03 novembro 2006

Para o Noblat "Saia já do taaaaaaaaaaaaaaaaaanque D. Maria! Tás pensano que eu sô alma sebosa?!"


Sr. Noblat (em cópia oculta, pq não sou de espalhar endereço de ninguém!)

Boa-tarde. É o seguinte.

Primeiro, D. Maria Sylvia Carvalho Franco escreveu, semana passada, na Folha de S.Paulo. E eu escrevi pra ela, mandando-a prô tanque. Hoje, ela escreveu esse rolo aí de "alma" e "detergente" -- que é um escândalo, em termos filosóficos, mas é IMPORTANTÍSSIMO, em termos histórico-documentais, pq tá na cara que D. Maria FOI PRÔ TANQUE, direitinho como a blogosfera democrática mandou. Lá, ela refletiu sobre detergentes.

Então, hoje, o senhor aí, incauto, requentou o bobajol de filosofia&detergente da D. Maria, totalmente pró-ordem escravocrata, ela, "E faz tempo!", e, sim, a conhecemos bem. [O texto está na FSP, como já vimos; e está tb aqui, agorinha mesmo, pra quem queira ver com seus próprios olhos, prá crer.

Pra que o senhor, então, possa saber de que detergente se trata, no texto que o senhor JÁ PUBLICOU, aí vai, também, então, o que a blogosfera democrática já respondeu hoje, ao texto que o senhor, ingênuo, já requentou, mesmo sem o senhor saber de que detergente se trata, afinal, no conversê dessa diz-que filosofia-tucana-aí.

8-) Caia
PS - Será que o senhor teria aí, à mão, pra me mandar, o endereço de e-mail do governador Roberto Requião? Agradeço, desde já. 8-)
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"Saia já do taaaaaaaaaaaaaaaaaanque D. Maria! Tás pensano que eu sô alma sebosa?!"

“Saia já do taaaaaaaaaaaaaaaaaaaanque, D. Maria! Vá estudá!
Tás pensano que eu sô alma sebosa?!”[1]

Ocorrem-me cá côs meus botões, a propósito de “Know-how do Benefactor”, umas coisinhas que li há séculos, numa espécie de dicionário onomástico de jornalistas franceses do século 19, em que a cada nome correspondia um pequeno verbete.

No verbete dedicado a um tal de “Dacier”, que foi jornalista em Paris, lá pelos idos de 1826 e que não sobrou pra contar a história, lia-se: “DACIER. Membre de l'Académie française, assistant au Journal des Savans. Il ne paraît pas qu'il écrive autre chose que son nom.” [DACIER (='de ferro'). Membro da Academia Francesa, dá uma mão no Jornal dos Inteligentíssimos. Não parece que escreva coisa alguma, além do próprio nome].[2]

Hoje, no Brasil-2006, e sob o governo democrático do presidente Lula, aí temos, às 5ªs-feira, na Folha de S.Paulo, essa D.Maria, que escreve feito um neo-Dacier catacrético.

D. Maria começa por conceder “um grão de verdade” à fala do presidente da República – o que é ótimo! Mas, em seguida, ela já mete os pés pelas mãos.

No Brasil, nenhuma prática de nenhuma classe dominante “ascende” a nenhum século 19: TODAS as práticas da sempre mesma velha classe dominante, no Brasil, só DESCENDEM.

E só DESCENDEM, seja no sentido de que todos os descendentes dessa velha classe dominante praticamente já nascem com rabo no século 21, seja, também, no sentido de a classe dominante no Brasil descender mesmo, cada dia mais diretamente pra baixo e prô fundo, prô buraco, buracaço (vide o Bornhausen-Cruela, ou o ex-FHC ou, até, a ‘sociologia’ do ex-FHC! [risos muitos, muitos]).

Escrever que essa classe ainda dominante – porém já suuuuuuuuuuuuuper descendente – articular-se-ia à modernidade... Bom... Pode até ser que se articule, sabe-se lá... desde que ninguém se lembre de consultar a tal de modernidade, pra ver se a modernidade topa essa ‘articulação’.

