30 outubro 2006

A São Paulo que namora comigo


Ontem, em conversa com amigos, declarei que iria votar com "minha São Paulo" amorosa e querida. Antecipei que sairia de mão dadas com ela rumo ao colégio na periferia de Sampa. E, assim, foi...

No início da noite, entretanto, percebi que ela me fora docemente infiel. Tinha ido às urnas com muitos outros paulistas. Ah, malandrinha...

Elas tem tantos amores, afinal, que não sou capaz de absorvê-los sozinho. E foi um processo de sedução coletiva, pleno de sucesso.

No primeiro turno, foram 18 pontos de diferença em favor do outro candidato, das forças reacionárias. Afinal, aqui é a capital da "Veja", do "Estadão", da "Folha" e da propaganda massiva da cultura neoliberal da mesquinhez. Aqui, é a terra onde primeiro se semeia o ódio e o preconceito.

Neste domingo, entretanto, contra tudo e contra todos, baixamos a diferença a meros 4,5%. Ah, de quantos milagres o amor é capaz...
Ontem, falei da Sampa que namoro, cheia de sinuosas curvas e românticas noitinhas garoentas. É a mesma cidade de Adoniran e de suas saudosas malocas, da Vai-Vai, das simpáticas putas da Augusta, dos boleiros de várzea e dos boêmios resistentes.

Ah, e eles não me decepcionaram. Estavam todos na AVENIDA PAULISTA, com o operário re-presidente. A minha Vai-Vai deu um show, com suas negras e mulatas altivas, que muito bem podiam ser rainhas africanas. Teve a Rosas de Ouro também, uma bateria afinadíssima. E a querida Lecy Brandão, um exemplo de mulher, uma voz de ouro e líquido cristal.

Na Paulista lotada de gente de todos os tipos, havia muitas crianças, lindas, atordoadas por brincar na multidão alegre. Vi: uma japonesinha de porcelana, um gauchão bravo, dois nerds, trinta negrões batuqueiros, um indiozinho boliviano e sua mãe, um monte de descendentes de italianos, nordestinas de pele de pêssego, um cabeludo argentino, um inglês perdido e ébrio, um louco sábio e uma velhinha de 88 anos.

Essa é a minha São Paulo da quase metade, resistente, consciente, mestiça, sapeca, linda e sensual. Ela é tantas, que nem sei...

Então, repito a homenagem, mocinha de 452 anos. Te adoro. Te amo. Você é tão linda que até se parece com a gente do meu Brasil.

Partigiano Tchê (Físico e poeta brasileiro)

Um comentário:

Antonio Camaratto disse...

KKKKKKKKKKKKKK!!!!!!!!!!!!

"Forças reacionárias"????

Meu Deus, como tem gente louca no mundo!!!


Acorda pra vida, meu filho.