24 novembro 2006

Sobre o assunto Mídia


Jornalistas protestam contra decisão do STF e deflagram nova campanha em defesa da regulamentação


O que sempre me ocorre, nesse assunto, é que curso de jornalismo (qquer curso e TODOS os que há no Brasil) só serve pra 'formar' jornalistas 'adequados' ao jornalismo que há no Brasil. Os cursos formam jornalistas para um certo tipo de jornal e de jornalismo que há por aqui.

Ninguém precisa, no Brasil, do tal de jornalismo 'isento' -- pq o Brasil tá cheio de jornalismo de oposição ao MEU VOTO DEMOCRÁTICO (todos os jornalões são de oposição AO MEU VOTO DEMOCRÁTICO). Portanto, até pra manter um certo equilíbrio, o que falta ao Brasil é jornalismo que DEFENDA o meu voto democrático.

Dizer que o cara aprenderá a fazer jornalismo democrático em curso de formação de jornalistas do Estadão ou da Veja, cá entre nós, só pode ser piada, né?!

Na minha opinião, a única exigência INCONTORNÁVEL pra alguém ser jornalista é o cara ter grana pra montar uma empresa-jornal.

Por exemplo: se eu (que não sou 'isenta' [eu sou leninista] e sou TOTALMENTE contra alguém querer ser 'isento', em matéria de jornalismo) ganhar a Sena, amanhã, eu gasto ela todinha pra fazer um jornal que DEFENDERÁ O GOVERNO LULA (eu serei o dono), e há boa chance de eu fazer um bom jornal, mesmo sem eu contratar NEM UM jornalista formado em escolas brasileiras de 'jornalismo' -- só terei de contratar se a lei me obrigar.

E se a lei me obrigar a contratar jornalistas formados em escolas brasileiras de jornalismo, eu os contratarei, de fachada, e os PROIBIREI de escrever uma linha, e os OBRIGAREI a assinar o que eu achar que tá bom pra ser publicado.

POIS EU ACHO QUE, mesmo eu fazendo tudo assim -- sem NENHUMA 'isenção' --, há uma boa chance de eu conseguir fazer um jornal democrático no Brasil (contratarei gente escolhida a dedo no planeta. Gente de Cuba, por exemplo, ou da Venezuela (onde agora, afinal, estão começando a aparecer bons jornalistas que, antes, NÃO HAVIA lá).

Os jornalistas formados no Brasil serão tradutores e revisores de texto. E só (e olhe lá, pq, no jornalismo brasileiro, já não se encontra sequer, gente que saiba escrever em português). OK. Tá. Contratarei lingüistas pra fazer o serviço de tradução e revisão. Os formados nos cursos brasileiros de jornalismo só assinarão: não os deixarei sequer LER o que assinem.

Eu NUNCA defenderei jornalistas brasileiros. Não adianta. Se os jornalistas empregados fizessem greve, o Estadão não ia prás bancas. Se os jornalistas da Folha de S.Paulo fizessem greve contra o editor de Brasil, a FSP não iria pras bancas. Uma semana sem ir prás bancas, a FSP quebra. Essa é uma briga que, ou se faz como briga política, ou se faz como briga corporativa. Não há 3ª via.

Eu tenho muitos amigos jornalistas e TODOS eles têm mania de achar que o diploma é indispensável (se eles têm o diploma) ou têm mania de achar que o diploma é desnecessário (se eles não têm o diploma). E todos, hoje, estão DESESPERADOS à procura de emprego. E TODOS eles farão qquer coisa que o patrão mandar, se acharem um emprego com carteira assinada e plano de saúde.

E morrerão de tanto sofrer -- se tiverem alma democrática. E morrerão, se não souberem acanalhar-se... ou mudarão de profissão. Ou aprenderão a viver de blog.

Caia

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