Dona Maria acerta também um pouco, no papinhodela-aí de “A mistura entre público e privado, acoplada a favores e dinheiros, corrompe em todos os níveis (governo, empresa, mercado, família)”. OK.

Só que D. Maria esquece de meter aí, na listinha dela... ora, ora... quem? quem?! Ah! A USP tucano-pefelista-midiática! E ela esquece, é claro, pour cause.

Até o bentevi da sibipiruna, no charco do Butantã, na USP, sabe que, se há coisa que se deixou corromper pela mistura entre público e privado, acoplada a favores e dinheiros, no Brasil, a partir dos ‘anos feagá’... essa coisa chama-se tucanaria-uspeano-pefelista. Tá na listinha da D. Maria? Num tá. O tal de DACIER rides again! D. Maria escreve pra escrever o próprio nome (uspeano) e a Folha de S.Paulo publica tuuuuuuuuuuuuuuudo [risos muitos, muitos]!

Quanto a “massa dominada”, aí, com licença, D. Maria, é um oxímoro: se é “massa”... é indominável; se é “dominada” não é massa. Chama-lá o La Boétie, que ele explica.

Não há nada de “juízos excludentes” em haver vida melhor (pra muuuuuuuuuuuuuuuitos) e alguma escassez sazonal de empregos (pra poucos). A tal de ideologia opera sempre assim: uma coisinha que pode ser verdade em algum momento... é oferecida como verdade universal e eterna. D. Maria, D. Maria... acordaí!

“Juízo excludente” – e excludente meeeeeeeeeesmo! Que excluiu, até, toda a democracia e toda a decência e, até, toda a justiça democrática –, hoje, no Brasil, é o juízo faltante no juiz-lá que, ontem, condenou Emir Sader por ter dito, de um racista... que é racista.

Daí em diante, no conversê da D. Maria... o negócio todo faz vergonha a quem leia. Dos que, para D. Maria, seriam “modestos eleitores indecisos, no debate da Globo”... há pelo menos um que nada tem ou algum dia teve nem de “modesto” nem de “indeciso” – como toda a blogosfera democrática já sabe, de bom saber, e nem preciso repetir.

Se tooooooooooooooda a filosofia da D.Maria, portanto, dependia desse único cisne global indeciso e modesto... TÁ PROVADO, afinal, cabalmente, que D. Maria não entende, mesmo, é naaaaaaaaaaaaaaaaaaada nem de virtude, nem de política, nem de filosofia nem de porcaria nenhuma. Dependesse de mim, eu cassava os diplomas e as aposentadorias dela.

Quem faz inveja a Bush pode ser, no máximo, a própria D. Maria. Bush NÃO TEM, por lá, alguém suficientemente pirado para ‘ensinar’ em jornal, como se fosse novidade ‘filosófica’, em pleno século 21, que “uma técnica oligárquica aliou-se a uma eficiência hightech”.

Lá, todo mundo (até o Bush! [risos muitos, muitos!]) já sabe que sempre foi assim, há milênios, desde a invenção do arado e da impressão com tipos móveis.

FHC-Bornhausen-Serra-ACM, no Brasil, são a cara escarrada dessa aliança que, hoje, se chama “IRRESPONSABILIDADE SOCIAL (=”técnicas oligárquicas”) com responsabilidade fiscal (=”eficiência hightech”); e também atende pelo nome de “agrobusiness” (=”técnicas oligárquicas com eficiência hightech”).

E o que é que o presidente Lula tem a ver com “técnicas oligárquicas”?! O presidente algum dia PISOU na USP-UDN?! No Ibmec?! Na Unicamp?! Na Georgetown University?!

O presidente Lula trabalha com técnicas anti-oligárquicas e eficiência hightech, quer dizer, com DISTRIBUIÇÃO DE RENDA. Mêo! Até o Bush já entendeu isso! Acorda, D.Maria!

