19 outubro 2006












ANÁLISE DA NOTÍCIA



Jornal Nacional: não é conosco


Cópia em áudio e transcrição da conversa do delegado Edmilson Bruno, da PF, com jornalistas da TV Globo, de O Globo, da Folha e do Estadão comprova origem fraudulenta das fotos do dinheiro do dossiê.

Flávio Aguiar – Carta Maior

De repente, a edição de 17 de outubro de 2006 do Jornal Nacional da TV Globo, ficou obsoleta. Virou um Jornal de Ontem.

Durante a tarde desse dia divulgou-se pela internet, a partir do sítio de Paulo Henrique Amorim, a gravação e a transcrição que registram a conversa do delegado da PF Edmilson Bruno, com repórteres da TV Globo, da Folha de S. Paulo, do Estadão e do jornal O Globo, quando ele entregou o cd-rom com as fotos da pilha de dinheiro que os aqualoucos petistas levaram ao Hotel Ibis, em São Paulo, para a compra do dossiê Vedoin/Serra/Barjas.

A gravação prova a cumplicidade entre os repórteres e os jornalistas, na intenção de prejudicar o PT e a candidatura à reeleição do Presidente Lula. Resta saber se esta cumplicidade foi apenas deles (difícil) ou se partiu dos seus superiores (provável). Edmilson, como já era do conhecimento público, insiste em que o conteúdo das fotos apareça no Jornal Nacional, e não antes, para sustentar sua versão de que as fotos foram surrupiadas de seu escritório, e os jornalistas concordam.

Para jornalistas, é muito vergonhoso. A gravação é contundente, pelo grau de subserviência que ela revela, confundido com jornalismo. A história já fora divulgada, a partir da reportagem de Bia Abramo, aqui na Carta Maior, sobre o clima de repressão que pairava nas redações ao final do primeiro turno, depois pela reportagem de Raimundo Pereira na Carta Capital, em blogs e páginas pela Internet, e agora pela divulgação do sítio de Amorim.

Mas tem mais. O sítio de Mino Carta, a partir do de Carta Capital, afirma que a TV Globo orientou o delegado Edmilson Bruno quanto à forma de divulgar seu material fotográfico. Querendo evitar a acusação de 1989, Tralli, repórter da Globo, orientou o delegado a não entregar as fotos apenas à sua TV, mas a um conglomerado de repórteres, no que foi atendido pelo prestimoso funcionário. A tentativa de entregar as fotos exclusivamente à Globo se deu no dia 28; o convescote de repórteres se deu no dia 29.

Mas tudo isso passou em branco no Jornal Nacional de 17 de outubro. Apesar do delegado insistir na gravação que as fotos têm que sair no Jornal Nacional. Também passou em branco na CPI dos Sanguessugas, ocupada em quebrar o sigilo bancário e telefônico de Freud Godoy e de outros petistas, e só.

O Jornal Nacional rateou. Não tem, provavelmente, como explicar a cumplicidade jornalística. A CPI e outros jornais estão contra a parede. Ou se explicam, ou investigam o delegado falastrão, ou assinam o atestado de parcialidade e incompetência.

Enquanto isso, o programa e as inserções de Alckmin dizem que o dossiê era "contra Alckmin", ou "para prejudicar a sua candidatura". Cabe perguntar: quem mente?

Enquanto isso, Lula cresce nas pesquisas.

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