09 novembro 2006

A mídia acuada?



Gostaria que os jornalistas de bom senso, que são raríssimos hoje, não usassem o termo acuada, talvez fosse melhor, no foco ou em julgamento.

No foco, pois foi onde ela se colocou durante essa eleição. Em julgamento, pois é isto que esta acontecendo.

Ela se colocou no foco ao assumir um papel de dona da verdade, na emissão de pareceres sobre denúncias que ainda nem sequer foram julgadas e quando a mídia vira notícia, algo não vai bem.

Ela está sim em julgamento por pressuposta isenção na falta de coragem de assumir um posicionamento perante a opinião pública e achar que poderia sair incólume desta passagem.

Uma das coisas mais difíceis na democracia é a convivência e aceitação com e das diferenças.

O grupo beatrice foi criticado por um conhecido jornalista (Tass), ao se intitular um grupo de debates e defesa do Candidato Lula, a crítica do jornalista se prendeu justamente ao fato do grupo assumir uma posição, para ele ao assumir uma posição você perde o direito ao debate.

Para o jornalista parece que esta é uma situação nova, quando na realidade este posicionamento apenas deixa claro com quem você vai debater um assunto, ou será melhor entrar num debate às escuras, onde opiniões podem ser manipuladas?

O julgamento a que se submete hoje a mídia é justamente esta pressuposta isenção quando ficou bem claro que ela em sua grande maioria assumiu a candidatura do PSDB.

Não vi ainda ninguém contestar esse direito, a democracia lhe dá esse direito, o que não é democrático nem aceitável é a hipocrisia, a mentira, a manipulação de fatos, enganando o eleitor, falando em nome de um jornalismo sem preferências.

Seria bem natural que a mídia assumisse uma posição como fez a Revista Carta Capital, ela se expôs perante a opinião pública correndo todos os riscos possíveis, esta tomada de posição simplesmente lhe deu credibilidade perante os prós ou os contras seu posicionamento.

Nenhum leitor compra a revista enganado, sua linha editorial é clara e transparente, o julgamento a que se submete a mídia de um modo geral, com certeza, não a atinge.

Somente um leitor menos informado acredita no que lê na Veja, no Estadão, na Folha ou no O Globo, que credibilidade tem uma rede de TV, a maior do país, após a repetição da tentativa de sabotagem a um candidato?

Assim senhores barões da mídia sigam esse exemplo e se exponham, parem de se esconder atrás de uma isenção utópica.

A mídia não está acuada, apenas no foco e em julgamento, defendam-se se puderem e assumam as responsabilidades de seus atos e aprendam a lição se quiserem uma sobrevida, a continuarem nessa linha, cometerão suicídio.



Paulo Nolasco de Andrade

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