28 outubro 2006

''Aloprados'' pró-Alckmin bagunçam a reta final do segundo turno


Três episódios ocorridos nos últimos dias na Paraíba, Paraná e Minas Gerais mostram que, contrariando todos os prognósticos dos comentaristas políticos, quem resolveu ''aloprar'' a reta final do segundo turno não foram os ''petistas'' que apóiam a reeleição do presidente Lula e sim pessoas ligadas a aliados do candidato do PSDB/PFL, Geraldo Alckmin.

Dez de cada dez ''comentaristas políticos'' da grande imprensa diziam até poucos dias atrás que a vantagem do presidente Lula nas pesquisas poderia ser revertida se os ''aloprados'' do PT voltassem a se envolver em situações como a que resultou na apreensão do dinheiro que, supostamente, seria usado para comprar informações que revelavam a participação de gente graúda do PSDB em casos de corrupção.

Faltando menos de 20 horas para o início da votação do segundo-turno, até agora nenhuma nova trapalhada ocorreu na campanha pela reeleição do presidente Lula. Por outro lado, em poucos dias, diversas pessoas ligadas a aliados do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, resolveram ''aloprar'' a reta final da campanha, que já não está muito boa para o candidato tucano. Os casos aconteceram na Paraíba, Paraná e em Minas Gerais.

Paraíba: mala de dinheiro com tucanos
Na Paraíba, dois funcionários do governo estadual, comandado pelo PSDB, foram detidos no final da tarde de quinta-feira (26/10), no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Bayeux, transportando uma mala de dinheiro que seria distribuído entre vereadores, prefeitos e ex-prefeitos do interior do estado.

O diretor financeiro da Secretaria Estadual de Controle Interno, Glauco Arnaud de Medeiros, e o motorista do mesmo órgão, Reinaldo da Silva, foram detidos quando passavam pelo posto da PRF em um celta de cor prata, pertencente à Locadora de Veículos União, alugado pelo Governo do Estado. O dinheiro estava distribuído em dez envelopes, que continham ainda um CD com músicas da campanha do governador e candidato à reeleição, Cássio Cunha Lima (PSDB).

A suspeita principal é que o dinheiro seria destinado a lideranças políticas do interior do estado, configurando crime eleitoral de compra de votos. Cássio disputa o segundo turno com o candidato do PMDB, o ex-governador José Maranhão, e era uma das poucas esperanças do PSDB de conseguir manter alguma influência na região Nordeste.


Minas Gerais: tucana ajudou padeiro a mentir para a PF
Em Minas Gerais descobriu-se que foi uma dirigente do PSDB mineiro quem apresentou à Polícia Federal o padeiro Aguinaldo Lima, que disse à PF ao dizer ter entregue R$ 250 mil para a compra do dossiê antitucano a Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo de São Paulo. Segundo assessores da PF em Cuiabá, Lima forjou o depoimento aos policiais federais.

A PF investiga se o PSDB está envolvido no falso depoimento de Aguinaldo. Segundo assessores da polícia, Rosely Souza Pantaleão -- que é secretária-executiva do PSDB no interior de Minas Gerais - teria intermediado o contato de Aguinaldo com jornalistas em Minas, quando ele se apresentou como testemunha do caso dossiê.

A polícia descobriu a ''farsa'' ao constatar que os saques apresentados por Aguinaldo não foram efetivados no banco. A PF deve indiciar o padeiro por falso testemunho. Aguinaldo disse, no depoimento, que transportou R$ 250 mil de Pouso Alegre (MG) para São Paulo (SP) que seria utilizado na compra do dossiê antitucano.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que se a denúncia for confirmada, a secretária e todos os envolvidos devem ser punidos. ''Se tiver alguém do PSDB envolvido nisso, que pague mesmo. Não altera em nada a minha disposição de ver tudo isso esclarecido porque a opinião pública não pode ficar sem respostas'', disse.


Paraná: mais maços de dinheiro com aliados de Alckmin
Já no Paraná, o episódio de alopragem da ''turma'' que apóia Alckmin está sob segredo de justiça, mas como a internet, felizmente, ainda é um território livre, a história já está circulando com requintes de detalhes.

Conta-se que foram encontrados maços de dinheiro (cujo valor total não foi divulgado) em um quarto de hotel de Curitiba. O dono da grana - que desapareceu - deixou rastros que indicam que o dinheiro serviria à campanha do candidato do PDT ao governo do Paraná, Osmar Dias, aliado de primeira hora do candidato do PSDB à presidência, Geraldo Alckmin.

A Polícia Federal, com base em denúncias, foi até o hotel e apreendeu o que encontrou, mas não divulgou informações, em razão de o juiz eleitoral da 177ª Zona Eleitoral, Rogério Ribas, ter decretado segredo de Justiça. Fala-se que também havia uma arma.

O advogado da coligação Paraná Forte (PMDB/PSC), Clóvis Costa, que tem o governador Roberto Requião como candidato, esteve na tarde da última segunda-feira na Delegacia da Polícia Federal e disse que soube do fato pela imprensa.

''Se comprovado, é crime eleitoral da maior gravidade'', afirmou. ''Queremos que a verdade seja esclarecida o mais rápido possível.''

Já coligação Paraná da Verdade, de Osmar Dias, convocou uma coletiva de imprensa para negar qualquer caixa dois na campanha e insinuou que tudo não passava de uma ''armação'' dos adversários.

Dois pesos, duas medidas
Ao contrário do episódio da tentativa de compra do dossiê Serra, que virou um ''escândalo'' de repercussão internacional, desta vez a grande imprensa foi discreta na divulgação dos crimes cometidos pelos ''aloprados'' pró-Alckmin.

Na internet, porém, os três episódios estão ganhando repercussão e podem acabar levando um pouco mais de calor para o já ardente inferno astral da campanha tucana.


Cláudio Gonzalez

Fonte: Vermelho

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