabeta de tudo. Ela não conhece, sequer, a regra milenar das sociedades femininas milenares: mulher mais velha JAMAIS critica, na direção do achincalhe, uma mulher mais jovem do que ela. NUNCA!

Todas as mulheres devem saber -- esse é o saber mais milenar e profundo que há, no mundo, há milênios -- que a vida das mulheres é sempre muito difícil, quase insuportavelmente difícil. [Quem não saiba disso, em 2006, que veja "Volver", de Pedro Almodóvar, e aprenda. -- Isso quem disse fui eu, Lili. Não foi a minha tia. 8-)]

Por isso -- por que as mulheres antenadas em si mesmas, no seu próprio feminino profundo e essencial, sabem que a vida das mulheres é sempre essencialmente e profundamente difícil --, a regra milenar das sociedades femininas milenares é clara: as mulheres velhas devem ajudar as mulheres mais jovens, sempre.

E devem fazê-lo com solidariedade e amor, nunca com ironia ou arrogância. Ironias e arrogâncias, entre uma mulher velha e uma mulher mais jovem sempre são, portanto, ou burras ou pervertidas.

Mulher velha que não saiba disso, dá nessa feia mistura de todas essas deselegâncias e de todas essas ignorâncias e de todas essas perversões de caráter que, no mundo global, resultam em gentinha como essa Danuza, escrevendo em jornal" -- disse a minha tia, espertíssima. E ela continuou:

"Samuel Weiner teve a sorte de morrer antes de ter de ler, em jornal, essa carta obscena, assinada por Danuza. O que diria ele, se lesse isso?! OK. Não diria nada, pq, se Samuel Weiner estivesse vivo ou se houvesse alguém, hoje, ocupado em defender o jornalismo que ele fazia, nenhuma Danuza teria escrito carta como essa e nenhuma Folha de S.Paulo publicaria carta como essa.

"Nada, no mundo, justifica eu pagar para ler o que escreva essa Danuza. NUNCA MAIS LEREI A FOLHA DE S.PAULO."

Óiaíssó a minha tia, sô! Matô a pau, hein?!
8-) Lili

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