01 novembro 2006

Abaixo-assinado jornalistas da Globo


As observações em itálico e vermelho são minhas.

Os jornalistas da Rede Globo envolvidos diretamente na cobertura do acidente entre o avião da Gol e o Legacy - e colegas que testemunharam nosso trabalho naquela noite no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, e das afiliadas da Globo em Campo Grande, Cuiabá, Belém e Manaus - encaminham este abaixo-assinado e agradecem sua publicação.

Mônica Maria Barbosa



Chefe de produção do Jornal Nacional



Com revolta, perplexidade e pesar, nós, jornalistas da Rede Globo, nos vemos no dever de denunciar a insistente tentativa de atingir nossa honra e nossa correção profissional por alguns supostos colegas nestes dias que antecedem o encerramento das eleições 2006.

Maior revolta, perplexidade e pesar quem se vê no direito de denunciar, somos nós telespectadores que se sentem manipulados e tratados como débeis mentais.

A despeito da descrição minuciosa já divulgada pela emissora do nosso esforço para apurar com precisão as primeiras informações sobre o acidente aéreo de 29 de setembro na Amazônia, o fato de não termos conseguido obter dados fundamentais para a publicação da notícia ainda naquela edição do Jornal Nacional, mas, sim, poucos minutos depois, acabou sendo utilizado para atacar nossa idoneidade com uma impostura covarde: a acusação caluniosa de que teríamos sonegado a informação sobre o acidente, no Jornal Nacional, com motivação política.

Em nome de nossa honra, queremos registrar publicamente o repúdio aos caluniadores – sejam eles movidos por paixões partidárias ou por outras razões que desconhecemos.

Foi calúnia a omissão da gravação do áudio com a voz do delegado da PF?

Tudo o que levamos ao conhecimento dos brasileiros sobre aquele acidente estava rigorosamente correto. Nenhuma informação por nós divulgada nos obrigou, depois, a desmentidos ou correções, como aconteceu com outros veículos, que divulgaram notícias incompletas ou mesmo inverídicas. Temos a convicção de que realizamos nosso trabalho com a correção e a responsabilidade que ele exige. Só havia dois caminhos a trilhar: publicar rumores não apurados, que levariam angústia a milhões de amigos e parentes de quem pudesse ter viajado naquele dia em qualquer avião da Gol, ou publicar a notícia com o grau de precisão exigido em tragédias daquela natureza. Este seria o caminho do jornalista responsável. E foi o que decidimos trilhar, poucos minutos depois do encerramento do Jornal nacional, em plantão, com informações oficiais da Agência Nacional de Aviação Civil e da empresa Gol.

Neste parágrafo gostaria que fizessem um exame de consciência e verificassem se nunca divulgaram nenhuma notícia baseada em rumores.

Nosso esforço, em nossas carreiras profissionais, na Globo e em outras empresas por que já passamos, é o mesmo de todos os que amam o jornalismo responsável: divulgar, antes dos concorrentes, a notícia que apuramos. Foram angustiantes aqueles momentos em que tentávamos, de todas as maneiras, divulgar a notícia a contento antes do “Boa Noite” do JN. É um daqueles momentos dramáticos que só quem trabalha em redação vivencia. Um momento que nossos colegas do jornal O Estado de São Paulo também devem ter experimentado. Diante da dificuldade de apuração de um caso potencialmente trágico, em local geograficamente isolado, o primeiro clichê do Estadão no sábado, 30 de setembro, fechado às 21:h00, nem mencionava o acidente. Na Folha de S.Paulo, tudo o que foi possível apurar no mesmo horário, para o primeiro clichê, se resumiu a uma nota na primeira página, cujo conteúdo era próximo daquele que divulgamos, no mesmo horário, em nosso plantão. E nada mais. É o preço de se fazer um jornalismo responsável.

Um jornalismo tão responsável como o foi com a Escola Base em São Paulo, cito apenas esse como exemplo.

O que não toleramos é que, no caso dos profissionais da Rede Globo, a nossa postura correta de cautela e busca da precisão seja transformada numa mentira covarde e desonesta de um certo grupo de detratores. Estes, sim, traidores de um compromisso ético do jornalismo – porque nos acusam sem o menor pudor, sem conhecimento nenhum de nossos procedimentos.

Mais uma vez, vocês estão subestimando a capacidade dos telespectadores, ainda agem e pensam como há anos atrás, hoje não ouvimos apenas a opinião da Globo, estamos aptos a confrontação de fontes.

Em nome de nossa honra, nós, jornalistas da Rede Globo, registramos publicamente nosso repúdio às calúnias que têm sido feitas contra nosso trabalho na cobertura das eleições 2006. Somos jornalistas compromissados com a nossa profissão. Confiamos cada um no trabalho do colega ao lado. Jamais tomaríamos parte de complôs de natureza partidária, ou de qualquer outra, que, na verdade, têm vida apenas na cabeça daqueles que, dominados pela paixão política, não se envergonham de caluniar profissionais honestos.

Honra não se impõe apenas com um abaixo-assinado, conquista-se e mais uma vez comprova-se aqui, que temos a confrontação de fontes ao ser publicado este abaixo-assinado que poderia simplesmente ser omitido. Fica este exemplo de um jornalismo aberto para os que se defendem de calúnias.

Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Belém e Manaus, 27 de outubro de 2006



Os assinantes foram omitidos devido ao espaço.



Paulo Nolasco de Andrade.

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