Não se vota por vingança, gratidão, compadrio ou simpatia, vota-se por convicção de que estamos fazendo o mais certo.
João Soares Neto
Não importa em quem você vai votar, importa a razão pela qual vai votar. Não se vota por vingança, gratidão, compadrio ou simpatia, vota-se por convicção de que estamos fazendo o mais certo. Dessa forma, é bom que você tenha uma conversa com você mesmo. Só você sabe de suas razões e das suas convicções. Este festival de obviedades que estou a dizer é, quem sabe, necessário. Algumas pessoas acreditam piamente no que dizem os candidatos. É preciso ter cuidado, ir mais fundo, saber a diferença entre a mistificação e a verdade, entre os nossos valores pessoais e os apregoados pelos que tentam nos encantar com imagens e promessas.
É preciso pensar mais um pouco no Brasil, este grande teto que nos abriga a quase todos. Desde os confins da Amazônia, com suas riquezas e ainda mistérios, até ao Rio Grande com seus pampas tão belos. Há tantos brasis em cada região, estado e até em cada cidade. A filosofia, o inconsciente coletivo, o jeito de ser de cada comunidade, são frutos da história prosaica que acontece no dia-a-dia, nas necessidades ou desejos não realizados, na luta árdua ou amena pela educação, sobrevivência e sustento de cada família ou pessoa.
Assim é que, sem essa de sociólogo, antropólogo, cientista político ou reformador social, fico matutando sobre o que deve levar um brasileiro pobre do Alto Xingu a escolher um candidato. Igualmente, um solitário morador de um povoado distante e paupérrimo, no oeste do Piauí, no sertão central do Ceará ou das Alagoas, do norte de Minas e por tantos outros lugares desvalidos que ainda traduzem a miséria e aclaram a indiferença coletiva. A incapacidade política de transformar milhões de pessoas em cidadãos cônscios dos seus direitos e deveres, aptos a decidir o seu destino, sem esperar milagres que nunca chegam, olhando a abastança que passa ao largo, vivendo a pobreza que os consume e os incapacita de ver e julgar por conta da educação que nunca receberam e das oportunidades que não lhes foram dadas.
Falta uma semana. Depois dela, qualquer que seja o eleito, novos circos serão armados, os das alianças indispensáveis à governabilidade, e os que estiveram em lados opostos talvez se componham. Será nessa hora que precisaremos estar, mais uma vez, atentos, não apenas como meros leitores não-críticos de publicações e emissoras que querem nos impor seus disfarçados interesses, mas como brasileiros que não estão mais deixando ser tutelados por mistificações e engodos.
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