15 outubro 2006

O senhor, Sr. Clóvis Rossi, ainda pode aprender a cortar cana! Coragem! A democracia é linda!


Sobre CLÓVIS ROSSI, "A miséria também do debate", Folha de S.Paulo, 13/10/2006, p. 2 na edição impressa, e na internet, aqui (para assinantes)
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Sr. Clóvis Rossi,

Hoje, só rindo. É evidente que o senhor NUNCA teve e jamais terá qualquer interesse em "mudar a estrutura social" no Brasil. Tivesse, o senhor já estaria desempregado há muito tempo. Além disso, muito sinceramente, não consigo vê-lo animadíssimo pra aprender a cortar cana, cedendo o seu empreguinho, aí, por exemplo, pra mim ou pra outro sem-terra e sem-jornal, como eu.

Contudo, o senhor escreveu hoje que "o Brasil é tão miserável, especialmente no debate político, que não se avança um milímetro no que é mais importante: como mudar a estrutura social de forma a superar o assistencialismo." Não há assistencialismo, no Brasil, senão na sua cabeça, na cabeça do Jabor e na cabeça da D. Dora Kramer. Sua frase não é, sequer, mera retórica: é nada, mesmo; e pode ser, até, simples tentativa de ME enrolar.

Acorde, Sr. Clóvis Rossi! Não é que o Brasil seja miserável! O Brasil é um país riquíssimo, ensolarado, não temos terremotos nem tornados e nem vulcões, e o frio aqui até ajuda o turismo interno e não mata como mata na Europa. Só nisso, já somos muito menos miseráveis que boa parte do mundo conhecido.

Digamos, então, que o senhor tenha pensado que o Brasil seria miserável só do ponto de vista dito 'político cultural', mais ou menos na linha daquela 'filósofa' fascista-uspeana COM-PLE-TA-MEN-TE doida-varrida que escreveu na Folha de S.Paulo, ontem, que, só porque EU-EUZINHO digo muito palavrão... a cultura estaria sob risco, nos 'ambientes' onde eu vivo. Sópódissê doida.

Bom. Nesse caso, se o senhor estava falando de não mudar naaaaaaaaaaaada na estrutura social, mas dar um tapinha, pelo menos, nos discursos que se ouvem por aqui, talvez, sim, o senhor até tenha alguma razão. E bem possível que, avaliado com nojo -- como o senhor sempre avalia o Brasil -- pareçamos um pouco "miseráveis", mesmo.

O nosso problema, contudo, no quesito miserabilidade político-cultural, é fácil de equacionar. Se quisesse, ATÉ o senhor já teria entendido.

Só há duas vias conhecidas para desprovincianizar e dar letramento político democrático civilizado ao povão (e, a partir daí, também às elites), em qquer canto do mundo contemporâneo: a universidade ou a chamada 'mídia'.

No Brasil pós-tucanaria... Ora! A universidade brasileira, passado o último governo udenista-uspeano-tucano-pefelista, estava já reduzida a uma espécie de feudo em fim-de-festa, de autoproclamados 'intelectuais' que são, hoje:

-- ou doidos varridos (como a 'filósofa' uspeana de ontem);
-- ou são perfeitos idiotas, que nem nunca leram Rabelais e Aristófanes, nem que fosse só pra aprender palavrões novos (como muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuitos 'cientistas políticos' que dão entrevistas à CBN e à Jovem Pan ou à Rádio Eldorado ou à Globo News, para perfeito embevecimento dos Williams Waacks e Alexandres Garcias e Joelmir Bettings e Sardemberghs);
-- ou, então... são como o tal de ex-FHC que, hoje, já 'ensina' qualquer asnice ("Chamem o Carlos Lacerda" ou "ponham fogo no palheiro") se o michê for interessante.

Do outro lado, do lado da 'mídia'... ME DIGA O SENHOR, Sr. Clóvis Rossi: o que é que o Brasil poderia ser, de menos miserável, no campo "do debate", como diz o senhor, com vistas a "mudar a estrutura social"... se temos os jornais e jornalismos e jornalistas que temos por aqui?!

O Brasil é, de fato, um prodígio, um milagre!
O Brasil está conseguindo redemocratizar-se e arrancar-se do estado de total miserabilidade sociopolítico-democrático a que o reduziram os governos udenistas-tucanos-pefelistas-uspeanos-'midiáticos'... apesar do estrago que causaram por aqui, ao mesmo tempo, durante os últimos mais de 40 anos, justamente, a universidade e a mídia-de-jornalão que a UDN-PSD-PSDB-PFL-USP construiu e nos impingiu, aos cidadãos eleitores brasileiros.

Viva o Brasil, portanto, Sr. Clóvis Rossi! Agora, é só reelegermos o presidente Lula para, em seguida, começarmos a ensinar o senhor a cortar cana. Nenhum jornalista eleitor de Alckmin left behind! Ninguém precisa continuar miserável pra sempre, né?! Viva a democratização da mídia!

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