21 outubro 2006


Alckmin culpa o governo LULA pelo não funcionamento do hospital. Vejam abaixo como a confusão foi criada no governo FHC...


Hospital está em local inadequado

REDE SARAH Por omissão das autoridades, prédio foi feito em área cheia de problemas, por isso não está funcionando

A omissão das autoridades locais, que deixaram que um arquiteto de fora, sem qualquer noção ou conhecimento da realidade local, escolhesse uma área inadequada para erguer o prédio, é a causa principal do não funcionamento da unidade da Rede Sarah Kubitscheck no Pará. “É isso que dá mandar um profissional do Sul para cá, que não conhece nossas nuances locais e acabou escolhendo a área da Arthur Bernardes, às margens da Baía do Guajará, por puro lirismo, sem levar em conta os problemas no entorno”, destaca Benedito Wilson Sá, da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural de Belém, que instaurou um procedimento administrativo investigatório para apurar o fato em junho de 2004.
O não funcionamento da unidade vem sendo usado sistematicamente nos programas eleitorais do candidato ao governo Almir Gabriel (PSDB) para atacar a candidata Ana Júlia, a quem acusa de não ter se esforçado para viabilizar o hospital. As obras iniciaram em 2000 (gov. FHC) e deveriam durar, no máximo, três anos, mas a unidade ainda não funciona por falta de verbas que deveriam ser destinadas através de emendas de bancada e em razão dos graves questionamentos levantados pelo MP.
O arquiteto em questão é Francisco Filgueiras, também conhecido como “Lelé”, responsável pelas construções de todas as unidades da Rede Sarah pelo país, gerido pela Associação das Pioneiras Sociais. Na época, além do terreno da Arthur Bernardes, o governo do Estado disponibilizou para a associação outras quatro áreas: na Ceasa, a área do Sivam (Augusto Montenegro), o local onde hoje está construído o Hospital Metropolitano e outra ao lado do estaleiro da Enasa.
Agostinho Monteiro, que coordena desde o final dos anos 90 o movimento para a instalação da unidade do Sarah em Belém, conta que antes da construção a área era um manguezal, o que impressionou “Lelé”. “Ele nos informou que a filosofia da entidade era construir suas unidades perto da natureza, de igarapés e praias”, coloca.

Terminal petroquímico e aeroporto nas proximidades

O procedimento no MP permanece como está desde sua instauração, há dois anos e quatro meses, em razão de uma falta de resposta da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do I Comando Aéreo Regional (Comar) às indagações do MP para apurar impedimentos legais na construção e instalação da unidade na rodovia Arthur Bernardes, às margens da Baía do Guajará, em Miramar.
O procedimento instaurado pelo MP pretende apurar se o local é adequado para a construção de um hospital para atendimento de portadores de deficiência motora, tendo em vista que o acesso pela Arthur Bernardes é difícil; está próximo a um terminal petroquímico, próximo a um igarapé fétido, próximo a um cone de pouso e decolagem de aeronaves - onde, segundo as estatísticas, ocorrem o maior número de acidentes aéreos -, e se a poluição sonora emanada dessas aeronaves não prejudicaria os pacientes. Procedimento semelhante foi instaurado no Ministério Público Federal após o MPE ter instaurado o procedimento e encaminhado cópia ao MPF.
O promotor Benedito Sá afirma não ser contra a obra, mas levanta questionamentos graves sobre a construção: “Será que o barulho ensurdecedor de pouso e decolagem de aeronaves não atrapalharia o tratamento? Em caso de um acidente no terminal petroquímico, como seria socorrer essas pessoas, impossibilitadas de se locomover adequadamente? Para responder a essas perguntas é que acionamos outras instituições para nos fornecerem laudos técnicos para subsidiarem nosso trabalho”, informa.

Luiz Flávio

Fonte: Diário do Pará

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