Quanto a “encenações”, é o seguinte, D. Maria: não há NENHUMA “encenação assistencial”, no Brasil do presidente Lula. O que temos aqui, afinal, depois de séculos de filosofagens atrasistas, são técnicas anti-oligárquicas com eficiência hightech.

Contudo, mesmo que houvesse alguma “encenação assistencial” no Brasil-2006, uma encenação assistencial SEMPRE será melhor que uma encenação filosófico-sociológica-tucano-pefelista, à moda das D. Marias Daciers catacréticas, e publicada em jornal alugado. SEMPRE.

Nada mais faleceu, D. Maria, no Brasil do presidente Lula, além da última dignidade intelectual que ainda restava aos professô-dotô da tucanaria uspeano-pefelista, feito a senhora.

Esse pessoal, D. Maria, cá entre nós, sinceramente... faleceu, ah! faleceu. Que faleceu, faleceu! Morreu-e-não-sabe. Morreu-só-falta-deitar.

FHC e a senhora, D. Maria, por exemplo, terão tido é MUUUUUUUUUITA SORTE, se vocês conseguirem que a história esqueça, mesmo, de vocês. Pior vai ser é se a história do Brasil NUNCA os esquecer. Tejem avisados.

Quanto a usar a polícia democrática contra a imprensa antidemocrática... Acho melhor, D. Maria, a senhora sair do tanque logo e abrir o olho, e rápido.

Espero, sinceramente, que, sob o governo democrático do presidente Lula, comecem a aparecer QUAQUILHÕES de delegados e policiais democráticos competentes para baixar a crista de TOOOOOOOOOOOOOOOOOOOODOS os ‘jornalistas’ da revista NÃO-Veja (pra começar!).

Benefactor, hoje, no Brasil – pra darmos um bom uso democrático ao latim fascistizante da D. Maria –, é aquele delegado da Polícia Federal que, ontem, pelo que se sabe, ENQUADROU, sim, COMPLETAMENTE, aquelas ‘jornalistas’ da revista NÃO-Veja.

Onde, no mundo, já se viu filósofa que escreva igualzinho a uma D. Eliane Cantanhede qualquer?!

Onde, no mundo, já se viu ‘filósofa’ que se atreva a escrever ‘metáfora’ que aproxime filosofia e “detergente”?!

E que diferença farão as almas, D. Maria, e que diferença fará que eu seja “alma sebosa”[3] ou ‘alma limpinha’... se a filosofia e a sociologia da USP e da Unicamp a-po-dre-ce-ram, no Brasil-2006, tão logo começaram a soprar, por aqui, ao sul do mundo, os primeiros ventos democráticos, pós-ditadura, embalados em MILHÕES DE VOTOS para o presidente Lula?!

Saia já do tanque, D. Maria! Vá estudááááááá!

Mas... será o benedito?! Comé que esse pessoal da sociologia e da filosofia uspeana tucano-pefelista & unicampista, e os juízes pirados que condenam professores democráticos, e os ‘jornalistas’ da imprensa-empresa, formados nas mesmas universidades em que dão aulas as D. Maria-aí ganharão a vida, quando o Brasil, afinal estiver REDEMOCRATIZADO?!

Esses caras NÃO SABEM fazer outra coisa que não seja ENSINAR ATRASISMO?!


NOTAS


[1] Sobre MARIA SYLVIA CARVALHO FRANCO, “Know-how do Benefactor”, Folha de S.Paulo, 2/11/2006, p. 6 na edição impressa e na internet, aqui.

[2] Biographie des journalistes, avec la nomenclature de tous les journaux, et les mots d'argot de ces messieurs par une société d'écrivains qui ont fait tous les métiers, et qui se sont pliés à toutes les circonstances. Paris : Chez les marchands de nouveautés (Imprimerie d'Auguste Barthelemy, 10 rue des Grands-Augustins), 1826. Na Internet, aqui.

[3] Do título de “O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas”, filme TOTALMENTE IMPERDIVEL, Brasil, 2000, dirigido por Marcelo Luna e Paulo Caldas. IMPERDÍVEL.

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