18 outubro 2006

A temperatura vai esquentar



Datafolha jogou o tucanato-pefelismo nas cordas. A divulgação da conversa do delegado com jornalistas acabou de varrer a credibilidade da mídia conservadora e encurrala o TSE. Alckmistas miram no 3° turno, embora o 2° nem tenha acabado.

Flávio Aguiar - Carta Maior



Apesar da chuva e do frio em São Paulo, a temperatura vai esquentar. A pesquisa Datafolha, com 20 pontos de vantagem para Lula nos votos válidos, jogou o tucanato-pefelismo nas cordas. Além disso, a divulgação da fita gravada na Internet (a partir do site de Paulo Henrique Amorim no ig.) com o conteúdo do complô armado entre jornalistas, jornais (Estadão, Folha de S. Paulo) e TV Globo (pelo menos) para divulgar as fotos da pilha de dinheiro no dia 29, acabou de varrer a credibilidade da imprensa conservadora.

Colocou também no anacronismo a deliberação da CPI dos sanguessugas de romper o sigilo bancário de Freud Godoy e de convocá-lo, junto com outros petistas, para prestar depoimento. Ou a CPI, já que quer entrar na questão da compra do dossiê, convoca também o delegado Edmilson Bruno, que comandou a operação cujo objetivo evidente era obter as fotos e divulgá-las, os jornalistas envolvidos, mais o promotor público Márcio Avelar, do Mato Grosso, o mesmo que participou da operação Roseana Sarney no passado, ou sua parcialidade vai ficar (mais) evidente.

A gravação encurrala também o TSE: o principal, para não dizer o único material de campanha do candidato tucano-pefelista, se denota a possibilidade de um ilícito (a obtenção do dinheiro, caso fraudulenta), foi obtido certamente de modo ilícito, e através de uma conspiração que falhou, para apresentar as fotos como tendo sido furtadas do escritório do delegado Edmilson. Acho que o complô (também denunciado no blogue de Mino Carta no site de Carta Capital, como tendo sido industriado por gente da própria Globo) poderia até entrar no nicho de "formação de quadrilha".

Até o momento os jornais envolvidos no complô e a TV Globo têm ignorado olimpicamente a ampla divulgação da fita e de sua transcrição que vem sendo feita na Internet, o que só piora a sua situação.

Enquanto isso Fernando Henrique Cardoso tropeça numa vírgula, numa explicação algo ridícula para sua frase dita na CBN e divulgada pela grande mídia: "Eu não sou contrário à privatização da Petrobrás". Segundo o ex-presidente a frase deveria ser lida: "Eu não, sou contrário à privatização da Petrobras". Mas sua própria história o desmente: afinal, a transformação da Petrobras em Petrobrax foi plano de seu governo, ora. E ele sabe muito bem que enquanto a Petrobrás não for privatizada não chegará o prometido fim da "era Vargas".

O fato é que a frase de FHC foi (mais) um torpedo nos desmentidos pungentes que Alckmin é forçado a fazer sobre privatizações, cercado por assessores e por aliados na imprensa que cobram dele uma defesa do conceito de privatização, para dizer o mínimo.

Alckmistas na imprensa já estão preparando o terceiro turno, embora o segundo nem tenha acabado. O terceiro turno vai ser o tapetão do TSE (cuja credibilidade não está propriamente em alta) e o quarto turno, possivelmente, vai ser o impeachment levado ao Congresso, se Lula conseguir tomar posse, caso eleito. Chamo a atenção antecipadamente para a entrevista, nesta página da Carta Maior, de Chico de Oliveira, em que ele explicita o tamanho do bolo que está em jogo nesta eleição.

Mas não é só no Brasil que a coisa esquenta. A suspensão da apuração paralela da empresa brasileira E-Vote no Equador, que dava uma vantagem maior para o candidato de direita do que a agora registrada pelo TSE de lá levanta suspeitas de fraude naquela eleição. Além disso, lembra que sistemas eletrônicos podem ser fraudados também, o que põe a pulga atrás da orelha... na eleição brasileira.

E nos Estados Unidos Bush sanciona a lei da tortura. Revi estes tempos o fabuloso "O homem que matou o facínora", de John Ford, e fico me perguntando qual o significado hoje da batalha do advogado (James Stewart) pelo império da lei naquele "velho oeste"...

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