07 outubro 2006

Qual o preço de uma consciência?



Para Willian e Fátima


Sei através das revistas de fofocas em salas de estar de consultórios médicos, que têm trigêmeos, os nomes no momento me falha a memória, mas não importa, isto não vem ao caso. O que gostaria de pedir-lhes é que refletissem quando sentarem-se em frente às câmeras e começarem o noticiário depois de exaustivo trabalho de edição, no que estão apresentando naqueles minutos e o que significarão para os menos informados ou mesmo para os informados, mas desatentos.

Sei que são pessoas inteligentes e capacitadas, o fato de chegarem aonde chegaram falam por si, alem do presente dos dons naturais que dispensam comentários. E é justamente por essa inteligência e capacidade que saberão do que estou falando.

Seria impossível que fossemos cento e oitenta milhões de Willians e Fátimas, ou filhos destes, mas somos cento e oitenta milhões de brasileiros, que lutam por pelo menos mais igualdade e dignidade humana.

Os trigêmeos com certeza não precisarão do bolsa-família, não freqüentarão escola pública, nem utilizarão o pro-uni, jamais passarão pela porta de um hospital público, a não ser por curiosidade, só que milhões de brasileirinhos não tiveram essa sorte e passarão por tudo isto e muito mais, não colaborem para tornar para eles tudo mais difícil do que já é.

Poderão dizer tratar-se de um trabalho, que fazem o que mandam, é uma questão de sobrevivência, essas mesmas respostas, foram dadas pelos seguidores de Hitler para inocentarem-se das acusações de participação nos massacres realizados. Muitos até foram inocentados com essa prerrogativa, pois se tratava de uma hierarquia militar, o que não acontece com vocês e a maioria da mídia que são civis e o fazem por opção, mesmo que baseados nos salários e vantagens oferecidas.

Parem e pensem que o mesmo dinheiro que lhes pagam para omitir notícias, mudar o foco de um assunto, dar destaques a outras direcionadas, confundir o telespectador, e que vai garantir um belo futuro para os trigêmeos, está contribuindo para jogar nas mãos da sorte, milhões de brasileirinhos que gostariam de ter, senão a mesma chance que estão tendo os trigêmeos, mas pelo menos a oportunidade de escolherem seus destinos.

Espero que entendam que nada aqui é pessoal, mas circunstancial. Dirijo-me a vocês, como me dirigiria a João e Maria, Pedro e Joana, desde que estivessem em seus lugares e agindo da mesma forma. Não coloquem nas mãos da história um julgamento que poderá pesar no futuro de seus filhos.



Paulo Nolasco de Andrade.

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