19 outubro 2006

Deputado Romeu Tuma declara apoio à reeleição de Lula



O deputado estadual Romeu Tuma (PMDB-SP) reforçou nesta quarta-feira seu apoio à reeleição do presidente Lula. Tuma foi um dos maiores opositores do ex-governador Geraldo Alckmin na Assembléia Legislativa e levantou uma série de denúncias contra o tucano, sobretudo no que diz respeito à utilização de verbas publicitárias em órgãos estatais. “O que aconteceu em São Paulo foi uma vergonha”, destacou o deputado.

Para Tuma, o descaso com a Segurança Pública no estado mais rico do país não pode ficar longe do debate eleitoral. “O Alckmin diz que faltou verba do governo federal, mas não explica por que não gastou o dinheiro que estava no Orçamento para as polícias e para o serviço de inteligência. Só mexeram no caixa bem depois dos ataques do PCC”, afirmou.

Segundo ele, é inadmissível ouvir o tucano cobrar soluções do governo Lula depois de o ex-governador Cláudio Lembo ter se negado a receber ajuda do Ministério da Justiça. Tuma torce para a vitória do presidente no segundo turno para que o país não caia na mão dos mesmos administradores que hoje se encontram no governo de São Paulo, como o secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho. “Se o Alckmin for eleito, corremos o risco de ver o Saulo no Ministério da Justiça. Isso seria o caos”, concluiu.


O chuchu maravilha

Por Romeu Tuma*

Muito se falou em dossiês e armações nas últimas semanas. A cena eleitoral ficou dividida entre bandidos vermelhos e mocinhos azuis; a quadrilha dos petistas contra os paladinos da moralidade tucanos. Vendeu-se a idéia de que governistas estavam dispostos a perpetuar-se no poder com tramóias e conluios, enquanto os mocinhos do PSDB agiam como defensores dos bons costumes e do jogo limpo na política. Até aí, tudo bem. O roteiro colou direitinho e Geraldo Alckmin ganhou fôlego para seguir na disputa. Ocorre que o segundo turno começou e a ladainha segue. Mudou, porém, a postura do Picolé de Chuchu, que agora engrossa a voz e, dedo em riste, cobra do presidente uma atuação mais digna para varrer a corrupção no Planalto.

Tudo isso não passa de teatro, trabalho bem feito de marketing. Quem conhece o tucano, sabe que ele late, mas não morde. É só para inglês ver e dar a impressão de que o Geraldo pode governar o país. Quando é convidado a apresentar propostas, ele franze a testa, levanta os punhos e pergunta de onde veio o dinheiro do dossiê. Não fala sobre economia, projetos sociais, relações internacionais, planos para conter o desemprego, novas privatizações, reforma da Previdência, ou seja lá o que for. Sua plataforma é simples: tirar Lula do poder com a repetição de acusações.

Nem na área da Saúde, suposta vitrine da administração FHC, ele consegue tirar coelhos da cartola. No debate da semana passada, pela TV, o candidato disse que vai ser o “presidente das Santas Casas”. A promessa inclui-se naquela velha tática do “me engana que eu gosto”. Só pode ser isso. Porque em 12 anos de administração tucana, o que se viu em São Paulo foi a deterioração dessas unidades de saúde, que sequer tiveram apoio do governo tucano na época em que José Serra era ministro. O pior é que o presidenciável Geraldo nem fica mais vermelho quando conta uma lorota dessas.

Alckmin é médico de formação, embora tenha exercido a carreira por pouco tempo. Jamais enfrentou fila em hospital público e não fez nada para as Santas Casas quando tinha a caneta na mão. Pelo contrário. Na Assembléia Legislativa, costumava mobilizar sua tropa de choque, a mesma que impediu a instalação de 70 CPIs, a agir na contramão do que o setor exigia. Quem duvidar disso, que vá a uma unidade e pergunte aos médicos e pacientes como anda a situação por lá. Se Alckmin não fez nada para resolver o problema quando era governador, por que faria agora?

O discurso tucano também empurra para debaixo do tapete os problemas com a segurança pública, com a Febem, os desvios de verbas publicitárias na Nossa Caixa, as denúncias contra a CDHU, as privatizações equivocadas e os preços absurdos dos pedágios – sem falar nos vestidos bordados (e gratuitos) da primeira-dama Lu Alckmin. Mas isso nunca vem ao caso. O que importa é saber de onde veio o dinheiro do dossiê e se apresentar como a salvação da lavoura. Mas, cuidado. O chuchu maravilha pode ser amargo e indigesto.


* Romeu Tuma é delegado de Classe Especial da Polícia Civil, deputado estadual (PMDB), ex-presidente e atual integrante da Comissão de Segurança Pública, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor e Corregedor da Assembléia Legislativa de São Paulo. O deputado também escreve no Blog do Xerife.

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